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Lockheed F-104 Starfighter: diferenças entre revisões

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== História ==
== História ==
[[Ficheiro:Lockheed XF-104 (SN 53-7786, the first XF-104) on Rogers Dry Lake 060928-F-1234S-002.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Primeiro XF-104]]
[[Ficheiro:Lockheed XF-104 (SN 53-7786, the first XF-104) on Rogers Dry Lake 060928-F-1234S-002.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Primeiro XF-104|251x251px]]
[[Clarence Johnson|Clarence L. "Kelly" Johnson]], vice-presidente de engenharia e pesquisa da Skunk Works (divisão de pesquisa avançada da [[Lockheed Corporation|Lockheed]]), visitou várias bases aéreas da [[Força Aérea dos Estados Unidos|USAF]] em novembro de 1951 com a intenção de conversar com os pilotos de caça da força sobre os desejos e necessidades deles para uma nova aeronave de combate.<ref name=":6" /><ref name=":3" /> Na época, os pilotos americanos confrontavam caças [[Mikoyan-Gurevich MiG-15|MiG-15]] [[União Soviética|soviéticos]] com o [[North American F-86 Sabre|F-86 Sabre]], com muitos pilotos considerando os caças soviéticos superiores aos complexos caças norte-americanos. Os pilotos americanos requisitaram uma aeronave de combate de alto desempenho (principalmente em alta velocidade e altitude), porém, menor e mais simples.<ref name=":0" /> Johnson iniciou o desenho da nova aeronave logo ao voltar para os Estados Unidos. Em março de 1952, a equipe de Kelly Johnson para o projeto foi formada, estudando quase 100 configurações para a nova aeronave; de desenhos pequenos de 3.600kg à grandes aeronaves de 23.000kg.<ref name=":6" /> Para chegar no desempenho desejado, a Lockheed escolheu um desenho simples e relativamente pequeno, pesando 5.400kg e contando com um único motor de alto desempenho. O motor escolhido foi o [[turbojato]] General Electric J79, de grande desempenho (muito maior que seus contemporáneos).<ref name=":10">{{citar periódico |título=Starwarrior: A First Hand Look at Lockheed's F-104, One of the Most Ambitious Fighters ever Designed! |data=1986-06 |periódico=Wings |número=3 |ultimo=Bashow |primeiro=David L. |volume=16}}</ref> A pequena aeronave, propelida com um motor J79, foi designada com o Numero de Desenho Temporário (Temporary Design Number) L-246. A Lockheed, pouco tempo depois, designou o protótipo como Model 083.<ref name=":3" />
[[Clarence Johnson|Clarence L. "Kelly" Johnson]], vice-presidente de engenharia e pesquisa da Skunk Works (divisão de pesquisa avançada da [[Lockheed Corporation|Lockheed]]), visitou várias bases aéreas da [[Força Aérea dos Estados Unidos|USAF]] em novembro de 1951 com a intenção de conversar com os pilotos de caça da força sobre os desejos e necessidades deles para uma nova aeronave de combate.<ref name=":6" /><ref name=":3" /> Na época, os pilotos americanos confrontavam caças [[Mikoyan-Gurevich MiG-15|MiG-15]] [[União Soviética|soviéticos]] com o [[North American F-86 Sabre|F-86 Sabre]], com muitos pilotos considerando os caças soviéticos superiores aos complexos caças norte-americanos. Os pilotos americanos requisitaram uma aeronave de combate de alto desempenho (principalmente em alta velocidade e altitude), porém, menor e mais simples.<ref name=":0" /> Johnson iniciou o desenho da nova aeronave logo ao voltar para os Estados Unidos. Em março de 1952, a equipe de Kelly Johnson para o projeto foi formada, estudando quase 100 configurações para a nova aeronave; de desenhos pequenos de 3.600kg à grandes aeronaves de 23.000kg.<ref name=":6" /> Para chegar no desempenho desejado, a Lockheed escolheu um desenho simples e relativamente pequeno, pesando 5.400kg e contando com um único motor de alto desempenho. O motor escolhido foi o [[turbojato]] General Electric J79, de grande desempenho (muito maior que seus contemporáneos).<ref name=":10">{{citar periódico |título=Starwarrior: A First Hand Look at Lockheed's F-104, One of the Most Ambitious Fighters ever Designed! |data=1986-06 |periódico=Wings |número=3 |ultimo=Bashow |primeiro=David L. |volume=16}}</ref> A pequena aeronave, propelida com um motor J79, foi designada com o Numero de Desenho Temporário (Temporary Design Number) L-246. A Lockheed, pouco tempo depois, designou o protótipo como Model 083.<ref name=":3" />


