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Ayahuasca: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Chacruna and ayahuasca.jpg|thumb|Os dois componentes da bebida]]
{{Ver desambig|este=a bebida|a planta da qual a mesma é produzida|Banisteriopsis caapi}}
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[[Imagem:Peruvian Ayahuasca, Photo by Sascha Grabow.jpg|thumb|Garrafa contendo ayahuasca]]
'''''Ayahuasca'''''<ref>MOTTA, A. ''Acordo ortográfico: mudanças no alfabeto''. 6 de janeiro de 2010. Disponível em [http://conversadeportugues.com.br/2010/01/acordo-ortografico-mudancas-no-alfabeto/. Acordo ortográfico: mudanças no alfabeto | Conversa de Português] Acesso em 3 de março de 2013.</ref> (do [[quíchua]] ''aya'', que significa 'morto, defunto, espírito', e ''waska'', '[[liana|cipó]]', podendo ser [[Tradução|traduzido]] como "cipó do morto" ou "cipó do espírito"<ref>[http://www.cairn.info/revue-psychotropes-2002-1-page-79.htm. Ayahuasca : une synthèse interdisciplinaire]. Por Frédérick Bois-Mariage. ''Psychotropes'' 1/2002 (Vol. 8), p. 79-113. DOI : 10.3917/psyt.081.0079.</ref>), também conhecida como '''hoasca''', '''daime''', '''iagê''',<ref>Dicionário Houaiss: ''ayahuasca''.</ref> '''santo-daime''' e '''vegetal''',<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 210.</ref> é uma bebida [[Enteógeno|enteógena]] produzida a partir da combinação da videira ''[[Banisteriopsis caapi]]'' com várias plantas, em particular a ''[[Psychotria viridis]]'' e a ''[[Diplopterys cabrerana]]''.


'''''Ayahuasca'''''<ref>MOTTA, A. ''Acordo ortográfico: mudanças no alfabeto''. 6 de janeiro de 2010. Disponível em [http://conversadeportugues.com.br/2010/01/acordo-ortografico-mudancas-no-alfabeto/. Acordo ortográfico: mudanças no alfabeto | Conversa de Português] Acesso em 3 de março de 2013.</ref> (do [[quíchua]] ''aya'', que significa 'morto, defunto, espírito', e ''waska'', '[[liana|cipó]]', podendo ser [[Tradução|traduzido]] como "cipó do morto" ou "cipó do espírito"<ref>[http://www.cairn.info/revue-psychotropes-2002-1-page-79.htm. Ayahuasca : une synthèse interdisciplinaire]. Por Frédérick Bois-Mariage. ''Psychotropes'' 1/2002 (Vol. 8), p. 79-113. DOI : 10.3917/psyt.081.0079.</ref>), também conhecida como '''hoasca''', '''daime''', '''iagê''',<ref>Dicionário Houaiss: ''ayahuasca''.</ref> '''santo-daime''' e '''vegetal''',<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 210.</ref> é uma bebida enteógena produzida a partir da combinação da videira ''[[Banisteriopsis caapi]]'' com várias plantas, em particular a ''[[Psychotria viridis]]'' e a ''[[Diplopterys cabrerana]]''.
A produção e o consumo da bebida são difundidos no mundo todo, em especial nos países [[Ocidente|ocidentais]].<ref>{{Citar periódico|titulo = Dos igarapés da Amazônia para o outro lado do Atlântico: a expansão e internacionalização do Santo Daime no contexto religioso global|url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-85872014000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=en|jornal = Religião &amp; Sociedade|issn = 0100-8587|paginas = 11-35|volume = 34|numero = 2|doi = 10.1590/S1984-04382014000200002|primeiro = Glauber Loures de|ultimo = Assis|coautores = Beatriz Caiuby|ano = 2014}}</ref> A ayahuasca é, frequentemente, associada a [[Ritual|rituais]] de diferentes grupos sociais e [[Religião|religiões]], além de fazer parte da [[Medicina indígena|medicina tradicional]] dos povos da [[Amazônia]].<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = Declaración Patrimonio Cultural de la nación a los conocimientos y usos tradicionales del Ayahuasca practicados por comunidades nativas amazónicas|data = |acessadoem = |autor = Dirección de Registro y Estudio de la Cultura en el Perú Contemporáneo|publicado = Nixi Pae Medicina Holística Amazónica|citação = "en torno al ritual de Ayahuasca se ha estructurado la medicina tradicional amazónica"}}</ref>

A produção e o consumo da bebida são difundidos no mundo todo, em especial nos países [[Ocidente|ocidentais]].<ref>{{Citar periódico|titulo = Dos igarapés da Amazônia para o outro lado do Atlântico: a expansão e internacionalização do Santo Daime no contexto religioso global|url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-85872014000200011&lng=pt&nrm=iso&tlng=en|jornal = Religião &amp; Sociedade|issn = 0100-8587|paginas = 11-35|volume = 34|numero = 2|doi = 10.1590/S1984-04382014000200002|primeiro = Glauber Loures de|ultimo = Assis|coautores = Beatriz Caiuby|ano = 2014}}</ref> A ''ayahuasca'' é, frequentemente, associada a [[Ritual|rituais]] de diferentes grupos sociais e [[Religião|religiões]], além de fazer parte da [[Medicina indígena|medicina tradicional]] dos povos da [[Amazônia]].<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = Declaración Patrimonio Cultural de la nación a los conocimientos y usos tradicionales del Ayahuasca practicados por comunidades nativas amazónicas|data = |acessadoem = |autor = Dirección de Registro y Estudio de la Cultura en el Perú Contemporáneo|publicado = Nixi Pae Medicina Holística Amazónica|citação = "en torno al ritual de Ayahuasca se ha estructurado la medicina tradicional amazónica"}}</ref>


== Sinonímia ==
== Sinonímia ==
[[Imagem:Chacruna and ayahuasca.jpg|thumb|Os dois componentes da bebida]]
[[Imagem:aya-preparation.jpg|thumb|direita|''Ayahuasca'' sendo preparada na região de [[Iquitos]], no [[Peru]]]]
[[Imagem:aya-preparation.jpg|thumb|direita|''Ayahuasca'' sendo preparada na região de [[Iquitos]], no [[Peru]]]]
O nome ''ayahuasca'' pode designar tanto a [[liana]] ''Banisteriopsis spp.'' quanto a bebida. Entre as traduções para esse nome, estão "cipó do homem morto" (''aya'' significando "espírito, morto ou ancestral" e ''huasca'' significa "vinha ou corda"), "liana das almas", "cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte", "vinho da alma". Os nomes além do significado literal referem-se a elementos de significação cultural, a exemplo de "professor dos professores", "planta professora", entre outros.
O nome ''ayahuasca'' pode designar tanto a [[liana]] ''Banisteriopsis spp.'' quanto a bebida. Entre as traduções para esse nome, estão "cipó do homem morto" (''aya'' significando "espírito, morto ou ancestral" e ''huasca'' significa "vinha ou corda"), "liana das almas", "cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte", "vinho da alma". Os nomes além do significado literal referem-se a elementos de significação cultural, a exemplo de "professor dos professores", "planta professora", entre outros.
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Os primeiros relatos do uso indígena de ''ayahuasca'', no [[Ocidente]], são dos missionários [[jesuítas]] [[Pablo Maroni]] em 1737 e [[Franz Xaver Veigl]] em 1768, que descreveram um cipó (liana) conhecido como ''ayahuasca'', "usado para [[adivinhação]], mistificação e [[Feitiçaria|enfeitiçamento]]", enquanto estiveram no [[Rio Napo]].<ref>{{citar livro|título = The Internationalization of Ayahuasca|sobrenome = DE MORI|nome = Bernd Brabec|edição = |local = |editora = |ano = |página = 32|url = http://books.google.com.br/books?id=49i8-CzmY_oC|editor = Beatriz Caiuby Labate,Henrik Jungaberle}}</ref> Estima-se entretanto que populações indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente cinco mil anos,<ref>(FURST, 1976; NARBY, 1998 apud BEYER, 2009). BEYER, S. Singing to the plants: A guide to mestizo shamanism in the Upper Amazon . Albuquerque, NM: University of New Mexico. 2009 ver tb [http://www.singingtotheplants.com/2012/04/on-origins-of-ayahuasca/ Blog] Acesso Nov. 2014</ref><ref>Llamazares, A. M., & Martínez Sarasola, C. (2004). Principales plantas sagradas de Sudamérica. In A. M. Llamazares & C. Martínez Sarasola (Eds.), El lenguaje de los dioses (pp. 259-285). Buenos Aires: Editorial Biblos. Retrieved April 12, 2012, from the Fundación desdeAmérica Web site, http://www.desdeamerica.org.ar/pdf/PrincipalesPlantasTexto_.pdf apud: HIGHPINE, Gayle Unraveling the Mystery of the Origin of Ayahuasca [http://www.ayahuasca.com/ayahuasca-overviews/unraveling-the-mystery-of-the-origin-of-ayahuasca/ Ayahuasca.com] Acesso Nov. 2014</ref> oito mil anos<ref>DOBKIN DE RIOS Marlene; RUMRRILL. Roger. A Hallucinogenic Tea, Laced with Controversy: Ayahuasca in the Amazon and the United States. Westport, CT: Praeger Hardback. 2008. Pp.162. ISBN 9780313345425 [http://psypressuk.com/2012/07/10/literary-review-a-hallucinogenic-tea-laced-with-controversy-ayahuasca-in-the-amazon-and-the-united-states-by-marlene-dobkin-de-rios-and-roger-rumrrill/ Literary review] Acesso Nov. 2014</ref> ou pelo menos 3.500 anos.<ref>MCKENNA, Dennis. Ayahuasca: uma história etnofarmacológica. in: METZNER, Ralph (org.). Ayahuasca, alucinógenos, consciência e o espírito da natureza. RJ, Gryphus, 2002 p. 172</ref><ref>{{Citar web|titulo=Ayahuasca fixings found in 1,000-year-old Andean sacred bundle|url=https://news.berkeley.edu/2019/05/06/ayahuasca-sacred-bundle/|obra=Berkeley News|data=2019-05-06|acessodata=2019-05-30|lingua=en-US|primeiro=Yasmin|ultimo=Anwar|primeiro2=Media Relations{{!}}|ultimo2=May 6|ultimo3=2019May 16|ultimo4=2019}}</ref>
Os primeiros relatos do uso indígena de ''ayahuasca'', no [[Ocidente]], são dos missionários [[jesuítas]] [[Pablo Maroni]] em 1737 e [[Franz Xaver Veigl]] em 1768, que descreveram um cipó (liana) conhecido como ''ayahuasca'', "usado para [[adivinhação]], mistificação e [[Feitiçaria|enfeitiçamento]]", enquanto estiveram no [[Rio Napo]].<ref>{{citar livro|título = The Internationalization of Ayahuasca|sobrenome = DE MORI|nome = Bernd Brabec|edição = |local = |editora = |ano = |página = 32|url = http://books.google.com.br/books?id=49i8-CzmY_oC|editor = Beatriz Caiuby Labate,Henrik Jungaberle}}</ref> Estima-se entretanto que populações indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente cinco mil anos,<ref>(FURST, 1976; NARBY, 1998 apud BEYER, 2009). BEYER, S. Singing to the plants: A guide to mestizo shamanism in the Upper Amazon . Albuquerque, NM: University of New Mexico. 2009 ver tb [http://www.singingtotheplants.com/2012/04/on-origins-of-ayahuasca/ Blog] Acesso Nov. 2014</ref><ref>Llamazares, A. M., & Martínez Sarasola, C. (2004). Principales plantas sagradas de Sudamérica. In A. M. Llamazares & C. Martínez Sarasola (Eds.), El lenguaje de los dioses (pp. 259-285). Buenos Aires: Editorial Biblos. Retrieved April 12, 2012, from the Fundación desdeAmérica Web site, http://www.desdeamerica.org.ar/pdf/PrincipalesPlantasTexto_.pdf apud: HIGHPINE, Gayle Unraveling the Mystery of the Origin of Ayahuasca [http://www.ayahuasca.com/ayahuasca-overviews/unraveling-the-mystery-of-the-origin-of-ayahuasca/ Ayahuasca.com] Acesso Nov. 2014</ref> oito mil anos<ref>DOBKIN DE RIOS Marlene; RUMRRILL. Roger. A Hallucinogenic Tea, Laced with Controversy: Ayahuasca in the Amazon and the United States. Westport, CT: Praeger Hardback. 2008. Pp.162. ISBN 9780313345425 [http://psypressuk.com/2012/07/10/literary-review-a-hallucinogenic-tea-laced-with-controversy-ayahuasca-in-the-amazon-and-the-united-states-by-marlene-dobkin-de-rios-and-roger-rumrrill/ Literary review] Acesso Nov. 2014</ref> ou pelo menos 3.500 anos.<ref>MCKENNA, Dennis. Ayahuasca: uma história etnofarmacológica. in: METZNER, Ralph (org.). Ayahuasca, alucinógenos, consciência e o espírito da natureza. RJ, Gryphus, 2002 p. 172</ref><ref>{{Citar web|titulo=Ayahuasca fixings found in 1,000-year-old Andean sacred bundle|url=https://news.berkeley.edu/2019/05/06/ayahuasca-sacred-bundle/|obra=Berkeley News|data=2019-05-06|acessodata=2019-05-30|lingua=en-US|primeiro=Yasmin|ultimo=Anwar|primeiro2=Media Relations{{!}}|ultimo2=May 6|ultimo3=2019May 16|ultimo4=2019}}</ref>


A ''ayahuasca'' é utilizada tradicionalmente em países como Estados Unidos, Austrália, [[Peru]], [[Equador]], [[Colômbia]], [[Bolívia]] e [[Brasil]] e ainda por pelo menos 72 diferentes tribos [[Ameríndios|indígenas]] da Amazônia.<ref>LUNA apud LABATE, Beatriz C. A literatura brasileira sobre as religiões ayhuasqueiras. in: . in LABATE BEATRIZ C.;ARAUJO, WLADIMIR S. (org.) O uso ritual da ayahuasca. Campinas, SP, Mercado de Letras – FAPESP, 2002</ref><ref>AYAHUASCA.COM (What indigenous groups traditionally use Ayahuasca? [http://www.ayahuasca.com/primordial-and-traditional-culture/what-indigenous-groups-traditionally-use-ayahuasca/ ayahuasca.com])</ref> Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa datação, os realizados pelo [[etnógrafo]] equatoriano Plutarco Naranjo, que sumariou a pouca informação disponível sobre a pré-história da ''ayahuasca'' a partir de evidências [[arqueológica]]s abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e outros artefatos.<ref>NARANJO, P. 1979. "Hallucinogenic plant use and related indigenous belief systems in the Ecuadorian Amazon". [[quíchua|Journal of Ethnopharmacology]] 1:121- 45. e Naranjo, P.. 1986. "EI ayahuasca in la arqueología ecuatoriana". America Indígena 46:117-28. apud: MCKENNA, Dennis J. “Ayahuasca: uma história etnofarmacológica”. In: Ayahuasca: alucinógenos, consciência e o espírito da natureza. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002.</ref>
A ''ayahuasca'' é utilizada tradicionalmente em países como [[Peru]], [[Equador]], [[Colômbia]], [[Bolívia]] e [[Brasil]] e ainda por pelo menos 72 diferentes tribos [[Ameríndios|indígenas]] da Amazônia.<ref>LUNA apud LABATE, Beatriz C. A literatura brasileira sobre as religiões ayhuasqueiras. in: . in LABATE BEATRIZ C.;ARAUJO, WLADIMIR S. (org.) O uso ritual da ayahuasca. Campinas, SP, Mercado de Letras – FAPESP, 2002</ref><ref>AYAHUASCA.COM (What indigenous groups traditionally use Ayahuasca? [http://www.ayahuasca.com/primordial-and-traditional-culture/what-indigenous-groups-traditionally-use-ayahuasca/ ayahuasca.com])</ref> Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa datação, os realizados pelo [[etnógrafo]] equatoriano Plutarco Naranjo, que sumarizou a pouca informação disponível sobre a pré-história da ''ayahuasca'' a partir de evidências [[arqueológica]]s abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e outros artefatos.<ref>NARANJO, P. 1979. "Hallucinogenic plant use and related indigenous belief systems in the Ecuadorian Amazon". [[quíchua|Journal of Ethnopharmacology]] 1:121- 45. e Naranjo, P.. 1986. "EI ayahuasca in la arqueología ecuatoriana". America Indígena 46:117-28. apud: MCKENNA, Dennis J. “Ayahuasca: uma história etnofarmacológica”. In: Ayahuasca: alucinógenos, consciência e o espírito da natureza. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002.</ref>


Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias, governamentais e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC - Unión de Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias: inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.
Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias, governamentais, e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC - Unión de Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias: inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.


{{Anexo|Lista dos povos indígenas que utilizam ayahuasca}}
{{Anexo|Lista dos povos indígenas que utilizam ayahuasca}}


== Visão religiosa da ayahuasca ==
== Visão religiosa da ''ayahuasca'' ==
=== Contexto médico-científico ===
=== Contexto médico-científico ===
Antropólogos e adeptos religiosos frequentemente desaprovam o uso do termo "[[alucinógeno]]" para descrever a ''ayahuasca''.<ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/iluminogeno/iluminogeno.html|título = União do Vegetal - Alucinógeno ou Iluminógeno?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>RObERTS, Thomas B. The New Religious Era - From the 500-year Blizzard of Words to Personal Sacred Experiences. forthcoming 2014 in: Harold J. Ellens (editor)
Antropólogos e adeptos religiosos frequentemente desaprovam o uso do termo "[[alucinógeno]]" para descrever a ''ayahuasca''.<ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/iluminogeno/iluminogeno.html|título = União do Vegetal - Alucinógeno ou Iluminógeno?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>RObERTS, Thomas B. The New Religious Era - From the 500-year Blizzard of Words to Personal Sacred Experiences. forthcoming 2014 in: Harold J. Ellens (editor)
Seeking the Sacred With Psychoactive Substances: Paths to Self and God.
Seeking the Sacred With Psychoactive Substances: Paths to Self and God.
Praeger/ABC-CLIO, Westport, CT. [https://www.academia.edu/5582186/The_New_Religious_Era-_From_the_500-year_Blizzard_of_Words_to_Personal_Sacred_Experiences Academia.edu] Jul. 2014</ref><ref>*ANTOS, RAFAEL G. DOS; [http://www.neip.info/downloads/t_rafa_san2.pdf Aspectos culturais e simbólicos do uso de enteógenos]; [http://www.neip.info NEIP]</ref> Propõe-se o termo [[enteógeno]] (grego ''en-'' = dentro/interno, ''-theo-'' = deus/divindade, ''-genos'' = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos. Contudo, a categorização científica da ayahuasca, enquanto substância, sem levar em consideração qualquer contexto de uso, é de um "[[alucinógeno]]" ou "[[psicodélico]]". Para a farmacologia, do ponto de vista bioquímico, ele [[denotação|denota]] a substância como um alterador da percepção e da cognição que age sobre os [[Receptor 5-HT|receptores de serotonina]], igual o LSD. Mas ressalta-se que, para compreender seus efeitos psíquicos ou subjetivos, não se pode ignorar as crenças e contexto social de uso.<ref>Rios, Marlene Dobkin de. Uma teoria transcultural del uso de los alucinógenos de origem vegetal. América Indígena, (291-304) Vol XXXVII nº 2, abril-junio, 1977</ref>
Praeger/ABC-CLIO, Westport, CT. [https://www.academia.edu/5582186/The_New_Religious_Era-_From_the_500-year_Blizzard_of_Words_to_Personal_Sacred_Experiences Academia.edu] Jul. 2014</ref><ref>*ANTOS, RAFAEL G. DOS; [http://www.neip.info/downloads/t_rafa_san2.pdf Aspectos culturais e simbólicos do uso de enteógenos]; [http://www.neip.info NEIP]</ref> Propõe-se o termo [[enteógeno]] (grego ''en-'' = dentro/interno, ''-theo-'' = deus/divindade, ''-genos'' = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos. Contudo, a categorização científica da ''ayahuasca'', enquanto substância, sem levar em consideração qualquer contexto de uso, é de um "[[alucinógeno]]" ou "[[psicodélico]]". Para a farmacologia, do ponto de vista bioquímico, ele [[denotação|denota]] a substância como um alterador da percepção e da cognição que age sobre os [[Receptor 5-HT|receptores de serotonina]], igual o LSD. Mas ressalta-se que, para compreender seus efeitos psíquicos ou subjetivos, não se pode ignorar as crenças e contexto social de uso.<ref>Rios, Marlene Dobkin de. Uma teoria transcultural del uso de los alucinógenos de origem vegetal. América Indígena, (291-304) Vol XXXVII nº 2, abril-junio, 1977</ref>


A controvérsia "enteógeno × alucinógeno" ocorre devido à [[conotação]] negativa que este último termo adquiriu em seu uso nos meios sociais e nos meios de comunicação. O etnofarmacologista&nbsp;[[Dennis McKenna]], tendo em vista essa controvérsia, considera tanto o termo alucinógeno quanto o termo enteógeno como inadequados para descrever a ayahuasca, e diz preferir o termo "''shamanic medicine''".<ref>{{citar web|URL = http://www.maps.org/news-letters/v19n1/v19n1-pg35.pdf|título=Shamanic Medicines & Eco-Consciousness: A Conversation with Dennis McKenna, Ph.D.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
A controvérsia "enteógeno × alucinógeno" ocorre devido à [[conotação]] negativa que este último termo adquiriu em seu uso nos meios sociais e nos meios de comunicação. O etnofarmacologista&nbsp;[[Dennis McKenna]], tendo em vista essa controvérsia, considera tanto o termo alucinógeno quanto o termo enteógeno como inadequados para descrever a ''ayahuasca'', e diz preferir o termo "remédio xamânico" (no original inglês "''shamanic medicine''").<ref>{{citar web|URL = http://www.maps.org/news-letters/v19n1/v19n1-pg35.pdf|título=Shamanic Medicines & Eco-Consciousness: A Conversation with Dennis McKenna, Ph.D.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


