é travessia, clandestinidade(s), a partir de um lugar de erro entre os dois lados do Atlântico. desenhos de Edgar Duvivier e A. Martins-Ferreira. posfácio de João Almino. [www.caliboreaz.com]
calí boreaz nasceu e viveu em Portugal, passou pela Romênia e está atualmente no Rio de Janeiro. outono azul a sul é um roteiro poético de 8 anos do seu exílio — desejado — no Brasil, tendo como protagonistas o ser desenraizado, e por isso mais atento e disponível para o espanto, o artista traindo o burocrata, o amante que não consegue habitar o amor.
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____________________ [ orelha do livro ]
"Entre Lisboa e Rio de Janeiro, desponta um novo canto, herdeiro do vento, do desconcerto e do lírico. Assim é a poesia de calí boreaz, geografia do tempo, em seu instante forte e delicado. Uma estreia vigorosa, uma noite que grita, para dizer o mínimo." — Paula Fábrio [Prêmio São Paulo de Literatura 2013]
"Belíssimo, outono azul a sul é como uma onda que nos arrasta desde a primeira linha até lugares impossíveis de prever. É tão raro encontrar um verdadeiro poeta." — Ana Teresa Pereira [Prêmio Oceanos 2017]
"Ao se dar a conhecer em versos de paixão precisa, calí boreaz é a poesia e nela aponta novos sentidos. Rosa dos ventos que, colhida de abismos marinhos, exala perfume de “maresia distante”. Seguimos viagem. No rumo ou à deriva, que importa se são seus versos a nos soprar as velas?" — Francisco Azevedo [autor de O arroz de Palma, Os novos moradores, Doce gabito]
____________________ [ resenhas ]
— por Daniel Maia-Pinto Rodrigues, poeta português Porto, jan. 2019 \ in REVISTA INCOMUNIDADE
"Quando lemos um livro, é bem provável que nos apeteça encontrar qualquer coisa nunca antes escrita. E não a mesma sopa, onde as lamúrias e as satisfações são exactamente o mesmo, de tão caldeadas e requentadas de autor para autor. Será, talvez, mais fácil escrever assim, com as palavras já mornas e alinhavadas.
Para os leitores que não gostam dessa sopa de letras, dessa irmandade mal-amanhada, aparece outono azul a sul, de calí boreaz. Livro com uma criação própria, outono azul a sul dá-nos – além desse privilégio da criação genuína – a ler imagens de belo recorte, ou de recorte belo. Insólito nas vezes suficientes, bem raciocinado, bem proporcionado em arrepios de quase agradáveis afastamentos, em amavios de luz e cor, leva-nos a fluir na leitura, a fluir e a divagar no tempo. Concorrem a isso filtros turquesa ou delíquios da cor entre as fracturas temporais; aprecio sobremaneira essa energia da calma que este livro reivindica.
O espaço geográfico é tenso; uma peculiar tensão enamorada do Vago. A identidade treme, então, na justa medida que ganha força. A mim parece-me que a autora leva essa força para a sua poesia, esse refúgio sereno do vento, onde as recordações e o oblívio ceiam à mesma mesa.
Ilustrações de elevado bom gosto acompanham o nível do livro.
Eu, velho marialva de títulos caducos, tenho vindo a rejuvenescer com a qualidade literária das recentes autoras. Eis, neste livro, um excelente exemplo dessa qualidade.
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— por Cíntia Moscovich, escritora brasileira Porto Alegre, mar. 2019 \ in GAÚCHA ZH
"Lançado no final do ano passado em Portugal e no Brasil pela editora Urutau, o livro de poemas outono azul a sul marca a estreia de calí boreaz na literatura. Ilustrado por dois artistas plásticos, um brasileiro e um português, Edgar Duvivier e António Martins-Ferreira, o livro reúne — literalmente — o melhor de dois mundos.
Com poemas curtos ou muito curtos (como em avião: "na asa azul da saudade / de cá e de lá"), calí tem a brejeirice e a luz das praias cariocas aliadas a um profundo rigor lexical, com a elegância sempre tão cara aos autores lusos.
Nascida em Portugal, a autora decidiu aventurar-se pelo mundo, estudando tradução na Romênia e, depois, no Rio. Essa alma viajante, que ela revela na abertura do livro, resulta em belas e desconcertantes imagens ("converso com versos com o mar que mora entre o Rio de Janeiro e Lisboa, ambas cidades alaranjadas. De tanto olhar o mar, meus olhos se tornaram navios").
O mar, imagem recorrente, assume importância e movimentos diversos, como em marenitude: "moreno mar que me chamas, com sussurros mil / de sereias, à viagem descobridora, / como esquecer a delícia o espanto dessa / hora areia horizonte distante de / canela e caril").
