Deuteronômio: diferenças entre revisões
m |
m →Aliança: corrigindo ortografia: substituindo 'pré-existente(s)' por 'preexistente(s)' & outras correções |
||
(Há 97 revisões intermédias de 58 utilizadores que não estão a ser apresentadas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Ver desambig|texto=Para a visão judaica do texto, veja [[Devarim]].}} |
|||
{{Reciclagem|data=Fevereiro de 2008}} |
|||
{{Livros do Antigo Testamento}}[[Imagem:Aleppo Deut 1910 Photo.jpg|thumb|upright=1.3|direita|Deuteronômio no ''[[Codex Aleppo]]''.]] |
|||
{{mini-desambig|visão judaica do texto|Devarim}} |
|||
{{PBPE|Deuteronômio|Deuteronómio}} (do [[grego koiné|grego]] {{politônico|Δευτερονόμιον}}, ''"Deuteronómion"'', "Segunda lei""; {{lang-he|דְּבָרִים}}, ''[[Devarim|Devārīm]]'', "palavras [ditas]") é o quinto livro da [[Torá]], a primeira seção da [[Bíblia hebraica]] e parte do [[Antigo Testamento]] da [[Bíblia]] cristã. O título em hebraico é derivado do primeiro versículo, ''"Eleh ha-devarim"'', {{citar bíblia|Deuteronômio|1|1|citação=Estas são as palavras que Moisés falou...}}. O título em português deriva do grego, que significa "segunda lei", uma referência à frase da ''[[Septuaginta]]'' ''"to duteronomion touto"'', "uma segunda lei", em {{citar bíblia|Deuteronômio|17|18}}. Esta frase é, por sua vez, uma tradução incorreta do [[língua hebraica|hebreu]] ''"mishneh haTorah hazoth"'', "uma cópia desta lei".<ref>Miller, pp.1–2</ref> |
|||
{{PBPE|Deuteronômio|Deuteronómio}} é o quinto livro da [[Bíblia]].<ref name="echegary">{{Referência a livro|autor=Echegary, J. González et ali|título=A Bíblia e seu contexto|idioma=português|edição=2|local= São Paulo|editora=Edições Ave Maria|ano=2000|páginas=1133|volumes=2|id=ISBN 9788527603478}}</ref><ref name="pearlman">{{Referência a livro|autor=Pearlman, Myer|título=Através da Bíblia|subtítulo=Livro por Livro|idioma=português|edição=23|local=São Paulo|editora=Editora Vida|ano=2006|páginas=439|id=ISBN 9788573671346}}</ref> Faz parte do [[Pentateuco]], os cinco primeiros livros bíblicos, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a [[Moisés]]. É um dos livros do [[Antigo Testamento]] da Bíblia e possui 34 capítulos. |
|||
O livro está dividido em três sermões ou homilias proferidas aos [[Tribos de Israel|israelitas]] por [[Moisés]] na planície de [[Moabe]] pouco antes da entrada na [[Terra Prometida]]. O primeiro recapitula os [[O Êxodo|quarenta anos vagando pelo deserto]] que culminaram naquele momento e termina com uma [[:wikt:exortação|exortação]] para que se observe a lei, mais tarde conhecida como [[Lei Mosaica]]. O segundo relembra os israelitas da necessidade do [[monoteísmo]] e da observância das leis que Deus lhes entregou no [[monte Sinai]], da qual depende a posse da terra que irão conquistar. O terceiro oferece o consolo de que, mesmo que Israel se mostre infiel – e, por isso, perca a terra –, com o [[arrependimento]], tudo poderá ser restaurado.<ref>Phillips, pp.1–2</ref> |
|||
Contém os discursos de Moisés ao povo, no deserto, durante seu êxodo do Egito à Terra Prometida por [[Deus]]. O nome é de origem [[língua grega|grega]] e quer dizer ''segunda lei'' ou ''repetição da lei''. |
|||
Tradicionalmente visto como sendo uma transcrição das palavras de Moisés proferidas antes da conquista de [[Canaã]], um amplo consenso entre os estudiosos modernos defende que o texto se originou no [[Reino de Israel (Samaria)|Reino de Israel]] (o reino do norte) e foi levado para o sul, para o [[Reino de Judá]], na iminência da [[conquista assíria de Aram]] ({{-séc|VIII}}) e depois adaptado para se conformar à reforma nacionalista na época de [[Josias]] (final do {{séc|VII}}). A forma final do texto como conhecemos hoje emergiu no contexto do retorno do [[cativeiro da Babilônia]] no final do {{-séc|VI}}<ref name="Rogerson">Rogerson, pp.153–154</ref> Muitos estudiosos entendem que este livro é um reflexo das necessidades econômicas e do status social dos [[levitas]], grupo a que o autor provavelmente pertencia.<ref>{{citar livro|título=Revelation and Authority: Sinai in Jewish Scripture and Tradition|nome=Benjamin D.|sobrenome=Sommer|editora=The Anchor Yale Bible Reference Library|data=30/06/2015|página=18|língua=inglês}}</ref> |
|||
Os discursos contidos nesse livro, em geral, reforçam a idéia de que servir a Deus não é apenas seguir sua lei. Moisés enfatiza a obediência em conseqüencia do amor: "Amarás a Jeová teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e com todo o teu entendimento". Também é enfatizado o "caminho da bênção e da maldição", no qual Deus previne o povo a seguir seus mandamentos, pelos quais o povo ou seria abençoado, ou receberia maldições (porém, caso se arrependesse e voltasse a seguir de coração a Deus, ele se arrependeria e perdoaria o povo). |
|||
Um dos mais importantes versículos da Bíblia, conhecido como "[[Shemá Israel]]", está no Deuteronômio e se tornou com o tempo a afirmação definitiva da [[identidade judaica]]: {{citar bíblia|Deuteronômio|6|4|citação=Ouve, ó Israel; [[Javé]] nosso Deus é o único Deus}}. Este versículo e o seguinte (''"Amarás, pois, a Javé teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças."'') foram citados por [[Jesus]] em {{citar bíblia|Marcos|12|28|34}} como parte do [[Grande Mandamento]]. |
|||
==Nome hebraico== |
|||
O nome hebraico deste quinto livro do Pentateuco é ''Deva•rím'' (Palavras), tirado da frase inicial do texto hebraico. O nome "Deuteronômio" deriva do título grego na Septuaginta, ''Deu•te•ro•nó•mi•on'', que significa literalmente "segunda lei", "repetição da lei". Vem da tradução grega duma frase hebraica no Deuteronômio 17:18, ''mish•néh hat•toh•ráh'', corretamente traduzida por "cópia da lei". |
|||
== |
== Conteúdo == |
||
[[Imagem:BibleSPaoloFol050vFrontDeut.jpg|thumb|direita|180px|Primeira página do Deuteronômio na ''Biblia de San Paulo'', da [[Basílica de São Paulo Extramuros]].]] |
|||
A autenticidade do Deuteronômio como livro do cânon da [[Bíblia]] e de [[Moisés]] ser o escritor dele acha-se bem alicerçada no fato de que Deuteronômio sempre foi reputado pelos judeus como parte da Lei de Moisés. A evidência da autenticidade do Deuteronômio, em geral, é a mesma que a dos outros quatro livros do [[Pentateuco]]. |
|||
=== Estrutura === |
|||
Patrick D. Miller sugere que diferentes pontos de vista sobre a estrutura do Deuteronômio levarão a diferentes conclusões sobre o que ele trata.<ref name="Miller">Miller, p.10</ref> A estrutura é geralmente descrita como uma sequência de três discursos ou sermões (capítulos 1:1 a 4:43; 4:44 a 29:1 e 29:2 a 30:20) seguidos por vários apêndices curtos<ref name="Christensen">Christensen, p.211</ref> — Miller chama isto de estrutura literária. Alternativamente, o livro é por vezes entendido como tendo uma estrutura circular, com um miolo central (capítulos 12-26, o chamado [[Código Deuteronômico]]) e duas molduras, uma interna (capítulos 4 a 11 e 27 a 30) e outra externa (capítulos 1 a 3 e 31 a 34)<ref name="Christensen"/> — Miller chama isto de "estrutura da aliança".<ref name="Miller"/> Finalmente, há os que percebem uma estrutura teológica revelada no tema da adoração exclusiva de [[Javé]] estabelecida no primeiro dos [[Dez Mandamentos]] — {{citar bíblia|Êxodo|20|2|3|citação=Eu sou Javé teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa de servidão. Não terás outros deuses diante de mim}} — e na [[Shemá Israel]].<ref name="Miller"/> |
|||
=== Sumário === |
|||
No [[Novo Testamento]] cristão, [[Jesus]] é a principal autoridade que atesta a autenticidade de Deuteronômio, citando-o três vezes ao repelir as tentações de Satanás, o Diabo. (Mateus 4:1-11; Deuteronômio 6:13,16, 8:3). Também, Jesus respondeu à pergunta quanto a qual era o maior e o primeiro mandamento por citar Deuteronômio 6:5. (Marcos 12:30). |
|||
[[Ficheiro:Stamp of Israel - Festivals 5719 - 50mil.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|160px|Selo israelense de 1958 com a inscrição em hebraico do versículo 8 do capítulo 8; "''numa terra de trigo, de cevada, de vides, de figueiras e de romeiras; numa terra de azeite de oliveiras e de mel''"]] |
|||