Pesquisadores de [[medicina indígena]], [[Etnomedicina|sistemas etnomédicos]] e adeptos religiosos consideram a possibilidade e/ou atribuem à substância propriedades curativas. Nas religiões tradicionais do Brasil e entre curandeiros "mestizos" da região andina, por exemplo, acredita-se que a ''ayahuasca'' é capaz de desintoxicar (purgar), reativar órgãos danificados e propiciar melhoras em quadros de [[dependência química]], por exemplo. O [[Mestre Irineu]], fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o [[Centro de Iluminação Cristã Luz Universal]] - Alto Santo, dizia que o seu daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.<ref>{{citar web|URL = http://www.afamiliajuramidam.org/liturgia/cura.html|título = A Família Juramidam - Trabalho de Cura|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Entretanto, ele também dizia que "''o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime''",<ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/peregrina.htm|título = Relato de Peregrina Gomes Serra.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> e proibiu o [[proselitismo]] da bebida para os seus seguidores.
Pesquisadores de [[medicina indígena]], [[Etnomedicina|sistemas etnomédicos]] e adeptos religiosos consideram a possibilidade e/ou atribuem à substância propriedades curativas. Nas religiões tradicionais do Brasil e entre curandeiros "mestizos" da região andina, por exemplo, acredita-se que a ''ayahuasca'' é capaz de desintoxicar (purgar), reativar órgãos danificados e propiciar melhoras em quadros de [[dependência química]], por exemplo. O [[Mestre Irineu]], fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o [[Centro de Iluminação Cristã Luz Universal]] - Alto Santo, dizia que o seu daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.<ref>{{citar web|URL = http://www.afamiliajuramidam.org/liturgia/cura.html|título = A Família Juramidam - Trabalho de Cura|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Entretanto, ele também dizia que "''o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime''",<ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/peregrina.htm|título = Relato de Peregrina Gomes Serra.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> e proibiu o [[proselitismo]] da bebida para os seus seguidores.
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=== Neo-ayahuasqueiros ===
=== Neo-ayahuasqueiros ===
Entre as comunidades ayahuasqueiras, os grupos e organizações religiosas de formação mais recente têm sido denominados como ecléticos ou neo-ayahuasqueiros. Ainda estão para ser realizados estudos mais aprofundados sobre a dimensão quantitativa, socioantropológica e jurídica dessa extensão, como proposto pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]].<ref>LODI, Edson. Inventário Cultural da Ayahuasca. Rio Branco, Acre, 31 de março de 2012 [http://pagina20.uol.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=28586&Itemid=35 Página 20 On-Line] Cons. 8 de outubro de 2012</ref> Segundo Labate<ref>LABATE, Beatriz Caiuby. ''A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos''. S. Paulo: Mercado das Letras / FAPESP, 2004.</ref> os grupos neo-ayahuasqueiros formam uma interseção entre os que compõem o universo da "[[Nova Era]]" e suas matrizes (de inspiração nas [[Religiões do Oriente|religiões orientais]], [[neoxamanismo]] e [[holismo]]) e o universo das religiões ayahuasqueiras tradicionais. Entre esses grupos, podemos citar: Centro espiritual Estrela de Salomão, Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal Luz Paz e Amor (criada por Joaquim José de Andrade Neto; uma das inúmeras dissidências da Verdadeira UDV - União do Vegetal), Núcleo Espiritual Rosa de Luz, Centro de Desenvolvimento Integral Luz do Vegetal, Centro Terapêutico Caminho do Coração, Irmandade Beneficente&nbsp;Natureza Divina, Templo Mãe d'Água, Escola da Rainha - Reino do Sol, Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor (fundado pelo Mestre Francisco), Família Jarinu, Atlântida - Amor e Evolução (desenvolvida por Marcos Terra) em Brasília entre outros.
Entre as comunidades ayahuasqueiras, os grupos e organizações religiosas de formação mais recente têm sido denominados como ecléticos ou neo-ayahuasqueiros. Ainda estão para ser realizados estudos mais aprofundados sobre a dimensão quantitativa, socioantropológica e jurídica dessa extensão, como proposto pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]].<ref>LODI, Edson. Inventário Cultural da Ayahuasca. Rio Branco, Acre, 31 de março de 2012 [http://pagina20.uol.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=28586&Itemid=35 Página 20 On-Line] Cons. 8 de outubro de 2012</ref> Segundo Labate<ref>LABATE, Beatriz Caiuby. ''A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos''. S. Paulo: Mercado das Letras / FAPESP, 2004.</ref> os grupos neo-ayahuasqueiros formam uma interseção entre os que compõem o universo da "[[Nova Era]]" e suas matrizes (de inspiração nas [[Religiões do Oriente|religiões orientais]], [[neoxamanismo]] e [[holismo]]) e o universo das religiões ayahuasqueiras tradicionais. Entre esses grupos, podemos citar: Centro espiritual Estrela de Salomão, Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal Luz Paz e Amor (criada por Joaquim José de Andrade Neto; uma das inúmeras dissidências da Verdadeira UDV - União do Vegetal), Núcleo Espiritual Rosa de Luz, Centro de Desenvolvimento Integral Luz do Vegetal, Centro Terapêutico Caminho do Coração, Irmandade Beneficente&nbsp;Natureza Divina, Templo Mãe d'Água, Escola da Rainha - Reino do Sol, Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor (fundado pelo Mestre Francisco), Família Jarinu, Atlântida - Amor e Evolução (desenvolvida por Marcos Terra) em Brasília entre outros.
[[Ficheiro:Painting depicting the Yaje experience - Parque arqueológico comunitario (4925086663).jpg|miniaturadaimagem|Pintura inspirada em estados de consciência induzidos pelo uso do chá, são retratados elementos das culturas amazônicas relacionados aos usos ritualísticos no consumo da ''ayahuasca''.]]

A proibição do proselitismo é observada quase que universalmente entre os grupos neo-ayahuasqueiros. Há divergências, porém, na permissão ou condenação da venda das plantas que compõem o chá, ou do próprio chá, entre grupos organizados ou indivíduos a eles coligados, e também há divergências sobre a permissão da posse individual da bebida aos membros de grupos.<ref>{{citar web|URL = http://www.ceudodespertar.org.br/sobre-nos/projeto-daime-para-todos|título = Céu do Despertar - Projeto Daime para Todos|data = |acessadoem = |autor = Gideon dos Lakotas|publicado = |citação = }}</ref> Os grupos variam entre si largamente na frequência de uso, indo de quinzenal a diário ou quase diário, na potência da bebida e quantidade ingerida por sessão, no nível de preparo pessoal necessário, como na exigência ou não, nos dias mais próximos aos rituais, da ''dieta'', que pode incluir abstinência sexual e/ou jejuns ou alimentação controlada.<ref>{{citar periódico|ultimo = Ricciardi|primeiro = Gabriela Santos|titulo = O uso da ayahuasca e a experiência de transformação, alívio e cura, na união do vegetal (UDV).|jornal = |doi = |url = http://www.ppgcs.ufba.br/site/db/trabalhos/2732013090318.pdf|acessadoem = |notas = "A UDV não exige nenhum tipo de dieta, nem faz restrições a nenhum tipo de alimento, nem há a necessidade de abstinência sexual nem antes nem após as sessões, como acontece em outras religiões e grupos ayahuasqueiros."|paginas = 105}}</ref>
A proibição do proselitismo é observada quase que universalmente entre os grupos neo-ayahuasqueiros. Há divergências, porém, na permissão ou condenação da venda das plantas que compõem o chá, ou do próprio chá, entre grupos organizados ou indivíduos a eles coligados, e também há divergências sobre a permissão da posse individual da bebida aos membros de grupos.<ref>{{citar web|URL = http://www.ceudodespertar.org.br/sobre-nos/projeto-daime-para-todos|título = Céu do Despertar - Projeto Daime para Todos|data = |acessadoem = |autor = Gideon dos Lakotas|publicado = |citação = }}</ref> Os grupos variam entre si largamente na frequência de uso, indo de quinzenal a diário ou quase diário, na potência da bebida e quantidade ingerida por sessão, no nível de preparo pessoal necessário, como na exigência ou não, nos dias mais próximos aos rituais, da ''dieta'', que pode incluir abstinência sexual e/ou jejuns ou alimentação controlada.<ref>{{citar periódico|ultimo = Ricciardi|primeiro = Gabriela Santos|titulo = O uso da ayahuasca e a experiência de transformação, alívio e cura, na união do vegetal (UDV).|jornal = |doi = |url = http://www.ppgcs.ufba.br/site/db/trabalhos/2732013090318.pdf|acessadoem = |notas = "A UDV não exige nenhum tipo de dieta, nem faz restrições a nenhum tipo de alimento, nem há a necessidade de abstinência sexual nem antes nem após as sessões, como acontece em outras religiões e grupos ayahuasqueiros."|paginas = 105}}</ref>


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== Legalidade ==
== Legalidade ==
* Após 18 anos de estudos, o [[Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas]]<ref>{{citar web |url=http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/index.php |ligação inativa= |título=Site Oficial do CONAD |acessodata=16 de julho de 2010 |autor= |autorlink= |coautores= |data= |mes= |formato=html |obra= |publicado= |paginas= |língua= |arquivourl= |arquivodata= |citação= }}</ref> do Brasil retirou, em [[23 de novembro]] de [[2006]], a ''ayahuasca'' da lista de drogas alucinógenas definitivamente, fato que se fez possível graças a UDV (www.udv.org.br). A ''ayahuasca'' já havia sido excluída desta lista em caráter provisório desde setembro de 1987.<ref name="obid.senad.gov.br">[http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/biblioteca/documentos/327994.pdf CONAD - GRUPO MULTIDISCIPLINAR DE TRABALHO - GMT- AYAHUASCA]</ref> Em 26 de janeiro de 2010, o Governo Brasileiro dispôs, através de parecer do CONAD, a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o plantio, o preparo e a ministração da bebida com o fim de auferir lucro, a prática do comércio, a exploração turística da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica privativa de profissão regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas científicas, o curandeirismo, a propaganda, e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental dos indivíduos. O cadastramento das entidades que utilizam a ''ayahuasca'' é facultativo.<ref>Santo-daime é oficializado para uso religioso - [http://www.estadao.com.br/noticias/geral,santo-daime-e-oficializado-para-uso-religioso,502186,0.htm vidae - estadao.com.br - 27 de janeiro de 2010]</ref><ref>DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Governo brasileiro. 26 de janeiro de 2010, disponível na [http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=57&data=26/01/2010 internet] e [https://www.justica.gov.br/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/conad/conteudo/res-n-1-25-1-2010.pdf] </ref>
* Após 18 anos de estudos, o [[Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas]]<ref>{{citar web |url=http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/index.php |ligação inativa= |título=Site Oficial do CONAD |acessodata=16 de julho de 2010 |autor= |autorlink= |coautores= |data= |mes= |formato=html |obra= |publicado= |paginas= |língua= |arquivourl= |arquivodata= |citação= }}</ref> do Brasil retirou, em 23 de novembro de 2006, a ''ayahuasca'' da lista de drogas alucinógenas definitivamente. A ''ayahuasca'' já havia sido excluída desta lista em caráter provisório desde setembro de 1987.<ref name="obid.senad.gov.br">[http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/biblioteca/documentos/327994.pdf CONAD - GRUPO MULTIDISCIPLINAR DE TRABALHO - GMT- AYAHUASCA]</ref> Em 25 de janeiro de 2010, o Governo Brasileiro dispôs, através da Resolução n. 1 de 2010 do CONAD<ref name="conad_1_2010">
{{citar lei |jurisdição = Brasil. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD)| url = https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/conad/atos-do-conad-1/2010/11___resolucao_n__01_2010___conad.pdf | título = Resolução| número = 1| data = 25 de janeiro de 2010 | ementa = Resolução n. 1, de 25 de janeiro de 2010 - dispõe sobre a observância, pelos órgãos da Administração Pública, das decisões do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), sobre normas e procedimentos compatíveis com o uso religioso da Ayahuasca e dos princípios deontológicos que o informam.}}</ref>, a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o plantio, o preparo e a ministração da bebida com o fim de auferir lucro, a prática do comércio, a exploração turística da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica privativa de profissão regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas científicas, o curandeirismo, a propaganda, e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental dos indivíduos. O cadastramento das entidades que utilizam a ''ayahuasca'' é facultativo.<ref>Santo-daime é oficializado para uso religioso - [http://www.estadao.com.br/noticias/geral,santo-daime-e-oficializado-para-uso-religioso,502186,0.htm vidae - estadao.com.br - 27 de janeiro de 2010]</ref><ref>DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Governo brasileiro. 26 de janeiro de 2010, disponível na [http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=57&data=26/01/2010 internet] e [https://www.justica.gov.br/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/conad/conteudo/res-n-1-25-1-2010.pdf]</ref>
* A Suprema Corte dos [[Estados Unidos]] decidiu (em 20 de fevereiro de 2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do [[Novo México]] de utilizar o chá ''ayahuasca'' em seus rituais religiosos. O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo ''Religious Freedom Restoration Act'', aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto [[peiote]] (cujo princípio ativo é a [[mescalina]]) pela ''Native American Church'' — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.

* O [[Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes]] (OICE), órgão de fiscalização independente e quase-judicial criado para monitorar a implementação das Convenções Internacionais das&nbsp;Nações Unidas ([[ONU]]) de controle de drogas, afirmou em 2001 através de um fax do seu Secretário enviado ao Ministro de Saúde Pública dos Países Baixos que as bebidas preparadas a partir das plantas que compõem a ''ayahuasca'' não são substâncias controladas nos termos da Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas das Nações Unidas de 1971,<ref>{{citar web|URL = http://www.santodaime.org/comunidade/noticias/16_04_cartaONU.htm|título = "ONU: Ayahuasca é livre"|data = |acessadoem = |autor = |publicado = santodaime.org}}</ref> cuja autoridade jurídica o governo brasileiro reconhece no Decreto no. 154 de 26 de junho de 1991.<ref>{{citar web|URL = http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm|título = DECRETO No 154 DE 26 DE JUNHO DE 1991.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Em relatório anual de 2010, o OICE afirmou que há riscos para a saúde no uso abusivo da ''ayahuasca'', e aconselhou os governos a adicionarem a bebida à lista de substâncias controladas em populações onde ocorra o uso fora de contextos tradicionais, como o uso recreativo ou a compra e venda da bebida e das plantas que a compõem.<ref>{{citar web|URL = http://www.incb.org/documents/Publications/AnnualReports/AR2010/AR_2010_English.pdf|título = International Narcotics Control Board - Annual Report|data = 2010|acessadoem = |autor = |publicado = |notas = itens 285 a 287}}</ref>
* A Suprema Corte dos [[Estados Unidos]] decidiu (em 20 de fevereiro de 2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do [[Novo México]] de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos. O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo ''Religious Freedom Restoration Act'', aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto [[peiote]] (cujo princípio ativo é a [[mescalina]]) pela ''Native American Church'' — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.
* O [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] analisa transformar a ''ayahuasca'' em [[patrimônio imaterial]] da [[cultura brasileira]], a pedido do então ministro [[Gilberto Gil]] e das religiões que comungam da bebida. No Peru, a bebida foi declarada patrimônio cultural da nação a partir de 2008.<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = RESOLUCIÓN DIRECTORAL NACIONAL Nº 836/INC Lima, 24 de junio de 2008-07-14|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
* O [[Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes]] (OICE), órgão de fiscalização independente e quase-judicial criado para monitorar a implementação das Convenções Internacionais das&nbsp;Nações Unidas ([[ONU]]) de controle de drogas, afirmou em 2001 através de um fax do seu Secretário enviado ao Ministro de Saúde Pública dos Países Baixos que as bebidas preparadas a partir das plantas que compõem a ayahuasca não são substâncias controladas nos termos da Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas das Nações Unidas de 1971,<ref>{{citar web|URL = http://www.santodaime.org/comunidade/noticias/16_04_cartaONU.htm|título = "ONU: Ayahuasca é livre"|data = |acessadoem = |autor = |publicado = santodaime.org}}</ref> cuja autoridade jurídica o governo brasileiro reconhece no Decreto no. 154 de 26 de junho de 1991.<ref>{{citar web|URL = http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm|título = DECRETO No 154 DE 26 DE JUNHO DE 1991.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Em relatório anual de 2010, o OICE afirmou que há riscos para a saúde no uso abusivo da ayahuasca, e aconselhou os governos a adicionarem a bebida à lista de substâncias controladas em populações onde ocorra o uso fora de contextos tradicionais, como o uso recreativo ou a compra e venda da bebida e das plantas que a compõem.<ref>{{citar web|URL = http://www.incb.org/documents/Publications/AnnualReports/AR2010/AR_2010_English.pdf|título = International Narcotics Control Board - Annual Report|data = 2010|acessadoem = |autor = |publicado = |notas = itens 285 a 287}}</ref>
* O [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] analisa transformar a ayahuasca em [[patrimônio imaterial]] da [[cultura brasileira]], a pedido do então ministro [[Gilberto Gil]] e das religiões que comungam da bebida. No Peru, a bebida foi declarada patrimônio cultural da nação a partir de 2008.<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = RESOLUCIÓN DIRECTORAL NACIONAL Nº 836/INC Lima, 24 de junio de 2008-07-14|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


== Farmacologia ==
== Farmacologia ==
[[Imagem:DMT.svg|thumb|Estrutura da molécula de DMT]]
[[Imagem:Dimethyltryptamine molecule spacefill.png|thumb|Molécula de DMT]]
Cientificamente, a propriedade psicoativa da ''ayahuasca ''se deve à presença, nas folhas da [[chacrona]], de uma substância denominada ''N'',''N''-[[dimetiltriptamina]] (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no [[Corpo humano|organismo humano]]. O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima [[monoamina oxidase]] (MAO). O [[Banisteriopsis Caapi|caapi]] possui [[alcaloide]]s capazes de [[IMAO|inibir os efeitos da MAO]] e, assim, evitar a [[oxidação]] da molécula de DMT, o que a tornaria inativa. Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral, tendo sua ação prolongada.<ref>RIBA, J. Human Pharmacology of Ayahuasca. Doctoral Thesis: Universitat Autònoma de Barcelona, 2003.</ref><ref>SANTOS, R.G. The pharmacology of ayahuasca: a review. Brasília Médica, 47 (2): 188-195. 2010.[[Bolívia|http://www.ambr.com.br/rb/arquivos/12.pdf]].</ref><ref>SCHULTES, Richard E.; HOFMANN, Albert. Plantas de los dioses: origenes del uso de los alucinógenos. México, Fundo de Cultura Económica, 2000 p.127</ref>
Cientificamente, a propriedade psicoativa da ''ayahuasca ''se deve à presença, nas folhas da [[chacrona]], de uma substância denominada ''N'',''N''-[[dimetiltriptamina]] (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no [[Corpo humano|organismo humano]]. O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima [[monoamina oxidase]] (MAO). O [[Banisteriopsis Caapi|caapi]] possui [[alcaloide]]s capazes de [[IMAO|inibir os efeitos da MAO]] e, assim, evitar a [[oxidação]] da molécula de DMT, o que a tornaria inativa. Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral, tendo sua ação prolongada.<ref>RIBA, J. Human Pharmacology of Ayahuasca. Doctoral Thesis: Universitat Autònoma de Barcelona, 2003.</ref><ref>SANTOS, R.G. The pharmacology of ayahuasca: a review. Brasília Médica, 47 (2): 188-195. 2010.[[Bolívia|http://www.ambr.com.br/rb/arquivos/12.pdf]].</ref><ref>SCHULTES, Richard E.; HOFMANN, Albert. Plantas de los dioses: origenes del uso de los alucinógenos. México, Fundo de Cultura Económica, 2000 p.127</ref>


Os [[harmano]]s são as [[betacarbolina]]s [[inibidor da monoamina oxidase|inibidoras de monoamina oxidase]]. A [[harmina]] e a [[harmalina]] têm preferência pela inibição da enzima MAO-A, e, em altas doses, podem passar a inibir a MAO-B, enquanto a [[tetraidroarmina]] (THH) é, além de um inibidor da monoamina oxidase, um [[inibidor seletivo de recaptação de serotonina|inibidor da recaptação de serotonina]] de baixa intensidade, prolongando, assim, a [[Meia-vida biológica|meia-vida]] da molécula de DMT.<ref name="parecerabp">{{citar periódico|ultimo = DOS SANTOS|primeiro = Rafael Guimarães|titulo = Comentários sobre o parecer da ABP e da ABEAD sobre a ayahuasca|jornal = Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos|doi = |url = http://www.neip.info/html/objects/_downloadblob.php?cod_blob=459|acessadoem = }}</ref> Estes compostos permitem que as moléculas de DMT não sejam metabolizadas, e assim atravessem a mucosa do estômago e do intestino para que, então atravessando a [[barreira hematoencefálica]], possam chegar aos seus receptores correspondentes no cérebro.<ref>{{citar livro|título = Human Pharmacology of Ayahuasca|sobrenome = RIBA|nome = Jordi|edição = |local = |editora = |ano = 2003|página = |isbn = }}</ref> [[Polimorfismo (biologia)|Polimorfismos]] na enzima citocromo P450-2D6 podem afetar a capacidade de um indivíduo de metabolizar a [[harmina]].<ref>{{citar periódico|ultimo = Callaway|primeiro = JC.|titulo = Fast and slow metabolizers of Hoasca.|jornal = J Psychoactive Drugs. 2005 Jun;37(2):157-61.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16149329|acessadoem = |pmid = 16149329}}</ref>
Os [[harmano]]s são as [[betacarbolina]]s [[inibidor da monoamina oxidase|inibidoras de monoamina oxidase]]. A [[harmina]] e a [[harmalina]] têm preferência pela inibição da enzima MAO-A, e, em altas doses, podem passar a inibir a MAO-B, enquanto a [[tetraidroarmina]] (THH) é, além de um inibidor da monoamina oxidase, um [[inibidor seletivo de recaptação de serotonina|inibidor da recaptação de serotonina]] de baixa intensidade, prolongando, assim, a [[Meia-vida biológica|meia-vida]] da molécula de DMT.<ref name="parecerabp">{{citar periódico|ultimo = DOS SANTOS|primeiro = Rafael Guimarães|titulo = Comentários sobre o parecer da ABP e da ABEAD sobre a ayahuasca|jornal = Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos|doi = |url = http://www.neip.info/html/objects/_downloadblob.php?cod_blob=459|acessadoem = }}</ref> Estes compostos permitem que as moléculas de DMT não sejam metabolizadas, e assim atravessem a mucosa do estômago e do intestino para que, então atravessando a [[barreira hematoencefálica]], possam chegar aos seus receptores correspondentes no cérebro.<ref>{{citar livro|título = Human Pharmacology of Ayahuasca|sobrenome = RIBA|nome = Jordi|edição = |local = |editora = |ano = 2003|página = |isbn = }}</ref> [[Polimorfismo (biologia)|Polimorfismos]] na enzima citocromo P450-2D6 podem afetar a capacidade de um indivíduo de metabolizar a [[harmina]].<ref>{{citar periódico|ultimo = Callaway|primeiro = JC.|titulo = Fast and slow metabolizers of Hoasca.|jornal = J Psychoactive Drugs. 2005 Jun;37(2):157-61.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16149329|acessadoem = |pmid = 16149329}}</ref>


A ''ayahuasca'' provoca [[alucinação|alucinações]] [[Fenômeno entóptico|entópticas]] (fosfenos), originadas entre o [[nervo óptico]] e o [[córtex cerebral]], que se encaixam em padrões geométricos previsíveis, como [[mandala]]s, podendo também lembrar formas do mundo natural, como [[flor]]es. Isto ocorre porque o agonismo de [[Receptor 5-HT|receptores 5-HT<sub>2A</sub>]] abaixa a pressão ocular, naturalmente produzindo fosfenos. Ela também provoca alucinações eidéticas, as chamadas visões, originadas no [[hipocampo]] e no [[lobo temporal]] mesial, associadas à alta [[neuromodelação]] de [[acetilcolina]]. Sob o efeito da ayahuasca, um ambiente escuro e o repouso corporal potencializam alucinações eidéticas porque auxiliam as betacarbolinas ( que são [[hipnótico]]s ) na indução do estado hipnagógico, aquele estado transitório entre a vigília e o sono, no qual aumenta a atividade colinérgica.
A ''ayahuasca'' provoca [[alucinação|alucinações]] [[Fenômeno entóptico|entópticas]] (fosfenos), originadas entre o [[nervo óptico]] e o [[córtex cerebral]], que se encaixam em padrões geométricos previsíveis, como [[mandala]]s, podendo também lembrar formas do mundo natural, como [[flor]]es. Isto ocorre porque o agonismo de [[Receptor 5-HT|receptores 5-HT<sub>2A</sub>]] abaixa a pressão ocular, naturalmente produzindo fosfenos. Ela também provoca alucinações eidéticas, as chamadas visões, originadas no [[hipocampo]] e no [[lobo temporal]] mesial, associadas à alta [[neuromodelação]] de [[acetilcolina]]. Sob o efeito da ''ayahuasca'', um ambiente escuro e o repouso corporal potencializam alucinações eidéticas porque auxiliam as betacarbolinas (que são [[hipnótico]]s) na indução do estado hipnagógico, aquele estado transitório entre a vigília e o sono, no qual aumenta a atividade colinérgica.


