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Catolicidade: diferenças entre revisões

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Revisão das 04h25min de 13 de agosto de 2019

Igreja Católica Apostólica Romana
Catolicidade
Cruz latina
Orientação Católica
Sede Vaticano, Roma
Número de membros 1 bilhão e 299 milhões (17,8% da população mundial)[1]
Número de igrejas 24
Países em que atua No mundo inteiro, principalmente na América Latina, Europa Ocidental e Filipinas

Catolicismo (em grego: καθολικος; romaniz.: katholikos; com o significado de "geral" ou "universal"[2]) é um termo amplo para o corpo da fé católica, a sua teologia, doutrinas, liturgia, princípios éticos, e características comportamentais, bem como um povo religioso como um todo.[3] O termo catolicismo é usado geralmente para uma experiência específica do cristianismo compartilhada por cristãos que vivem em comunhão com a Igreja de Roma."[4] Muitos dos principais credos (definições de semelhantes a preces) cristãos, nomeadamente o Credo dos Apóstolos e o Credo niceno-constantinopolitano, utilizam este termo.

No seu sentido mais estreito, o termo é usado para referir-se à Igreja Católica de Roma, formada por 23 igrejas sui iuris, igrejas católicas orientais, que estão em comunhão total com o Papa, e possui mais de um bilhão de fiéis[5] (ou seja, mais de um sexto da população mundial[6] e mais da metade de todos os cristãos).[7]

As suas características distintivas são a aceitação da autoridade e primado do Papa, o Bispo de Roma. No entanto, outras igrejas também afirmam ser "católicas", como a ortodoxa bizantina, e as igrejas ortodoxas orientais, a Igreja Assíria do Oriente, a Velha Igreja Católica, e as igrejas da Comunhão Anglicana.[8] O termo anglocatolicismo descreve pessoas, grupos, ideias, costumes e práticas dentro do anglicanismo que enfatizam a continuidade com a tradição católica.

Existem ainda as igrejas nacionais, principalmente no continente americano, do Norte, Central e Sul, que não estão vinculadas a Roma, são em sua maioria descendentes da Igreja Católica Apostólica Brasileira, uma dissidência da Igreja de Roma surgida em 1945 e que hoje está presente em muitos países, inclusive na Ásia e África. Existem ainda Igrejas independentes que, não sendo fruto de nenhuma cisão e beneficiando-se de uma suposta sucessão apostólica válida conferida por ex-bispos romanos membros, se definem também como sendo "católica"s, como por exemplo a Igreja Católica Apostólica Carismática.

História

Basílica de São Pedro, no Vaticano

A palavra Igreja Católica ou catolicismo para referir-se à "Igreja universal" é utilizada desde o século I, alguns historiadores sugerem que os próprios apóstolos poderiam ter utilizado o termo para descrever a religião ou igreja.[9] Registros escritos da utilização do termo constam nas cartas de Inácio,[10] Bispo de Antioquia, discípulo do apóstolo João, que provavelmente foi ordenado pelo próprio Pedro.[9]

Em diversas situações nos primeiros três séculos do cristianismo, o Bispo de Roma,[11] considerado sucessor do Apóstolo Pedro, interveio em outras comunidades para ajudar a resolver conflitos,[12] tais como fizeram os papas Clemente I, Vitor I e Calixto I. Nos três primeiros séculos, a Igreja foi organizada sob três patriarcas, os bispos de Antioquia, de jurisdição sobre a Síria e posteriormente estendeu seu domínio sobre a Ásia Menor e a Grécia, Alexandria, de jurisdição sobre o Egito, e Roma, de jurisdição sobre o Ocidente.[13] Posteriormente os bispos de Constantinopla e Jerusalém foram adicionados aos patriarcas por razões administrativas.[13] O Primeiro Concílio de Niceia no ano 325, considera o Bispo de Roma como o "primus" (primeiro) entre os patriarcas, afirmando em seus quarto, quinto e sexto cânones que está "seguindo a tradição antiquíssima",[14] embora muitos interpretem esse título como o "primus inter pares" (primeiro entre iguais). Considerava-se que Roma possuía uma autoridade especial devido à sua ligação com São Pedro.[15]

Uma série de dificuldades complexas (disputas doutrinárias, concílios disputados, a evolução de ritos separados e se a posição do papa de Roma era ou não de real autoridade ou apenas de respeito) levaram à divisão em 1054 da Igreja entre a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa no Leste (Grécia, Rússia e muitos países eslavos, Anatólia, Síria, Egito, etc.). A esta divisão chama-se o Cisma do Oriente.