A estrutura literária seguinte é baseada na obra de [[John Van Seters]]<ref>Van Seters, pp.15–17</ref> e pode ser comparada com a visão circular de Alexander Rofé<ref>Rofé, pp.1–4</ref>: |
|||
*Capítulos 1–4: a jornada pelo deserto, do [[monte Sinai]] (''Horeb'') até [[Cades (Bíblia)|Cades]] e depois até [[Moabe]]. |
|||
*Capítulos 4–11: depois de uma segunda introdução em {{citar bíblia|Êxodo|4|44|49}}, os eventos no Sinai são relembrados, incluindo o recebimento dos [[Dez Mandamentos]]. Os líderes de cada família são instruídos a educarem os seus nos ditames da lei, alertas são feitos em relação a outros deuses que não [[Javé]], a [[terra prometida]] a [[Jacó|Israel]] é louvada e reforça-se ao povo a necessidade da obediência; |
|||
*Capítulos 12–26, o [[Código Deuteronômico]]: leis governando a religião dos israelitas (capítulos 12-16a), nomeação e regulamentação de líderes comunitários e religiosos (16b-18), regulamentos sociais (19-25) e confissão de identidade e lealdade (26). |
|||
*Capítulos 27–28: bênçãos e maldições aos que obedecem e desobedecem a lei. |
|||
*Capítulos 29–30: discurso final sobre a aliança na terra de Moabe, incluindo todas as leis do Código Deuteronômico posteriores às recebidas no Sinai (Horeb); novamente a importância da obediência é reforçada; |
|||
*Capítulos 31–34: [[Josué]] é definido como sucessor de [[Moisés]], Moisés entrega a lei aos [[levitas]] (a casta sacerdotal) e escala o [[monte Nebo]] (''Pisgah''), onde morre e é sepultado por Deus. A narrativa destes eventos é interrompida por dois poemas, a "[[Canção de Moisés]]" e a "[[Benção de Moisés]]"; |
|||
Nos versículos finais ({{citar bíblia|Deuteronômio|34|10|12}}), a frase ''"não se levantou mais em Israel profeta algum como Moisés"'' é uma reivindicação da autoridade da visão teológica [[deuteronomista|deuteronomística]] e revela sua insistência que a adoração de Javé, o Deus único de Israel, é a única religião permitida por ter recebido a aprovação do maior dos profetas.<ref>Tigay, pp.137ff.</ref> |
|||
===Código Deuteronômico=== |
|||
E [[Paulo de Tarso|Paulo]] cita Deuteronômio 30:12-14; 32:35, 36 (em Romanos 10:6-8 e Hebreus 10:30). |
|||
Deuteronômio 12-16, o chamado "Código Deuteronômico", é a parte mais antiga do livro e o miolo à volta do qual o restante se desenvolveu.<ref>Van Seters, p.16</ref> Ele consiste de uma série de mandamentos (''"[[mitzvot]]"'') aos israelitas sobre como eles deveriam se portar em Canaã, a [[terra prometida]] por Javé, o Deus de Israel. A lista seguinte organiza a maior parte destas leis grupos temáticos: |
|||
{{Col-begin}} |
|||
{{Col-1-of-4}} |
|||
A. Observância religiosa |
|||
:* A [[Mitologia cananeia|adoração dos deuses cananeus]] é proibida e seus ídolos e locais de adoração devem ser destruídos (12:29-31); |
|||
:* Práticas de luto nativas, como a desfiguração proposital, são proibidas (14:1–2); |
|||
:* A adoração nos bosques de [[Aserá]] e o erguimento de pilares rituais são proibidos (16:21–22); |
|||
:* Todos os sacrifícios e todos os juramentos deverão ser feitos no santuário central (12:1–28); |
|||
:* Animais sacrificados devem ser imaculados (15:21, 17:1); |
|||
:* A primeira cria do sexo masculino do gado deve ser sacrificada (15:19–23); |
|||
:* Regras para o pagamento do dízimo ou a doação do valor equivalente (14:22–29); |
|||
:* Instituição dos festivais da [[Páscoa judaica|Páscoa]], das [[Shavuot|Semanas]] (''Shavuot'') e dos [[Sucot|Tabernáculos]] (''Sukkot'') (16:1–17); |
|||
:* Lista de animais cujo consumo da carne é permitido ou proibido (14:3–20); |
|||
:* O consumo de animais encontrados mortos (não abatidos) é proibido (14:21). |
|||
{{Col-2-of-4}} |
|||
B. Leis sobre os oficiais do governo |
|||
:* [[Juiz (Bíblia)|Juízes]] serão nomeados em todas as cidades (16:18); |
|||
:* Juízes devem ser imparcial e o suborno é proibido (16:19–20); |
|||
:* Instituição de um tribunal central (17:8–13); |
|||
:* Regras para o caso de os israelitas decidirem ser governados por um rei (17:14–20); |
|||
:* Regras sobre os direitos dos levitas, incluindo as receitas que lhe são devidas (18:1–8); |
|||
:* Versículos sobre um futuro profeta (18:9–22); |
|||
:* Regras para o [[cohen|sacerdócio]] (23:1–8). |
|||
{{Col-3-of-4}} |
|||
C. Direito civil |
|||
:* Débitos devem ser perdoados no sétimo ano (15:1–11); |
|||
:* Regras sobre a [[escravidão na Bíblia|escravidão]] e o procedimento para a libertação dos escravos (15:12–18); |
|||
:* Regras para captura de escravos e de espólios durante a guerra (20:14); |
|||
:* Regras sobre o tratamento de escravos sexuais durante a guerra (21:10-14); |
|||
:* Posses perdidas, uma vez encontradas, devem ser devolvidas ao proprietário (22:1–4); |
|||
:* Proibição da mistura de povos (22:9-11) |
|||
:* ''"[[Tzitzit]]"'' (uma espécie de franja usada nas vestes) são obrigatórias (22:12); |
|||
:* Casamentos entre mulheres e seus enteados são proibidos (22:30); |
|||
:* O acampamento deve ser mantido limpo (23:9–14); |
|||
:* A cobrança de juros ([[usura]]) é proibida, exceto para estrangeiros (23:19–20); |
|||
:* Regras para a lida das diversas ''"[[tzaraat]]"'' (doenças desfigurativas) (24:8–9); |
|||
:* Empregados devem receber um pagamento justo (24:14–15); |
|||
:* Justiça deve ser aplicada aos estrangeiros, viúvas e órfãos (24:17–18); |
|||
:* Parte da colheita deve ser dada aos pobres (24:19–22). |
|||
{{Col-4-of-4}} |
|||
D. Direito penal |
|||
:* Regras para testemunhas (19:15–21); |
|||
:* Procedimento em relação à noiva que foi difamada (22:13–21); |
|||
:* Leis sobre o [[adultério]] e o [[estupro]] (22:22–29); |
|||
:* [[Rapto]] e [[sequestro]] são proibidos (24:7); |
|||
:* Pesos e medidas justos são obrigatórios (25:13–16). |
|||
{{Fim}} |
|||
=== Seções segundo as porções semanais da Torá no judaísmo=== |
|||
==O tempo do Deuteronómio== |
|||
{{AP|Porção semanal da Torá|Devarim}} |
|||
O tempo abrangido pelo livro de Deuteronômio é um pouco superior a dois meses, no ano de [[1473 a.C]]. Foi escrito nas planícies de [[Moabe]], e consiste em quatro discursos, um cântico e uma bênção, da parte de Moisés, enquanto [[Israel]] acampava nas fronteiras de [[Canaã]], antes de entrar nessa terra. (Deuteronômio 1:3; Josué 1:11, 4:19) |
|||
As subdivisões são as seguintes: |
|||
*''[[Devarim (Parashá)|Devarim]]'', sobre Deuteronômio 1–3: líderes, batedores, [[Edom]], [[amonitas]], [[Siom]], [[Ogue]] e as terras para duas tribos e meia; |
|||
*''[[Va'etchanan]]'', sobre Deuteronômio 3–7: cidades-santuário, Dez Mandamentos, exortação, instruções para conquista; |
|||
*''[[Eikev]]'', sobre Deuteronômio 7–11: obediência, conquista da terra, [[bezerro de ouro]], morte de [[Aarão]], deveres dos [[levitas]]; |
|||
*''[[Re'eh]]'', sobre Deuteronômio 11–16: adoração centralizada, alimentação, dízimos, [[ano sabático]], festivais peregrinos; |
|||
*''[[Shofetim (Parashá)|Shofetim]]'', sobre Deuteronômio 16–21: estrutura social básica para os israelitas; |
|||
*''[[Ki Teitzei]]'', sobre Deuteronômio 21–25: leis variadas sobre a vida civil e doméstica; |
|||
*''[[Ki Tavo]]'', sobre Deuteronômio 26–29: primeiros frutos, dízimos, bênçãos e maldições, exortação; |
|||
*''[[Nitzavim]]'', sobre Deuteronômio 29–30: aliança, violação, escolha entre a benção e a maldição; |
|||
*''[[Vayelech]]'', sobre Deuteronômio 31: encorajamento, leitura e escrita da lei; |
|||
*''[[Haazinu]]'', sobre Deuteronômio 32: punição, punição contida, despedidas; |
|||
*''[[V'Zot HaBerachah]]'', sobre Deuteronômio 33–34: benção final e morte de [[Moisés]]. |
|||
== Composição == |
|||
{{ref-section}} |
|||
[[Imagem:Knesset Menorah Shema Inscription.jpg|thumb|direita|[[Shemá Israel]] (''"Ouve, ó Israel; Javé nosso Deus é o único Deus"''), o credo fundacional do judaísmo, presente em {{citar bíblia|Deuteronômio|6|4|5}}.]] |
|||
=== História === |
|||
Desde que as evidências foram apresentadas pela primeira vez por [[Wilhelm Martin Leberecht de Wette|W.M.L de Wette]] em 1805, os estudiosos aceitam que a porção central do Deuteronômio foi composta em [[Jerusalém]] no {{-séc|VII}}, no contexto das reformas religiosas propostas pelo rei [[Josias]] (r. 641-609 a.C.).<ref>Rofé, pp.4–5</ref> Um amplo consenso existe para a seguinte estrutura cronológica geral<ref name="Rogerson"/>: |