Conforme a dose se eleva, há maior tendência de ocorrerem alucinações erráticas, estas definidas como alterações na percepção do espaço, principalmente do contorno e tamanho de formas, e da passagem do tempo. O ''caapi'' e a chacrona potencializam-se reciprocamente. As [[betacarbolina]]s, por seus efeitos hipnóticos, induzem [[onda cerebral|ondas cerebrais]] que favorecem as alucinações eidéticas, produzidas em maior potencial pela DMT, e as ondas induzidas pela DMT favorecem as alucinações entópicas, produzidas em maior potencial pelas betacarbolinas. Estas alucinações são bastante fluídas: uma alucinação eidética pode formar-se gradualmente a partir de elementos de uma entópica, e pode facilmente esvair-se, transformar-se em outra.<ref>{{citar web|URL = http://psychedelic-information-theory.com/ebook/index.htm|título = Ebook: Psychedelic Information Theory - James L. Kent (2010)|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.anpap.org.br/anais/2014/ANAIS/Comit%C3%AAs/3%20PA/Jos%C3%A9%20Eli%C3%A9zer%20Mikosz.pdf|título = ECOSSISTEMAS ENTÓPTICOS: O “INSCAPE” NA POÉTICA VISIONÁRIA E A MIMESE ESPIRITUAL |data = |acessadoem = |autor = José Eliézer Mikosz |publicado = }}</ref>
Conforme a dose se eleva, há maior tendência de ocorrerem alucinações erráticas, estas definidas como alterações na percepção do espaço, principalmente do contorno e tamanho de formas, e da passagem do tempo. O ''caapi'' e a chacrona potencializam-se reciprocamente. As [[betacarbolina]]s, por seus efeitos hipnóticos, induzem [[onda cerebral|ondas cerebrais]] que favorecem as alucinações eidéticas, produzidas em maior potencial pela DMT, e as ondas induzidas pela DMT favorecem as alucinações entópicas, produzidas em maior potencial pelas betacarbolinas. Estas alucinações são bastante fluídas: uma alucinação eidética pode formar-se gradualmente a partir de elementos de uma entópica, e pode facilmente esvair-se, transformar-se em outra.<ref>{{citar web|URL = http://psychedelic-information-theory.com/ebook/index.htm|título = Ebook: Psychedelic Information Theory - James L. Kent (2010)|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.anpap.org.br/anais/2014/ANAIS/Comit%C3%AAs/3%20PA/Jos%C3%A9%20Eli%C3%A9zer%20Mikosz.pdf|título = ECOSSISTEMAS ENTÓPTICOS: O “INSCAPE” NA POÉTICA VISIONÁRIA E A MIMESE ESPIRITUAL |data = |acessadoem = |autor = José Eliézer Mikosz |publicado = }}</ref>
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== Formas de preparação ==
== Formas de preparação ==
[[Ficheiro:Hoasca.jpg|miniaturadaimagem|Preparação do chá ayahuasca]]
[[Imagem:3209-Banisteriopsis caapi-Teplice BZ.jpg|thumb|esquerda|''[[Banisteriopsis caapi]]'']]
Segundo Strassman,<ref>STRASSMAN, Rick Pineal Gland DNA Activation and DMT [http://justgetthere.us/blog/archives/Pineal-Gland-DNA-Activation-and-DMT.html JustGetThere.us Feb. 2010]</ref> e outros autores<ref>BEYER, Stephan V. Singing to the Plants: A Guide to Mestizo Shamanism in the Upper Amazon. USA, University of New Mexico Press, 2009 [http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ What is Ayahuasca?] Fev. 2011</ref><ref>LAWLER, Howard et al. A Working List of Confirmed Ayahuasca Admixture Plants in: Ayahuasca SpiritQuest [http://www.biopark.org/ayarecipe.html El Tigre Journeys, 1997-2012] Fev. 2011</ref> a ''ayahuasca'' é uma das várias infusões ou decocções psicoativas preparada a partir de ''Banisteriopsis spp''. As bebidas resultantes são farmacologicamente complexas e utilizadas com propósitos etnomédicos distintos e xamânico-religiosos. Para Strassman (o.c.), é uma questão aberta se a hoasca deve ser considerada como uma infusão medicinal xamânica ou se deve ser considerada como uma medicina tradicional ao lado, por exemplo, da [[medicina ayurvédica]] ou tibetana. [[Etnobiologia|Etnobiólogos]] ocidentais, como [[Jonathan Ott]], já registraram uma variedade de 200 a 300 plantas diferentes utilizadas no seu preparo.<ref>{{citar livro|título = Ayahuasca: revisão teórica e considerações botânicas sobre as espécies Banisteriopsis caapi ( Griseb. in Mart. ) C.V. Morton e Psychotria viridis Ruíz & Pavón.|sobrenome = SÉRPICO|nome = Rosana Lucas|edição = |local = Monografia, Ciências Biológicas. UnG, 2006.|editora = Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos|ano = |página = |isbn = |seção = Anexo - 1|url = http://www.neip.info/index.php/content/view/89.html}}</ref>

Segundo Strassman,<ref>STRASSMAN, Rick Pineal Gland DNA Activation and DMT [http://justgetthere.us/blog/archives/Pineal-Gland-DNA-Activation-and-DMT.html JustGetThere.us Feb. 2010]</ref> e outros autores<ref>BEYER, Stephan V. Singing to the Plants: A Guide to Mestizo Shamanism in the Upper Amazon. USA, University of New Mexico Press, 2009 [http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ What is Ayahuasca?] Fev. 2011</ref><ref>LAWLER, Howard et al. A Working List of Confirmed Ayahuasca Admixture Plants in: Ayahuasca SpiritQuest [http://www.biopark.org/ayarecipe.html El Tigre Journeys, 1997-2012] Fev. 2011</ref> a ayahuasca é uma das várias infusões ou decocções psicoativas preparada a partir de ''Banisteriopsis spp''. As bebidas resultantes são farmacologicamente complexas e utilizadas com propósitos etnomédicos distintos e xamânico-religiosos. Para Strassman (o.c.), é uma questão aberta se a hoasca deve ser considerada como uma infusão medicinal xamânica ou se deve ser considerada como uma medicina tradicional ao lado, por exemplo, da [[medicina ayurvédica]] ou tibetana. [[Etnobiologia|Etnobiólogos]] ocidentais, como [[Jonathan Ott]], já registraram uma variedade de 200 a 300 plantas diferentes utilizadas no seu preparo.<ref>{{citar livro|título = Ayahuasca: revisão teórica e considerações botânicas sobre as espécies Banisteriopsis caapi ( Griseb. in Mart. ) C.V. Morton e Psychotria viridis Ruíz & Pavón.|sobrenome = SÉRPICO|nome = Rosana Lucas|edição = |local = Monografia, Ciências Biológicas. UnG, 2006.|editora = Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos|ano = |página = |isbn = |seção = Anexo - 1|url = http://www.neip.info/index.php/content/view/89.html}}</ref>


Embora a ''ayahuasca'' seja produzida a partir do cipó ''[[Banisteriopsis caapi]]'' e das folhas do arbusto ''[[Psychotria viridis]], ''em alguns grupos indígenas e neo-ayahuasqueiros, outras plantas psicoativas, junto a outras psiquicamente inativas, podem ser adicionadas à mistura. Em alguns contextos indígenas, por exemplo, pode ser adicionadas folhas de tabaco, coca ou guaraná; cactos como [[peiote]] ou S[[Wachuma|ão Pedro]], a chaliponga (''[[Diplopterys cabrerana]]''), que além da N,N-DMT, contém [[5-MeO-DMT]], ou até mesmo a trombeta (''[[Trombeta (planta)|Brugmansia suaveolens]]'') conhecida pelos indígenas como Toé. O cipó exibe várias variedades: são conhecidas mais de 40, sendo as mais famosas a tucunacá e a caupuri.<ref>{{citar web|URL = http://www.ayahuasca-info.com/botany/|título = A General Introduction to Ayahuasca - Botany|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>{{Verificar fontes}} As variedades de cipó variam tanto em aspecto quanto na natureza dos seus efeitos cognitivos, e a sua proporção junto à folha varia conforme o contexto cultural. Os métodos para preparo, portanto, diferem muito em relação à ocasião ou a cultura local.<ref>LUZ, Pedro. ''O uso ameríndio do caapi''. In: LABATE, Beatriz Caiuby; ARAÚJO, Wladmir Sena. (Orgs). Uso ritual da ayahuasca. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009.</ref>
Embora a ''ayahuasca'' seja produzida a partir do cipó ''[[Banisteriopsis caapi]]'' e das folhas do arbusto ''[[Psychotria viridis]], ''em alguns grupos indígenas e neo-ayahuasqueiros, outras plantas psicoativas, junto a outras psiquicamente inativas, podem ser adicionadas à mistura. Em alguns contextos indígenas, por exemplo, pode ser adicionadas folhas de tabaco, coca ou guaraná; cactos como [[peiote]] ou [[Echinopsis pachanoi|São Pedro]], a chaliponga (''[[Diplopterys cabrerana]]''), que além da N,N-DMT, contém [[5-MeO-DMT]], ou até mesmo a trombeta (''[[Trombeta (planta)|Brugmansia suaveolens]]'') conhecida pelos indígenas como Toé. O cipó exibe várias variedades: são conhecidas mais de 40, sendo as mais famosas a tucunacá e a caupuri.<ref>{{citar web|URL = http://www.ayahuasca-info.com/botany/|título = A General Introduction to Ayahuasca - Botany|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>{{Verificar fontes}} As variedades de cipó variam tanto em aspecto quanto na natureza dos seus efeitos cognitivos, e a sua proporção junto à folha varia conforme o contexto cultural. Os métodos para preparo, portanto, diferem muito em relação à ocasião ou a cultura local.<ref>LUZ, Pedro. ''O uso ameríndio do caapi''. In: LABATE, Beatriz Caiuby; ARAÚJO, Wladmir Sena. (Orgs). Uso ritual da ayahuasca. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009.</ref>[[Imagem:3209-Banisteriopsis caapi-Teplice BZ.jpg|thumb|''Mariri florando. [[Banisteriopsis caapi]]'']]


A chacrona precisa do ''caapi'' para ser oralmente ativa, mas o ''caapi'' não precisa da chacrona, e exerce efeitos psicoativos por si próprio. A bebida preparada apenas a partir do cipó também é chamada de ''ayahuasca''. Ela é utilizada deste modo em algumas culturas, como entre os Piaroa na Venezuela.<ref>{{citar periódico|ultimo = Rodd|primeiro = R.|titulo = Reassessing the Cultural and Psychopharmacological Significance of Banisteriopsis caapi: preparation, classification, and use among the Piaroa of southern Venezuela.|jornal = Journal of Psychoactive Drugs|doi = |url = |acessadoem = |data = 2008|paginas = 301-307|volume = 40(3)}}</ref>
A chacrona precisa do ''caapi'' para ser oralmente ativa, mas o ''caapi'' não precisa da chacrona, e exerce efeitos psicoativos por si próprio. A bebida preparada apenas a partir do cipó também é chamada de ''ayahuasca''. Ela é utilizada deste modo em algumas culturas, como entre os Piaroa na Venezuela.<ref>{{citar periódico|ultimo = Rodd|primeiro = R.|titulo = Reassessing the Cultural and Psychopharmacological Significance of Banisteriopsis caapi: preparation, classification, and use among the Piaroa of southern Venezuela.|jornal = Journal of Psychoactive Drugs|doi = |url = |acessadoem = |data = 2008|paginas = 301-307|volume = 40(3)}}</ref>
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A ocorrência de náuseas, vômitos e diarreias pode estar associada à ação da bebida sobre o receptor 5-HT<sub>2</sub>.<ref>{{citar periódico|ultimo = CAZENAVE|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Rev. psiquiatr. clín. vol.32 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2005|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = }}</ref> Outros efeitos específicos são o aumento da [[empatia]], a diminuição da fome e um aumento na acuidade da [[visão noturna]].<ref>{{citar livro|título = A Hallucinogenic Tea, Laced with Controversy: Ayahuasca in the Amazon and the United States|sobrenome = DE RIOS|nome = Marlene Dobkin|edição = |local = |editora = ABC-CLIO|ano = 2008|página = 6|isbn = 9780313345432|url = http://books.google.com.br/books?id=XXxD_nbwxMoC}}</ref><nowiki/><nowiki/><nowiki/>
A ocorrência de náuseas, vômitos e diarreias pode estar associada à ação da bebida sobre o receptor 5-HT<sub>2</sub>.<ref>{{citar periódico|ultimo = CAZENAVE|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Rev. psiquiatr. clín. vol.32 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2005|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = }}</ref> Outros efeitos específicos são o aumento da [[empatia]], a diminuição da fome e um aumento na acuidade da [[visão noturna]].<ref>{{citar livro|título = A Hallucinogenic Tea, Laced with Controversy: Ayahuasca in the Amazon and the United States|sobrenome = DE RIOS|nome = Marlene Dobkin|edição = |local = |editora = ABC-CLIO|ano = 2008|página = 6|isbn = 9780313345432|url = http://books.google.com.br/books?id=XXxD_nbwxMoC}}</ref><nowiki/><nowiki/><nowiki/>


Devido à presença da [[harmina]] <nowiki/>no ''caapi'', a ayahuasca tem ação [[Afrodisíaco|afrodisíaca]], provocando um aumento do vigor e do desejo sexual em seus usuários.<ref>{{citar livro|título = Banisteria caapi, ein neues Rauschgift und Heilmittel|sobrenome = LOUIS|nome = Lewis|edição = VWB|local = Berlin|editora = |ano = 1997|página = |isbn = |url = http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ardp.19292670820/pdf}}</ref><ref>{{citar livro|título = The Encyclopedia of Aphrodisiacs: Psychoactive Substances for Use in Sexual Practices|sobrenome = RÄTSCH|nome = Christian|edição = |local = |editora = Inner Traditions / Bear & Co|ano = 2013|página = |isbn = |url = http://books.google.com.br/books?id=QHZnAwAAQBAJ}}</ref> A [[N,N-DMT]], presente na chacrona, também pode ter um papel nesta ação: estudos com [[5-MeO-DMT]] apontaram efeitos de estimulante sexual quando agia sobre receptores 5-HT<sub>2</sub> e de inibidor sexual quando agia sobre receptores 5-HT<sub>1</sub>. A ação inibitória desta triptamina foi potencializada com a elevação da sua dose.<ref>{{citar periódico|ultimo = MENDELSON|primeiro = Scott Douglas|titulo = Serotonin receptor subtypes and sexual behaviour in the female rat|jornal = University of British Columbia|doi = |url = http://circle.ubc.ca/handle/2429/25470|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = MARSON|primeiro = L.|titulo = A role for 5-hydroxytryptamine in descending inhibition of spinal sexual reflexes|jornal = Experimental Brain Research, Feb. 1992, Vol. 88, Issue 2, pp 313-320|doi = |url = http://link.springer.com/article/10.1007/BF02259106|acessadoem = }}</ref>
Devido à presença da [[harmina]] no ''caapi'', a ''ayahuasca'' tem ação [[Afrodisíaco|afrodisíaca]], provocando um aumento do vigor e do desejo sexual em seus usuários.<ref>{{citar livro|título = Banisteria caapi, ein neues Rauschgift und Heilmittel|sobrenome = LOUIS|nome = Lewis|edição = VWB|local = Berlin|editora = |ano = 1997|página = |isbn = |url = http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ardp.19292670820/pdf}}</ref><ref>{{citar livro|título = The Encyclopedia of Aphrodisiacs: Psychoactive Substances for Use in Sexual Practices|sobrenome = RÄTSCH|nome = Christian|edição = |local = |editora = Inner Traditions / Bear & Co|ano = 2013|página = |isbn = |url = http://books.google.com.br/books?id=QHZnAwAAQBAJ}}</ref> A [[N,N-DMT]], presente na chacrona, também pode ter um papel nesta ação: estudos com [[5-MeO-DMT]] apontaram efeitos de estimulante sexual quando agia sobre receptores 5-HT<sub>2</sub> e de inibidor sexual quando agia sobre receptores 5-HT<sub>1</sub>. A ação inibitória desta triptamina foi potencializada com a elevação da sua dose.<ref>{{citar periódico|ultimo = MENDELSON|primeiro = Scott Douglas|titulo = Serotonin receptor subtypes and sexual behaviour in the female rat|jornal = University of British Columbia|doi = |url = http://circle.ubc.ca/handle/2429/25470|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = MARSON|primeiro = L.|titulo = A role for 5-hydroxytryptamine in descending inhibition of spinal sexual reflexes|jornal = Experimental Brain Research, Feb. 1992, Vol. 88, Issue 2, pp 313-320|doi = |url = http://link.springer.com/article/10.1007/BF02259106|acessadoem = }}</ref>


A<nowiki/> bebida altera a natureza dos sonhos, que podem alterar em conteúdo, modo de apresentação e intensidade, causando um aumento no realismo das sensações oníricas.<ref>{{citar web|URL = https://www.dmt-nexus.me/forum/default.aspx?g=posts&t=32591|título = Do anyone notice differences in their dreams after using DMT?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = DMT-Nexus Forum}}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/adalia.htm|título = RELATO: ADÁLIA GOMES|data = |acessadoem = |autor = Adália Gomes|publicado = mestreirineu.org}}</ref>
A<nowiki/> bebida altera a natureza dos sonhos, que podem alterar em conteúdo, modo de apresentação e intensidade, causando um aumento no realismo das sensações oníricas.<ref>{{citar web|URL = https://www.dmt-nexus.me/forum/default.aspx?g=posts&t=32591|título = Do anyone notice differences in their dreams after using DMT?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = DMT-Nexus Forum}}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/adalia.htm|título = RELATO: ADÁLIA GOMES|data = |acessadoem = |autor = Adália Gomes|publicado = mestreirineu.org}}</ref>


Podem ocorrer sensações de distorção das percepções normais de [[espaço-tempo]]. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é normalmente relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]] presente na ayahuasca, como a [[4-HO-DMT]] ou [[psilocina]], presente nos [[Psilocybe cubensis|cogumelos mágicos]].<ref>{{citar periódico|ultimo = BEACH|primeiro = Horace|título=Listening for the Logos: a study of reports of audible voices at high doses of psilocybin|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v07n1/07112bea.html|acessadoem = }}</ref> Os cogumelos também se diferenciam da ayahuasca na natureza das visões, por induzirem ao riso e por alterarem a clareza dos pensamentos,<ref>{{citar web|URL = https://www.erowid.org/plants/mushrooms/mushrooms_effects.shtml|título = Erowid - Psilocybin Mushrooms Effects|data = |acessadoem = |autor = Erowid|publicado = Erowid}}</ref> características que também podem ocorrer sob altas doses de [[cannabis]].
Podem ocorrer sensações de distorção das percepções normais de [[espaço-tempo]]. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é normalmente relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]] presente na ''ayahuasca'', como a [[4-HO-DMT]] ou [[psilocina]], presente nos [[Psilocybe cubensis|cogumelos mágicos]].<ref>{{citar periódico|ultimo = BEACH|primeiro = Horace|título=Listening for the Logos: a study of reports of audible voices at high doses of psilocybin|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v07n1/07112bea.html|acessadoem = }}</ref> Os cogumelos também se diferenciam da ''ayahuasca'' na natureza das visões, por induzirem ao riso e por alterarem a clareza dos pensamentos,<ref>{{citar web|URL = https://www.erowid.org/plants/mushrooms/mushrooms_effects.shtml|título = Erowid - Psilocybin Mushrooms Effects|data = |acessadoem = |autor = Erowid|publicado = Erowid}}</ref> características que também podem ocorrer sob altas doses de [[cannabis]].