A grande divisão seguinte da Igreja Católica ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante a qual se formaram muitas das igrejas protestantes.

Mundo católico

Percentagem de católicos no mundo.
  90%-100%
  80%-90%
  70%-80%
  60%-70%
  50%-60%
  40%-50%
  30%-40%
  20%-30%
  10%-20%
  0%-10%
  Não disponível

No cristianismo ocidental, as principais fés a se considerarem "católicas", para além da Igreja Católica de Roma, são a Velha Igreja Católica, a Igreja Católica Apostólica Carismática, a Igreja Católica Liberal, a Associação Patriótica Católica Chinesa, as igrejas católicas brasileiras dissidentes e alguns elementos anglicanos (os "Anglicanos da Alta Igreja", ou os "anglo-católicos"). Estes grupos têm crenças e praticam rituais religiosos semelhantes aos do catolicismo romano, mas diferem substancialmente destes no que diz respeito ao estatuto, poder e influência do Bispo de Roma.

As Igrejas ortodoxas orientais e ortodoxas bizantinas pensam em si próprias como Igrejas Católicas no sentido de serem a "Igreja universal". A Igreja Católica e as igrejas ortodoxas acusavam-se mutuamente de cismáticas e heréticas (ver Grande Cisma do Oriente), embora recentemente devido a esforços ecumênicos estas acusações e excomunhões tenham sido retiradas e tenha-se chegado a uma aceitação básica das prerrogativas do papa.[16] Os Patriarcas ortodoxos são hierarcas autocéfalos, o que significa, grosso modo, que cada um deles é independente da supervisão direta de outro bispo (embora ainda estejam sujeitos ao todo do seu sínodo de bispos). Não estão em comunhão plena com o papa.

Mas nem todas as Igrejas orientais estão fora da comunhão católica. Existem também os chamados Católicos de rito oriental, cuja liturgia e estrutura hierárquica se assemelham à dos ortodoxos, e que também permitem a ordenação de homens casados, mas que reconhecem o papa como chefe da sua Igreja. Estes católicos orientais formam as chamadas Igrejas Orientais Católicas sui iuris.

Alguns grupos chamam a si próprios católicos, mas esse qualificativo é questionável: por exemplo, a Igreja Católica Liberal, que se originou como uma dissensão da Velha Igreja Católica mas que incorporou tanta teosofia na sua doutrina que já pouco tem em comum com o catolicismo romano.

Catolicismo romano

Ver artigo principal: Igreja Católica

A principal denominação católica é denominada no idioma inglês e português de "Igreja Católica de Roma" (Roman Catholic Church) ou "Igreja Católica Apostólica Romana". Tal nome provém das quatro características da Igreja: a Unidade, a Santidade, a Catolicidade e a Apostolicidade[17] (a Romanidade está inclusa na última). Não obstante, em seus documentos oficiais usa-se apenas o termo "Católica" para se referir à instituição. O termo inglês "Roman Catholic" tem origem recente, passando a ser usado apenas no século XVI,[18] sendo empregado normalmente em outras línguas a partir do século XIX.

Organização e cargos da Igreja Católica Romana

Ver artigo principal: Hierarquia católica
O Papa Francisco junto da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Estruturalmente, a Igreja Católica romana (ou de Roma) constitui uma das religiões mais centralizadas do mundo. O seu chefe, o papa, governa-a a partir da Cidade do Vaticano, um estado independente no centro de Roma, também conhecido na diplomacia internacional como a Santa Sé. O papa é selecionado por um grupo de elite de Cardeais, conhecidos como Príncipes da Igreja. Só o papa pode selecionar e nomear todos os clérigos da Igreja acima do nível de padre. Todos os membros da hierarquia respondem perante o papa e a sua corte papal, chamada Cúria. Os papas exercem o que é chamado Infalibilidade Papal, isto é, o direito de definir declarações definitivas de ensinamento católico romano em matérias de e moral. Na realidade, desde a sua declaração no Concílio do Vaticano I, em 1870, a infalibilidade Papal só foi usada uma vez, pelo papa Pio XII, na década de 1950.