|||
* No final do {{-séc|VIII}}, tanto o [[Reino de Judá]] quanto [[Reino de Israel (Samaria)|Reino de Israel]] eram [[vassalo]]s da [[Assíria]]. Israel se revoltou e foi destruído por volta de {{722|n}} Refugiados fugiram para Judá levando consigo diversas novas tradições. Uma delas era que o deus [[Javé]], já conhecido e adorado em Judá, não era apenas o mais importante dos deuses, mas o único deus a ser adorado. Este contexto influenciou fortemente a elite proprietária de terras de Judá, que se tornou extremamente poderosa na corte real depois de terem apoiado a elevação do jovem Josias, de apenas oito anos, ao trono depois do assassinato de seu pai, [[Amom de Judá|Amom]]; |
|||
* Pelo décimo-oitavo ano do reinado de Josias, o poderio assírio estava em franco declínio e um movimento pró-independência ganhou força na corte. Este movimento se expressou através teologia de lealdade a Javé como o único deus de Israel. Com o apoio de Josias, estes rebeldes deram início a uma ampla reforma da religião no reino com base numa versão primitiva do [[Código Deuteronômico]] (caps. 5-26), o que se materializou na forma de uma [[aliança (Bíblia)|aliança]] (um "tratado") entre Javé e Judá para substituir o tratado existente entre Judá e a Assíria. Esta aliança foi formulada como sendo um discurso de Moisés aos israelitas (iniciando {{citar bíblia|Deuteronômio|5|1}}); |
|||
* O próximo estágio da evolução do texto ocorreu durante o [[cativeiro na Babilônia]]. A destruição do Reino de Judá pelo [[Império Neobabilônico]] em 586 a.C. e o fim da monarquia provocou muitas reflexões e especulações teológicas entre a elite [[deuteronomista|deuteronomística]], exilada na [[Babilônia (cidade)|Babilônia]]. A explicação encontrada para o desastre foi uma punição de Javé pelo fracasso dos israelitas em seguir a lei; a partir esta elite criou uma [[história deuteronomística|história de Israel]] (os livros de [[Livro de Josué|Josué]] e [[Livros de Reis|Reis]]) para ilustrar esse fracasso; |
|||
* No final do exílio, quando os [[Império Aquemênida|persas]] concordaram que os judeus poderiam retornar e reconstruir o [[Templo de Jerusalém]], os capítulos 1 a 4 e 29 a 30 foram acrescentados e o Deuteronômio foi transformado no livro introdutório desta história: a história de um povo prestes a entrar na Terra Prometida se tornou a história de um povo prestes a retornar para ela. Os capítulos legislativos (19-25) foram ampliados para abranger novas situações e os capítulos 31 a 34 foram acrescentados para prover uma nova conclusão. |
|||
=== Fontes === |
|||
{{esboço-bíblia}} |
|||
O [[profeta]] [[Isaías]], ativo em Jerusalém cerca de um século antes de [[Josias]], não menciona [[o Êxodo]], alianças com Deus ou consequências da desobediência às leis de Deus. Por outro lado, [[Oseias]], contemporâneo de Isaías e ativo no [[Reino de Israel (Samaria)|reino do norte]], faz frequentes referências ao Êxodo, às andanças pelo deserto, a uma aliança, ao perigo da idolatria a deuses estrangeiros e à necessidade da fidelidade apenas a [[Javé]]. Este contraste levou os estudiosos a concluírem que as tradições por detrás do Deuteronômio tiveram origem no norte.<ref name="Van Seters">Van Seters, p.17</ref> Se o [[Código Deuteronômico]] (caps. 12-26), o coração original deste livro, foi escrito durante a época de Josias (final do {{-séc|VII}}) ou antes é tema de debates, mas muitas das leis ali explicitadas são mais antigas que o livro em si.<ref>Knight, p.66</ref> Os dois poemas nos capítulos 32-33 (a "[[Canção de Moisés]]" e a "[[Benção de Moisés]]") provavelmente são de origem independente.<ref name="Van Seters"/> |
|||
=== Lugar na Bíblia hebraica === |
|||
{{Antigo Testamento}} |
|||
O Deuteronômio ocupa um local estranho na Bíblia, a ligação entre a história das andanças dos israelitas no deserto e a história da [[conquista de Canaã]], sem pertencer totalmente a nenhuma delas. A história do deserto poderia facilmente ter se encerrado em [[Livro dos Números|Números]] e a história das conquistas de Josué poderia existir sem o Deuteronômio se fosse apenas pela narrativa. Porém, em ambos os casos ficaria faltando um elemento temático (teológico) faltando. Os estudiosos já deram várias respostas a este problema. A teoria da [[história deuteronômica]] é atualmente a mais popular, mas há uma teoria mais antiga que defende que o Deuteronômio era parte de Números e Josias era uma espécie de suplemento dele. Esta tese ainda recebe apoio, mas o consenso majoritário é que o Deuteronômio, depois de se tornar a introdução da história, foi, mais tarde, destacado dela e incluído no conjunto dos quatro primeiros livros ([[Gênesis]]-[[Êxodo]]-[[Levítico]]-[[Livro dos Números|Números]]) por que neles Moisés já era o personagem central. Segundo esta hipótese, a morte dele seria originalmente o final de Números e, depois desta redação, foi simplesmente movimentada para o final do Deuteronômio.<ref>Bandstra, pp.190–191</ref> |
|||
== Temas == |
|||
{{DEFAULTSORT:Deuteronomio}} |
|||
{{multiple image |
|||
[[Categoria:Pentateuco]] |
|||
| direction = vertical |
|||
| width = 300 |
|||
| header = Eventos do Deuteronômio |
|||
| footer = Ambas por [[James Tissot]] (1896-1902), no ''Jewish Museum'' de [[Nova Iorque]]. |
|||
| image1 = Tissot The Death of Aaron.jpg |
|||
| caption1 = Morte de [[Aarão]] |
|||
| image2 = Tissot Moses Sees the Promised Land from Afar.jpg |
|||
| caption2 = [[Moisés]] avalia a [[Terra Prometida]] à distância. |
|||
}} |
|||
O Deuteronômio sublinha a singularidade de Deus, a necessidade de uma drástica centralização de sua adoração e a preocupação com a posição dos pobres.<ref>McConville</ref> Seus muitos temas podem ser organizados à volta de três pilares principais: Israel, o Deus de Israel e a aliança que os une. |
|||
[[af:Deuteronomium]] |
|||
[[an:Deuteronomio]] |
|||
=== Israel === |
|||
[[ar:سفر التثنية]] |
|||
Os temas em relação a Israel são a sua escolha (como povo de Deus), a fidelidade, a obediência e a promessa de Deus de benesses futuras, todos expressados através da aliança: ''"a obediência não é primordialmente um dever imposto por uma parte à outra, mas a expressão de relação de aliança"''.<ref>Block, p.172</ref> [[Javé]] escolheu ("elegeu") Israel como sua propriedade especial ({{citar bíblia|Deuteronômio|7|6|7}}, por exemplo)<ref>McKenzie, p.266</ref> e [[Moisés]] reforça aos israelitas a necessidade de obediência à Deus e à aliança, realçando as consequências da falta de fé e da desobediência.<ref>Bultman, p.135</ref> Apesar disto, os primeiros capítulos são uma longa rememoração da desobediência passada de Israel. Mas é também a história do cuidado da graça de Deus que leva ao pedido para que Israel escolha a vida sobre a morte e a benção sobre a maldição (caps. 7-11).<ref>Millar, 'Deuteronomy', 161.</ref> |
|||
[[ast:Deuteronomiu]] |
|||
[[bg:Второзаконие]] |
|||
=== Deus === |
|||
[[ca:Deuteronomi]] |
|||
O conceito de Deus no Deuteronômio se alterou ao longo do tempo. A camada mais antiga, do {{-séc|VII}} ou antes, é [[monolatria|monólatra]], ou seja, não nega a realidade de outros deuses, mas obriga a adoração de apenas [[Javé]] em [[Jerusalém]]. Nas camadas posteriores, do período do exílio (meados do {{-séc|VI}}), especialmente o capítulo 4, o conceito se tornou [[monoteísmo|monoteísta]], negando a existência de qualquer outro deus.<ref>Romer (1994), p.200-201</ref> Deus está simultaneamente presente no [[Templo de Jerusalém|Templo]] e no céu, um conceito importante e inovador conhecido como "teologia do nome".<ref>McKenzie, p.265</ref> |
|||
[[cs:Deuteronomium]] |
|||
[[cy:Llyfr Deuteronomium]] |
|||