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Problemas encontrados no pós-combustor do J79 e a necessidade de integrar o míssil ar-ar [[AIM-9 Sidewinder]] atrasaram o desenvolvimento do F-104. Em 28 de janeiro de 1958, a primeira unidade de produção do F-104A foi entregue ao 83rd Fighter Weapons Squadron da USAF.<ref>{{citar livro|título=United States Army and Air Force Fighters 1916–1961|ultimo=Robertson|primeiro=Bruce|editora=Harleyford Publications Limited|ano=1961|local=Letchworth|lccn=61-16739}}</ref>
Problemas encontrados no pós-combustor do J79 e a necessidade de integrar o míssil ar-ar [[AIM-9 Sidewinder]] atrasaram o desenvolvimento do F-104. Em 28 de janeiro de 1958, a primeira unidade de produção do F-104A foi entregue ao 83rd Fighter Weapons Squadron da USAF.<ref>{{citar livro|título=United States Army and Air Force Fighters 1916–1961|ultimo=Robertson|primeiro=Bruce|editora=Harleyford Publications Limited|ano=1961|local=Letchworth|lccn=61-16739}}</ref>
=== Modificações para a OTAN ===
=== Modificações para a OTAN ===
[[Ficheiro:F-104G Belgium (24789579291).jpg|miniaturadaimagem|F-104G belga, em 1983]]Em resposta à um requerimento alemão de 1957 para uma aeronave de combate multipropósito, <ref name=":8" /> a Lockheed reprojetou toda a célula, reforçando a [[fuselagem]], [[empenagem]] e asas, novos paraquedas de frenagem e [[Trem de pouso|trens de pouso]] com novo sistema de freio e pneus maiores. O F-104G (G do inglês para Alemanha) "Super Starfighter" tinha um motor J79-GE-11A (de maior desempenho), leme modificado (similar ao utilizado no F-104B/D), flapes revisados para melhorar a manobrabilidade, equipamento de degelo elétrico para as tomadas de ar. A [[Aviónica|aviônica]] foram aperfeiçoadas com a instalação de um radar de controle de tiro multimodo Autonetics NASARR F15A-41B, [[Sistemas de navegação inercial|sistema de navegação inercial]] Litton LN-3 (primeiro sistema de tipo a ser empregado). Essas mudanças aumentaram a quantidade de carga externa que pode ser carregada para 1.400kg (3.000lb), possibilitando que a aeronave possa carregar uma arma nuclear de 910kg (2.000lb) no [[hardpoint]] ventral.<ref name=":2" />
[[Ficheiro:F-104G Belgium (24789579291).jpg|miniaturadaimagem|F-104G belga, em 1983|251x251px]]Em resposta à um requerimento alemão de 1957 para uma aeronave de combate multipropósito, <ref name=":8" /> a Lockheed reprojetou toda a célula, reforçando a [[fuselagem]], [[empenagem]] e asas, novos paraquedas de frenagem e [[Trem de pouso|trens de pouso]] com novo sistema de freio e pneus maiores. O F-104G (G do inglês para Alemanha) "Super Starfighter" tinha um motor J79-GE-11A (de maior desempenho), leme modificado (similar ao utilizado no F-104B/D), flapes revisados para melhorar a manobrabilidade, equipamento de degelo elétrico para as tomadas de ar. A [[Aviónica|aviônica]] foram aperfeiçoadas com a instalação de um radar de controle de tiro multimodo Autonetics NASARR F15A-41B, [[Sistemas de navegação inercial|sistema de navegação inercial]] Litton LN-3 (primeiro sistema de tipo a ser empregado). Essas mudanças aumentaram a quantidade de carga externa que pode ser carregada para 1.400kg (3.000lb), possibilitando que a aeronave possa carregar uma arma nuclear de 910kg (2.000lb) no [[hardpoint]] ventral.<ref name=":2" />