Os usuários de ayahuasca costumam relatar [[fenômeno parapsíquico|fenômenos parapsíquicos]] com seu uso, como a [[clarividência]], devido a percepção de tempo alterada. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências [[telepatia|telepáticas]]. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à [[harmina]], presente no caapi, foi ''Telepathine''.<ref>{{citar web|URL = http://www.singingtotheplants.com/2007/12/the-telepathy-meme/|título = The Telepathy Meme|data = |acessadoem = |autor = Steve Beyer|publicado = }}</ref>
Os usuários de ''ayahuasca'' costumam relatar [[fenômeno parapsíquico|fenômenos parapsíquicos]] com seu uso, como a [[clarividência]], devido a percepção de tempo alterada. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências [[telepatia|telepáticas]]. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à [[harmina]], presente no caapi, foi ''Telepathine''.<ref>{{citar web|URL = http://www.singingtotheplants.com/2007/12/the-telepathy-meme/|título = The Telepathy Meme|data = |acessadoem = |autor = Steve Beyer|publicado = }}</ref>


Ao contrário de outras triptaminas, como a [[LSD]] e os [[cogumelos mágicos]], os efeitos da ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida. Após cessado o uso, podem acontecer ''flashbacks'', isto é, alguns dos efeitos voltarem, muitas horas após terem cessado.<ref>{{citar web|URL = http://www.osurbanitas.org/osurbanitas8/taniasoilbeman-dossieRAM-2008.html#LUNA|título = "Meu pai e minha mãe, me mostra tua beleza” : uso ritual da ayahuasca no Rio de Janeiro|data = |acessadoem = |autor = Tânia Soibelman|publicado = }}</ref>
Ao contrário de outras triptaminas, como a [[LSD]] e os [[cogumelos mágicos]], os efeitos da ''ayahuasca'' não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida. Após cessado o uso, podem acontecer ''flashbacks'', isto é, alguns dos efeitos voltarem, muitas horas após terem cessado.<ref>{{citar web|URL = http://www.osurbanitas.org/osurbanitas8/taniasoilbeman-dossieRAM-2008.html#LUNA|título = "Meu pai e minha mãe, me mostra tua beleza” : uso ritual da ayahuasca no Rio de Janeiro|data = |acessadoem = |autor = Tânia Soibelman|publicado = }}</ref>


=== Efeitos cognitivos ===
=== Efeitos cognitivos ===
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== Potencial terapêutico ==
== Potencial terapêutico ==
No Brasil, o [[Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas]] (CONAD)
No Brasil, o [[Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas]] (CONAD) decretou, através de relatório, que "Qualquer prática que implique utilização de Ayahuasca com fins estritamente terapêuticos, quer seja da substância exclusivamente, quer seja de sua associação com outras substâncias ou práticas terapêuticas, deve ser vedada, até que se comprove sua eficiência por meio de pesquisas científicas realizadas por centros de pesquisa vinculados a instituições acadêmicas, obedecendo às metodologias científicas. Desse modo, o reconhecimento da legitimidade do uso terapêutico da Ayahuasca somente se dará após a conclusão de pesquisas que a comprovem. Com fundamento nos relatos dos representantes das entidades usuárias, verificou-se que as curas e soluções de problemas pessoais devem ser compreendidas no mesmo contexto religioso das demais religiões: enquanto atos de fé, sem relação necessária de causa e efeito entre uso da Ayahuasca e cura ou soluções de problemas.".<ref name="obid.senad.gov.br"/>
emitiu a Resolução n.1 de 2010<ref name="conad_1_2010"></ref> que determina que "Qualquer prática que implique utilização de Ayahuasca com fins estritamente terapêuticos, quer seja da substância exclusivamente, quer seja de sua associação com outras substâncias ou práticas terapêuticas, deve ser vedada, até que se comprove sua eficiência por meio de pesquisas científicas realizadas por centros de pesquisa vinculados a instituições acadêmicas, obedecendo às metodologias científicas. Desse modo, o reconhecimento da legitimidade do uso terapêutico da Ayahuasca somente se dará após a conclusão de pesquisas que a comprovem. Com fundamento nos relatos dos representantes das entidades usuárias, verificou-se que as curas e soluções de problemas pessoais devem ser compreendidas no mesmo contexto religioso das demais religiões: enquanto atos de fé, sem relação necessária de causa e efeito entre uso da Ayahuasca e cura ou soluções de problemas.".<ref name="obid.senad.gov.br"/>


Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ayahuasca talvez auxilie no tratamento do [[câncer]],<ref>{{citar periódico|ultimo = SCHENBERG|primeiro = Eduardo E.|titulo = Ayahuasca and cancer treatment|jornal = Sage open medicine|doi = |url = http://smo.sagepub.com/content/1/2050312113508389.full|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Cao MR, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.Cao MR1, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.|primeiro = Department of General Surgery, First Affiliated Hospital, Jinan University, Guangzhou 510632, China.|titulo = Harmine induces apoptosis in HepG2 cells via mitochondrial signaling pathway|jornal = Hepatobiliary Pancreat Dis Int. 2011 Dec;10(6):599-604.|doi = PMID 22146623|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22146623|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Liu E, Du X, Ge R, Liang T, Niu Q, Li Q.|primeiro = School of Pharmaceutical Science, Shanxi Medical University, No. 56, Xinjian Nan Road, Taiyuan 030001, Shanxi, People's Republic of China|titulo = Comparative toxicity and apoptosis induced by diorganotins in rat pheochromocytoma (PC12) cells|jornal = Food Chem Toxicol. 2013 Oct;60:302-8. Epub 2013 Aug 6.|doi = 10.1016/j.fct.2013.07.072|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23927876|acessadoem = }}</ref> como também pode ter efeitos contrários aos agentes da [[malária]] e [[doença de Chagas]], e auxiliar na reversão de quadros de [[alcoolismo]] e [[Suicídio|comportamento suicida]], na recuperação de quadros de ansiedade fóbica, [[autismo]], [[esquizofrenia]], [[TDAH|desordem de déficit de atenção por hiperatividade]] e [[demência]] senil.<ref name="parecerabp"/>
Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ''ayahuasca'' talvez auxilie no tratamento do [[câncer]],<ref>{{citar periódico|ultimo = SCHENBERG|primeiro = Eduardo E.|titulo = Ayahuasca and cancer treatment|jornal = Sage open medicine|doi = |url = http://smo.sagepub.com/content/1/2050312113508389.full|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico |url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22146623 |titulo=Harmine induces apoptosis in HepG2 cells via mitochondrial signaling pathway |acessadoem= |jornal=Hepatobiliary Pancreat Dis Int. 2011 Dec;10(6):599-604. |ultimo=Cao MR, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.Cao MR1, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW. |primeiro=Department of General Surgery, First Affiliated Hospital, Jinan University, Guangzhou 510632, China. |doi=10.1016/s1499-3872(11)60102-1 |pmid=22146623}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Liu E, Du X, Ge R, Liang T, Niu Q, Li Q.|primeiro = School of Pharmaceutical Science, Shanxi Medical University, No. 56, Xinjian Nan Road, Taiyuan 030001, Shanxi, People's Republic of China|titulo = Comparative toxicity and apoptosis induced by diorganotins in rat pheochromocytoma (PC12) cells|jornal = Food Chem Toxicol. 2013 Oct;60:302-8. Epub 2013 Aug 6.|doi = 10.1016/j.fct.2013.07.072|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23927876|acessadoem = }}</ref> como também pode ter efeitos contrários aos agentes da [[malária]] e [[doença de Chagas]], e auxiliar na reversão de quadros de [[alcoolismo]] e [[Suicídio|comportamento suicida]], na recuperação de quadros de ansiedade fóbica, [[autismo]], [[esquizofrenia]], [[TDAH|desordem de déficit de atenção por hiperatividade]] e [[demência]] senil.<ref name="parecerabp"/>


Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ayahuasca na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.<ref>{{citar web|URL = http://pontourbe.revues.org/1345|título = Ayahuasca, dependência química e alcoolismo|data = |acessadoem = |autor = Marcelo S. Mercante|publicado = Revista do núcleo de antropologia urbana da USP.}}</ref> e a Associação Beneficente [http://casacaminhodeluz.org.br/default.asp Caminho de Luz],<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/09/no-ac-usuarios-de-droga-tomam-cha-de-ayahuasca-para-se-livrar-do-vicio.html|titulo=No Acre, usuários de droga bebem o chá de ayahuasca e dizem se livrar de vícios|data=16-09-2015|acessodata=|publicado=Portal G1|ultimo=|primeiro=}}</ref> fundada por José Muniz de Oliveira, Rio Branco/AC que acolhem dependentes químicos em tratamento que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como [[antidepressivo]]s ou a [[metadona]], relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.<ref>{{citar web|URL = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132013000300005&script=sci_arttext&tlng=es|título = A ayahuasca e o tratamento da dependência|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Marcelo S. Mercante|citação = secção "Terapia de substituição"}}</ref> Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S.|titulo = Banisteriopsis caapi: ação alucinógena e uso ritual|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol27/n1/artigo27(32).htm|acessadoem = }}</ref>
Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ''ayahuasca'' na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.<ref>{{citar web|URL = http://pontourbe.revues.org/1345|título = Ayahuasca, dependência química e alcoolismo|data = |acessadoem = |autor = Marcelo S. Mercante|publicado = Revista do núcleo de antropologia urbana da USP.}}</ref> e a Associação Beneficente [http://casacaminhodeluz.org.br/default.asp Caminho de Luz],<ref>{{citar web|url=http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/09/no-ac-usuarios-de-droga-tomam-cha-de-ayahuasca-para-se-livrar-do-vicio.html|titulo=No Acre, usuários de droga bebem o chá de ayahuasca e dizem se livrar de vícios|data=16-09-2015|acessodata=|publicado=Portal G1|ultimo=|primeiro=}}</ref> fundada por José Muniz de Oliveira, Rio Branco/AC que acolhem dependentes químicos em tratamento que optaram pela ''ayahuasca'' ao invés dos medicamentos tradicionais, como [[antidepressivo]]s ou a [[metadona]], relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.<ref>{{citar web|URL = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132013000300005&script=sci_arttext&tlng=es|título = A ayahuasca e o tratamento da dependência|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Marcelo S. Mercante|citação = secção "Terapia de substituição"}}</ref> Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ''ayahuasca'', ou que ela não seja uma terapia de substituição.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S.|titulo = Banisteriopsis caapi: ação alucinógena e uso ritual|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol27/n1/artigo27(32).htm|acessadoem = }}</ref>


Estudos indicam que o potencial de auxílio no tratamento da depressão<ref>{{Citar periódico|ultimo=Palhano-Fontes|primeiro=Fernanda|ultimo2=Barreto|primeiro2=Dayanna|ultimo3=Onias|primeiro3=Heloisa|ultimo4=Andrade|primeiro4=Katia C.|ultimo5=Novaes|primeiro5=Morgana M.|ultimo6=Pessoa|primeiro6=Jessica A.|ultimo7=Mota-Rolim|primeiro7=Sergio A.|ultimo8=Osório|primeiro8=Flávia L.|ultimo9=Sanches|primeiro9=Rafael|data=junho de 2018|titulo=Rapid antidepressant effects of the psychedelic ayahuasca in treatment-resistant depression: a randomized placebo-controlled trial|url=https://www.cambridge.org/core/journals/psychological-medicine/article/rapid-antidepressant-effects-of-the-psychedelic-ayahuasca-in-treatmentresistant-depression-a-randomized-placebocontrolled-trial/E67A8A4BBE4F5F14DE8552DB9A0CBC97|jornal=Psychological Medicine|lingua=en|paginas=1–9|doi=10.1017/S0033291718001356|issn=0033-2917}}</ref><ref>[http://revistapesquisa.fapesp.br/2019/01/10/o-outro-lado-da-ayahuasca/?fbclid=IwAR0R4H9_FF6r1sBece742PJXPs80L8z9NthmNNFMcUVH7jmTbLXcp44CI9I O outro lado da ayahuasca, Ricardo Zorzetto, revista Pesquisa FAPESP, Edição 275, jan. 2019]</ref> e da dependência química se concentra na [[harmina]], presente no ''caapi''.<ref>{{citar periódico|ultimo = OSÓRIO|primeiro = F.L.|titulo = The therapeutic potential of harmine and ayahuasca in depression: Evidence from exploratory animal and human studies|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = |acessadoem = |ano = 2011}}</ref><ref>Dakic V, Maciel RdM, Drummond H, Nascimento JM, Trindade P, Rehen SK. (2016) Harmine stimulates proliferation of human neural progenitors. PeerJ 4:e2727 https://doi.org/10.7717/peerj.2727</ref> Enquanto os antidepressivos ([[Inibidor da monoamina oxidase|SSRIs]]) funcionam inibindo a [[recaptação]] de [[neurotransmissor]]es, a ayahuasca funciona inibindo a destruição dos neurotransmissores por [[enzima]]s.<ref>{{citar web|URL = http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/12/1388786-cientistas-brasileiros-testam-ayahuasca-para-depressao-e-parkinson.shtml|título = Cientistas brasileiros testam ayahuasca para depressão e parkinson|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Folha Online}}</ref> Assim, teoricamente, é possível uma modalidade de tratamento que utilize uma bebida preparada apenas a partir do ''caapi'', para aqueles pacientes que queiram se tratar sem participar das intensas experiências visionárias proporcionadas pela [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]], presente na [[Psychotria viridis|chacrona]]. Extratos do ''B. caapi'' também apresentam um potencial terapêutico para [[mal de Parkinson]] e outras desordens neurodegenerativas.<ref>Samoylenko V, Rahman MM, Tekwani BL, et al. Banisteriopsis caapi, a unique combination of MAO inhibitory and antioxidative constituents for the activities relevant to neurodegenerative disorders and Parkinson’s disease. Journal of ethnopharmacology 2010;127(2):357-367. doi:10.1016/j.jep.2009.10.030. [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2828149/pdf/nihms156585.pdf PDF] Dec.2014</ref><ref>SERRANO-DUEÑAS, M.; CARDOZO-PELAEZ, F.; SÁNCHEZ-RAMOS, J.R. Effects of
Estudos indicam que o potencial de auxílio no tratamento da depressão<ref>{{Citar periódico|ultimo=Palhano-Fontes|primeiro=Fernanda|ultimo2=Barreto|primeiro2=Dayanna|ultimo3=Onias|primeiro3=Heloisa|ultimo4=Andrade|primeiro4=Katia C.|ultimo5=Novaes|primeiro5=Morgana M.|ultimo6=Pessoa|primeiro6=Jessica A.|ultimo7=Mota-Rolim|primeiro7=Sergio A.|ultimo8=Osório|primeiro8=Flávia L.|ultimo9=Sanches|primeiro9=Rafael|data=junho de 2018|titulo=Rapid antidepressant effects of the psychedelic ayahuasca in treatment-resistant depression: a randomized placebo-controlled trial|url=https://www.cambridge.org/core/journals/psychological-medicine/article/rapid-antidepressant-effects-of-the-psychedelic-ayahuasca-in-treatmentresistant-depression-a-randomized-placebocontrolled-trial/E67A8A4BBE4F5F14DE8552DB9A0CBC97|jornal=Psychological Medicine|lingua=en|paginas=1–9|doi=10.1017/S0033291718001356|issn=0033-2917}}</ref><ref>[http://revistapesquisa.fapesp.br/2019/01/10/o-outro-lado-da-ayahuasca/?fbclid=IwAR0R4H9_FF6r1sBece742PJXPs80L8z9NthmNNFMcUVH7jmTbLXcp44CI9I O outro lado da ayahuasca, Ricardo Zorzetto, revista Pesquisa FAPESP, Edição 275, jan. 2019]</ref> e da dependência química se concentra na [[harmina]], presente no ''caapi''.<ref>{{citar periódico|ultimo = OSÓRIO|primeiro = F.L.|titulo = The therapeutic potential of harmine and ayahuasca in depression: Evidence from exploratory animal and human studies|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = |acessadoem = |ano = 2011}}</ref><ref>Dakic V, Maciel RdM, Drummond H, Nascimento JM, Trindade P, Rehen SK. (2016) Harmine stimulates proliferation of human neural progenitors. PeerJ 4:e2727 https://doi.org/10.7717/peerj.2727</ref> Enquanto os antidepressivos ([[Inibidor da monoamina oxidase|SSRIs]]) funcionam inibindo a [[recaptação]] de [[neurotransmissor]]es, a ''ayahuasca'' funciona inibindo a destruição dos neurotransmissores por [[enzima]]s.<ref>{{citar web|URL = http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/12/1388786-cientistas-brasileiros-testam-ayahuasca-para-depressao-e-parkinson.shtml|título = Cientistas brasileiros testam ayahuasca para depressão e parkinson|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Folha Online}}</ref> Assim, teoricamente, é possível uma modalidade de tratamento que utilize uma bebida preparada apenas a partir do ''caapi'', para aqueles pacientes que queiram se tratar sem participar das intensas experiências visionárias proporcionadas pela [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]], presente na [[Psychotria viridis|chacrona]]. Extratos do ''B. caapi'' também apresentam um potencial terapêutico para [[mal de Parkinson]] e outras desordens neurodegenerativas.<ref>Samoylenko V, Rahman MM, Tekwani BL, et al. Banisteriopsis caapi, a unique combination of MAO inhibitory and antioxidative constituents for the activities relevant to neurodegenerative disorders and Parkinson’s disease. Journal of ethnopharmacology 2010;127(2):357-367. doi:10.1016/j.jep.2009.10.030. [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2828149/pdf/nihms156585.pdf PDF] Dec.2014</ref><ref>SERRANO-DUEÑAS, M.; CARDOZO-PELAEZ, F.; SÁNCHEZ-RAMOS, J.R. Effects of
Banisteriopsis caapi extract on Parkinson’s disease. The Scientific Review of Alternative
Banisteriopsis caapi extract on Parkinson’s disease. The Scientific Review of Alternative
Medicine,v.5, p.127-132, 2001. apud: MENEGUETTI, Dionatas U. de Oliveira; MENEGUETTI, Naila F. Sbsczk Pereira Meneguetti. Benefícios a Saúde Humana ocasionado pela ingestão da Ayahuasca: Contexto Social e sua ação Neuropsicológica, Fisioimunológica, Microbiológica e Parasitária.
Medicine,v.5, p.127-132, 2001. apud: MENEGUETTI, Dionatas U. de Oliveira; MENEGUETTI, Naila F. Sbsczk Pereira Meneguetti. Benefícios a Saúde Humana ocasionado pela ingestão da Ayahuasca: Contexto Social e sua ação Neuropsicológica, Fisioimunológica, Microbiológica e Parasitária.
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== Riscos para a saúde ==
== Riscos para a saúde ==
As autoridades jurídicas do Peru, considerando o uso tradicional, reconhecem a ayahuasca como parte da ''medicina tradicional amazónica'' e patrimônio cultural da nação,'' ''e reconhece virtudes terapêuticas na planta (mesmo sem evidências científicas), acreditando não apresentar riscos à saúde quando usada no contexto do tradicional e do sagrado.<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = RESOLUCIÓN DIRECTORAL NACIONAL - Nº 836/INC Lima, 24 de junio de 2008-07-14|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>MENEGUETTI, Dionatas U. de Oliveira; MENEGUETTI, Naila F. Sbsczk Pereira Meneguetti. Benefícios a Saúde Humana ocasionado pela ingestão da Ayahuasca: Contexto Social e sua ação Neuropsicológica, Fisioimunológica, Microbiológica e Parasitária. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental (Brazilian Journal of Mental Health) UFSC. v. 6, n. 13 (2014) [http://stat.entrever.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2576 pdf] aCESSO dEC. 2014</ref> As autoridades jurídicas do Brasil, segundo o relatório do CONAD supracitado, compreendem que os riscos para a saúde ainda devem ser investigados pela ciência, e que as curas que possam ocorrer em rituais com a bebida não devem ser consideradas ou propagandeadas como resultado de seu uso, mas como resultados da fé, como nas curas que possam ocorrer no interior de outras religiões. Nos Estados Unidos, as autoridades jurídicas legalizaram a bebida baseados no princípio da liberdade religiosa, sem levar em conta estudos sobre riscos para a saúde ou o uso tradicional.
As autoridades jurídicas do Peru, considerando o uso tradicional, reconhecem a ''ayahuasca'' como parte da ''medicina tradicional amazónica'' e patrimônio cultural da nação,'' ''e reconhece virtudes terapêuticas na planta (mesmo sem evidências científicas), acreditando não apresentar riscos à saúde quando usada no contexto do tradicional e do sagrado.<ref>{{citar web|URL = http://www.nixipae.com/textos/t_declaran%20Ayahuasca%20Patrimonio%20Cultural.html|título = RESOLUCIÓN DIRECTORAL NACIONAL - Nº 836/INC Lima, 24 de junio de 2008-07-14|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>MENEGUETTI, Dionatas U. de Oliveira; MENEGUETTI, Naila F. Sbsczk Pereira Meneguetti. Benefícios a Saúde Humana ocasionado pela ingestão da Ayahuasca: Contexto Social e sua ação Neuropsicológica, Fisioimunológica, Microbiológica e Parasitária. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental (Brazilian Journal of Mental Health) UFSC. v. 6, n. 13 (2014) [http://stat.entrever.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2576 pdf] aCESSO dEC. 2014</ref> As autoridades jurídicas do Brasil, segundo o relatório do CONAD supracitado, compreendem que os riscos para a saúde ainda devem ser investigados pela ciência, e que as curas que possam ocorrer em rituais com a bebida não devem ser consideradas ou propagandeadas como resultado de seu uso, mas como resultados da fé, como nas curas que possam ocorrer no interior de outras religiões. Nos Estados Unidos, as autoridades jurídicas legalizaram a bebida baseados no princípio da liberdade religiosa, sem levar em conta estudos sobre riscos para a saúde ou o uso tradicional.


Alguns pesquisadores concluíram que o uso da ayahuasca é relativamente seguro, com riscos mínimos para a saúde.<ref name="catbull.com">GABLE, Risk assessment of ritual use of oral dimethyltryptamine (DMT) and harmala alkaloids. Addiction. 2007 Jan;102(1):24-34.[http://catbull.com/alamut/Bibliothek/Ayahuasca%20paper%20PDF.pdf PDF] Acesso Nov. 2014</ref> Representantes religiosos<ref>{{citar web|URL = http://www.udv.org.br/Pesquisas+cientificas+confirmambrcha+Hoasca+e+inofensivo+a+saude/Destaque/17/|título = Pesquisas científicas confirmam: chá Hoasca é inofensivo à saúde.|data = |acessadoem = |autor = União do Vegetal|publicado = União do Vegetal}}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.santodaime.com/perguntaserespostas/#03|título = "A bebida Santo Daime é uma droga?" Perguntas e Respostas - Igreja Céu do Gamarra |data = |acessadoem = |autor = |publicado = Igreja Céu do Gamarra}}</ref> afirmam que o chá é "comprovadamente inofensivo à saúde". Na comunidade científica, entretanto, não há consenso formado sobre o assunto.<ref>{{citar periódico|ultimo = Albuquerque|primeiro = Maria Betânia Barbosa|titulo = Religião e Educação: os saberes da Ayahuasca no Santo Daime|jornal = |doi = |url = http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf9/08.pdf|acessadoem = |pagina = 167}}</ref> As investigações são ainda preliminares, e ainda não existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos dos possíveis efeitos da ayahuasca sobre o organismo. Ademais, o modo de vida das populações urbanas é bastante distinto das populações tradicionais, bem como o modo de uso e de preparo da bebida, acrescentando novas variáveis a serem consideradas e pesquisadas na avaliação de riscos.
Alguns pesquisadores concluíram que o uso da ''ayahuasca'' é relativamente seguro, com riscos mínimos para a saúde.<ref name="catbull.com">GABLE, Risk assessment of ritual use of oral dimethyltryptamine (DMT) and harmala alkaloids. Addiction. 2007 Jan;102(1):24-34.[http://catbull.com/alamut/Bibliothek/Ayahuasca%20paper%20PDF.pdf PDF] Acesso Nov. 2014</ref> Representantes religiosos<ref>{{citar web|URL = http://www.udv.org.br/Pesquisas+cientificas+confirmambrcha+Hoasca+e+inofensivo+a+saude/Destaque/17/|título = Pesquisas científicas confirmam: chá Hoasca é inofensivo à saúde.|data = |acessadoem = |autor = União do Vegetal|publicado = União do Vegetal}}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.santodaime.com/perguntaserespostas/#03|título = "A bebida Santo Daime é uma droga?" Perguntas e Respostas - Igreja Céu do Gamarra |data = |acessadoem = |autor = |publicado = Igreja Céu do Gamarra}}</ref> afirmam que o chá é "comprovadamente inofensivo à saúde". Na comunidade científica, entretanto, não há consenso formado sobre o assunto.<ref>{{citar periódico|ultimo = Albuquerque|primeiro = Maria Betânia Barbosa|titulo = Religião e Educação: os saberes da Ayahuasca no Santo Daime|jornal = |doi = |url = http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf9/08.pdf|acessadoem = |pagina = 167}}</ref> As investigações são ainda preliminares, e ainda não existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos dos possíveis efeitos da ''ayahuasca'' sobre o organismo. Ademais, o modo de vida das populações urbanas é bastante distinto das populações tradicionais, bem como o modo de uso e de preparo da bebida, acrescentando novas variáveis a serem consideradas e pesquisadas na avaliação de riscos.