Depois da revisão da história de Israel nos primeiros quatro capítulos, o capítulo cinco reafirma os [[Dez Mandamentos]]. Este arranjo sublinha a relação soberana de Deus com Israel antes do estabelecimento da [[lei mosaica|lei]].<ref>Thompson, ''Deuteronomy'', 112.</ref> Os Dez Mandamentos, por sua vez, propiciam os princípios fundacionais para as leis seguintes, mais detalhadas. Alguns estudiosos chegam ao ponto de propor uma correlação entre cada um dos mandamentos e cada uma das leis mais detalhadas mais adiante.<ref>Braulik (sem página)</ref> Este aspecto fundacional dos Dez Mandamentos está demonstrado pela ênfase na lembrança perene da lei de Deus ({{citar bíblia|Deuteronômio|6|4|9}}) imediatamente depois. A lei, como amplamente apresentada por todo o Deuteronômio, define Israel como uma comunidade e define sua relação com Javé. Há por toda a lei um senso de justiça, por exemplo, a necessidade de múltiplas testemunhas ({{citar bíblia|Deuteronômio|17|6|7}}), cidades-santuário ({{citar bíblia|Deuteronômio|19|1|10}}) ou a provisão de juízes ({{citar bíblia|Deuteronômio|17|8|13}}). |
|||
[[da:Femte Mosebog]] |
|||
[[de:5. Buch Mose]] |
|||
=== Aliança === |
|||
[[el:Δευτερονόμιο]] |
|||
O coração do Deuteronômio é a [[aliança (Bíblia)|aliança]] que une Javé e Israel através de juramentos de fidelidade mútua e obediência de Israel a Javé.<ref>Breuggemann, p.53</ref> Deus irá entregar a Israel as bênçãos de terra, fertilidade e prosperidade enquanto Israel permanecer fiel aos ensinamentos de Deus; a desobediência irá levar a maldições e castigos.<ref>Laffey, p.337</ref> Mas, segundo os [[deuteronomista]]s, o principal pecado de Israel é a falta de fé ([[apostasia]]). Desobedecendo o primeiro e mais fundamental mandamento (''"Não terás outros deuses diante de mim"''), os israelitas passaram a adorar outros deuses.<ref>Phillips, p.8</ref> |
|||
[[en:Book of Deuteronomy]] |
|||
[[eo:Readmono]] |
|||
A aliança é baseada nos tratados entre [[suserano]]s e [[vassalo]]s [[Assíria|assírios]] do {{-séc|VII}}, através dos quais o "grande rei" (o suserano assírio) regulava sua relação com monarcas vassalos. O Deuteronômio está, desta forma, reivindicando Javé no papel do grande rei a quem Israel deve sua lealdade.<ref>Vogt, p.28</ref> Os termos do tratado são que Israel ocupará uma terra de Javé, mas esta posse é condicional à manutenção da aliança, que, por sua vez, requer um governo justo pelo estado e pelos líderes locais responsáveis pela aliança: ''"Estas crenças"'', afirma Norman Gottwald, ''"conhecidas como Javismo bíblico, são amplamente reconhecidas pelos estudiosos bíblicos como consagradas no Deuteronômio e na [[história deuteronômica]] (de Josué a Reis)"''.<ref>Gottwald</ref> |
|||
[[es:Deuteronomio]] |
|||
[[et:Viies Moosese raamat]] |
|||
Dillard & Longman reforçam a natureza viva da aliança entre Javé e Israel como nação: Moisés endereça o povo de Israel como um corpo único e sua lealdade à aliança não é de reverência, mas nascida de uma relação preexistente entre Deus e Israel estabelecida por [[Abraão]] e atestada pelo [[O Êxodo|evento do Êxodo]], de forma que as leis do Deuteronômio singularizam Israel assinalando o [[predestinação|status único]] da nação judaica.<ref>Dillard & Longman, p.102.</ref> A terra é o presente de Deus a Israel e muitas das leis, festivais e mandamentos no Deuteronômio são apresentados sob a luz da ocupação desta terra pelos israelitas. Eles notam ainda que ''"em 131 das 167 vezes que o verbo 'dar' ocorre no livro, o sujeito da ação é Javé"''.<ref>Dillard & Longman, p.104.</ref> Finalmente, o Deuteronômio torna a Torá a autoridade máxima para Israel, à qual até o mesmo os reis estão sujeitos.<ref>Vogt, p.31</ref> |
|||
[[fa:سفر تثنیه]] |
|||
[[fi:Viides Mooseksen kirja]] |
|||
== Influência no judaísmo e no cristianismo == |
|||
[[fr:Deutéronome]] |
|||
=== Judaísmo === |
|||
[[fur:Libri di Deuteronomi]] |
|||
{{citar bíblia|Deuteronômio|6|4|5}} (''"Ouve, ó Israel; Javé nosso Deus é o único Deus"'') se tornou o credo básico do [[judaísmo]], conhecido como [[Shemá Israel]], e sua recitação duas vezes por dia é um [[mitzvá]] (mandamento religioso). Ele continua (''"Amarás, pois, a Javé teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças"''), que reforça o conceito judaico central de amor a Deus. |
|||
[[gd:Deuteronomi]] |
|||
[[gl:Deuteronomio]] |
|||
=== Cristianismo === |
|||
[[hak:Sṳ̂n-min-ki]] |
|||
No [[Evangelho de Mateus]], [[Jesus]] cita a [[Shemá Israel]] no contexto do [[Grande Mandamento]]. Os primeiros autores cristãos interpretaram a profecia deuteronômica de restauração de Israel como tendo sido cumprida (ou [[supersessionismo|substituída]]) na pessoa de Jesus Cristo e na fundação da [[Igreja cristã]] (Lucas 1-2, Atos 2-5); e Jesus foi interpretado como sendo o ''"profeta semelhante a mim"'' ({{citar bíblia|Atos|3|22|23}}), uma referência a {{citar bíblia|Deuteronômio|18|15}} (''"Javé teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, dentre os teus irmãos, semelhante a mim; a este ouvirás"''). Apesar de o significado das palavras de [[Paulo de Tarso|Paulo]] ainda ser tema de debates, uma visão comum é que, no lugar de um elaborado código de leis (''[[mitzvá]]'') explicitado no Deuteronômio, Paulo, com base em {{citar bíblia|Deuteronômio|30|11|14}}, alegou que a manutenção da [[aliança de Moisés]] foi substituída pela fé em Jesus e no [[evangelho]] (a [[nova aliança (Bíblia)|nova aliança]]).<ref>McConville, p.24</ref> |
|||
[[he:דברים]] |
|||
[[hr:Ponovljeni zakon]] |
|||
== Ver também == |
|||
[[ia:Deuteronomio]] |
|||
* [[613 mandamentos]] |
|||
[[id:Kitab Ulangan]] |
|||
* [[Deuteronomista]] |
|||
[[it:Deuteronomio]] |
|||
* [[Hipótese documental]] |
|||
[[ja:申命記]] |
|||
* ''[[Cashrut]]'' |
|||
[[jv:Andharaning Torèt]] |
|||
* [[Papiro Rylands 458]], o mais antigo [[manuscrito]] grego do Deuteronômio |
|||
[[ko:신명기]] |
|||
[[la:Deuteronomium]] |
|||
{{Referências|col=3}} |
|||
[[li:Deuteronomium]] |
|||
[[lt:Pakartotas Įstatymas]] |
|||
== Bibliografia == |
|||
[[ml:നിയമാവർത്തനം]] |
|||
{{refbegin|2}} |
|||
[[nl:Deuteronomium]] |
|||
* {{citar periódico|sobrenome=Ausloos|nome=Hans|título=The Deuteronomist’s History. The Role of the Deuteronomist in Historical-Critical Research into Genesis–Numbers|jornal=Old Testament Studies|número=67|local=Leiden, Boston|editora=Brill|ano=2015|língua=inglês}} |
|||
[[nn:Femte mosebok]] |
|||
* {{citar livro|último=Bandstra|primeiro=Barry L|título=Reading the Old Testament: an introduction to the Hebrew Bible|publicado=Wadsworth|ano=2004|url=https://books.google.com/?id=vRY9mTUZKJcC&printsec=frontcover&dq=Bandstra+Reading+the+old+testament|isbn=9780495391050|língua=inglês}} |
|||
[[no:Femte Mosebok]] |
|||
* {{citar livro|último=Block|primeiro=Daniel I|capítulo=Deuteronomy|editor=Kevin J. Vanhoozer|título=Dictionary for Theological Interpretation of the Bible|publicado=Baker Academic|ano=2005|língua=inglês}} |
|||
[[pl:Księga Powtórzonego Prawa]] |
|||
* {{citar livro|último=Braulik|primeiro=G|título=The Theology of Deuteronomy: Collected Essays of Georg Braulik|publicado=D&F Scott Publishing|ano=1998|url=https://books.google.com/books?id=KEnlAAAAMAAJ&q=The+Theology+of+Deuteronomy:+Collected+Essays+of+Georg+Braulik&dq=The+Theology+of+Deuteronomy:+Collected+Essays+of+Georg+Braulik|isbn=9780941037303|língua=inglês}} |
|||
[[ru:Второзаконие]] |
|||
* {{citar livro|último=Brueggemann|primeiro=Walter|título=Reverberations of faith: a theological handbook of Old Testament themes|publicado=Westminster John Knox|ano=2002|url=https://books.google.com/books?id=dBJQ71RIpdMC&printsec=frontcover&dq=theological+handbook+of+Old+Testament+themes#v=onepage&q&f=false|isbn=9780664222314|língua=inglês}} |
|||
[[scn:Deuterunomiu]] |
|||
* {{citar livro|último=Bultman|primeiro=Christoph|capítulo=Deuteronomy|url=https://books.google.com/books?id=3surkLVdw3UC&printsec=frontcover&dq=The+Oxford+Bible+commentary#v=onepage&q=Deuteronomy&f=false|editor=John Barton |editor2=John Muddiman|título=Oxford Bible Commentary|publicado=Oxford University Press|ano=2001|isbn=9780198755005|língua=inglês}} |
|||
[[sh:Ponovljeni zakon]] |
|||
* {{citar livro|último=Christensen|primeiro=Duane L|capítulo=Deuteronomy|url=https://books.google.com/books?id=goq0VWw9rGIC&dq=Mercer+Bible+Dictionary&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false|editor=Watson E. Mills |editor2=Roger Aubrey Bullard|título=Mercer Dictionary of the Bible|publicado=Mercer University Press|ano=1991|isbn=9780865543737|língua=inglês}} |
|||
[[simple:Deuteronomy]] |
|||