A autoridade do papa vem da crença de que ele é o sucessor direto de São Pedro e, como tal, o Vigário de Cristo na Terra. A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são, em ordem descendente:

  • Papa, o bispo de Roma. Os que o assistem e aconselham na liderança da igreja são os cardeais;
  • Patriarcas são chefes de algumas Igrejas Católicas Orientais sui iuris. Alguns dos grandes arcebispos Católicos Latinos também são chamados Patriarcas; entre estes contam-se o Arcebispo de Lisboa e o Arcebispo de Veneza;
  • Bispo (arcebispo e Bispo Sufragário): são os sucessores diretos dos doze apóstolos. Receberam a totalidade dos graus da Ordem; assim por instituição divina podem transmitir o sacerdócio católico, bem como por nomeação do papa são indicados para governar uma porção do povo de Deus;[19]
  • Padre (Monsenhor é um título honorário para um padre, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais): inicialmente não havia padres per se. Esta posição evoluiu a partir dos bispos suburbanos que eram encarregados de distribuir os sacramentos mas não tinham jurisdição completa sobre os fiéis.
  • Diácono: são auxiliares dos padres e bispos, que tem por função a administração de alguns sacramentos e dos sacramentais;

Existem ainda cargos menores: leitor e acólito (desde o Concílio Vaticano Segundo, o cargo de sub-diácono deixou de existir). As ordens religiosas têm a sua própria hierarquia e títulos. Estes cargos tomados em conjunto constituem o clero e no rito ocidental só podem ser ocupados, normalmente, por homens solteiros. No entanto, no rito oriental, os homens casados são admitidos como padres diocesanos, mas não como bispos ou padres monásticos; e em raras ocasiões, permitiu-se que padres casados que se converteram a partir de outros grupos cristãos fossem ordenados no rito ocidental. No rito ocidental, os homens casados podem ser ordenados diáconos permanentes, mas não podem voltar a casar se a esposa morrer ou se o casamento for anulado.

O papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais de entre os próprios membros do colégio (o processo de eleição, que tem lugar na Capela Sistina, é chamado Conclave). Cada papa continua no cargo até que morra ou até que abdique (o que só aconteceu três vezes, a última delas em 2013, quando o papa Bento XVI abdicou).

Doutrinas distintivas

Ver artigo principal: Doutrina da Igreja Católica

A doutrina oficial da Igreja Católica é o conjunto de crenças oficiais professadas pela Igreja Católica acerca de diversos aspectos relativos a Deus, ao homem e ao mundo. Segundo a Igreja, essas verdades foram sendo reveladas por Deus através dos tempos (nomeadamente ao longo do Antigo Testamento), atingindo a sua plenitude em Jesus Cristo, considerado pelos católicos e cristãos como o Filho de Deus, o Messias e o Salvador do mundo e da humanidade. Mas, a definição e compreensão dessa doutrina é progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia, mas sempre fiel à revelação divina e orientada pelo Magistério da Igreja Católica. A doutrina Católica está expressa e resumida no Credo dos Apóstolos, no Credo niceno-constantinopolitano e, atualmente, no Catecismo da Igreja Católica e no seu Compêndio.

Entrada principal da Catedral de Notre-Dame em Paris

Com estes estudos teológicos todos, a Igreja vai-se gradualmente instituindo os seus dogmas, que é a base da doutrina oficial, sendo o último dogma (o da Assunção da Virgem Maria) proclamado solenemente apenas em 1950. Para os católicos, um dos dogmas mais importantes é o da Santíssima Trindade, que, não violando o monoteísmo, professa que Deus é simultaneamente uno (porque, em essência, só existe um Deus) e trino (porque está pessoalizado em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se estabelecem entre si uma comunhão perfeita). Estas 3 Pessoas eternas, apesar de possuírem a mesma natureza, "são realmente distintas". Logo, muitas vezes, certas actividades e atributos divinos são mais reconhecidas (mas não exclusivamente realizadas) em uma Pessoa do que em outra. Como por exemplo, a criação divina do mundo está mais associado a Deus Pai; a salvação do mundo a Jesus, Filho de Deus; e a protecção, guia, purificação e santificação da Igreja ao Espírito Santo.[20]