=== Saúde física ===
=== Saúde física ===
==== Sistema digestivo ====
==== Sistema digestivo ====
São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de [[vômito]]s, [[sudorese]] e [[diarreia]] em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar, segundo alguns pesquisadores, em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios [[emético]]s e outros não, permanecem obscuras.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = |notas = "Relação da utilização ritual com os efeitos tóxicos"}}</ref> Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo.<ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/udv/|título = União do Vegetal - UDV|data = |acessadoem = |autor = |publicado = |citação = "[ O vômito ] ocorre como limpeza, purificação, libertação dos entulhos que ela acumulou durante toda a sua existência."}}</ref> Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito.<ref>FRITZ FULLER, BS, PA-C, REMT-P AND GEOFF NORTH, BS, REMT-P. Nausea and Vomiting. [http://www.emsworld.com/article/10319959/vomiting-and-nausea CE Article, 2009] Acesso em Abril de 2014</ref> Observe-se que um dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga"<ref>BEYER, Steve. Singing to the Plants ([http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ HTML]) What is Ayahuasca? Acesso em Abril, 2014</ref><ref>BOUMA, Hannah. Ayahuasca, Plant of the Gods. [http://www.ibogaine.desk.nl/bouma.html Amsterdam Drug Magazine], December 1996 /Acesso em Abril de 2014</ref><ref>METZENER, Ralph. (ed.) Sacred Vine of Spirits: Ayahuasca, Rochester, Park Street Press, 2006 [http://books.google.com.br/books?id=GcXdUus2spwC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=ayahuasca+la+purga&source=bl&ots=MNYAoB74Nr&sig=sv-L4zaAREeY2SeBN4sHORR-oKM&hl=pt-BR&sa=X&ei=wLBXU_mZH_SvsQTug4DAAw&ved=0CIYBEOgBMA04Cg#v=onepage&q=la%20purga&f=false Google Books] Acesso em Abril, 2014</ref>
São comuns, após a ingestão da ''ayahuasca'', relatos de [[vômito]]s, [[Suor|sudorese]] e [[diarreia]] em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar, segundo alguns pesquisadores, em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios [[emético]]s e outros não, permanecem obscuras.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = |notas = "Relação da utilização ritual com os efeitos tóxicos"}}</ref> Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo.<ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/udv/|título = União do Vegetal - UDV|data = |acessadoem = |autor = |publicado = |citação = "[ O vômito ] ocorre como limpeza, purificação, libertação dos entulhos que ela acumulou durante toda a sua existência."}}</ref> Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito.<ref>FRITZ FULLER, BS, PA-C, REMT-P AND GEOFF NORTH, BS, REMT-P. Nausea and Vomiting. [http://www.emsworld.com/article/10319959/vomiting-and-nausea CE Article, 2009] Acesso em Abril de 2014</ref> Observe-se que um dos nomes da bebida ''ayahuasca'' no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga"<ref>BEYER, Steve. Singing to the Plants ([http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ HTML]) What is Ayahuasca? Acesso em Abril, 2014</ref><ref>BOUMA, Hannah. Ayahuasca, Plant of the Gods. [http://www.ibogaine.desk.nl/bouma.html Amsterdam Drug Magazine], December 1996 /Acesso em Abril de 2014</ref><ref>METZENER, Ralph. (ed.) Sacred Vine of Spirits: Ayahuasca, Rochester, Park Street Press, 2006 [http://books.google.com.br/books?id=GcXdUus2spwC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=ayahuasca+la+purga&source=bl&ots=MNYAoB74Nr&sig=sv-L4zaAREeY2SeBN4sHORR-oKM&hl=pt-BR&sa=X&ei=wLBXU_mZH_SvsQTug4DAAw&ved=0CIYBEOgBMA04Cg#v=onepage&q=la%20purga&f=false Google Books] Acesso em Abril, 2014</ref>


==== Sistema cardiovascular ====
==== Sistema cardiovascular ====
A ayahuasca altera parâmetros cardiovasculares, podendo trazer efeitos nocivos para pessoas com problemas cardíacos graves.<ref name="bouso">{{citar periódico|ultimo1 = BOUSO|primeiro1 = José Carlos|titulo = An overview of the literature on the pharmacology and neuropsychiatric long term effects of ayahuasca|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998350813%20Rafael.pdf|acessodata=17-10-2014|ultimo2 = RIBA|primeiro2=Jordi|ano = 2011|notas = Final remarks|paginas=61-62}}</ref> Para pessoas em bom estado de saúde cardíaca, entretanto, a bebida não oferece riscos significativos imediatos comprovados. A imprensa brasileira relatou, por exemplo, o caso de um jovem que tinha [[Síndrome de Marfan]], doença que provoca alterações cardiológicas e vasculares graves, que morreu após ter ingerido a bebida.<ref>{{citar web|URL = http://oglobo.globo.com/brasil/policia-de-goias-investiga-morte-de-universitario-apos-tomar-cha-do-santo-daime-3151344|título = O GLOBO: Polícia de Goiás investiga morte de universitário após tomar chá do Santo Daime|data=18-11-2009|acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
A ''ayahuasca'' altera parâmetros cardiovasculares, podendo trazer efeitos nocivos para pessoas com problemas cardíacos graves.<ref name="bouso">{{citar periódico|ultimo1 = BOUSO|primeiro1 = José Carlos|titulo = An overview of the literature on the pharmacology and neuropsychiatric long term effects of ayahuasca|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998350813%20Rafael.pdf|acessodata=17-10-2014|ultimo2 = RIBA|primeiro2=Jordi|ano = 2011|notas = Final remarks|paginas=61-62}}</ref> Para pessoas em bom estado de saúde cardíaca, entretanto, a bebida não oferece riscos significativos imediatos comprovados. A imprensa brasileira relatou, por exemplo, o caso de um jovem que tinha [[Síndrome de Marfan]], doença que provoca alterações cardiológicas e vasculares graves, que morreu após ter ingerido a bebida.<ref>{{citar web|URL = http://oglobo.globo.com/brasil/policia-de-goias-investiga-morte-de-universitario-apos-tomar-cha-do-santo-daime-3151344|título = O GLOBO: Polícia de Goiás investiga morte de universitário após tomar chá do Santo Daime|data=18-11-2009|acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


Ainda são necessários estudos para determinar se a ayahuasca pode causar [[valvopatia]] a longo prazo. Esta suspeita existe porque a [[N,N-DMT]] apresentou alta afinidade pelos receptores 5-HT<sub>2B</sub> em ensaios ''in vitro'', com valores de 0,108µM e 0,184µM, e por existirem estudos demonstrando uma ligação de causa-efeito entre o uso frequente ou crônico de drogas serotoninérgicas com alta afinidade por receptores 5-HT<sub>2B</sub> e o desenvolvimento de valvopatia no organismo.<ref name="pmid19881490">{{citar periódico|autor =Keiser M.J., Setola V., Irwin J.J., Laggner C., Abbas A.I., Hufeisen S.J., Jensen N.H. |numero-autores=''et al'' |título=Predicting new molecular targets for known drugs |periódico=Nature |volume=462 |número=7270 |páginas=175–81 |data=novembro de 2009 |pmid=19881490 |pmc=2784146 |doi=10.1038/nature08506 }}</ref><ref name="pmid19505264">{{citar periódico|autor =Rothman R.B., Baumann M.H. |título=Serotonergic Drugs and Valvular Heart Disease |periódico=Expert Opinion on Drug Safety |volume=8 |número=3 |páginas=317–29 |data=maio de 2009 |pmid=19505264 |pmc=2695569 |doi=10.1517/14740330902931524 |formato=PDF}}</ref><ref name="pmid17202450">{{citar periódico|autor =Roth B.L. |título=Drugs and valvular heart disease |periódico=New England Journal of Medicine |volume=356 |número=1 |páginas=6–9 |data=janeiro de 2007 |pmid=17202450 |doi=10.1056/NEJMp068265}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Jonathan D. Urban, William P. Clarke, Mark von Zastrow, David E. Nichols, Brian Kobilka, Harel Weinstein, Jonathan A. Javitch, Bryan L. Roth, Arthur Christopoulos, Patrick M. Sexton, Keith J. Miller, Michael Spedding and Richard B. Mailman |título=Functional Selectivity and Classical Concepts of Quantitative Pharmacology |periódico=JPET |volume=320 |número=1 |páginas=1–13 |data=2006-06-27 |doi=10.1124/jpet.106.104463 |pmid=16803859}}</ref> Também é problemática a ativação de receptores 5-HT<sub>2A</sub> tanto pela N,N-DMT quanto pelas [[Betacarbolina|β-carbolinas]] presentes na bebida, visto que causa um aumento na pressão sanguínea via [[vasopressina]].<ref>{{citar periódico|ultimo = Brierley|primeiro = Daniel I.|titulo = Developments in harmine pharmacology — Implications for ayahuasca use and drug-dependence treatment|jornal = Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry|doi = |url = http://bitnest.ca/external.php?id=%257DbxUgY%255CC%2540%251BD%252A%253A-D%251BU%255BP%2500JIqc%2560%2515T|acessadoem = |notas = Unwanted side-effects of harmine and its analogues}}</ref>
Ainda são necessários estudos para determinar se a ''ayahuasca'' pode causar [[valvopatia]] a longo prazo. Esta suspeita existe porque a [[N,N-DMT]] apresentou alta afinidade pelos receptores 5-HT<sub>2B</sub> em ensaios ''in vitro'', com valores de 0,108µM e 0,184µM, e por existirem estudos demonstrando uma ligação de causa-efeito entre o uso frequente ou crônico de drogas serotoninérgicas com alta afinidade por receptores 5-HT<sub>2B</sub> e o desenvolvimento de valvopatia no organismo.<ref name="pmid19881490">{{citar periódico|autor =Keiser M.J., Setola V., Irwin J.J., Laggner C., Abbas A.I., Hufeisen S.J., Jensen N.H. |numero-autores=''et al'' |título=Predicting new molecular targets for known drugs |periódico=Nature |volume=462 |número=7270 |páginas=175–81 |data=novembro de 2009 |pmid=19881490 |pmc=2784146 |doi=10.1038/nature08506 }}</ref><ref name="pmid19505264">{{citar periódico|autor =Rothman R.B., Baumann M.H. |título=Serotonergic Drugs and Valvular Heart Disease |periódico=Expert Opinion on Drug Safety |volume=8 |número=3 |páginas=317–29 |data=maio de 2009 |pmid=19505264 |pmc=2695569 |doi=10.1517/14740330902931524 |formato=PDF}}</ref><ref name="pmid17202450">{{citar periódico|autor =Roth B.L. |título=Drugs and valvular heart disease |periódico=New England Journal of Medicine |volume=356 |número=1 |páginas=6–9 |data=janeiro de 2007 |pmid=17202450 |doi=10.1056/NEJMp068265}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Jonathan D. Urban, William P. Clarke, Mark von Zastrow, David E. Nichols, Brian Kobilka, Harel Weinstein, Jonathan A. Javitch, Bryan L. Roth, Arthur Christopoulos, Patrick M. Sexton, Keith J. Miller, Michael Spedding and Richard B. Mailman |título=Functional Selectivity and Classical Concepts of Quantitative Pharmacology |periódico=JPET |volume=320 |número=1 |páginas=1–13 |data=2006-06-27 |doi=10.1124/jpet.106.104463 |pmid=16803859}}</ref> Também é problemática a ativação de receptores 5-HT<sub>2A</sub> tanto pela N,N-DMT quanto pelas [[Betacarbolina|β-carbolinas]] presentes na bebida, visto que causa um aumento na pressão sanguínea via [[vasopressina]].<ref>{{citar periódico|ultimo = Brierley|primeiro = Daniel I.|titulo = Developments in harmine pharmacology — Implications for ayahuasca use and drug-dependence treatment|jornal = Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry|doi = |url = http://bitnest.ca/external.php?id=%257DbxUgY%255CC%2540%251BD%252A%253A-D%251BU%255BP%2500JIqc%2560%2515T|acessadoem = |notas = Unwanted side-effects of harmine and its analogues}}</ref>


==== Gestantes ====
==== Gestantes ====
No Brasil, o CONAD considerando a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde e tendo em vista a inexistência de suficientes evidências científicas em estudos específicos, decretou os termos da Resolução nº 05/04, quanto ao uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro."<ref>{{citar web|URL = http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/biblioteca/documentos/327994.pdf|título = GRUPO MULTIDISCIPLINAR DE TRABALHO - GMT- AYAHUASCA|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
No Brasil, o CONAD considerando a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde e tendo em vista a inexistência de suficientes evidências científicas em estudos específicos, decretou os termos da Resolução nº 05/04, quanto ao uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro."<ref>{{citar web|URL = http://www.obid.senad.gov.br/portais/CONAD/biblioteca/documentos/327994.pdf|título = GRUPO MULTIDISCIPLINAR DE TRABALHO - GMT- AYAHUASCA|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


Não existem ainda estudos [[Epidemiologia|epidemiológicos]] sobre o uso da ayahuasca em populações gestantes e mulheres em idade fértil mostrando a presença ou ausência de defeitos congênitos, motivo pelo qual o psiquiatra Jaime Hallak recomenda que gestantes se abstenham da bebida até que existam estudos conclusivos;<ref>{{citar periódico|ultimo = Taylor & Francis Ltd.|primeiro = |titulo = Consumption of ayahuasca by children and pregnant women: medical controversies and religious perspectives.|jornal = |doi = 10.1080/02791072.2011.566498|url = http://www.thefreelibrary.com/Consumption+of+ayahuasca+by+children+and+pregnant+women%3a+medical...-a0287390911|acessadoem = }}</ref> contudo, alguns pesquisadores supõem que o uso do chá por gestantes pode ser prejudicial ao feto em desenvolvimento, pois certas [[Betacarbolina|β-carbolinas]] possuem [[Agente mutagênico|ação co-mutagênica]],<ref>{{citar periódico|ultimo = UMEZAWA|primeiro = K.|titulo = Comutagenic effect of norharman and harman with 2-acetylaminofluorene derivatives.|jornal = Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC411371/|acessadoem = }}</ref> inclusive a [[harmina]],<ref>{{citar periódico|ultimo = PICADA|primeiro = J.N.|titulo = Genotoxic effects of structurally related beta-carboline alkaloids.|jornal =Mutation Research |doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9357543|acessadoem = }}</ref> que está presente na bebida.
Não existem ainda estudos [[Epidemiologia|epidemiológicos]] sobre o uso da ''ayahuasca'' em populações gestantes e mulheres em idade fértil mostrando a presença ou ausência de defeitos congênitos, motivo pelo qual o psiquiatra Jaime Hallak recomenda que gestantes se abstenham da bebida até que existam estudos conclusivos;<ref>{{citar periódico|ultimo = Taylor & Francis Ltd.|primeiro = |titulo = Consumption of ayahuasca by children and pregnant women: medical controversies and religious perspectives.|jornal = |doi = 10.1080/02791072.2011.566498|url = http://www.thefreelibrary.com/Consumption+of+ayahuasca+by+children+and+pregnant+women%3a+medical...-a0287390911|acessadoem = }}</ref> contudo, alguns pesquisadores supõem que o uso do chá por gestantes pode ser prejudicial ao feto em desenvolvimento, pois certas [[Betacarbolina|β-carbolinas]] possuem [[Agente mutagênico|ação co-mutagênica]],<ref>{{citar periódico|ultimo = UMEZAWA|primeiro = K.|titulo = Comutagenic effect of norharman and harman with 2-acetylaminofluorene derivatives.|jornal = Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC411371/|acessadoem = }}</ref> inclusive a [[harmina]],<ref>{{citar periódico|ultimo = PICADA|primeiro = J.N.|titulo = Genotoxic effects of structurally related beta-carboline alkaloids.|jornal =Mutation Research |doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9357543|acessadoem = }}</ref> que está presente na bebida.


Experimentos conduzidos em ratas grávidas, com doses de ayahuasca equivalentes e também acima das humanas, apontam a possibilidade de toxicidade ao feto, que varia conforme a dose e frequência do uso.<ref>{{citar periódico|ultimo = Oliveira, C. D. R., Moreira, C. Q., de Sá, L. R. M., de Souza Spinosa, H. and Yonamine, M.|primeiro = |titulo = Maternal and developmental toxicity of ayahuasca in Wistar rats.|jornal = Birth Defects Res B Dev Reprod Toxicol. 2010 Jun;89(3):207-12.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20549682|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar livro|título = DA MOTTA|sobrenome = Luciana Soares Gueiros|nome = TOXICIDADE AGUDA, NEUROTOXICIDADE, TOXICIDADE REPRODUTIVA E EMBRIOTOXICIDADE DO CHÁ AYAHUASCA (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis) EM RATAS WISTAR.|edição = |local = Universidade de Brasília|editora = |ano = |página = http://www.toxicologia.unb.br/admin/ckeditor/kcfinder/upload/files/tese%20completa%20Luciana%20G.%20da%20Motta.pdf|isbn = }}</ref>
Experimentos conduzidos em ratas grávidas, com doses de ''ayahuasca'' equivalentes e também acima das humanas, apontam a possibilidade de toxicidade ao feto, que varia conforme a dose e frequência do uso.<ref>{{citar periódico|ultimo = Oliveira, C. D. R., Moreira, C. Q., de Sá, L. R. M., de Souza Spinosa, H. and Yonamine, M.|primeiro = |titulo = Maternal and developmental toxicity of ayahuasca in Wistar rats.|jornal = Birth Defects Res B Dev Reprod Toxicol. 2010 Jun;89(3):207-12.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20549682|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar livro|título = DA MOTTA|sobrenome = Luciana Soares Gueiros|nome = TOXICIDADE AGUDA, NEUROTOXICIDADE, TOXICIDADE REPRODUTIVA E EMBRIOTOXICIDADE DO CHÁ AYAHUASCA (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis) EM RATAS WISTAR.|edição = |local = Universidade de Brasília|editora = |ano = |página = http://www.toxicologia.unb.br/admin/ckeditor/kcfinder/upload/files/tese%20completa%20Luciana%20G.%20da%20Motta.pdf|isbn = }}</ref>


Em um estudo que estimou a dose letal da bebida como 50 vezes a dose típica cerimonial, a ingestão diária do chá, por [[Alimentação forçada|gavagem]], em doses de 4 e 8 vezes maiores do que aquela consumida quinzenalmente na [[União do Vegetal]] levou a óbito cerca de 33,3 e 40% das ratas grávidas tratadas, respectivamente, caracterizando toxicidade materna. O estudo reconheceu que em relação à exposição fetal ''in utero'' existe uma tendência à ação teratogênica em ratos, visto que houve aumento na frequência de malformações viscerais, além de embriofetotoxicidade. Porém, ele afirmou que este estudo deverá ser complementado com as análises esqueléticas para uma conclusão mais detalhada. O estudo concluiu que, embora o regime diário não representa a exposição normal no contexto religioso da União do Vegetal, que o uso abusivo da bebida pode representar um risco para a saúde humana, principalmente para gestantes, inclusive levando a morte.<ref>{{citar periódico|ultimo = MOTTA|primeiro = Luciana Soares Gueiros da|titulo = Toxicidade aguda, neurotoxicidade reprodutiva e embriotoxicidade do chá ayahuasca (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis) em ratas wistar|jornal = Repositório Institucional da Universidade de Brasília|doi = |url = http://repositorio.unb.br/handle/10482/15291|acessadoem = |notas = Tópico 5, conclusões finais, pg. 73}}</ref> Os autores também concluíram que seus resultados revelaram uma baixa toxicidade oral aguda do chá, que o uso do chá na dose ritualística é seguro e que a administração de Ayahuasca não pode ser correlacionada com as lesões anatomopatológicas detectadas uma vez que não houve diferenças significativas entre os grupos.<ref>{{citar web|URL = http://www.cbtox2013.com.br/docs/trab-6841-955.pdf|título = NEUROTOXICIDADE AGUDA DO CHÁ DE AYAHUASCA EM RATAS WISTAR|data = |acessadoem = |autor = Morais JA, Motta LSG, Tavares ACAM, Santos AFA, Lozzi SP, Pic–Taylor A, Dutra EC|publicado = Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Ciências da Saúde; Laboratório de Embriologia e Biologia do Desenvolvimento, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Brasília, DF.}}</ref>
Em um estudo que estimou a dose letal da bebida como 50 vezes a dose típica cerimonial, a ingestão diária do chá, por [[Alimentação forçada|gavagem]], em doses de 4 e 8 vezes maiores do que aquela consumida quinzenalmente na [[União do Vegetal]] levou a óbito cerca de 33,3 e 40% das ratas grávidas tratadas, respectivamente, caracterizando toxicidade materna. O estudo reconheceu que em relação à exposição fetal ''in utero'' existe uma tendência à ação teratogênica em ratos, visto que houve aumento na frequência de malformações viscerais, além de embriofetotoxicidade. Porém, ele afirmou que este estudo deverá ser complementado com as análises esqueléticas para uma conclusão mais detalhada. O estudo concluiu que, embora o regime diário não representa a exposição normal no contexto religioso da União do Vegetal, que o uso abusivo da bebida pode representar um risco para a saúde humana, principalmente para gestantes, inclusive levando a morte.<ref>{{citar periódico|ultimo = MOTTA|primeiro = Luciana Soares Gueiros da|titulo = Toxicidade aguda, neurotoxicidade reprodutiva e embriotoxicidade do chá ayahuasca (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis) em ratas wistar|jornal = Repositório Institucional da Universidade de Brasília|doi = |url = http://repositorio.unb.br/handle/10482/15291|acessadoem = |notas = Tópico 5, conclusões finais, pg. 73}}</ref> Os autores também concluíram que seus resultados revelaram uma baixa toxicidade oral aguda do chá, que o uso do chá na dose ritualística é seguro e que a administração de Ayahuasca não pode ser correlacionada com as lesões anatomopatológicas detectadas uma vez que não houve diferenças significativas entre os grupos.<ref>{{citar web|URL = http://www.cbtox2013.com.br/docs/trab-6841-955.pdf|título = NEUROTOXICIDADE AGUDA DO CHÁ DE AYAHUASCA EM RATAS WISTAR|data = |acessadoem = |autor = Morais JA, Motta LSG, Tavares ACAM, Santos AFA, Lozzi SP, Pic–Taylor A, Dutra EC|publicado = Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Ciências da Saúde; Laboratório de Embriologia e Biologia do Desenvolvimento, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Brasília, DF.}}</ref>
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Em um estudo de revisão que incluiu experimentos com animais e estudos com integrantes de grupos religiosos R. S. Gable,<ref name="catbull.com"/> chegou a conclusão que decocção que contém DMT e e os alcalóides harmanos usados em cerimônias religiosas tem uma margem de segurança comparável à [[codeína]], [[mescalina]] ou [[metadona]], com um potencial de dependência de DMT oral e o risco de distúrbios psicológicos mínimos. Calculou também que a dose letal mediana de alcaloides harmanicos e da dimetiltriptamina (DMT) em humanos é provavelmente maior que 20 vezes a dose típica cerimonial.
Em um estudo de revisão que incluiu experimentos com animais e estudos com integrantes de grupos religiosos R. S. Gable,<ref name="catbull.com"/> chegou a conclusão que decocção que contém DMT e e os alcalóides harmanos usados em cerimônias religiosas tem uma margem de segurança comparável à [[codeína]], [[mescalina]] ou [[metadona]], com um potencial de dependência de DMT oral e o risco de distúrbios psicológicos mínimos. Calculou também que a dose letal mediana de alcaloides harmanicos e da dimetiltriptamina (DMT) em humanos é provavelmente maior que 20 vezes a dose típica cerimonial.