* {{citar periódico|sobrenome=Clements|nome=Ronald|ano=1968|título=God's Chosen People: a Theological Interpretation of the Book of Deuteronomy|jornal=Religious Book Club|número=182|local=London|editora=S.C.M. Press|língua=inglês}} |
|||
[[sk:Deuteronómium]] |
|||
* {{citar livro|último=Craigie|primeiro=Peter C|autorlink=Peter Craigie|título=The Book of Deuteronomy|publicado=Eerdmans|ano=1976|url=https://books.google.com/books?id=PAslX-YsNagC&printsec=frontcover&dq=The+Book+of+Deuteronomy+Peter+Craigie#v=onepage&q&f=false|isbn=9780802825247|língua=inglês}} |
|||
[[sr:Пета књига Мојсијева]] |
|||
* {{citar periódico|sobrenome=Gottwald|nome=Norman|título=Revisão de Stephen L. Cook, ''The Social Roots of Biblical Yahwism''|periódico=Society of Biblical Literature|ano=2004|língua=inglês}} |
|||
[[sv:Femte Moseboken]] |
|||
* {{citar livro|último=Knight|primeiro=Douglas A|capítulo=Deuteronomy and the Deuteronomists|url=https://books.google.com/books?id=SNLN1nEEys0C&printsec=frontcover&dq=Old+Testament+Interpretation+Mays+Peterson+Richards#v=onepage&q&f=false|editor=James Luther Mays |editor2=David L. Petersen |editor3=Kent Harold Richards|título=Old Testament Interpretation|publicado=T&T Clark|ano=1995|isbn=9780567292896|língua=inglês}} |
|||
[[sw:Kumbukumbu la Sheria]] |
|||
* {{citar livro|último=Laffey|primeiro=Alice L|capítulo=Deuteronomistic theology|url=https://books.google.com/?id=k85JKr1OXcQC&pg=PR7&dq=Deuteronomy#v=onepage&q&f=false|editor=Orlando O. Espín |editor2=James B. Nickoloff|título=An introductory dictionary of theology and religious studies|publicado=Liturgical Press|ano=2007|isbn=9780814658567|língua=inglês}} |
|||
[[szl:Kśynga Powtůřůnygo Prawa]] |
|||
* {{citar livro|último=Markl|primeiro=Dominik|capítulo=Moses’ Praise and Blame – Israel's Honour and Shame: Rhetorical Devices in the Ethical Foundations of Deuteronomy|url=http://dx.doi.org/10.4102/ve.v34i2.861|título=Verbum et Ecclesia|periódico=Verbum et Ecclesia|volume=34|número=2|publicado=34|ano=2013|doi=10.4102/ve.v34i2.861|língua=inglês}} |
|||
[[tl:Deuteronomio]] |
|||
* {{citar livro|último=Mendenhall|primeiro=George E|título=Covenant Forms in Israelite Tradition|publicado=Biblical Archeology 3/17|data=1 de setembro de 1954|língua=inglês}} |
|||
[[tr:Tesniye (Tevrat)]] |
|||
* {{citar livro|autorlink=Avigdor Miller|primeiro=Avigdor|último=Miller|título=Fortunate Nation:Comments and notes on DVARIM|ano=2001|língua=inglês}} |
|||
[[uk:Повторення закону]] |
|||
* {{citar livro|último=Miller|primeiro=Patrick D|título=Deuteronomy|publicado=Cambridge University Press|ano=1990|url=https://books.google.com/books?id=-yoFvN_QOjYC&printsec=frontcover&dq=Deuteronomy+Patrick+D.+Miller#v=onepage&q&f=false|isbn=9780664237370|língua=inglês}} |
|||
[[vi:Sách Đệ nhị luật]] |
|||
* {{citar livro|último=McConville|primeiro=J.G|capítulo=Deuteronomy|url=http://www.ivpress.com/title/exc/1781-X.pdf|editor=T. Desmond Alexander|editor2=David W. Baker|título=Dictionary of the Old Testament: The Pentateuch|publicado=Eisenbrauns|ano=2002|língua=inglês|acessodata=2017-06-28|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080413215334/http://www.ivpress.com/title/exc/1781-X.pdf|arquivodata=2008-04-13|urlmorta=yes}} |
|||
[[yi:ספר דברים]] |
|||
* {{citar livro|último=McKenzie|primeiro=Steven L|capítulo=Postscript|url=https://books.google.com/books?id=_Uji4Y3isn0C&pg=PA265&dq=Those+elusive+Deuteronomists+Israel+as+ethnic,+national+and+religious+entity#v=onepage&q&f=false|editor=Linda S. Schearing |editor2=Steven L McKenzie|título=Those elusive Deuteronomists: the phenomenon of Pan-Deuteronomism|publicado=T&T Clark|ano=1995|isbn=9780567563361|língua=inglês}} |
|||
[[yo:Ìwé Deuteronomi]] |
|||
* {{citar livro|último=Phillips|primeiro=Anthony|título=Deuteronomy|publicado=Westminster John Knox Press|ano=1973|url=https://books.google.com/?id=LRA4AAAAIAAJ&pg=PR7&dq=Deuteronomy#v=onepage&q&f=false|isbn=9780521097727}} |
|||
[[zh:申命記]] |
|||
* {{citar livro|autorlink=Gunther Plaut|sobrenome=Plaut|nome=Gunther|título=The Torah: A Modern Commentary|ano=1981|isbn=0-8074-0055-6|língua=inglês}} |
|||
[[zh-min-nan:Sin-bēng-kì]] |
|||
* {{citar livro|último=Richter|primeiro=Sandra L|título=The Deuteronomistic history and the name theology|publicado=Walter de Gruyter|ano=2002|url=https://books.google.com/books?id=WY_OfDvGXssC&printsec=frontcover&dq=The+Deuteronomistic+history+and+the+name+theology#v=onepage&q&f=false|isbn=9783110173765|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Rofé|primeiro=Alexander|título=Deuteronomy: issues and interpretation|publicado=T&T Clark|ano=2002|url=https://books.google.com/?id=ATDWInu5VCwC&pg=PR7&dq=Deuteronomy#v=onepage&q&f=false|isbn=9780567087546|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Rogerson|primeiro=John W|capítulo=Deuteronomy|url=https://books.google.com/books?id=2Vo-11umIZQC&pg=PA153&lpg=PA153&dq=Deuteronomy+John+W+Rogerson#v=onepage&q=Deuteronomy%20John%20W%20Rogerson&f=false|editor=James D. G. Dunn |editor2=John William Rogerson|título=Eerdmans Commentary on the Bible|publicado=Eerdmans|ano=2003|isbn=9780802837110|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Romer|primeiro=Thomas|capítulo=Deuteronomy In Search of Origins|url=https://books.google.com/books?id=CoHhPAKgETkC&pg=PA112&lpg=PA112&dq=Deuteronomy+in+search+of+origins+romer#v=onepage&q&f=false|editor=Gary N. Knoppers |editor2=J. Gordon McConville|título=Reconsidering Israel and Judah: recent studies on the Deuteronomistic history|publicado=Eisenbrauns|ano=2000|isbn=9781575060378|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Romer|primeiro=Thomas|capítulo=The Book of Deuteronomy|url=https://books.google.com/books?id=3gnxJjuqld0C&pg=PA178&dq=The+history+of+Israel%27s+traditions:+the+heritage+of+Martin+Noth+Thomas+Romer+The+Book+of+Deuteronomy#v=onepage&q&f=false|editor=Steven L. McKenzie |editor2=Matt Patrick Graham|título=The history of Israel's traditions: the heritage of Martin Noth|publicado=Sheffield Academic Press|ano=1994|isbn=9780567230355|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Tigay|primeiro=Jeffrey|capítulo=The Significance of the End of Deuteronomy|url=https://books.google.com/books?id=jvFrWwau-1oC&printsec=frontcover&dq=Texts,+temples,+and+traditions:+a+tribute+to+Menahem+Haran#v=onepage&q&f=false|editor=Michael V. Fox |display-editors=etal|título=Texts, temples, and traditions: a tribute to Menahem Haran|publicado=Eisenbrauns|ano=1996|isbn=9781575060033|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Van Seters|primeiro=John|capítulo=The Pentateuch|url=https://books.google.com/books?id=owwhpmIVgSAC&printsec=frontcover&dq=The+Hebrew+Bible+today:+an+introduction+to+critical+issues#v=onepage&q&f=false|editor=Steven L. McKenzie |editor2=Matt Patrick Graham|título=The Hebrew Bible today: an introduction to critical issues|publicado=Westminster John Knox Press|ano=1998|isbn=9780664256524|língua=inglês}} |
|||
* {{citar livro|último=Vogt|primeiro=Peter T|título=Deuteronomic theology and the significance of Torah: a reappraisal|publicado=Eisenbrauns|ano=2006|url=https://books.google.com/books?id=bQRpj-GxN_AC&pg=PR3&lpg=PR3&dq=Deuteronomic+theology+and+the+significance+of+Torah:+a+reappraisal#v=onepage&q&f=false|isbn=9781575061078|língua=inglês}} |
|||
{{refend}} |
|||
== Ligações externas == |
|||
{{Wikisource|Tradução Brasileira da Bíblia/Deuteronômio}} |
|||
{{Wikiquote}} |
|||
{{commonscat|Book of Deuteronomy}} |
|||
{{refbegin}} |
|||
* {{citar web|url=https://www.bibliaonline.com.br/acf/dt/1|título=Deuteronômio em várias versões da Bíblia|publicado=Bíblia Online}} |
|||
* {{citar web|url = https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/deuteronomio/ | título = Deuteronômio (Bíblia Ave Maria) | publicado = bibliacatolica.com.br }} |
|||
* {{citar web|url = https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-matos-soares-1956/deuteronomio/ | título = Deuteronômio (Bíblia Matos Soares, 1956) | publicado = bibliacatolica.com.br }} |
|||
* {{citar web|url=http://www.vatican.va/archive/bible/nova_vulgata/documents/nova-vulgata_vt_deuteronomii_lt.html|título=Livro do Deuteronômio|publicado=Vatican.va|língua=latim}} |
|||