Logo após a Alemanha, a Bélgica, Países Baixos e Itália também selecionaram a aeronave, sendo essas quatro nações a se juntar em um consórcio para a construção sob licença do F-104 na Europa. O ''Arbeitsgemeinschaft'' (ARGE) Norte consistia das alemãs HFB, [[Focke-Wulf]] e [[Weser Flugzeugbau|Weserflug]] e das neerlandesas [[Fokker]] e Aviolanda; o ARGE Sul consistia somente de empresas alemãs, a [[Messerschmitt|Messerschimitt]], [[Heinkel]], [[Dornier Flugzeugwerke|Dornier]] e Siebel; o ARGE Oeste, consistindo das belgas [[SABCA]] e Avions Fairey; e o ARGE Itália, formado pelas italianas [[Fiat Aviazione|Fiat]], [[Piaggio]], [[Aermacchi|Macchi]], SACA e SIAI-Marchetti.<ref name=":8" /> Os quatro grupos construíram 350, 210, 189 e 200 aeronaves respectivamente.<ref name=":4" /> Em adição, 1.225 motores J79 foram produzidos sob licença na alemã [[BMW]], na belga [[Fabrique Nationale]] e na italiana [[Alfa Romeo]].<ref name=":8" /><ref name=":4" /> O Canadá, que também selecionou a aeronave, construiu 121 conjuntos de asas, seções traseiras e empenagens produzidas pela Canadair para o consórcio, tendo também construindo 110 unidades do F-104G para a Europa.<ref name=":2" /> A Lockheed construiu 191 aeronaves TF-104G para países europeus e para o Canadá, além de fornecer peças de reposição e apoio técnico.<ref name=":4" />
Logo após a Alemanha, a Bélgica, Países Baixos e Itália também selecionaram a aeronave, sendo essas quatro nações a se juntar em um consórcio para a construção sob licença do F-104 na Europa. O ''Arbeitsgemeinschaft'' (ARGE) Norte consistia das alemãs HFB, [[Focke-Wulf]] e [[Weser Flugzeugbau|Weserflug]] e das neerlandesas [[Fokker]] e Aviolanda; o ARGE Sul consistia somente de empresas alemãs, a [[Messerschmitt|Messerschimitt]], [[Heinkel]], [[Dornier Flugzeugwerke|Dornier]] e Siebel; o ARGE Oeste, consistindo das belgas [[SABCA]] e Avions Fairey; e o ARGE Itália, formado pelas italianas [[Fiat Aviazione|Fiat]], [[Piaggio]], [[Aermacchi|Macchi]], SACA e SIAI-Marchetti.<ref name=":8" /> Os quatro grupos construíram 350, 210, 189 e 200 aeronaves respectivamente.<ref name=":4" /> Em adição, 1.225 motores J79 foram produzidos sob licença na alemã [[BMW]], na belga [[Fabrique Nationale]] e na italiana [[Alfa Romeo]].<ref name=":8" /><ref name=":4" /> O Canadá, que também selecionou a aeronave, construiu 121 conjuntos de asas, seções traseiras e empenagens produzidas pela Canadair para o consórcio, tendo também construindo 110 unidades do F-104G para a Europa.<ref name=":2" /> A Lockheed construiu 191 aeronaves TF-104G para países europeus e para o Canadá, além de fornecer peças de reposição e apoio técnico.<ref name=":4" />
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O motor consiste de um compressor de 17 estágios, uma caixa de acessórios, uma câmara de combustão anelar, uma turbina de três estágios e o [[Pós-combustão|pós-combustor]]. O J79-GE-19, versão mais potente do motor, produzia 11.900lbf (52.8 kN) de empuxo seco e 17.900lbf (79.6 kN) com o pós-combustor. Ar sangrado do 17º estágio do compressor era utilizado para vários propósitos na aeronave: BLCS, pressurização da cabine, ar-condicionado, remoção de chuva do parabrisa, bombas de transferência de combustível, canopi, desembaçador, degelo, pressão para o traje anti G do piloto, pressurização e arrefecimento da aviônica e expulsão de gases do canhão M61. A caixa de acessórios era responsável por duas bombas hidraulicas, dois geradores de frequência variável, um gerador para o tacômetro e as bombas de óleo e combustível.<ref name=":11" /><ref name=":6" />
O motor consiste de um compressor de 17 estágios, uma caixa de acessórios, uma câmara de combustão anelar, uma turbina de três estágios e o [[Pós-combustão|pós-combustor]]. O J79-GE-19, versão mais potente do motor, produzia 11.900lbf (52.8 kN) de empuxo seco e 17.900lbf (79.6 kN) com o pós-combustor. Ar sangrado do 17º estágio do compressor era utilizado para vários propósitos na aeronave: BLCS, pressurização da cabine, ar-condicionado, remoção de chuva do parabrisa, bombas de transferência de combustível, canopi, desembaçador, degelo, pressão para o traje anti G do piloto, pressurização e arrefecimento da aviônica e expulsão de gases do canhão M61. A caixa de acessórios era responsável por duas bombas hidraulicas, dois geradores de frequência variável, um gerador para o tacômetro e as bombas de óleo e combustível.<ref name=":11" /><ref name=":6" />