Observe-se também que o reconhecimento do uso tradicional como parte da comprovação da eficácia e segurança de produtos naturais é possível em algumas legislações internacionais (Ex. Canadá, Comunidade Européia e México) e recomendado pela [[OMS]] desde a [[Declaração de Alma-Ata|conferência de Alma Ata]] em 1978.<ref>BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações sobre o item 8.3 da [http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/orientacao_RDC48.pdf RDC 48/04 - Anvisa] Acesso 07/01/2017 </ref>
Observe-se também que o reconhecimento do uso tradicional como parte da comprovação da eficácia e segurança de produtos naturais é possível em algumas legislações internacionais (Ex. Canadá, Comunidade Européia e México) e recomendado pela [[OMS]] desde a [[Declaração de Alma-Ata|conferência de Alma Ata]] em 1978.<ref>BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações sobre o item 8.3 da [http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/orientacao_RDC48.pdf RDC 48/04 - Anvisa] Acesso 07/01/2017</ref>


=== Saúde mental ===
=== Saúde mental ===
Não há estudos no uso tradicional em tribos indígenas e no uso religioso em grupos quase centenários no Brasil registrando uma relação de causa e efeito entre o uso da ayahuasca e o desenvolvimento de problemas psicológicos ou psiquiátricos.<ref>Escobar, J. A. C., Roazzi, A., Souza, B. C., Nascimento, A. M. (2013). Mediation of Self-rumination on Mental Health Related Aspects: A Multidimensional Approach. In: Antonio Roazzi; Bruno Campello de Souza; Wolfgang Bilsky. (Org.). Proceedings of the 14th facet theory conference: searching for structure in complex social, cultural and psychological phenomena (pp. 457). Recife: Editora Universitária.</ref> Alguns estudos realizaram pesquisas por instrumentos de escalas que resultaram em baixos escores em medidas de psicopatologia em adultos, baixas frequências de sintomas psiquiátricos e bom desempenho em testes neuropsicológicos apresentadas entre adolescentes usuários, embora não houve seleção randômica de casos nem cuidados para evitar viés de confirmação.<ref>Escobar, J. A. C., Roazzi, A., Souza, B. C., Nascimento, A. M. (2013). Mediation of Self-rumination on Mental Health Related Aspects: A Multidimensional Approach. In: Antonio Roazzi; Bruno Campello de Souza; Wolfgang Bilsky. (Org.). Proceedings of the 14th facet theory conference: searching for structure in complex social, cultural and psychological phenomena (pp. 446-468). Recife: Editora Universitária.</ref><ref>SILVEIRA, Dartiu Xavier; GROBB, Charles S.; RIOS, Marlene Dobkin; LOPEZ, Enrique; ALONSO, Luisa K,; TACLA, Cristiane; SILVEIRA Evelyn Doering. Ayahuasca in Adolescence: A Preliminary Psychiatric Assessment. J Psychoactive Drugs. 2005 Jun;37(2):129-33. [http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02791072.2005.10399792?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed&#.VF5hSTTF-Sp Abstract]</ref><ref>SILVEIRA Evelyn Doering; LOPEZ, Enrique; GROBB, Charles S.; RIOS, Marlene Dobkin. Ayahuasca in Adolescence: A Neuropsychological Assessment. Journal of Psychoactive Drugs; Jun 2005; 37, 2; ProQuest Medical Library pg. 123</ref> Também consta na literatura científica referências a remissão de quadros psicopatológicos, e constatações de ausência de evidências de deterioração cognitiva ou da personalidade em usuários com 15 anos de uso.<ref>GROB, Charles S. et al. Human Psychopharmacology of Hoasca, A Plant Hallucinogen Used in Ritual Context in Brazil. The Journal of Nervous & Mental Disease vol 184 No. 2 (c) Williams & Wilkins 1996. All Rights Reserved. Volume 184(2) February 1996 pp 86-94</ref>
Não há estudos no uso tradicional em tribos indígenas e no uso religioso em grupos quase centenários no Brasil registrando uma relação de causa e efeito entre o uso da ''ayahuasca'' e o desenvolvimento de problemas psicológicos ou psiquiátricos.<ref>Escobar, J. A. C., Roazzi, A., Souza, B. C., Nascimento, A. M. (2013). Mediation of Self-rumination on Mental Health Related Aspects: A Multidimensional Approach. In: Antonio Roazzi; Bruno Campello de Souza; Wolfgang Bilsky. (Org.). Proceedings of the 14th facet theory conference: searching for structure in complex social, cultural and psychological phenomena (pp. 457). Recife: Editora Universitária.</ref> Alguns estudos realizaram pesquisas por instrumentos de escalas que resultaram em baixos escores em medidas de psicopatologia em adultos, baixas frequências de sintomas psiquiátricos e bom desempenho em testes neuropsicológicos apresentadas entre adolescentes usuários, embora não houve seleção randômica de casos nem cuidados para evitar viés de confirmação.<ref>Escobar, J. A. C., Roazzi, A., Souza, B. C., Nascimento, A. M. (2013). Mediation of Self-rumination on Mental Health Related Aspects: A Multidimensional Approach. In: Antonio Roazzi; Bruno Campello de Souza; Wolfgang Bilsky. (Org.). Proceedings of the 14th facet theory conference: searching for structure in complex social, cultural and psychological phenomena (pp. 446-468). Recife: Editora Universitária.</ref><ref>SILVEIRA, Dartiu Xavier; GROBB, Charles S.; RIOS, Marlene Dobkin; LOPEZ, Enrique; ALONSO, Luisa K,; TACLA, Cristiane; SILVEIRA Evelyn Doering. Ayahuasca in Adolescence: A Preliminary Psychiatric Assessment. J Psychoactive Drugs. 2005 Jun;37(2):129-33. [http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02791072.2005.10399792?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed&#.VF5hSTTF-Sp Abstract]</ref><ref>SILVEIRA Evelyn Doering; LOPEZ, Enrique; GROBB, Charles S.; RIOS, Marlene Dobkin. Ayahuasca in Adolescence: A Neuropsychological Assessment. Journal of Psychoactive Drugs; Jun 2005; 37, 2; ProQuest Medical Library pg. 123</ref> Também consta na literatura científica referências a remissão de quadros psicopatológicos, e constatações de ausência de evidências de deterioração cognitiva ou da personalidade em usuários com 15 anos de uso.<ref>GROB, Charles S. et al. Human Psychopharmacology of Hoasca, A Plant Hallucinogen Used in Ritual Context in Brazil. The Journal of Nervous & Mental Disease vol 184 No. 2 (c) Williams & Wilkins 1996. All Rights Reserved. Volume 184(2) February 1996 pp 86-94</ref>


Entretanto, pesquisadores apontam que todos os estudos desta natureza, existentes na revisão que realizaram, cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.<ref name="bouso"/> Estudos realizados em ratos apontam que a [[harmalina]], presente na bebida, é neurotóxica e degenerativa a um conjunto específico de células cerebrais que regem a coordenação motora.<ref>{{citar periódico|ultimo = O'HEARN|primeiro = E.|titulo = Degeneration of purkinje cells in parasagittal zones of the cerebellar vermis after treatment with ibogaine or harmaline|jornal = Neuroscience Volume 55, Issue 2, July 1993, Pages 303–310|doi = 10.1016/0306-4522(93)90500-F|url = http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/030645229390500F|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.maps.org/old_forum/2001/msg00521.html|título = Re: MAPS: Harmaline Neurotoxicity?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = MAPS Mailing List}}</ref> Observe-se que esta mesma substância, que por si só tem efeitos psicoativos quando consumida em dose suficiente, está presente em outros vegetais comumente utilizados na dieta e medicina tradicional em concentrações menores, não suficientes para surtir tais efeitos, a exemplo das [[passiflora]]s.<ref>KRISHNAVENI, A.; THAAKUR, S. R.
Entretanto, pesquisadores apontam que todos os estudos desta natureza, existentes na revisão que realizaram, cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.<ref name="bouso"/> Estudos realizados em ratos apontam que a [[harmalina]], presente na bebida, é neurotóxica e degenerativa a um conjunto específico de células cerebrais que regem a coordenação motora.<ref>{{citar periódico|ultimo = O'HEARN|primeiro = E.|titulo = Degeneration of purkinje cells in parasagittal zones of the cerebellar vermis after treatment with ibogaine or harmaline|jornal = Neuroscience Volume 55, Issue 2, July 1993, Pages 303–310|doi = 10.1016/0306-4522(93)90500-F|url = http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/030645229390500F|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.maps.org/old_forum/2001/msg00521.html|título = Re: MAPS: Harmaline Neurotoxicity?|data = |acessadoem = |autor = |publicado = MAPS Mailing List}}</ref> Observe-se que esta mesma substância, que por si só tem efeitos psicoativos quando consumida em dose suficiente, está presente em outros vegetais comumente utilizados na dieta e medicina tradicional em concentrações menores, não suficientes para surtir tais efeitos, a exemplo das [[passiflora]]s.<ref>KRISHNAVENI, A.; THAAKUR, S. R.
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Journal of Pharmacy Research 2009 Vol. 2 No. 5 pp. 789-791</ref> e da aveia (''[[Avena sativa]]'') que também possui alcaloides [[Indol|indólicos]] tipo [[betacarbolina]] com um efeito sedativo fraco semelhante ao da Passiflora.<ref>[http://www.emea.europa.eu European Medicines Agency] / Evaluation of Medicines for Human Use ASSESSMENT REPORT ON AVENA SATIVA L., HERBA AND AVENA SATIVA L., FRUCTUS, European Medicines Agency Doc. Ref. EMEA/HMPC/202967/2007 London, 2008 [http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Herbal_-_HMPC_assessment_report/2009/12/WC500017998.pdf PDF] Acesso Março, 2015</ref> Naturalmente novos estudos precisam ser realizados<ref>SANTOS Luiz Henrique L. Sobre a integridade ética da pesquisa. (texto de trabalho; FAPESP, abril de 2011) [http://www.fapesp.br/6566 FAPESP] Aces, Mar. 2015</ref><ref>Academy of Management Journal (Editors) Replication, Meta-Analysis, Scientific Progress, and AMJ’s Publication Policy. AMJ 2002, Vol. 45, No. 5, 841–846. [http://recanati-bs.tau.ac.il/Eng/_Uploads/dbsAttachedFiles/RP_230_Eden.pdf PDF] Aces. Mar. 2015</ref><ref>Kenakin T; Bylund DB; Toews ML; Mullane K; Winquist R; Williams M. Replicated, replicable and relevant-target engagement and pharmacological experimentation in the 21st century. Biochem Pharmacol. 2014 Jan 1;87(1):64-77. [http://www.researchgate.net/publication/258853079_Replicated_replicable_and_relevant-target_engagement_and_pharmacological_experimentation_in_the_21st_Century PDF] Aces. Mar. 2015</ref> e as comparações devem ser realizadas com os devidos cuidados de equiparação de dose / equivalência para humanos e especificidade biológica das cobaias utilizadas,<ref>Minnesota Department of Health. MDH Health Risk Assessment Methods to Incorporate Human Equivalent Dose Calculations into Derivation of Oral Reference Doses. Environmental Surveillance and Assessment Section / Environmental Health Division, 651-201-4899, 651-201-5797 TDD. [http://www.health.state.mn.us/divs/eh/risk/guidance/hedrefguide.pdf Web Publication Date: May 2011] Aces. mar. 2015</ref> e mesmo os estudos em humanos estão sendo constantemente refeitos como pode ser visto pela quantidade de artigos realizados aqui citados.
Journal of Pharmacy Research 2009 Vol. 2 No. 5 pp. 789-791</ref> e da aveia (''[[Avena sativa]]'') que também possui alcaloides [[Indol|indólicos]] tipo [[betacarbolina]] com um efeito sedativo fraco semelhante ao da Passiflora.<ref>[http://www.emea.europa.eu European Medicines Agency] / Evaluation of Medicines for Human Use ASSESSMENT REPORT ON AVENA SATIVA L., HERBA AND AVENA SATIVA L., FRUCTUS, European Medicines Agency Doc. Ref. EMEA/HMPC/202967/2007 London, 2008 [http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Herbal_-_HMPC_assessment_report/2009/12/WC500017998.pdf PDF] Acesso Março, 2015</ref> Naturalmente novos estudos precisam ser realizados<ref>SANTOS Luiz Henrique L. Sobre a integridade ética da pesquisa. (texto de trabalho; FAPESP, abril de 2011) [http://www.fapesp.br/6566 FAPESP] Aces, Mar. 2015</ref><ref>Academy of Management Journal (Editors) Replication, Meta-Analysis, Scientific Progress, and AMJ’s Publication Policy. AMJ 2002, Vol. 45, No. 5, 841–846. [http://recanati-bs.tau.ac.il/Eng/_Uploads/dbsAttachedFiles/RP_230_Eden.pdf PDF] Aces. Mar. 2015</ref><ref>Kenakin T; Bylund DB; Toews ML; Mullane K; Winquist R; Williams M. Replicated, replicable and relevant-target engagement and pharmacological experimentation in the 21st century. Biochem Pharmacol. 2014 Jan 1;87(1):64-77. [http://www.researchgate.net/publication/258853079_Replicated_replicable_and_relevant-target_engagement_and_pharmacological_experimentation_in_the_21st_Century PDF] Aces. Mar. 2015</ref> e as comparações devem ser realizadas com os devidos cuidados de equiparação de dose / equivalência para humanos e especificidade biológica das cobaias utilizadas,<ref>Minnesota Department of Health. MDH Health Risk Assessment Methods to Incorporate Human Equivalent Dose Calculations into Derivation of Oral Reference Doses. Environmental Surveillance and Assessment Section / Environmental Health Division, 651-201-4899, 651-201-5797 TDD. [http://www.health.state.mn.us/divs/eh/risk/guidance/hedrefguide.pdf Web Publication Date: May 2011] Aces. mar. 2015</ref> e mesmo os estudos em humanos estão sendo constantemente refeitos como pode ser visto pela quantidade de artigos realizados aqui citados.


BOUSO et al, 2012, em um estudo longitudinal de um ano com usuários de ayahuasca regulares (n = 127) e controles (n = 115) afirma não ter encontrado evidências de desajuste psicológico, saúde mental deterioração ou disfunção cognitiva no grupo que utilizava ayahuasca.<ref>Bouso JC, González D, Fondevila S, Cutchet M, Fernández X, et al. (2012) Personality, Psychopathology, Life Attitudes and Neuropsychological Performance among Ritual Users of Ayahuasca: A Longitudinal Study. PLoS ONE 7(8): e42421. doi:10.1371 [http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0042421 www.plosone.org] acesso Nov. 2014</ref>
BOUSO et al, 2012, em um estudo longitudinal de um ano com usuários de ''ayahuasca'' regulares (n = 127) e controles (n = 115) afirma não ter encontrado evidências de desajuste psicológico, saúde mental deterioração ou disfunção cognitiva no grupo que utilizava ''ayahuasca''.<ref>Bouso JC, González D, Fondevila S, Cutchet M, Fernández X, et al. (2012) Personality, Psychopathology, Life Attitudes and Neuropsychological Performance among Ritual Users of Ayahuasca: A Longitudinal Study. PLoS ONE 7(8): e42421. doi:10.1371 [http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0042421 www.plosone.org] acesso Nov. 2014</ref>


Em estudo realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, a ayahuasca, administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduziu sinais relacionados ao pânico, diminuiu a desesperança e não alterou os sinais relacionados com a ansiedade.<ref>SANTOS, R.G., LANDEIRA-FERNANDEZ, J., STRASSMAN, R.J., MOTTA, V. & CRUZ, A.P.M. Effects of ayahuasca on psychometric measures of anxiety, panic-like and hopelessness in Santo Daime members. Journal of Ethnopharmacology, 112 (3): 507-513. 2007.</ref> Entretanto, outros estudos apontam episódios de ansiedade e paranóia mesmo em ambientes controlados,<ref>{{citar periódico|ultimo = Riba, J., and Barbanoj, M.J.|primeiro = |titulo = Tratado SET de Transtornos Adictivos|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 2006}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Riba, J., Rodrigues-Fornells, A., Urbano, G., Morte, A., Antonijoan, R., Monteiro, M., Callaway, J.C., and Barbanoj, M.J.|primeiro = |titulo = Psychopharmacology (Berl), 154, 85.|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2001}}</ref> e estudos dos efeitos da [[harmalina]] em ratos apontaram alterações na ansiedade, na reatividade emocional e no processo de tomada de decisão.<ref>{{citar periódico|ultimo = HILBER|primeiro = P.|titulo = Effects of harmaline on anxiety-related behavior in mice.|jornal = Physiol Behav. 2005 Sep 15;86(1-2):164-7.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16112150|acessadoem = }}</ref>
Em estudo realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, a ''ayahuasca'', administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduziu sinais relacionados ao pânico, diminuiu a desesperança e não alterou os sinais relacionados com a ansiedade.<ref>SANTOS, R.G., LANDEIRA-FERNANDEZ, J., STRASSMAN, R.J., MOTTA, V. & CRUZ, A.P.M. Effects of ayahuasca on psychometric measures of anxiety, panic-like and hopelessness in Santo Daime members. Journal of Ethnopharmacology, 112 (3): 507-513. 2007.</ref> Entretanto, outros estudos apontam episódios de ansiedade e paranóia mesmo em ambientes controlados,<ref>{{citar periódico|ultimo = Riba, J., and Barbanoj, M.J.|primeiro = |titulo = Tratado SET de Transtornos Adictivos|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 2006}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Riba, J., Rodrigues-Fornells, A., Urbano, G., Morte, A., Antonijoan, R., Monteiro, M., Callaway, J.C., and Barbanoj, M.J.|primeiro = |titulo = Psychopharmacology (Berl), 154, 85.|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2001}}</ref> e estudos dos efeitos da [[harmalina]] em ratos apontaram alterações na ansiedade, na reatividade emocional e no processo de tomada de decisão.<ref>{{citar periódico|ultimo = HILBER|primeiro = P.|titulo = Effects of harmaline on anxiety-related behavior in mice.|jornal = Physiol Behav. 2005 Sep 15;86(1-2):164-7.|doi = |url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16112150|acessadoem = }}</ref>


== Interações ==
== Interações ==
=== Interações com medicamentos e psicoativos ===
=== Interações com medicamentos e psicoativos ===
A ayahuasca contém em sua composição [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores da monoamina oxidase]] ( IMAOs) como a [[harmina]], que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um IMAO em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um [[SSRI]], tal como o [[Prozac]], pode levar ao coma e à morte.<ref>{{citar periódico|ultimo = STERNBACH|primeiro = H.|titulo = The Serotonin Syndrome|jornal = American Journal of Psychiatry 148:705-13|doi = |url = http://ajp.psychiatryonline.org/doi/abs/10.1176/ajp.148.6.705|acessadoem = }}</ref> A ayahuasca é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no [[fígado]] ou nos [[rins]],<ref>{{citar web|URL = https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=576&numeroEdicao=20|título = EFEITOS DA INGESTÃO DO CHÁ DA AYAHUASCA SOBRE O VOLUME RENAL EM RATOS|data = |acessadoem = |autor = Machado F R, Siéssere S, Regalo S C H, Hallak J E C.|publicado = Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP, SP}}</ref> [[dor de cabeça]] frequente ou severa, [[Hipertensão arterial|hipertensão]] descontrolada, [[doenças cardiovasculares]] e [[Doença cerebrovascular|doenças cerebrovasculares]], além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicado que a ayahuasca, por conter IMAO, seja combinada com [[mescalina]] ( como [[peiote]] ou [[wachuma]] ), [[5-MeO-DMT]], [[álcool]], [[erva-de-são-joão]], [[sal de lítio]], [[Piper methysticum|kava]], [[kratom]], [[anfetaminas]] ( como cafeína, [[ecstasy]], e [[cocaína]]), [[opiáceos]] ( como tramadol, codeína, morfina e [[heroína]] ), [[barbitúricos]], [[Descongestionante nasal|descongestionantes]] e remédios para problemas respiratórios, [[petidina]], [[levodopa]], [[dopamina]], [[carbamazepina]], [[dextrometorfano]], alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas [[droga simpaticomimética|simpaticomiméticas]] tais como a [[efedrina]] e a [[pseudoefedrina]], dentre outros compostos. Pelo menos 48 horas antes e depois da experiência, devem ser evitados [[camomila]], [[erva mate]], [[curcumina]], [[cúrcuma]], [[ginseng]], [[funcho]], [[noz-moscada]], [[alcaçuz]], dentre outras ervas.<ref>{{citar periódico|ultimo = SAVINELLI|primeiro = Alfred|titulo = MAOI Contraindications|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 6 Number 1 Autumn 1995 - p. 58|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n1/06158mao.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = https://www.erowid.org/chemicals/maois/maois_info3.shtml|título = Drugs to avoid with MAOIs - Erowid|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Callaway|primeiro = J.C.|titulo = Tryptamines, Beta-carbolines and You|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 4 Number 2|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v04n2/04230cal.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://ayahuascasafety.org/?page_id=13|título = Meds to avoid with Ayahuasca - Ayahuasca Safety Council|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
A ''ayahuasca'' contém em sua composição [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores da monoamina oxidase]] (IMAOs) como a [[harmina]], que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um IMAO em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um [[SSRI]], tal como o [[Prozac]], pode levar ao coma e à morte.<ref>{{citar periódico|ultimo = STERNBACH|primeiro = H.|titulo = The Serotonin Syndrome|jornal = American Journal of Psychiatry 148:705-13|doi = |url = http://ajp.psychiatryonline.org/doi/abs/10.1176/ajp.148.6.705|acessadoem = }}</ref> A ''ayahuasca'' é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no [[fígado]] ou nos [[rins]],<ref>{{citar web|URL = https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=576&numeroEdicao=20|título = EFEITOS DA INGESTÃO DO CHÁ DA AYAHUASCA SOBRE O VOLUME RENAL EM RATOS|data = |acessadoem = |autor = Machado F R, Siéssere S, Regalo S C H, Hallak J E C.|publicado = Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP, SP}}</ref> [[dor de cabeça]] frequente ou severa, [[Hipertensão arterial|hipertensão]] descontrolada, [[doenças cardiovasculares]] e [[Doença cerebrovascular|doenças cerebrovasculares]], além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicado que a ''ayahuasca'', por conter IMAO, seja combinada com [[mescalina]] (como [[peiote]] ou [[wachuma]]), [[5-MeO-DMT]], [[álcool]], [[erva-de-são-joão]], [[sal de lítio]], [[Piper methysticum|kava]], [[kratom]], [[anfetaminas]] (como cafeína, [[ecstasy]], e [[cocaína]]), [[opiáceos]] (como tramadol, codeína, morfina e [[heroína]]), [[barbitúricos]], [[Descongestionante nasal|descongestionantes]] e remédios para problemas respiratórios, [[petidina]], [[levodopa]], [[dopamina]], [[carbamazepina]], [[dextrometorfano]], alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas [[droga simpaticomimética|simpaticomiméticas]] tais como a [[efedrina]] e a [[pseudoefedrina]], dentre outros compostos. Pelo menos 48 horas antes e depois da experiência, devem ser evitados [[camomila]], [[erva mate]], [[curcumina]], [[cúrcuma]], [[ginseng]], [[funcho]], [[noz-moscada]], [[alcaçuz]], dentre outras ervas.<ref>{{citar periódico|ultimo = SAVINELLI|primeiro = Alfred|titulo = MAOI Contraindications|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 6 Number 1 Autumn 1995 - p. 58|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n1/06158mao.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = https://www.erowid.org/chemicals/maois/maois_info3.shtml|título = Drugs to avoid with MAOIs - Erowid|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Callaway|primeiro = J.C.|titulo = Tryptamines, Beta-carbolines and You|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 4 Number 2|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v04n2/04230cal.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://ayahuascasafety.org/?page_id=13|título = Meds to avoid with Ayahuasca - Ayahuasca Safety Council|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