Com um tom feminino — e o "feminino", aqui, quer dizer o aguçamento dos sentidos, um olhar atento e perspicaz, uma riqueza de sentimentos em que o materno e o fraterno se embaralham —, a poeta abraça uma temática reflexiva, sem abrir mão da ironia, como quando conta da noite em que escutava Cartola no Youtube e na qual pensou: "olha: estar convencida / de algo é grande coisa, / eu que, assim, nem convencida estou / de que viver é a coisa certa / a se fazer neste mundo".
Poeta vigorosa, que se esquiva do tom de lamúrias, optando por um texto em que prefere ser protagonista a testemunha, calí boreaz estreia em ótimas companhias. Seu outono azul a sul mereceu posfácio de João Almino, diplomata e imortal da Academia Brasileira de Letras, e orelha da escritora portuguesa Ana Teresa Pereira e dos escritores brasileiros Paula Fábrio e Francisco Azevedo. Bem-vinda a bordo, poeta."
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— por Fernando Sousa Andrade, poeta e crítico literário Rio de Janeiro, fev. 2019 \ in REVISTA MALLARMARGENS
"outono azul a sul de calí boreaz faz do fluxo cativante das palavras-fotos uma linha poética entre geografias do (perto-longe) afeto.
[...] A poeta calí boreaz, em seu primeiro livro de poemas, outono azul a sul (editora Urutau), estabelece deslizamentos entre posições não fixas de olhar o entorno. Se temos nossa memória como uma bagagem de mão, é quase como dizer que o lápis é seu gancho, sua força motriz para lembrar-escrever.
A poeta narra seus poemas sempre de um ponto flutuante do eu. Ela não está no norte em Portugal, sua latência poética talvez sim. Mas é como uma bagagem-câmera que calí traria para o sul, para a transfiguração dos quadros, para a mudança da paleta do outono de lá-saudade para o azul dos trópicos — para a poeta se colocar, não como pessoana, mas, sim, como Bergson; o filósofo já estudou o que faz o tempo com relação à personagenalidade, e nem aqui falo de máscaras muito matizadas pelo estudo do teatro.
calí não personifica o estar aqui na praia de Ipanema coletando rolleiflex emocionais de um pôr-do-sol no posto nove. Sua musicalidade é deslocante do ponto de vista da observação, como se o eu falasse — não de um observatório astronômico do tipo Palomar, em que Italo Calvino descreve em camadas a realidade das coisas em focos cada vez mais infinitesimais — mas, sim, de um falar-canção do próprio transcurso da poeta entre veia biográfica e mimetização do mundo circundante. Muito apegado a insights fotográficos que seriam quase corpos-de-filmar, momentos sensoriais cotidianos deslizando e deslocando seu corpo-câmera para relações espaciais entre lá-e-cá, o afeto na poeta não tem ponto nenhum de referência, ele é aglutinante de tudo que encontra e agarra-se para foco e espaço de afecção."
+ crítica ao livro: > caliboreaz.com/p/critica.html
calí boreaz nasceu em Portugal, com origens na lezíria ribatejana e na serra beirã. Em Lisboa, estudou Direito e Flamenco. Viveu em Bucareste, na Roménia, onde estudou Língua e Literatura Romenas e Tradução Literária; e, desde 2010 no Rio de Janeiro, Brasil, mergulhou nos universos editorial e teatral. Tradutora de literatura romena, traduziu para o português os romances "O Regresso do Hooligan", de Norman Manea (Editora ASA, Portugal, 2010), e "Lisboa Para Sempre", de Mihai Zamfir (Editora Thesaurus, Brasil, 2012). É autora de três livros publicados no Brasil e em Portugal — "outono azul a sul" (Editora Urutau, Brasil e Portugal, 2018), um relato poético do exílio e da clandestinidade; "tesserato" (Caos & Letras, Brasil, 2020, e Guerra e Paz, Portugal, 2024), uma investigação poética sobre o deslocamento na imobilidade e o que significa «estar aqui»; e "a tela finalmente escura" (Kafka Edições, Brasil, 2023), um puzzle poético que pergunta «qual é a velocidade da escuridão?». Participa de publicações em diversas antologias e revistas do Brasil, Portugal, Galiza, Cabo-Verde e México, e em exposições em Portugal e na Índia. Como atriz e dramaturga, interpreta e funde a sua poesia com outras expressões artísticas em múltiplas criações autorais, como espetáculos teatrais, jam poetry sessions, performances, podcasts e filmepoemas.
Não deu, tive de beber o outono num só gole. Felicidade imensa foi hoje dividir os vinte passos que nos separam o Atlântico. Calí, frente ao posto 5. Copacabana já não é a mesma depois de trocarmos nossos livros e olhos. Copacabana nunca será a mesma depois de segurar a tua mão, no último instante, como uma breve promessa.
"em algum corredor no labirinto da existência de repente a gente para e olha nos olhos da gente pra ver os anos o amor a essência e os lindos enganos."
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