=== Armamento ===
[[Ficheiro:F-104 Waffenschacht.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|250x250px|A baia de armas do F-104G aberta, expondo o canhão M61 Vulcan]]
O armamento básico do F-104 era um canhão [[M61 Vulcan|General Electric M61 Vulcan]], de 20mm, sendo a primeira aeronave a carregar o armamento; Devido a isso, as provas do Starfighter mostraram que a arma tinha problemas no uso de cinta de munição desintegrável, sendo propensa a falhas e apresentando riscos de danos por objeto estranho ao motor (FOD), devido os anéis das cintas de munição serem ejetadas e - ocasionalmente - serem sugadas pelos motores. Um sistema de alimentação sem cinta foi desenvolvido e instalado no canhão M61A1 do F-104C. O canhão (e seu sistema de alimentação) é utilizado até hoje em várias aeronaves de combate americanas.<ref>{{Citar web|url=https://www.f-106deltadart.com/weapons_20mm_cannon.htm|titulo=M61A1 Cannon and the F-106 Delta Dart|acessodata=2023-12-12|website=www.f-106deltadart.com|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20231029090727/https://www.f-106deltadart.com/weapons_20mm_cannon.htm|arquivodata=2023-10-29}}</ref>

O canhão, montado na ventral da fuselagem de proa, é alimentado por um tambor de 725 munições - posicionado atrás da cabine de comando. Com uma cadência de 6.000 disparos por minuto, o canhão podia esvaziar o tambor de munições em sete segundos.<ref name=":13">{{Citar web|url=https://www.militaryfactory.com/aircraft/detail.php?aircraft_id=113|titulo=Lockheed F-104 Starfighter|acessodata=2023-12-12|website=www.militaryfactory.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230608073635/https://www.militaryfactory.com/aircraft/detail.php?aircraft_id=113|arquivodata=2023-06-08}}</ref> O canhão era deletado nas variantes biplace (dois assentos) e nas variantes de reconhecimento tático, com a posição do canhão e do tambor substituidos por tanques de combustível adicionais.<ref>{{citar periódico |título=Lockheed F-104 Starfighter |data=1996 |periódico=Wings of Fame |publicado=Aerospace Publishing |ultimo=Fricker |primeiro=John |ultimo2=Jackson |primeiro2=Paul |paginas=38-99 |isbn=1-874023-69-7 |volume=2}}</ref>

Dois mísseis ar-ar [[AIM-9 Sidewinder]] podiam ser montados em trilhos nas pontas das asas (que também poderiam carregar tanques de combustível). O F-104C e modelos consecutivos tiveram instalados um [[hardpoint]] ventral e dois nas asas para a montagem de bombas (inclusive nucleares, no hardpoint ventral), casulos de foguetes ou tanques de combustível externos.<ref name=":13" /> Um trilho "catamarã" para dois mísseis ar-ar Sidewinder poderia ser montado na ventral da fuselagem de proa, porém, a montagem era muito próxima do chão, deixando as cabeças de guiamento dos mísseis vulneráveis à detritos em terra. As duas variantes do F-104S tiveram instaladas um par de cabides de bombas abaixo das tomadas de ar e um trilho em cada asa, no total de nove hardpoints.<ref>{{Citar web|ultimo=Cenciotti|primeiro=David|url=https://theaviationist.com/2009/04/21/f-104-versions-explained/|titulo=Italian F-104 versions explained|data=2009-04-20|acessodata=2023-12-12|website=The Aviationist|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230306165755/https://theaviationist.com/2009/04/21/f-104-versions-explained/|arquivodata=2023-03-06}}</ref>