Estudos apontam que os IMAOs presentes na ayahuasca são seguros se for ingerida [[tiramina]] anteriormente ao uso,<ref>{{citar periódico|ultimo = OTT|primeiro = Jonathan|titulo = Pharmahuasca: On Phenethylamines and Potentiation|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies, Volume 6 Number 3 Summer 1996 - pp 32-34|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n3/06332ott.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.lycaeum.org/~sputnik/Drugs/Misc/maoidisc.html|título = MAO-Inhibitors, a discussion - Lycaeum|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> sem que exista perigo de crises hipertensivas. Recomenda-se, entretanto, que alimentos contendo tiramina não sejam ingeridos 12h antes e 24h depois do uso.<ref>{{citar jornal |autor=YOUDIM M B, WEINSTOCK M |titulo=Therapeutic applications of selective and non-selective inhibitors of monoamine oxidase A and B that do not cause significant tyramine potentiation |jornal=Neurotoxicology |volume=25 |numero=1–2 |paginas=243–50 |ano=2004 |pmid=14697899 |doi=10.1016/S0161-813X(03)00103-7 }}</ref>
Estudos apontam que os IMAOs presentes na ''ayahuasca'' são seguros se for ingerida [[tiramina]] anteriormente ao uso,<ref>{{citar periódico|ultimo = OTT|primeiro = Jonathan|titulo = Pharmahuasca: On Phenethylamines and Potentiation|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies, Volume 6 Number 3 Summer 1996 - pp 32-34|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n3/06332ott.html|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar web|URL = http://www.lycaeum.org/~sputnik/Drugs/Misc/maoidisc.html|título = MAO-Inhibitors, a discussion - Lycaeum|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> sem que exista perigo de crises hipertensivas. Recomenda-se, entretanto, que alimentos contendo tiramina não sejam ingeridos 12h antes e 24h depois do uso.<ref>{{citar jornal |autor=YOUDIM M B, WEINSTOCK M |titulo=Therapeutic applications of selective and non-selective inhibitors of monoamine oxidase A and B that do not cause significant tyramine potentiation |jornal=Neurotoxicology |volume=25 |numero=1–2 |paginas=243–50 |ano=2004 |pmid=14697899 |doi=10.1016/S0161-813X(03)00103-7 }}</ref>


Pessoas que estejam tomando antidepressivos de qualquer classe não devem tomar ayahuasca, e devem consultar um médico para saber quando poderão tomá-la, após interrompido o uso do medicamento. Talvez o maior perigo na interação de antidepressivos com ayahuasca seja a ocorrência de um quadro de [[Síndrome da serotonina|síndrome serotoninérgica]], ainda que num grau leve a moderado.<ref>SANTOS, Rafael Guimarães Ayahuasca: Neuroquímica farmacologia. SMAD. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas 2007 v 3 , nº 1 [[Peru|PDF]] Cosulta Nov. 2013</ref>
Pessoas que estejam tomando antidepressivos de qualquer classe não devem tomar ''ayahuasca'', e devem consultar um médico para saber quando poderão tomá-la, após interrompido o uso do medicamento. Talvez o maior perigo na interação de antidepressivos com ''ayahuasca'' seja a ocorrência de um quadro de [[Síndrome da serotonina|síndrome serotoninérgica]], ainda que num grau leve a moderado.<ref>SANTOS, Rafael Guimarães Ayahuasca: Neuroquímica farmacologia. SMAD. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas 2007 v 3 , nº 1 [[Peru|PDF]] Cosulta Nov. 2013</ref>


Pode haver interação também com [[Anti-histamínico|anti-histamínicos:]] [[calmante]]s, como [[Benzodiazepina|benzodiazepínicos]], podem potencializar os efeitos [[sedativo]]s, como também podem os [[anestésico]]s. [[Diurético]]s potencializam as alterações na pressão sanguínea. A combinação com [[Vasodilatadores diretos|vasodilatadores]] resulta em risco de crises de pânico e desmaios.<ref>{{citar web|URL = http://ayahuascasafety.org/?page_id=13|título = Ayahuasca Safety Council|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>
Pode haver interação também com [[Anti-histamínico|anti-histamínicos:]] [[calmante]]s, como [[Benzodiazepina|benzodiazepínicos]], podem potencializar os efeitos [[sedativo]]s, como também podem os [[anestésico]]s. [[Diurético]]s potencializam as alterações na pressão sanguínea. A combinação com [[Vasodilatadores diretos|vasodilatadores]] resulta em risco de crises de pânico e desmaios.<ref>{{citar web|URL = http://ayahuascasafety.org/?page_id=13|título = Ayahuasca Safety Council|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>


Após o transporte da ''ayahuasca'' a contextos urbanos, ela passou a ser utilizada por alguns grupos junto a psicoativos desconhecidos em seu contexto tradicional, sendo mais frequente o uso da planta [[Cannabis sativa]]. Os impactos destas combinações sobre o organismo são pouco conhecidos, quando não completamente desconhecidos pelos estudos científicos; mas pesquisadores apontam que a interação entre a ayahuasca e a maconha apresenta maior riscos de produzir problemas cardíacos, surtos psicóticos, ataques de pânico e crises de ansiedade, do que quando estas substâncias são consumidas isoladamente.<ref>{{citar periódico|ultimo = DOS SANTOS|primeiro = R.G.|titulo = 6. Possible risks and interactions of the consumption of ayahuasca and cannabis in humans|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca, 2011: 87-95|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998352676%20Rafael.pdf|acessadoem = }}</ref>
Após o transporte da ''ayahuasca'' a contextos urbanos, ela passou a ser utilizada por alguns grupos junto a psicoativos desconhecidos em seu contexto tradicional, sendo mais frequente o uso da planta [[Cannabis sativa]]. Os impactos destas combinações sobre o organismo são pouco conhecidos, quando não completamente desconhecidos pelos estudos científicos; mas pesquisadores apontam que a interação entre a ''ayahuasca'' e a maconha apresenta maior riscos de produzir problemas cardíacos, surtos psicóticos, ataques de pânico e crises de ansiedade, do que quando estas substâncias são consumidas isoladamente.<ref>{{citar periódico|ultimo = DOS SANTOS|primeiro = R.G.|titulo = 6. Possible risks and interactions of the consumption of ayahuasca and cannabis in humans|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca, 2011: 87-95|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998352676%20Rafael.pdf|acessadoem = }}</ref>


=== Interações neurofisiológicas ===
=== Interações neurofisiológicas ===
Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de [[pânico]]. A hipótese sobre o desencadeamento de um quadro de [[ansiedade]] crônica ou [[síndrome do pânico]] vem sido discutida.<ref>{{citar livro|título=The Ethnopharmacology of Ayahuasca|ano=2011|isbn=978-81-7895-526-1|páginas=87-95|url=http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998352676%20Rafael.pdf|editor=Rafael Guimarães dos Santos}}</ref>
Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de [[pânico]]. A hipótese sobre o desencadeamento de um quadro de [[ansiedade]] crônica ou [[síndrome do pânico]] vem sido discutida.<ref>{{citar livro|título=The Ethnopharmacology of Ayahuasca|ano=2011|isbn=978-81-7895-526-1|páginas=87-95|url=http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998352676%20Rafael.pdf|editor=Rafael Guimarães dos Santos}}</ref>


O consumo da bebida pode também desencadear quadros [[psicose|psicóticos]] em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como [[transtorno bipolar]] e [[esquizofrenia]].<ref>SANTOS, R.G. & STRASSMAN, R.J. [http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998353067%20Rafael.pdf Ayahuasca and Psychosis.] ''British Journal of Psychiatry'', 3 de dezembro de 2008. [http://bjp.rcpsych.org/letters/?first-index=561&hits=80#bjrcpsych_el_22556]</ref> Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos ( 2,1% ) sendo que 7 eram reações psicóticas ( 0,73% ).<ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et cols.|primeiro = |titulo = Rev. Bras. Psiquiatr., 24 (2 Suppl.).|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2002}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et. cols.|primeiro = |titulo = XVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 1997}}</ref> Observe-se que a incidência de psicoses na população brasileira situa-se em torno de 1% <ref>Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde. Divisão Nacional de Saúde Mental. Princípios de epidemiologia para profissionais de saúde mental/Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde, Divisão Nacional de Saúde Mental. - Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1989.</ref>
O consumo da bebida pode também desencadear quadros [[psicose|psicóticos]] em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como [[transtorno bipolar]] e [[esquizofrenia]].<ref>SANTOS, R.G. & STRASSMAN, R.J. [http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998353067%20Rafael.pdf Ayahuasca and Psychosis.] ''British Journal of Psychiatry'', 3 de dezembro de 2008. [http://bjp.rcpsych.org/letters/?first-index=561&hits=80#bjrcpsych_el_22556]</ref> Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos (2,1%) sendo que 7 eram reações psicóticas (0,73%).<ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et cols.|primeiro = |titulo = Rev. Bras. Psiquiatr., 24 (2 Suppl.).|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2002}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et. cols.|primeiro = |titulo = XVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 1997}}</ref> Observe-se que a incidência de psicoses na população brasileira situa-se em torno de 1% <ref>Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde. Divisão Nacional de Saúde Mental. Princípios de epidemiologia para profissionais de saúde mental/Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde, Divisão Nacional de Saúde Mental. - Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1989.</ref>


A ayahuasca é contraindicada para pessoas com [[transtorno bipolar]] (antes referida como psicose maníaco-depressiva).<ref>{{citar web|URL = http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2010/04/26/pesquisas-testam-potencial-beneficio-da-ayahuasca-contra-depressao-e-dependencia.htm|título = Pesquisas testam potencial benefício da ayahuasca contra depressão e dependência|data = |acessadoem = |autor = Jaime Hallak|publicado = UOL Notícias - Ciência|citação = }}</ref> Os [[alcaloides]] inibidores de [[monoamina oxidase]] presentes na bebida, como a [[harmina]] e [[harmalina]], têm efeito análogo a alguns [[antidepressivo]]s, como a [[moclobemida]] (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores de monoamino oxidase]], sejam [[inibidor selectivo de recaptação de serotonina|inibidores seletivos de recaptação de serotonina]] ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de [[mania]] nos casos de transtorno bipolar.<ref>{{citar web|URL = http://www.webmd.com/bipolar-disorder/news/20070315/antidepressants-risky-for-biopolar-disorder?query=|título = Antidepressants Risky for Bipolar II? Researcher Says Doctors Often Give Wrong Treatment for a Type of Bipolar Disorder|data = |acessadoem = |autor = |publicado = WebMD}}</ref>
A ''ayahuasca'' é contraindicada para pessoas com [[transtorno bipolar]] (antes referida como psicose maníaco-depressiva).<ref>{{citar web|URL = http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2010/04/26/pesquisas-testam-potencial-beneficio-da-ayahuasca-contra-depressao-e-dependencia.htm|título = Pesquisas testam potencial benefício da ayahuasca contra depressão e dependência|data = |acessadoem = |autor = Jaime Hallak|publicado = UOL Notícias - Ciência|citação = }}</ref> Os [[alcaloides]] inibidores de [[monoamina oxidase]] presentes na bebida, como a [[harmina]] e [[harmalina]], têm efeito análogo a alguns [[antidepressivo]]s, como a [[moclobemida]] (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores de monoamino oxidase]], sejam [[inibidor selectivo de recaptação de serotonina|inibidores seletivos de recaptação de serotonina]] ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de [[mania]] nos casos de transtorno bipolar.<ref>{{citar web|URL = http://www.webmd.com/bipolar-disorder/news/20070315/antidepressants-risky-for-biopolar-disorder?query=|título = Antidepressants Risky for Bipolar II? Researcher Says Doctors Often Give Wrong Treatment for a Type of Bipolar Disorder|data = |acessadoem = |autor = |publicado = WebMD}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
[[Imagem:Urarina shaman B Dean.jpg|thumb|direita|[[Xamã]] [[urarina]] em 1988]]
[[Imagem:Urarina shaman B Dean.jpg|thumb|direita|[[Xamã]] [[urarina]] em 1988]]
{{commonscat|Ayahuasca}}
{{commonscat|Ayahuasca}}
* [[Santo Daime]]
* Ayahuasca YUNI
*[[Santo Daime]]
* [[Jurema (bebida)]]
* [[Jurema (bebida)]]
* [[Cefluris|CEFLURIS]]
* [[Cefluris|CEFLURIS]]
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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
* Alberto R. Gonzales, Procurador Geral e outros v. Centro Espírita Beneficente União do Vegetal e outros. Trad. André Fagundes. '''Revista Publicum'''. Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 323-341. 2018. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/publicum/article/view/33892>. Acesso em 02 out. 2020.
* Alberto R. Gonzales, Procurador Geral e outros v. Centro Espírita Beneficente União do Vegetal e outros. Trad. André Fagundes. '''Revista Publicum'''. Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p.&nbsp;323-341. 2018. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/publicum/article/view/33892>. Acesso em 02 out. 2020.
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* [http://www.archive.org/stream/notesofbotanisto00spruuoft/notesofbotanisto00spruuoft_djvu.txt WALLACE A.R. (ed) and SPRUCES R. Notes of a botanist on the Amazon and the Andes... during the years 1849-1864 by Richard Spruce PhD]
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* [http://www.archive.org/details/narrativeoftrave00wall WALLACE, ALFRED RUSSEL. A narrative of travels on the Amazon and Rio Negro: with an account of the native tribes, and observations of the climate, geology, and natural history of the Amazon Valley (1889)]
* [http://www.archive.org/details/narrativeoftrave00wall WALLACE, ALFRED RUSSEL. A narrative of travels on the Amazon and Rio Negro: with an account of the native tribes, and observations of the climate, geology, and natural history of the Amazon Valley (1889)]
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Edição atual tal como às 15h08min de 15 de julho de 2024

 Nota: Este artigo é sobre a bebida. Para a planta da qual a mesma é produzida, veja Banisteriopsis caapi.
Garrafa contendo ayahuasca

Ayahuasca[1] (do quíchua aya, que significa 'morto, defunto, espírito', e waska, 'cipó', podendo ser traduzido como "cipó do morto" ou "cipó do espírito"[2]), também conhecida como hoasca, daime, iagê,[3] santo-daime e vegetal,[4] é uma bebida enteógena produzida a partir da combinação da videira Banisteriopsis caapi com várias plantas, em particular a Psychotria viridis e a Diplopterys cabrerana.

A produção e o consumo da bebida são difundidos no mundo todo, em especial nos países ocidentais.[5] A ayahuasca é, frequentemente, associada a rituais de diferentes grupos sociais e religiões, além de fazer parte da medicina tradicional dos povos da Amazônia.[6]

Os dois componentes da bebida
Ayahuasca sendo preparada na região de Iquitos, no Peru

O nome ayahuasca pode designar tanto a liana Banisteriopsis spp. quanto a bebida. Entre as traduções para esse nome, estão "cipó do homem morto" (aya significando "espírito, morto ou ancestral" e huasca significa "vinha ou corda"), "liana das almas", "cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte", "vinho da alma". Os nomes além do significado literal referem-se a elementos de significação cultural, a exemplo de "professor dos professores", "planta professora", entre outros.

Na tabela a seguir, são descritos os diversos nomes atribuídos à bebida pelos grupos que a consomem:

Grupo Cipó Folha Bebida
Barquinha jagube chacrona Santo Daime, Daime,

Luz, Santa Luz.

Cefluris jagube rainha Santo Daime, Daime
Ciclu - Alto Santo jagube chacrona Santo Daime, Daime[7]
União do Vegetal mariri chacrona Vegetal, Hoasca

Nomes indígenas

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História do uso indígena

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Era utilizada pelos incas ou, melhor, pelo complexo histórico cultural assim denominado. Segundo Darcy Ribeiro,[11] apesar das diferenciações linguísticas e das variantes culturais e nacionais, o bloco inteiro deve ser encarado como uma só macro-etnia: a neo-incaica. Numa avaliação que fez em 1960, publicada no livro "As Américas e a civilização", encontrou-se uma população de 15,5 milhões de habitantes, na área montanhosa de 3 000 quilômetros de extensão que vai do Norte do Chile ao Sul da Colômbia, cobrindo os atuais territórios da Bolívia, Peru e Equador. Destes, 7,5 milhões são considerados indígenas, 3 milhões, brancos por autodefinição e 5 milhões de mestiços.

Os primeiros relatos do uso indígena de ayahuasca, no Ocidente, são dos missionários jesuítas Pablo Maroni em 1737 e Franz Xaver Veigl em 1768, que descreveram um cipó (liana) conhecido como ayahuasca, "usado para adivinhação, mistificação e enfeitiçamento", enquanto estiveram no Rio Napo.[12] Estima-se entretanto que populações indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente cinco mil anos,[13][14] oito mil anos[15] ou pelo menos 3.500 anos.[16][17]

A ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e ainda por pelo menos 72 diferentes tribos indígenas da Amazônia.[18][19] Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa datação, os realizados pelo etnógrafo equatoriano Plutarco Naranjo, que sumarizou a pouca informação disponível sobre a pré-história da ayahuasca a partir de evidências arqueológicas abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e outros artefatos.[20]

Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias, governamentais, e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC - Unión de Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias: inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.

Visão religiosa da ayahuasca

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Contexto médico-científico

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Antropólogos e adeptos religiosos frequentemente desaprovam o uso do termo "alucinógeno" para descrever a ayahuasca.[21][22][23] Propõe-se o termo enteógeno (grego en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos. Contudo, a categorização científica da ayahuasca, enquanto substância, sem levar em consideração qualquer contexto de uso, é de um "alucinógeno" ou "psicodélico". Para a farmacologia, do ponto de vista bioquímico, ele denota a substância como um alterador da percepção e da cognição que age sobre os receptores de serotonina, igual o LSD. Mas ressalta-se que, para compreender seus efeitos psíquicos ou subjetivos, não se pode ignorar as crenças e contexto social de uso.[24]

A controvérsia "enteógeno × alucinógeno" ocorre devido à conotação negativa que este último termo adquiriu em seu uso nos meios sociais e nos meios de comunicação. O etnofarmacologista Dennis McKenna, tendo em vista essa controvérsia, considera tanto o termo alucinógeno quanto o termo enteógeno como inadequados para descrever a ayahuasca, e diz preferir o termo "remédio xamânico" (no original inglês "shamanic medicine").[25]

Pesquisadores de medicina indígena, sistemas etnomédicos e adeptos religiosos consideram a possibilidade e/ou atribuem à substância propriedades curativas. Nas religiões tradicionais do Brasil e entre curandeiros "mestizos" da região andina, por exemplo, acredita-se que a ayahuasca é capaz de desintoxicar (purgar), reativar órgãos danificados e propiciar melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. O Mestre Irineu, fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo, dizia que o seu daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.[26] Entretanto, ele também dizia que "o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime",[27] e proibiu o proselitismo da bebida para os seus seguidores.

O mito fundador dos Kaxinawá mostra a ayahuasca como agente curativo e dissipador de ilusões.[28][29][30][31]

Religiões brasileiras "tradicionais"

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O uso da ayahuasca se expandiu pela América do Sul e outras partes do mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos a União do Vegetal (1961), o Santo Daime (1930-1945, apesar de registrada somente em 1971) e a Barquinha (1945), além de dissidências destas e grupos (centros, núcleos ou igrejas) independentes que o consagram em seus rituais.[32][33][34][35]

Ayahuasca sendo cozida na Região de Iquitos, no Peru

Neo-ayahuasqueiros

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Entre as comunidades ayahuasqueiras, os grupos e organizações religiosas de formação mais recente têm sido denominados como ecléticos ou neo-ayahuasqueiros. Ainda estão para ser realizados estudos mais aprofundados sobre a dimensão quantitativa, socioantropológica e jurídica dessa extensão, como proposto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.[36] Segundo Labate[37] os grupos neo-ayahuasqueiros formam uma interseção entre os que compõem o universo da "Nova Era" e suas matrizes (de inspiração nas religiões orientais, neoxamanismo e holismo) e o universo das religiões ayahuasqueiras tradicionais. Entre esses grupos, podemos citar: Centro espiritual Estrela de Salomão, Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal Luz Paz e Amor (criada por Joaquim José de Andrade Neto; uma das inúmeras dissidências da Verdadeira UDV - União do Vegetal), Núcleo Espiritual Rosa de Luz, Centro de Desenvolvimento Integral Luz do Vegetal, Centro Terapêutico Caminho do Coração, Irmandade Beneficente Natureza Divina, Templo Mãe d'Água, Escola da Rainha - Reino do Sol, Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor (fundado pelo Mestre Francisco), Família Jarinu, Atlântida - Amor e Evolução (desenvolvida por Marcos Terra) em Brasília entre outros.

Pintura inspirada em estados de consciência induzidos pelo uso do chá, são retratados elementos das culturas amazônicas relacionados aos usos ritualísticos no consumo da ayahuasca.

A proibição do proselitismo é observada quase que universalmente entre os grupos neo-ayahuasqueiros. Há divergências, porém, na permissão ou condenação da venda das plantas que compõem o chá, ou do próprio chá, entre grupos organizados ou indivíduos a eles coligados, e também há divergências sobre a permissão da posse individual da bebida aos membros de grupos.[38] Os grupos variam entre si largamente na frequência de uso, indo de quinzenal a diário ou quase diário, na potência da bebida e quantidade ingerida por sessão, no nível de preparo pessoal necessário, como na exigência ou não, nos dias mais próximos aos rituais, da dieta, que pode incluir abstinência sexual e/ou jejuns ou alimentação controlada.[39]

Grupos e religiões não ayahuasqueiros

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  • Após 18 anos de estudos, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas[40] do Brasil retirou, em 23 de novembro de 2006, a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas definitivamente. A ayahuasca já havia sido excluída desta lista em caráter provisório desde setembro de 1987.[41] Em 25 de janeiro de 2010, o Governo Brasileiro dispôs, através da Resolução n. 1 de 2010 do CONAD[42], a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o plantio, o preparo e a ministração da bebida com o fim de auferir lucro, a prática do comércio, a exploração turística da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica privativa de profissão regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas científicas, o curandeirismo, a propaganda, e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental dos indivíduos. O cadastramento das entidades que utilizam a ayahuasca é facultativo.[43][44]
  • A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu (em 20 de fevereiro de 2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do Novo México de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos. O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo Religious Freedom Restoration Act, aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto peiote (cujo princípio ativo é a mescalina) pela Native American Church — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.
  • O Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes (OICE), órgão de fiscalização independente e quase-judicial criado para monitorar a implementação das Convenções Internacionais das Nações Unidas (ONU) de controle de drogas, afirmou em 2001 através de um fax do seu Secretário enviado ao Ministro de Saúde Pública dos Países Baixos que as bebidas preparadas a partir das plantas que compõem a ayahuasca não são substâncias controladas nos termos da Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas das Nações Unidas de 1971,[45] cuja autoridade jurídica o governo brasileiro reconhece no Decreto no. 154 de 26 de junho de 1991.[46] Em relatório anual de 2010, o OICE afirmou que há riscos para a saúde no uso abusivo da ayahuasca, e aconselhou os governos a adicionarem a bebida à lista de substâncias controladas em populações onde ocorra o uso fora de contextos tradicionais, como o uso recreativo ou a compra e venda da bebida e das plantas que a compõem.[47]
  • O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional analisa transformar a ayahuasca em patrimônio imaterial da cultura brasileira, a pedido do então ministro Gilberto Gil e das religiões que comungam da bebida. No Peru, a bebida foi declarada patrimônio cultural da nação a partir de 2008.[48]
Estrutura da molécula de DMT
Molécula de DMT

Cientificamente, a propriedade psicoativa da ayahuasca se deve à presença, nas folhas da chacrona, de uma substância denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no organismo humano. O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima monoamina oxidase (MAO). O caapi possui alcaloides capazes de inibir os efeitos da MAO e, assim, evitar a oxidação da molécula de DMT, o que a tornaria inativa. Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral, tendo sua ação prolongada.[49][50][51]

Os harmanos são as betacarbolinas inibidoras de monoamina oxidase. A harmina e a harmalina têm preferência pela inibição da enzima MAO-A, e, em altas doses, podem passar a inibir a MAO-B, enquanto a tetraidroarmina (THH) é, além de um inibidor da monoamina oxidase, um inibidor da recaptação de serotonina de baixa intensidade, prolongando, assim, a meia-vida da molécula de DMT.[52] Estes compostos permitem que as moléculas de DMT não sejam metabolizadas, e assim atravessem a mucosa do estômago e do intestino para que, então atravessando a barreira hematoencefálica, possam chegar aos seus receptores correspondentes no cérebro.[53] Polimorfismos na enzima citocromo P450-2D6 podem afetar a capacidade de um indivíduo de metabolizar a harmina.[54]

A ayahuasca provoca alucinações entópticas (fosfenos), originadas entre o nervo óptico e o córtex cerebral, que se encaixam em padrões geométricos previsíveis, como mandalas, podendo também lembrar formas do mundo natural, como flores. Isto ocorre porque o agonismo de receptores 5-HT2A abaixa a pressão ocular, naturalmente produzindo fosfenos. Ela também provoca alucinações eidéticas, as chamadas visões, originadas no hipocampo e no lobo temporal mesial, associadas à alta neuromodelação de acetilcolina. Sob o efeito da ayahuasca, um ambiente escuro e o repouso corporal potencializam alucinações eidéticas porque auxiliam as betacarbolinas (que são hipnóticos) na indução do estado hipnagógico, aquele estado transitório entre a vigília e o sono, no qual aumenta a atividade colinérgica.