A doutrina professa também a divindade de Jesus, que seria a segunda pessoa da Trindade, e que a nossa salvação deve-se, para além da graça divina, ao Seu supremo e voluntário Sacrifício e Paixão na cruz. Este tão grande sacrifício deveu-se à vontade e ao infinito amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade. Além disso, é também fundamental para a salvação a adesão livre do crente à em Jesus Cristo e aos Seus ensinamentos, porque a nossa liberdade, como um dom divino, é respeitado por Deus, o nosso Criador. Esta fé leva à conversão das pessoas e à prática das boas obras (que nos afastam do pecado e nos ajudam a crescer na caridade), nomeadamente o acto de "amar a Deus acima de todas as coisas" (Mt 22,37) e também o de "amar ao próximo como a si mesmo" (Mt 22,39). Estes dois actos virtuosos, juntamente com o acto de "amar uns aos outros como Jesus nos ama" (Jo 15,10), são justamente os mandamentos de Amor que Jesus deu aos seus discípulos e à humanidade. Estes mandamentos radicais constituem o resumo de "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento (Mt 22,40).[21]

Nas suas muitas pregações, Jesus Cristo ensinou, para além dos seus mandamentos de Amor, as bem-aventuranças e insistiu sempre "que o Reino de Deus está próximo" (Mt 10,7) e que Deus estava preparando a Terra para um novo estado de coisas. Anunciou também que quem quisesse fazer parte do Reino de Deus teria de "nascer de novo", de se arrepender dos seus pecados, de se converter e purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado e todas as forças do mal, insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus podem salvar os homens.[22] Este misterioso Reino de Deus, que só se irá realizar-se na sua plenitude no fim do mundo, está já presente na Terra através da Igreja, que é o seu semente. A Igreja ensina que neste Reino, o Mal será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus.

Mais concretamente, a fé em Cristo (e em Deus) inclui a adesão do crente à doutrina por Ele revelada e transmitida pela Igreja, bem como ao conjunto de regras de vida propostas por essa mesma Igreja. Os católicos professam que a Igreja é o Corpus Mysticum, onde Cristo seria a Cabeça e eles (os fiéis) membros deste corpo único, inquebrável e divino. Este corpo místico tem por função reunir toda a humanidade para o seu caminho de santificação, que tem o seu fim na vida eterna, na realização final do Reino de Deus e no alcance da santidade. A Igreja ensina também que os cristãos não católicos também pertencem, apesar de um modo imperfeito, ao Corpo Místico, visto que tornaram-se uma parte inseparável Dele através do Batismo.

Divergências com as outras Igrejas cristãs

Os pontos de vista católicos diferem dos ortodoxos em alguns pontos, incluindo a natureza do Ministério de S. Pedro (o Papado), a natureza da Trindade e o modo como ela deve ser expressa no Credo niceno-constantinopolitano, e o entendimento da salvação e do arrependimento. Os católicos divergem dos protestantes em vários pontos, incluindo a necessidade da penitência, o significado da comunhão, a composição do Cânone das Escrituras, a veneração de santos, a veneração de Maria Santíssima, mãe de Jesus; o purgatório e o modo como se atinge a salvação:

Os protestantes acreditam que a salvação se atinge apenas através da fé e arrependimento, ao passo que os católicos acreditavam que a salvação também vinha por boas obras. Esta divergência levou a um conflito sobre a doutrina da justificação (na Reforma ensinava-se que "nós justificamos apenas pela fé"). O diálogo ecuménico moderno levou a alguns consensos sobre a doutrina da justificação entre os católicos e os luteranos, anglicanos e outros.

Organização por região

Ver artigo principal: Igreja particular

A Igreja Católica está presente em virtualmente todas as nações do planeta. Está organizada em hierarquias nacionais com bispos diocesanos sujeitos a arcebispos. Colégios, ou Conferências Nacionais, de bispos coordenam a política local dentro dos países ou de grupos de países.