As primeiras unidades do Starfighter tinha capacidade de carregar e lançar um foguete ar-ar nuclear [[AIR-2 Genie|AIR-2A Genie]], utilizando um trilho estendido retrátil. Essa configuração foi testada em uma única aeronave, não sendo adotada para uso operacional. A NASA, mais tarde, testou a mesma configuração para lançamento de foguetes sonda.<ref name=":12" />


== Variantes ==
== Variantes ==

Revisão das 19h36min de 12 de dezembro de 2023

F-104 Starfighter
Avião
Lockheed F-104 Starfighter
Descrição
Tipo / Missão Caça de Superioridade Aérea
Interceptador
Caça Multifunção
País de origem  Estados Unidos
Fabricante Lockheed
Quantidade produzida 2578
Desenvolvido de Lockheed XF-104
Desenvolvido em Lockheed CL-1200 Lancer
Lockheed CL-288
Primeiro voo em 4 de março de 1954 (70 anos)
Introduzido em 20 de fevereiro de 1958
Aposentado em 1969 (USAF)
1972 (Paquistão)
1975 (ANG)
2004 (Itália)

O Lockheed F-104 Starfighter é um aeronave de caça de superioridade aérea, supersônico, monomotor a jato, de produção norte-americana que foi utilizado durante a Guerra Fria.[1] Criado como um caça diurno, pela Lockheed, sendo incluída na chamada "Série Centenária" de caças da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), o Starfighter foi desenvolvido, ao longo do tempo, para se tornar um caça multifunção com capacidade "todo-tempo" (all-weather) no início dos anos 60, além de ser produzido sob licença por múltiplos países.

A aeronave, projetada por Kelly Johnson no início dos anos 50, tinha como intenção ser uma aeronave simples, leve e com grande desempenho de velocidade e altitude. Seu primeiro protótipo, o XF-104, fez seu primeiro vôo em 4 de março de 1954, com o primeiro exemplar de produção sendo operados na USAF em 1958. Poucos meses depois, a aeronave seria posta em ação na Segunda Crise do Estreito de Taiwan, quando estas aeronaves foram implantadas em Taiwan para servir de arma de dissuasão contra os MiG-15 e MiG-17 chineses.[2][3] Problemas com o motor J79 e a preferência por aeronaves de combate de maior carga útil e alcance encurtou o serviço operacional da aeronave na USAF, apesar da mesma ter sido operada durante a Crise de Berlim de 1961 e a Guerra do Vietnã, tendo feito mais de 5.000 saídas de combate na última.[4][5]

Apesar do curto tempo na USAF, o Starfighter teve bem mais sucesso em outros países da OTAN e aliados. Em outubro de 1958, a Alemanha Ocidental escolheu o F-104 como sua aeronave de combate primária, sendo seguido pelo Canadá, Países Baixos, Bélgica, Japão e Itália. Alguns países europeus formaram um consórcio internacional para a construção de aeronaves F-104, que se tornou o maior programa internacional de construção de aeronaves do mundo, na época.[6] O sucesso de exportações do Starfighter acabou findando em 1975, quando se descobriu que a Lockheed pagou suborno para várias figuras militares e politicas dos países em que vendia aeronaves, com a intenção de fechar contratos.[7]

O F-104 foi operado por 15 países. Porém, seu histórico de acidentes, especialmente em serviço da Luftwaffe, foi bastante criticado. Durante seu serviço na Luftwaffe, 270 aeronaves foram perdidas, com a morte de 110 aviadores, ganhando o apelido de Witwenmacher (Fazedor de Viuvas).[8][9] A última variante de produção, o F-104S, foi um interceptador "todo-tempo" (all-weather) construído sob licença da Lockheed pela Aeritalia para a Força Aérea Italiana, sendo retirada de serviço em 2004. Alguns jatos continuam em serviço civil pela Starfighters Inc, dos Estados Unidos.[10]

O Starfighter tinha um desenho radical para a sua época, com pequenas asas montadas mais atrás na fuselagem do que o comum para a época. A asa provia excelente desempenho em alta velocidade e baixa altitude, porém, limitava a capacidade de giro e aumentava a velocidade de pouso. O F-104 foi a primeira aeronave de produção a chegar a Mach 2 (2.469 km/h) e a 30.000m (100.000 ft) após decolar com propulsão própria. A aeronave estabeleceu vários recordes mundiais em velocidade, altitude e razão de subida em 1958, se tornando a primeira aeronave a estabelecer os três recordes simultaneamente. Também foi a primeira aeronave a ser equipada com um canhão M61 Vulcan.