Conforme a dose se eleva, há maior tendência de ocorrerem alucinações erráticas, estas definidas como alterações na percepção do espaço, principalmente do contorno e tamanho de formas, e da passagem do tempo. O caapi e a chacrona potencializam-se reciprocamente. As betacarbolinas, por seus efeitos hipnóticos, induzem ondas cerebrais que favorecem as alucinações eidéticas, produzidas em maior potencial pela DMT, e as ondas induzidas pela DMT favorecem as alucinações entópicas, produzidas em maior potencial pelas betacarbolinas. Estas alucinações são bastante fluídas: uma alucinação eidética pode formar-se gradualmente a partir de elementos de uma entópica, e pode facilmente esvair-se, transformar-se em outra.[55][56]

A jurema funciona através de método análogo à ayahuasca. Ela contém N,N-DMT e Juremamina, a qual atua como inibidor de MAO.[57]

Formas de preparação

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Preparação do chá ayahuasca

Segundo Strassman,[58] e outros autores[59][60] a ayahuasca é uma das várias infusões ou decocções psicoativas preparada a partir de Banisteriopsis spp. As bebidas resultantes são farmacologicamente complexas e utilizadas com propósitos etnomédicos distintos e xamânico-religiosos. Para Strassman (o.c.), é uma questão aberta se a hoasca deve ser considerada como uma infusão medicinal xamânica ou se deve ser considerada como uma medicina tradicional ao lado, por exemplo, da medicina ayurvédica ou tibetana. Etnobiólogos ocidentais, como Jonathan Ott, já registraram uma variedade de 200 a 300 plantas diferentes utilizadas no seu preparo.[61]

Embora a ayahuasca seja produzida a partir do cipó Banisteriopsis caapi e das folhas do arbusto Psychotria viridis, em alguns grupos indígenas e neo-ayahuasqueiros, outras plantas psicoativas, junto a outras psiquicamente inativas, podem ser adicionadas à mistura. Em alguns contextos indígenas, por exemplo, pode ser adicionadas folhas de tabaco, coca ou guaraná; cactos como peiote ou São Pedro, a chaliponga (Diplopterys cabrerana), que além da N,N-DMT, contém 5-MeO-DMT, ou até mesmo a trombeta (Brugmansia suaveolens) conhecida pelos indígenas como Toé. O cipó exibe várias variedades: são conhecidas mais de 40, sendo as mais famosas a tucunacá e a caupuri.[62][necessário verificar] As variedades de cipó variam tanto em aspecto quanto na natureza dos seus efeitos cognitivos, e a sua proporção junto à folha varia conforme o contexto cultural. Os métodos para preparo, portanto, diferem muito em relação à ocasião ou a cultura local.[63]

Mariri florando. Banisteriopsis caapi

A chacrona precisa do caapi para ser oralmente ativa, mas o caapi não precisa da chacrona, e exerce efeitos psicoativos por si próprio. A bebida preparada apenas a partir do cipó também é chamada de ayahuasca. Ela é utilizada deste modo em algumas culturas, como entre os Piaroa na Venezuela.[64]

As proporções entre a dimetiltriptamina e as betacarbolinas variam largamente na bebida final. Embora o cipó apresente apenas traços de harmalina,[65] com proporção de 1:200 entre harmina e harmalina, um estudo que realizou a cromatografia da bebida chegou a encontrar proporções de quase 2 para 1 para 1 para 1 entre, respectivamente, THH, DMT, harmalina e harmina, em bebida preparada na União do Vegetal.[66] Bebidas coletadas de indígenas e outros centros exibem proporções como 1:32 ou 1:490 entre harmina e harmalina. O modo de preparo, portanto, é o que parece determinar a concentração dos componentes na bebida final. O momento da colheita das folhas de chacrona também é um fator determinante: a concentração de DMT nas folhas atinge o ápice durante o pôr-do-sol e começo da noite, decai à metade deste ápice até a meia-noite, atinge novamente altos níveis durante a madrugada e retorna a baixos níveis durante os trechos mais quentes do dia.[67]

Efeitos fisiológicos

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Durante a sua ação, a bebida provoca aumento do diâmetro pupilar, da frequência respiratória, da pressão arterial, tanto diastólica quanto sistólica; e aumenta drasticamente as respostas neuroendócrinas para prolactina,cortisol e hormônio do crescimento plasmático. Estas são ações típicas da N,N-DMT, ou de qualquer outro psicoativo que também atue sobre os receptores 5-HT,[68] tal como a LSD ou a psilocina. Esta ação pode gerar sensações de queda de pressão, de súbito frio ou de calor, e ainda, tremores.

A ocorrência de náuseas, vômitos e diarreias pode estar associada à ação da bebida sobre o receptor 5-HT2.[69] Outros efeitos específicos são o aumento da empatia, a diminuição da fome e um aumento na acuidade da visão noturna.[70]

Devido à presença da harmina no caapi, a ayahuasca tem ação afrodisíaca, provocando um aumento do vigor e do desejo sexual em seus usuários.[71][72] A N,N-DMT, presente na chacrona, também pode ter um papel nesta ação: estudos com 5-MeO-DMT apontaram efeitos de estimulante sexual quando agia sobre receptores 5-HT2 e de inibidor sexual quando agia sobre receptores 5-HT1. A ação inibitória desta triptamina foi potencializada com a elevação da sua dose.[73][74]

A bebida altera a natureza dos sonhos, que podem alterar em conteúdo, modo de apresentação e intensidade, causando um aumento no realismo das sensações oníricas.[75][76]

Podem ocorrer sensações de distorção das percepções normais de espaço-tempo. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é normalmente relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à N,N-DMT presente na ayahuasca, como a 4-HO-DMT ou psilocina, presente nos cogumelos mágicos.[77] Os cogumelos também se diferenciam da ayahuasca na natureza das visões, por induzirem ao riso e por alterarem a clareza dos pensamentos,[78] características que também podem ocorrer sob altas doses de cannabis.

Os usuários de ayahuasca costumam relatar fenômenos parapsíquicos com seu uso, como a clarividência, devido a percepção de tempo alterada. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências telepáticas. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à harmina, presente no caapi, foi Telepathine.[79]

Ao contrário de outras triptaminas, como a LSD e os cogumelos mágicos, os efeitos da ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida. Após cessado o uso, podem acontecer flashbacks, isto é, alguns dos efeitos voltarem, muitas horas após terem cessado.[80]

Efeitos cognitivos

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Segundo os relatos dos usuários, a Ayahuasca produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez" ou êxtase. O estado alterado pode se dar por visões interiores. Em doses baixas ou moderadas, o usuário consegue distinguir tais visões ou "mirações" pessoais do que vê externamente com seus olhos; em altas doses, estas visões podem se sobrepôr e se misturar ao que vê com olhos abertos, e a percepção de objetos externos também pode se alterar: é comum nestas doses, por exemplo, ver os dedos das mãos em forma diferente do real.[81]

Segundo algumas linhas tradicionais de uso, a ingestão dessa bebida pode provocar a absorção ou contato com o "Espírito da Planta" ou com uma "Planta Professora".[82][83] Usuários relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as emoções tornarem-se mais profundos. A experiência vivenciada é a de poder mover-se em muitas dimensões: "o voo da alma", uma sensação de partida do espírito do corpo físico, para partir rumo a viagens astrais.[84] Nestas viagens, ocorre a exploração tanto de novos aspectos do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da percepção corrente. O usuário pode experienciar a sensação de ser colocado na situação de espectador externo de seus próprios atos, de tal modo que é chamado a um exame de consciência. Esta experiência pode ser bastante súbita e violenta, sendo chamada pelos adeptos religiosos de "apanhar","peia",[85] "cacete",[86]"chicote", dentre outros termos.

A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, insights, produzir catarses e conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de animais, plantas e flores, mandalas, cidades, de espíritos elementais, de cenas que podem ser interpretadas como lembranças de vidas passadas, ou de divindades. É possível que a experiência induza a lembrança de memórias esquecidas ou muito recuadas no tempo, como aquelas da primeira infância. Entretanto, também é possível que produza visões de aspectos desagradáveis ou reprimidos do subconsciente, ou de entidades de aspecto perturbador, como demônios. Usuários acreditam que abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso ao inconsciente numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da neuropsicologia e da estética.[87][88][89][90][91][92][93]

Potencial terapêutico

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No Brasil, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD) emitiu a Resolução n.1 de 2010[42] que determina que "Qualquer prática que implique utilização de Ayahuasca com fins estritamente terapêuticos, quer seja da substância exclusivamente, quer seja de sua associação com outras substâncias ou práticas terapêuticas, deve ser vedada, até que se comprove sua eficiência por meio de pesquisas científicas realizadas por centros de pesquisa vinculados a instituições acadêmicas, obedecendo às metodologias científicas. Desse modo, o reconhecimento da legitimidade do uso terapêutico da Ayahuasca somente se dará após a conclusão de pesquisas que a comprovem. Com fundamento nos relatos dos representantes das entidades usuárias, verificou-se que as curas e soluções de problemas pessoais devem ser compreendidas no mesmo contexto religioso das demais religiões: enquanto atos de fé, sem relação necessária de causa e efeito entre uso da Ayahuasca e cura ou soluções de problemas.".[41]

Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ayahuasca talvez auxilie no tratamento do câncer,[94][95][96] como também pode ter efeitos contrários aos agentes da malária e doença de Chagas, e auxiliar na reversão de quadros de alcoolismo e comportamento suicida, na recuperação de quadros de ansiedade fóbica, autismo, esquizofrenia, desordem de déficit de atenção por hiperatividade e demência senil.[52]

Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ayahuasca na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.[97] e a Associação Beneficente Caminho de Luz,[98] fundada por José Muniz de Oliveira, Rio Branco/AC que acolhem dependentes químicos em tratamento que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como antidepressivos ou a metadona, relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.[99] Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.[100]

Estudos indicam que o potencial de auxílio no tratamento da depressão[101][102] e da dependência química se concentra na harmina, presente no caapi.[103][104] Enquanto os antidepressivos (SSRIs) funcionam inibindo a recaptação de neurotransmissores, a ayahuasca funciona inibindo a destruição dos neurotransmissores por enzimas.[105] Assim, teoricamente, é possível uma modalidade de tratamento que utilize uma bebida preparada apenas a partir do caapi, para aqueles pacientes que queiram se tratar sem participar das intensas experiências visionárias proporcionadas pela N,N-DMT, presente na chacrona. Extratos do B. caapi também apresentam um potencial terapêutico para mal de Parkinson e outras desordens neurodegenerativas.[106][107][108]

Riscos para a saúde

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As autoridades jurídicas do Peru, considerando o uso tradicional, reconhecem a ayahuasca como parte da medicina tradicional amazónica e patrimônio cultural da nação, e reconhece virtudes terapêuticas na planta (mesmo sem evidências científicas), acreditando não apresentar riscos à saúde quando usada no contexto do tradicional e do sagrado.[109][110] As autoridades jurídicas do Brasil, segundo o relatório do CONAD supracitado, compreendem que os riscos para a saúde ainda devem ser investigados pela ciência, e que as curas que possam ocorrer em rituais com a bebida não devem ser consideradas ou propagandeadas como resultado de seu uso, mas como resultados da fé, como nas curas que possam ocorrer no interior de outras religiões. Nos Estados Unidos, as autoridades jurídicas legalizaram a bebida baseados no princípio da liberdade religiosa, sem levar em conta estudos sobre riscos para a saúde ou o uso tradicional.

Alguns pesquisadores concluíram que o uso da ayahuasca é relativamente seguro, com riscos mínimos para a saúde.[111] Representantes religiosos[112][113] afirmam que o chá é "comprovadamente inofensivo à saúde". Na comunidade científica, entretanto, não há consenso formado sobre o assunto.[114] As investigações são ainda preliminares, e ainda não existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos dos possíveis efeitos da ayahuasca sobre o organismo. Ademais, o modo de vida das populações urbanas é bastante distinto das populações tradicionais, bem como o modo de uso e de preparo da bebida, acrescentando novas variáveis a serem consideradas e pesquisadas na avaliação de riscos.

Saúde física

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Sistema digestivo

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São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de vômitos, sudorese e diarreia em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar, segundo alguns pesquisadores, em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios eméticos e outros não, permanecem obscuras.[115] Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo.[116] Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito.[117] Observe-se que um dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga"[118][119][120]

Sistema cardiovascular

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A ayahuasca altera parâmetros cardiovasculares, podendo trazer efeitos nocivos para pessoas com problemas cardíacos graves.[121] Para pessoas em bom estado de saúde cardíaca, entretanto, a bebida não oferece riscos significativos imediatos comprovados. A imprensa brasileira relatou, por exemplo, o caso de um jovem que tinha Síndrome de Marfan, doença que provoca alterações cardiológicas e vasculares graves, que morreu após ter ingerido a bebida.[122]

Ainda são necessários estudos para determinar se a ayahuasca pode causar valvopatia a longo prazo. Esta suspeita existe porque a N,N-DMT apresentou alta afinidade pelos receptores 5-HT2B em ensaios in vitro, com valores de 0,108µM e 0,184µM, e por existirem estudos demonstrando uma ligação de causa-efeito entre o uso frequente ou crônico de drogas serotoninérgicas com alta afinidade por receptores 5-HT2B e o desenvolvimento de valvopatia no organismo.[123][124][125][126] Também é problemática a ativação de receptores 5-HT2A tanto pela N,N-DMT quanto pelas β-carbolinas presentes na bebida, visto que causa um aumento na pressão sanguínea via vasopressina.[127]

No Brasil, o CONAD considerando a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde e tendo em vista a inexistência de suficientes evidências científicas em estudos específicos, decretou os termos da Resolução nº 05/04, quanto ao uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro."[128]

Não existem ainda estudos epidemiológicos sobre o uso da ayahuasca em populações gestantes e mulheres em idade fértil mostrando a presença ou ausência de defeitos congênitos, motivo pelo qual o psiquiatra Jaime Hallak recomenda que gestantes se abstenham da bebida até que existam estudos conclusivos;[129] contudo, alguns pesquisadores supõem que o uso do chá por gestantes pode ser prejudicial ao feto em desenvolvimento, pois certas β-carbolinas possuem ação co-mutagênica,[130] inclusive a harmina,[131] que está presente na bebida.

Experimentos conduzidos em ratas grávidas, com doses de ayahuasca equivalentes e também acima das humanas, apontam a possibilidade de toxicidade ao feto, que varia conforme a dose e frequência do uso.[132][133]

Em um estudo que estimou a dose letal da bebida como 50 vezes a dose típica cerimonial, a ingestão diária do chá, por gavagem, em doses de 4 e 8 vezes maiores do que aquela consumida quinzenalmente na União do Vegetal levou a óbito cerca de 33,3 e 40% das ratas grávidas tratadas, respectivamente, caracterizando toxicidade materna. O estudo reconheceu que em relação à exposição fetal in utero existe uma tendência à ação teratogênica em ratos, visto que houve aumento na frequência de malformações viscerais, além de embriofetotoxicidade. Porém, ele afirmou que este estudo deverá ser complementado com as análises esqueléticas para uma conclusão mais detalhada. O estudo concluiu que, embora o regime diário não representa a exposição normal no contexto religioso da União do Vegetal, que o uso abusivo da bebida pode representar um risco para a saúde humana, principalmente para gestantes, inclusive levando a morte.[134] Os autores também concluíram que seus resultados revelaram uma baixa toxicidade oral aguda do chá, que o uso do chá na dose ritualística é seguro e que a administração de Ayahuasca não pode ser correlacionada com as lesões anatomopatológicas detectadas uma vez que não houve diferenças significativas entre os grupos.[135]

Em um estudo de revisão que incluiu experimentos com animais e estudos com integrantes de grupos religiosos R. S. Gable,[111] chegou a conclusão que decocção que contém DMT e e os alcalóides harmanos usados em cerimônias religiosas tem uma margem de segurança comparável à codeína, mescalina ou metadona, com um potencial de dependência de DMT oral e o risco de distúrbios psicológicos mínimos. Calculou também que a dose letal mediana de alcaloides harmanicos e da dimetiltriptamina (DMT) em humanos é provavelmente maior que 20 vezes a dose típica cerimonial.

Observe-se também que o reconhecimento do uso tradicional como parte da comprovação da eficácia e segurança de produtos naturais é possível em algumas legislações internacionais (Ex. Canadá, Comunidade Européia e México) e recomendado pela OMS desde a conferência de Alma Ata em 1978.[136]

Saúde mental

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Não há estudos no uso tradicional em tribos indígenas e no uso religioso em grupos quase centenários no Brasil registrando uma relação de causa e efeito entre o uso da ayahuasca e o desenvolvimento de problemas psicológicos ou psiquiátricos.[137] Alguns estudos realizaram pesquisas por instrumentos de escalas que resultaram em baixos escores em medidas de psicopatologia em adultos, baixas frequências de sintomas psiquiátricos e bom desempenho em testes neuropsicológicos apresentadas entre adolescentes usuários, embora não houve seleção randômica de casos nem cuidados para evitar viés de confirmação.[138][139][140] Também consta na literatura científica referências a remissão de quadros psicopatológicos, e constatações de ausência de evidências de deterioração cognitiva ou da personalidade em usuários com 15 anos de uso.[141]

Entretanto, pesquisadores apontam que todos os estudos desta natureza, existentes na revisão que realizaram, cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.[121] Estudos realizados em ratos apontam que a harmalina, presente na bebida, é neurotóxica e degenerativa a um conjunto específico de células cerebrais que regem a coordenação motora.[142][143] Observe-se que esta mesma substância, que por si só tem efeitos psicoativos quando consumida em dose suficiente, está presente em outros vegetais comumente utilizados na dieta e medicina tradicional em concentrações menores, não suficientes para surtir tais efeitos, a exemplo das passifloras.[144] e da aveia (Avena sativa) que também possui alcaloides indólicos tipo betacarbolina com um efeito sedativo fraco semelhante ao da Passiflora.[145] Naturalmente novos estudos precisam ser realizados[146][147][148] e as comparações devem ser realizadas com os devidos cuidados de equiparação de dose / equivalência para humanos e especificidade biológica das cobaias utilizadas,[149] e mesmo os estudos em humanos estão sendo constantemente refeitos como pode ser visto pela quantidade de artigos realizados aqui citados.

BOUSO et al, 2012, em um estudo longitudinal de um ano com usuários de ayahuasca regulares (n = 127) e controles (n = 115) afirma não ter encontrado evidências de desajuste psicológico, saúde mental deterioração ou disfunção cognitiva no grupo que utilizava ayahuasca.[150]

Em estudo realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, a ayahuasca, administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduziu sinais relacionados ao pânico, diminuiu a desesperança e não alterou os sinais relacionados com a ansiedade.[151] Entretanto, outros estudos apontam episódios de ansiedade e paranóia mesmo em ambientes controlados,[152][153] e estudos dos efeitos da harmalina em ratos apontaram alterações na ansiedade, na reatividade emocional e no processo de tomada de decisão.[154]

Interações com medicamentos e psicoativos

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A ayahuasca contém em sua composição inibidores da monoamina oxidase (IMAOs) como a harmina, que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um IMAO em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um SSRI, tal como o Prozac, pode levar ao coma e à morte.[155] A ayahuasca é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no fígado ou nos rins,[156] dor de cabeça frequente ou severa, hipertensão descontrolada, doenças cardiovasculares e doenças cerebrovasculares, além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicado que a ayahuasca, por conter IMAO, seja combinada com mescalina (como peiote ou wachuma), 5-MeO-DMT, álcool, erva-de-são-joão, sal de lítio, kava, kratom, anfetaminas (como cafeína, ecstasy, e cocaína), opiáceos (como tramadol, codeína, morfina e heroína), barbitúricos, descongestionantes e remédios para problemas respiratórios, petidina, levodopa, dopamina, carbamazepina, dextrometorfano, alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas simpaticomiméticas tais como a efedrina e a pseudoefedrina, dentre outros compostos. Pelo menos 48 horas antes e depois da experiência, devem ser evitados camomila, erva mate, curcumina, cúrcuma, ginseng, funcho, noz-moscada, alcaçuz, dentre outras ervas.[157][158][159][160]

Estudos apontam que os IMAOs presentes na ayahuasca são seguros se for ingerida tiramina anteriormente ao uso,[161][162] sem que exista perigo de crises hipertensivas. Recomenda-se, entretanto, que alimentos contendo tiramina não sejam ingeridos 12h antes e 24h depois do uso.[163]

Pessoas que estejam tomando antidepressivos de qualquer classe não devem tomar ayahuasca, e devem consultar um médico para saber quando poderão tomá-la, após interrompido o uso do medicamento. Talvez o maior perigo na interação de antidepressivos com ayahuasca seja a ocorrência de um quadro de síndrome serotoninérgica, ainda que num grau leve a moderado.[164]

Pode haver interação também com anti-histamínicos: calmantes, como benzodiazepínicos, podem potencializar os efeitos sedativos, como também podem os anestésicos. Diuréticos potencializam as alterações na pressão sanguínea. A combinação com vasodilatadores resulta em risco de crises de pânico e desmaios.[165]

Após o transporte da ayahuasca a contextos urbanos, ela passou a ser utilizada por alguns grupos junto a psicoativos desconhecidos em seu contexto tradicional, sendo mais frequente o uso da planta Cannabis sativa. Os impactos destas combinações sobre o organismo são pouco conhecidos, quando não completamente desconhecidos pelos estudos científicos; mas pesquisadores apontam que a interação entre a ayahuasca e a maconha apresenta maior riscos de produzir problemas cardíacos, surtos psicóticos, ataques de pânico e crises de ansiedade, do que quando estas substâncias são consumidas isoladamente.[166]

Interações neurofisiológicas

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Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico. A hipótese sobre o desencadeamento de um quadro de ansiedade crônica ou síndrome do pânico vem sido discutida.[167]

O consumo da bebida pode também desencadear quadros psicóticos em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como transtorno bipolar e esquizofrenia.[168] Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos (2,1%) sendo que 7 eram reações psicóticas (0,73%).[169][170] Observe-se que a incidência de psicoses na população brasileira situa-se em torno de 1% [171]

A ayahuasca é contraindicada para pessoas com transtorno bipolar (antes referida como psicose maníaco-depressiva).[172] Os alcaloides inibidores de monoamina oxidase presentes na bebida, como a harmina e harmalina, têm efeito análogo a alguns antidepressivos, como a moclobemida (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles inibidores de monoamino oxidase, sejam inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de mania nos casos de transtorno bipolar.[173]

Xamã urarina em 1988
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Ligações externas

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