* {{link|he|2=http://www.mechon-mamre.org/p/pt/pt0501.htm|3=דְּבָרִים - texto original}} |
|||
* {{JewishEncyclopedia|url=http://jewishencyclopedia.com/articles/5132-deuteronomy | artigo = Deuteronomy}} |
|||
* {{1913CE|Pentateuch}} |
|||
{{refend}} |
|||
{{Livros da Bíblia}} |
|||
{{Controle de autoridade}} |
|||
[[Categoria:Deuteronômio| ]] |
|||
[[Categoria:Século VII a.C.]] |
|||
[[Categoria:Século VI a.C.]] |
Edição atual tal como às 13h53min de 27 de dezembro de 2023
Livros do Antigo Testamento |
---|
Pentateuco |
Gênesis · Êxodo · Levítico · Números Deuteronômio |
Livros históricos |
Josué · Juízes · Rute · I Samuel II Samuel · I Reis · II Reis · I Crônicas II Crônicas · Esdras · Neemias · Tobias Judite · Ester · I Macabeus · II Macabeus |
Livros Poéticos e Sapienciais |
Jó · Salmos · Provérbios · Eclesiastes Cantares de Salomão · Sabedoria Eclesiástico |
Livros Proféticos |
Isaías · Jeremias · Lamentações · Baruc Ezequiel · Daniel · Oseias · Joel · Amós Obadias · Jonas · Miqueias · Naum Habacuque · Sofonias · Ageu · Zacarias Malaquias |
Manuscrito bíblico |
Deuteronômio (português brasileiro) ou Deuteronómio (português europeu) (do grego Δευτερονόμιον, "Deuteronómion", "Segunda lei""; em hebraico: דְּבָרִים, Devārīm, "palavras [ditas]") é o quinto livro da Torá, a primeira seção da Bíblia hebraica e parte do Antigo Testamento da Bíblia cristã. O título em hebraico é derivado do primeiro versículo, "Eleh ha-devarim", «Estas são as palavras que Moisés falou...» (Deuteronômio 1:1). O título em português deriva do grego, que significa "segunda lei", uma referência à frase da Septuaginta "to duteronomion touto", "uma segunda lei", em Deuteronômio 17:18. Esta frase é, por sua vez, uma tradução incorreta do hebreu "mishneh haTorah hazoth", "uma cópia desta lei".[1]
O livro está dividido em três sermões ou homilias proferidas aos israelitas por Moisés na planície de Moabe pouco antes da entrada na Terra Prometida. O primeiro recapitula os quarenta anos vagando pelo deserto que culminaram naquele momento e termina com uma exortação para que se observe a lei, mais tarde conhecida como Lei Mosaica. O segundo relembra os israelitas da necessidade do monoteísmo e da observância das leis que Deus lhes entregou no monte Sinai, da qual depende a posse da terra que irão conquistar. O terceiro oferece o consolo de que, mesmo que Israel se mostre infiel – e, por isso, perca a terra –, com o arrependimento, tudo poderá ser restaurado.[2]
Tradicionalmente visto como sendo uma transcrição das palavras de Moisés proferidas antes da conquista de Canaã, um amplo consenso entre os estudiosos modernos defende que o texto se originou no Reino de Israel (o reino do norte) e foi levado para o sul, para o Reino de Judá, na iminência da conquista assíria de Aram (século VIII a.C.) e depois adaptado para se conformar à reforma nacionalista na época de Josias (final do século VII). A forma final do texto como conhecemos hoje emergiu no contexto do retorno do cativeiro da Babilônia no final do século VI a.C.[3] Muitos estudiosos entendem que este livro é um reflexo das necessidades econômicas e do status social dos levitas, grupo a que o autor provavelmente pertencia.[4]
Um dos mais importantes versículos da Bíblia, conhecido como "Shemá Israel", está no Deuteronômio e se tornou com o tempo a afirmação definitiva da identidade judaica: «Ouve, ó Israel; Javé nosso Deus é o único Deus» (Deuteronômio 6:4). Este versículo e o seguinte ("Amarás, pois, a Javé teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.") foram citados por Jesus em Marcos 12:28–34 como parte do Grande Mandamento.
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]Estrutura
[editar | editar código-fonte]Patrick D. Miller sugere que diferentes pontos de vista sobre a estrutura do Deuteronômio levarão a diferentes conclusões sobre o que ele trata.[5] A estrutura é geralmente descrita como uma sequência de três discursos ou sermões (capítulos 1:1 a 4:43; 4:44 a 29:1 e 29:2 a 30:20) seguidos por vários apêndices curtos[6] — Miller chama isto de estrutura literária. Alternativamente, o livro é por vezes entendido como tendo uma estrutura circular, com um miolo central (capítulos 12-26, o chamado Código Deuteronômico) e duas molduras, uma interna (capítulos 4 a 11 e 27 a 30) e outra externa (capítulos 1 a 3 e 31 a 34)[6] — Miller chama isto de "estrutura da aliança".[5] Finalmente, há os que percebem uma estrutura teológica revelada no tema da adoração exclusiva de Javé estabelecida no primeiro dos Dez Mandamentos — «Eu sou Javé teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa de servidão. Não terás outros deuses diante de mim» (Êxodo 20:2–3) — e na Shemá Israel.[5]
Sumário
[editar | editar código-fonte]A estrutura literária seguinte é baseada na obra de John Van Seters[7] e pode ser comparada com a visão circular de Alexander Rofé[8]:
- Capítulos 1–4: a jornada pelo deserto, do monte Sinai (Horeb) até Cades e depois até Moabe.
- Capítulos 4–11: depois de uma segunda introdução em Êxodo 4:44–49, os eventos no Sinai são relembrados, incluindo o recebimento dos Dez Mandamentos. Os líderes de cada família são instruídos a educarem os seus nos ditames da lei, alertas são feitos em relação a outros deuses que não Javé, a terra prometida a Israel é louvada e reforça-se ao povo a necessidade da obediência;
- Capítulos 12–26, o Código Deuteronômico: leis governando a religião dos israelitas (capítulos 12-16a), nomeação e regulamentação de líderes comunitários e religiosos (16b-18), regulamentos sociais (19-25) e confissão de identidade e lealdade (26).
- Capítulos 27–28: bênçãos e maldições aos que obedecem e desobedecem a lei.
- Capítulos 29–30: discurso final sobre a aliança na terra de Moabe, incluindo todas as leis do Código Deuteronômico posteriores às recebidas no Sinai (Horeb); novamente a importância da obediência é reforçada;
- Capítulos 31–34: Josué é definido como sucessor de Moisés, Moisés entrega a lei aos levitas (a casta sacerdotal) e escala o monte Nebo (Pisgah), onde morre e é sepultado por Deus. A narrativa destes eventos é interrompida por dois poemas, a "Canção de Moisés" e a "Benção de Moisés";
Nos versículos finais (Deuteronômio 34:10–12), a frase "não se levantou mais em Israel profeta algum como Moisés" é uma reivindicação da autoridade da visão teológica deuteronomística e revela sua insistência que a adoração de Javé, o Deus único de Israel, é a única religião permitida por ter recebido a aprovação do maior dos profetas.[9]
Código Deuteronômico
[editar | editar código-fonte]Deuteronômio 12-16, o chamado "Código Deuteronômico", é a parte mais antiga do livro e o miolo à volta do qual o restante se desenvolveu.[10] Ele consiste de uma série de mandamentos ("mitzvot") aos israelitas sobre como eles deveriam se portar em Canaã, a terra prometida por Javé, o Deus de Israel. A lista seguinte organiza a maior parte destas leis grupos temáticos:
A. Observância religiosa
|
B. Leis sobre os oficiais do governo
|
C. Direito civil
|
D. Direito penal
|
Seções segundo as porções semanais da Torá no judaísmo
[editar | editar código-fonte]As subdivisões são as seguintes:
- Devarim, sobre Deuteronômio 1–3: líderes, batedores, Edom, amonitas, Siom, Ogue e as terras para duas tribos e meia;
- Va'etchanan, sobre Deuteronômio 3–7: cidades-santuário, Dez Mandamentos, exortação, instruções para conquista;
- Eikev, sobre Deuteronômio 7–11: obediência, conquista da terra, bezerro de ouro, morte de Aarão, deveres dos levitas;
- Re'eh, sobre Deuteronômio 11–16: adoração centralizada, alimentação, dízimos, ano sabático, festivais peregrinos;
- Shofetim, sobre Deuteronômio 16–21: estrutura social básica para os israelitas;
- Ki Teitzei, sobre Deuteronômio 21–25: leis variadas sobre a vida civil e doméstica;
- Ki Tavo, sobre Deuteronômio 26–29: primeiros frutos, dízimos, bênçãos e maldições, exortação;
- Nitzavim, sobre Deuteronômio 29–30: aliança, violação, escolha entre a benção e a maldição;
- Vayelech, sobre Deuteronômio 31: encorajamento, leitura e escrita da lei;
- Haazinu, sobre Deuteronômio 32: punição, punição contida, despedidas;
- V'Zot HaBerachah, sobre Deuteronômio 33–34: benção final e morte de Moisés.