A unidade geográfica e organizacional fundamental da Igreja Católica é a diocese (nas Igrejas Católicas do Oriente, a unidade equivalente chama-se eparquia). Esta corresponde geralmente a uma área geográfica definida, centrada numa cidade principal, e é chefiada por um bispo. A igreja central de uma diocese recebe o nome de catedral, da cátedra, ou cadeira, do bispo, que é um dos símbolos principais do seu cargo. Dentro da diocese, o bispo exerce aquilo que é conhecido como um ordinário, ou seja, a autoridade administrativa principal. (As sedes de algumas ordens religiosas são semi-independentes das dioceses a que pertencem; o superior religioso da ordem exerce jurisdição ordinária sobre elas.) Embora o papa nomeie bispos e avalie o seu desempenho, e exista uma série de outras instituições que governam ou supervisionam certas actividades, um bispo tem bastante independência na administração de uma diocese. Algumas dioceses, geralmente centradas em cidades grandes e importantes, são chamadas arquidioceses e são chefiadas por um arcebispo. Em grandes dioceses e arquidioceses, o bispo é frequentemente assistido por bispos auxiliares, bispos integrais e membros do Colégio dos Bispos que não chefiam a sua própria diocese. Arcebispos, bispos sufragários (designação frequentemente abreviada simplesmente para "bispos"), e bispos auxiliares, são igualmente bispos; os títulos diferentes indicam apenas que tipo de unidade eclesiástica chefiam. Muitos países têm vicariatos que apoiam as suas forças armadas (ver Ordinariato Militar).

Quase todas as dioceses estavam organizadas em grupos conhecidos como províncias, cada uma das quais era chefiada por um arcebispo. Embora as províncias continuem a existir, o seu papel foi substituído quase por completo por conferências de bispos, geralmente constituídas por todas as dioceses de um determinado país ou grupo de países. Estes grupos lidam com um vasto conjunto de assuntos comuns, incluindo a supervisão de textos e práticas litúrgicas para os grupos culturais e linguísticos da área, e as relações com os governos locais. A autoridade destas conferências para restringir as atividades de bispos individuais é, no entanto, limitada (os teólogos tradicionais consideram esta autoridade basicamente irrestrita). As conferências de bispos começaram a surgir no princípio do século XX e foram oficialmente reconhecidas no Concílio Vaticano Segundo, no documento Christus Dominus.

O Colégio dos Cardeais é o conjunto dos bispos católicos romanos que são conselheiros especiais do papa. Qualquer padre pode ser nomeado cardeal, desde que se "distinga em fé, moral e piedade". Se um cardeal que ainda não tiver sido ordenado bispo for eleito Papa, deverá receber a ordenação episcopal mais tarde. (ver a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis[23]). Todos os cardeais com menos de 80 anos têm o direito de eleger um novo papa depois da morte do seu predecessor. Os cardeais eleitores são quase sempre membros do clero, mas no entanto o papa concedeu no passado a membros destacados do laicado católico (por exemplo, a teólogos) lugares de membro do colégio, após ultrapassarem a idade eleitoral. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (e daí a classificação em bispo cardeal, padre cardeal e diácono cardeal) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na cúria, que assiste o papa na administração da Igreja. Todos os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos.

As dioceses são divididas em distritos locais chamadas paróquias. Todos os católicos devem frequentar e apoiar a sua igreja paroquiana local. Ao mesmo tempo que a Igreja Católica desenvolveu um sistema elaborado de governo global, o catolicismo de dia a dia é vivido na comunidade local, unida em prece na paróquia local. As paróquias são em grande medida auto-suficientes; uma igreja, frequentemente situada numa comunidade pobre ou em crescimento, que é sustentada por uma diocese, é chamada "missão".