Composição
[editar | editar código-fonte]História
[editar | editar código-fonte]Desde que as evidências foram apresentadas pela primeira vez por W.M.L de Wette em 1805, os estudiosos aceitam que a porção central do Deuteronômio foi composta em Jerusalém no século VII a.C., no contexto das reformas religiosas propostas pelo rei Josias (r. 641-609 a.C.).[11] Um amplo consenso existe para a seguinte estrutura cronológica geral[3]:
- No final do século VIII a.C., tanto o Reino de Judá quanto Reino de Israel eram vassalos da Assíria. Israel se revoltou e foi destruído por volta de Predefinição:722 Refugiados fugiram para Judá levando consigo diversas novas tradições. Uma delas era que o deus Javé, já conhecido e adorado em Judá, não era apenas o mais importante dos deuses, mas o único deus a ser adorado. Este contexto influenciou fortemente a elite proprietária de terras de Judá, que se tornou extremamente poderosa na corte real depois de terem apoiado a elevação do jovem Josias, de apenas oito anos, ao trono depois do assassinato de seu pai, Amom;
- Pelo décimo-oitavo ano do reinado de Josias, o poderio assírio estava em franco declínio e um movimento pró-independência ganhou força na corte. Este movimento se expressou através teologia de lealdade a Javé como o único deus de Israel. Com o apoio de Josias, estes rebeldes deram início a uma ampla reforma da religião no reino com base numa versão primitiva do Código Deuteronômico (caps. 5-26), o que se materializou na forma de uma aliança (um "tratado") entre Javé e Judá para substituir o tratado existente entre Judá e a Assíria. Esta aliança foi formulada como sendo um discurso de Moisés aos israelitas (iniciando Deuteronômio 5:1);
- O próximo estágio da evolução do texto ocorreu durante o cativeiro na Babilônia. A destruição do Reino de Judá pelo Império Neobabilônico em 586 a.C. e o fim da monarquia provocou muitas reflexões e especulações teológicas entre a elite deuteronomística, exilada na Babilônia. A explicação encontrada para o desastre foi uma punição de Javé pelo fracasso dos israelitas em seguir a lei; a partir esta elite criou uma história de Israel (os livros de Josué e Reis) para ilustrar esse fracasso;
- No final do exílio, quando os persas concordaram que os judeus poderiam retornar e reconstruir o Templo de Jerusalém, os capítulos 1 a 4 e 29 a 30 foram acrescentados e o Deuteronômio foi transformado no livro introdutório desta história: a história de um povo prestes a entrar na Terra Prometida se tornou a história de um povo prestes a retornar para ela. Os capítulos legislativos (19-25) foram ampliados para abranger novas situações e os capítulos 31 a 34 foram acrescentados para prover uma nova conclusão.
Fontes
[editar | editar código-fonte]O profeta Isaías, ativo em Jerusalém cerca de um século antes de Josias, não menciona o Êxodo, alianças com Deus ou consequências da desobediência às leis de Deus. Por outro lado, Oseias, contemporâneo de Isaías e ativo no reino do norte, faz frequentes referências ao Êxodo, às andanças pelo deserto, a uma aliança, ao perigo da idolatria a deuses estrangeiros e à necessidade da fidelidade apenas a Javé. Este contraste levou os estudiosos a concluírem que as tradições por detrás do Deuteronômio tiveram origem no norte.[12] Se o Código Deuteronômico (caps. 12-26), o coração original deste livro, foi escrito durante a época de Josias (final do século VII a.C.) ou antes é tema de debates, mas muitas das leis ali explicitadas são mais antigas que o livro em si.[13] Os dois poemas nos capítulos 32-33 (a "Canção de Moisés" e a "Benção de Moisés") provavelmente são de origem independente.[12]
Lugar na Bíblia hebraica
[editar | editar código-fonte]O Deuteronômio ocupa um local estranho na Bíblia, a ligação entre a história das andanças dos israelitas no deserto e a história da conquista de Canaã, sem pertencer totalmente a nenhuma delas. A história do deserto poderia facilmente ter se encerrado em Números e a história das conquistas de Josué poderia existir sem o Deuteronômio se fosse apenas pela narrativa. Porém, em ambos os casos ficaria faltando um elemento temático (teológico) faltando. Os estudiosos já deram várias respostas a este problema. A teoria da história deuteronômica é atualmente a mais popular, mas há uma teoria mais antiga que defende que o Deuteronômio era parte de Números e Josias era uma espécie de suplemento dele. Esta tese ainda recebe apoio, mas o consenso majoritário é que o Deuteronômio, depois de se tornar a introdução da história, foi, mais tarde, destacado dela e incluído no conjunto dos quatro primeiros livros (Gênesis-Êxodo-Levítico-Números) por que neles Moisés já era o personagem central. Segundo esta hipótese, a morte dele seria originalmente o final de Números e, depois desta redação, foi simplesmente movimentada para o final do Deuteronômio.[14]
Temas
[editar | editar código-fonte]O Deuteronômio sublinha a singularidade de Deus, a necessidade de uma drástica centralização de sua adoração e a preocupação com a posição dos pobres.[15] Seus muitos temas podem ser organizados à volta de três pilares principais: Israel, o Deus de Israel e a aliança que os une.
Israel
[editar | editar código-fonte]Os temas em relação a Israel são a sua escolha (como povo de Deus), a fidelidade, a obediência e a promessa de Deus de benesses futuras, todos expressados através da aliança: "a obediência não é primordialmente um dever imposto por uma parte à outra, mas a expressão de relação de aliança".[16] Javé escolheu ("elegeu") Israel como sua propriedade especial (Deuteronômio 7:6–7, por exemplo)[17] e Moisés reforça aos israelitas a necessidade de obediência à Deus e à aliança, realçando as consequências da falta de fé e da desobediência.[18] Apesar disto, os primeiros capítulos são uma longa rememoração da desobediência passada de Israel. Mas é também a história do cuidado da graça de Deus que leva ao pedido para que Israel escolha a vida sobre a morte e a benção sobre a maldição (caps. 7-11).[19]
Deus
[editar | editar código-fonte]O conceito de Deus no Deuteronômio se alterou ao longo do tempo. A camada mais antiga, do século VII a.C. ou antes, é monólatra, ou seja, não nega a realidade de outros deuses, mas obriga a adoração de apenas Javé em Jerusalém. Nas camadas posteriores, do período do exílio (meados do século VI a.C.), especialmente o capítulo 4, o conceito se tornou monoteísta, negando a existência de qualquer outro deus.[20] Deus está simultaneamente presente no Templo e no céu, um conceito importante e inovador conhecido como "teologia do nome".[21]
Depois da revisão da história de Israel nos primeiros quatro capítulos, o capítulo cinco reafirma os Dez Mandamentos. Este arranjo sublinha a relação soberana de Deus com Israel antes do estabelecimento da lei.[22] Os Dez Mandamentos, por sua vez, propiciam os princípios fundacionais para as leis seguintes, mais detalhadas. Alguns estudiosos chegam ao ponto de propor uma correlação entre cada um dos mandamentos e cada uma das leis mais detalhadas mais adiante.[23] Este aspecto fundacional dos Dez Mandamentos está demonstrado pela ênfase na lembrança perene da lei de Deus (Deuteronômio 6:4–9) imediatamente depois. A lei, como amplamente apresentada por todo o Deuteronômio, define Israel como uma comunidade e define sua relação com Javé. Há por toda a lei um senso de justiça, por exemplo, a necessidade de múltiplas testemunhas (Deuteronômio 17:6–7), cidades-santuário (Deuteronômio 19:1–10) ou a provisão de juízes (Deuteronômio 17:8–13).
Aliança
[editar | editar código-fonte]O coração do Deuteronômio é a aliança que une Javé e Israel através de juramentos de fidelidade mútua e obediência de Israel a Javé.[24] Deus irá entregar a Israel as bênçãos de terra, fertilidade e prosperidade enquanto Israel permanecer fiel aos ensinamentos de Deus; a desobediência irá levar a maldições e castigos.[25] Mas, segundo os deuteronomistas, o principal pecado de Israel é a falta de fé (apostasia). Desobedecendo o primeiro e mais fundamental mandamento ("Não terás outros deuses diante de mim"), os israelitas passaram a adorar outros deuses.[26]
A aliança é baseada nos tratados entre suseranos e vassalos assírios do século VII a.C., através dos quais o "grande rei" (o suserano assírio) regulava sua relação com monarcas vassalos. O Deuteronômio está, desta forma, reivindicando Javé no papel do grande rei a quem Israel deve sua lealdade.[27] Os termos do tratado são que Israel ocupará uma terra de Javé, mas esta posse é condicional à manutenção da aliança, que, por sua vez, requer um governo justo pelo estado e pelos líderes locais responsáveis pela aliança: "Estas crenças", afirma Norman Gottwald, "conhecidas como Javismo bíblico, são amplamente reconhecidas pelos estudiosos bíblicos como consagradas no Deuteronômio e na história deuteronômica (de Josué a Reis)".[28]
Dillard & Longman reforçam a natureza viva da aliança entre Javé e Israel como nação: Moisés endereça o povo de Israel como um corpo único e sua lealdade à aliança não é de reverência, mas nascida de uma relação preexistente entre Deus e Israel estabelecida por Abraão e atestada pelo evento do Êxodo, de forma que as leis do Deuteronômio singularizam Israel assinalando o status único da nação judaica.[29] A terra é o presente de Deus a Israel e muitas das leis, festivais e mandamentos no Deuteronômio são apresentados sob a luz da ocupação desta terra pelos israelitas. Eles notam ainda que "em 131 das 167 vezes que o verbo 'dar' ocorre no livro, o sujeito da ação é Javé".[30] Finalmente, o Deuteronômio torna a Torá a autoridade máxima para Israel, à qual até o mesmo os reis estão sujeitos.[31]
Influência no judaísmo e no cristianismo
[editar | editar código-fonte]Judaísmo
[editar | editar código-fonte]Deuteronômio 6:4–5 ("Ouve, ó Israel; Javé nosso Deus é o único Deus") se tornou o credo básico do judaísmo, conhecido como Shemá Israel, e sua recitação duas vezes por dia é um mitzvá (mandamento religioso). Ele continua ("Amarás, pois, a Javé teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças"), que reforça o conceito judaico central de amor a Deus.