A Igreja Católica Romana sustenta muitas ordens (grupos) de monges e freiras que são principalmente não padres que vivem vidas especialmente devotadas a servir Deus. São pessoas que se juntaram sob um determinado sistema a fim de atingir a perfeição e a virtude. Estes sistemas por vezes implicam a separação do mundo para meditar, outras a participação excepcional no mundo, frequentemente através da prestação de serviços médicos ou educacionais. Quase todos os monges e freiras tomam votos de pobreza (nenhuma ou limitada posse de propriedade ou dinheiro), castidade (nenhuma utilização dos órgãos sexuais) e obediência (aos seus superiores).

Críticas

Ver também

Referências
  1. «O Anuário Pontifício 2018 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae». Vatican News. 17 de junho de 2018. Consultado em 19 de julho de 2018 
  2. Ray, Steve (2004). «Ex-Protestante responde: O que significa o termo Católico?». Biblia Catolica News. Consultado em 18 de novembro de 2008 
  3. McBrien, Richard P. (1994). Catholicism. [S.l.]: HarperCollins. pp. 3–19. ISBN 9780060654054 
  4. Rausch, Thomas P.; Catherine E. Clifford (2003). Catholicism in the Third Millennium. [S.l.]: Liturgical Press. ISBN 9780814658994  , xii.
  5. O Annuarium Statisticum Ecclesiae (ISBN 978-88-209-7928-7) indica 1 114 966 000 como número total dos fiéis registrados no último dia de 2005.
  6. «Number of Catholics and Priests Rises». Zenit News Agency. 12 de fevereiro de 2007. Consultado em 21 de fevereiro de 2008 
  7. Marty, Martin E., Chadwick, Henry, Pelikan, Jaroslav Jan (2000). "Christianity" in the Encyclopædia Britannica Millennium Edition. [S.l.]: Encyclopædia Britannica Inc. The Roman Catholics in the world outnumber all other Christians combined. 
  8. Gros, Jeffrey; Eamon McManus, Ann Riggs (1998). Introduction to Ecumenism. Paulist Press. pp. 154–155. ISBN 978-0-8091-3794-7.
  9. a b RAY, Stephen. Upon this Rock. San Francisco, CA: Ignatius Press, 1999. p.119.
  10. Woodhead, Linda (2004). «An Introduction to Christianity». Cambridge University Press. Consultado em 18 de novembro de 2008 
  11. As primeiras listas de papas diziam que o segundo papa após Pedro, foi São Lino. Eamon Duffy, Saints and Sinners: A History of the Popes (Yale Nota Bene, 2002) Apêndice A.
  12. Fr. Nicholas Afanassieff: "The Primacy of Peter" Ch. 4, pgs. 126-127 (c. 1992)
  13. a b «Patriarch and Patriarchate» (em inglês). Consultado em 1 de julho de 2010 
  14. Congar, Yves. Elgisé et papauté. Les Éditions du Cerf. 1994. ISBN 2-204-05090-3
  15. Radeck, Francisco; Dominic Radecki (2004). Tumultuous Times . St. Joseph's Media. p. 79. ISBN 978-0-9715061-0-7.
  16. «Leitor pergunta sobre ortodoxos, protestantes, maçons e rosacruzes" do site Veritatis Splendor» 
  17. Avery Dulles, The Catholicity of the Church, Oxford University Press, 1987, ISBN 0-19-826695-2, page 131
  18. Jaroslav Pelikan, 1985, The Christian Tradition University of Chicago Press ISBN 0-226-65377-3 page 245
  19. «Bishop». Catholic Encyclopedia; New Advent. Consultado em 5 de janeiro de 2013 
  20. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), n. 37, 41, 42, 44, 48, 49 e 50
  21. CCIC, n. 435
  22. Catecismo da Igreja Católica (CIC), n. 1427 e n. 545
  23. «UNIVERSI DOMINICI GREGIS. Site da Santa Sé» (em inglês) 

Bibliografia

  • Catechism of the Catholic Church - tradução inglesa (Libreria Editrice Vaticana, 2000). ISBN 1-57455-110-8 [1]
  • Crocker III, H. W. Triumph - The Power and the Glory of the Catholic Church: A 2,000-Year History (Prima Publishing, 2001). ISBN 0-7615-2924-1
  • Duffy, Eamon. Saints and Sinners: A History of the Popes (Yale Nota Bene, 2002). ISBN 0-300-09165-6

Ligações externas

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