Cristianismo
[editar | editar código-fonte]No Evangelho de Mateus, Jesus cita a Shemá Israel no contexto do Grande Mandamento. Os primeiros autores cristãos interpretaram a profecia deuteronômica de restauração de Israel como tendo sido cumprida (ou substituída) na pessoa de Jesus Cristo e na fundação da Igreja cristã (Lucas 1-2, Atos 2-5); e Jesus foi interpretado como sendo o "profeta semelhante a mim" (Atos 3:22–23), uma referência a Deuteronômio 18:15 ("Javé teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, dentre os teus irmãos, semelhante a mim; a este ouvirás"). Apesar de o significado das palavras de Paulo ainda ser tema de debates, uma visão comum é que, no lugar de um elaborado código de leis (mitzvá) explicitado no Deuteronômio, Paulo, com base em Deuteronômio 30:11–14, alegou que a manutenção da aliança de Moisés foi substituída pela fé em Jesus e no evangelho (a nova aliança).[32]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- 613 mandamentos
- Deuteronomista
- Hipótese documental
- Cashrut
- Papiro Rylands 458, o mais antigo manuscrito grego do Deuteronômio
- ↑ Miller, pp.1–2
- ↑ Phillips, pp.1–2
- ↑ a b Rogerson, pp.153–154
- ↑ Sommer, Benjamin D. (30 de junho de 2015). Revelation and Authority: Sinai in Jewish Scripture and Tradition (em inglês). [S.l.]: The Anchor Yale Bible Reference Library. p. 18
- ↑ a b c Miller, p.10
- ↑ a b Christensen, p.211
- ↑ Van Seters, pp.15–17
- ↑ Rofé, pp.1–4
- ↑ Tigay, pp.137ff.
- ↑ Van Seters, p.16
- ↑ Rofé, pp.4–5
- ↑ a b Van Seters, p.17
- ↑ Knight, p.66
- ↑ Bandstra, pp.190–191
- ↑ McConville
- ↑ Block, p.172
- ↑ McKenzie, p.266
- ↑ Bultman, p.135
- ↑ Millar, 'Deuteronomy', 161.
- ↑ Romer (1994), p.200-201
- ↑ McKenzie, p.265
- ↑ Thompson, Deuteronomy, 112.
- ↑ Braulik (sem página)
- ↑ Breuggemann, p.53
- ↑ Laffey, p.337
- ↑ Phillips, p.8
- ↑ Vogt, p.28
- ↑ Gottwald
- ↑ Dillard & Longman, p.102.
- ↑ Dillard & Longman, p.104.
- ↑ Vogt, p.31
- ↑ McConville, p.24
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ausloos, Hans (2015). «The Deuteronomist's History. The Role of the Deuteronomist in Historical-Critical Research into Genesis–Numbers». Leiden, Boston: Brill. Old Testament Studies (em inglês) (67)
- Bandstra, Barry L (2004). Reading the Old Testament: an introduction to the Hebrew Bible (em inglês). [S.l.]: Wadsworth. ISBN 9780495391050
- Block, Daniel I (2005). «Deuteronomy». In: Kevin J. Vanhoozer. Dictionary for Theological Interpretation of the Bible (em inglês). [S.l.]: Baker Academic
- Braulik, G (1998). The Theology of Deuteronomy: Collected Essays of Georg Braulik (em inglês). [S.l.]: D&F Scott Publishing. ISBN 9780941037303
- Brueggemann, Walter (2002). Reverberations of faith: a theological handbook of Old Testament themes (em inglês). [S.l.]: Westminster John Knox. ISBN 9780664222314
- Bultman, Christoph (2001). «Deuteronomy». In: John Barton; John Muddiman. Oxford Bible Commentary (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780198755005
- Christensen, Duane L (1991). «Deuteronomy». In: Watson E. Mills; Roger Aubrey Bullard. Mercer Dictionary of the Bible (em inglês). [S.l.]: Mercer University Press. ISBN 9780865543737
- Clements, Ronald (1968). «God's Chosen People: a Theological Interpretation of the Book of Deuteronomy». London: S.C.M. Press. Religious Book Club (em inglês) (182)
- Craigie, Peter C (1976). The Book of Deuteronomy (em inglês). [S.l.]: Eerdmans. ISBN 9780802825247
- Gottwald, Norman (2004). «Revisão de Stephen L. Cook, The Social Roots of Biblical Yahwism». Society of Biblical Literature (em inglês)
- Knight, Douglas A (1995). «Deuteronomy and the Deuteronomists». In: James Luther Mays; David L. Petersen; Kent Harold Richards. Old Testament Interpretation (em inglês). [S.l.]: T&T Clark. ISBN 9780567292896
- Laffey, Alice L (2007). «Deuteronomistic theology». In: Orlando O. Espín; James B. Nickoloff. An introductory dictionary of theology and religious studies (em inglês). [S.l.]: Liturgical Press. ISBN 9780814658567
- Markl, Dominik (2013). «Moses' Praise and Blame – Israel's Honour and Shame: Rhetorical Devices in the Ethical Foundations of Deuteronomy». Verbum et Ecclesia. Verbum et Ecclesia (em inglês). 34. [S.l.]: 34. doi:10.4102/ve.v34i2.861
- Mendenhall, George E (1 de setembro de 1954). Covenant Forms in Israelite Tradition (em inglês). [S.l.]: Biblical Archeology 3/17
- Miller, Avigdor (2001). Fortunate Nation:Comments and notes on DVARIM (em inglês). [S.l.: s.n.]
- Miller, Patrick D (1990). Deuteronomy (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 9780664237370
- McConville, J.G (2002). «Deuteronomy». In: T. Desmond Alexander; David W. Baker. Dictionary of the Old Testament: The Pentateuch (PDF) (em inglês). [S.l.]: Eisenbrauns. Consultado em 28 de junho de 2017. Arquivado do original (PDF) em 13 de abril de 2008
- McKenzie, Steven L (1995). «Postscript». In: Linda S. Schearing; Steven L McKenzie. Those elusive Deuteronomists: the phenomenon of Pan-Deuteronomism (em inglês). [S.l.]: T&T Clark. ISBN 9780567563361
- Phillips, Anthony (1973). Deuteronomy. [S.l.]: Westminster John Knox Press. ISBN 9780521097727
- Plaut, Gunther (1981). The Torah: A Modern Commentary (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 0-8074-0055-6
- Richter, Sandra L (2002). The Deuteronomistic history and the name theology (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 9783110173765
- Rofé, Alexander (2002). Deuteronomy: issues and interpretation (em inglês). [S.l.]: T&T Clark. ISBN 9780567087546
- Rogerson, John W (2003). «Deuteronomy». In: James D. G. Dunn; John William Rogerson. Eerdmans Commentary on the Bible (em inglês). [S.l.]: Eerdmans. ISBN 9780802837110
- Romer, Thomas (2000). «Deuteronomy In Search of Origins». In: Gary N. Knoppers; J. Gordon McConville. Reconsidering Israel and Judah: recent studies on the Deuteronomistic history (em inglês). [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 9781575060378
- Romer, Thomas (1994). «The Book of Deuteronomy». In: Steven L. McKenzie; Matt Patrick Graham. The history of Israel's traditions: the heritage of Martin Noth (em inglês). [S.l.]: Sheffield Academic Press. ISBN 9780567230355
- Tigay, Jeffrey (1996). «The Significance of the End of Deuteronomy». In: Michael V. Fox; et al. Texts, temples, and traditions: a tribute to Menahem Haran (em inglês). [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 9781575060033
- Van Seters, John (1998). «The Pentateuch». In: Steven L. McKenzie; Matt Patrick Graham. The Hebrew Bible today: an introduction to critical issues (em inglês). [S.l.]: Westminster John Knox Press. ISBN 9780664256524
- Vogt, Peter T (2006). Deuteronomic theology and the significance of Torah: a reappraisal (em inglês). [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 9781575061078
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Deuteronômio em várias versões da Bíblia». Bíblia Online
- «Deuteronômio (Bíblia Ave Maria)». bibliacatolica.com.br
- «Deuteronômio (Bíblia Matos Soares, 1956)». bibliacatolica.com.br
- «Livro do Deuteronômio» (em latim). Vatican.va
- «דְּבָרִים - texto original» (em hebraico)
- Este artigo incorpora texto da Enciclopédia Judaica (Jewish Encyclopedia) (em inglês) de 1901–1906 (artigo "Deuteronomy"), uma publicação agora em domínio público.
- "Pentateuch" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.