História

Primeiro XF-104

Clarence L. "Kelly" Johnson, vice-presidente de engenharia e pesquisa da Skunk Works (divisão de pesquisa avançada da Lockheed), visitou várias bases aéreas da USAF em novembro de 1951 com a intenção de conversar com os pilotos de caça da força sobre os desejos e necessidades deles para uma nova aeronave de combate.[11][12] Na época, os pilotos americanos confrontavam caças MiG-15 soviéticos com o F-86 Sabre, com muitos pilotos considerando os caças soviéticos superiores aos complexos caças norte-americanos. Os pilotos americanos requisitaram uma aeronave de combate de alto desempenho (principalmente em alta velocidade e altitude), porém, menor e mais simples.[13] Johnson iniciou o desenho da nova aeronave logo ao voltar para os Estados Unidos. Em março de 1952, a equipe de Kelly Johnson para o projeto foi formada, estudando quase 100 configurações para a nova aeronave; de desenhos pequenos de 3.600kg à grandes aeronaves de 23.000kg.[11] Para chegar no desempenho desejado, a Lockheed escolheu um desenho simples e relativamente pequeno, pesando 5.400kg e contando com um único motor de alto desempenho. O motor escolhido foi o turbojato General Electric J79, de grande desempenho (muito maior que seus contemporáneos).[14] A pequena aeronave, propelida com um motor J79, foi designada com o Numero de Desenho Temporário (Temporary Design Number) L-246. A Lockheed, pouco tempo depois, designou o protótipo como Model 083.[12]

Kelly Johnson apresentou o conceito da nova aeronave para os oficiais da USAF em 5 de novembro de 1952, no qual interessou-os suficiente para criar um requerimento geral para um caça leve, com a intenção de complementar (e - possivelmente - substituir) o F-100 Super Sabre. Três outros desenhos foram escolhidos para o requerimento, além do Model 083: o Republic AP-55 (uma versão do XF-91 Thunderceptor), o North American NA-212 (que futuramente se tornou o F-107) e o Northrop N-102 Fang (também equipado um motor J79). Apesar de todas as propostas finalistas serem promissoras, a Lockheed tinha a vantagem de ter começado a desenvolver sua aeronave antes de todos, acabando por ganhar o contrato em 12 de março de 1953, estipulando a construção de dois protótipos, designados XF-104.[12][13]

Os trabalhos avançaram rapidamente, com um mockup já construído no final de abril de 1953, [13] com os protótipos iniciando a construção logo depois.[12] Enquanto isso, o motor J79 ainda não se encontrava pronto. Ambos os protótipos tiveram que ser propelidos por motores Wright J65 (versão sob licença do turbojato britânico Armstrong Siddeley Sapphire).[13] O primeiro protótipo foi completado nas instalações da Lockheed em Burbank ainda no início de 1954 e teve seu primeiro voo em 4 de março de 1954, na Base Aérea de Edwards, [15] comandado pelo piloto de provas Tony LeVier. A aeronave ficou no ar por somente 21 minutos, devido a problemas no mecanismo de retração do trem de pouso.[11][12] O protótipo chegou a fazer um breve voo durante as provas de taxiamento em 28 de fevereiro de 1954, chegando a 1.5m de altitude por uma curta distância, não sendo considerado como primeiro voo. O segundo protótipo foi destruído em um acidente durante testes de tiro, quando o canopi arrebentou, despressurizando a cabine e provocando a ejeção do piloto de provas, que pensou que um problema no canhão tinha danificado a aeronave.[16] O protótipo que restou foi aceito pela USAF em 1 de novembro de 1955.[16]

Baseado nos testes e avaliações do XF-104, a próxima variante, o YF-104A foi desenvolvido. Essa aeronave contava já com os novos motores J79, um trem de pouso e tomadas de ar modificadas.[17] O YF-104A e os modelos subsequentes do Starfighter eram 1.68m mais longos, devido ao tamanho dos novos motores. O YF-104 inicialmente contava com o turbojato GE XJ79-GE-3, de 9.300lbf (41 kN) de empuxo seco e 14.800lbf (65 kN) de empuxo em pós-combustão, porém, esse motor foi substituido pela GE J79-GE-3A, com um pós-combustor aperfeiçoado.[11] 17 aeronaves foram ordenadas pela USAF para testes em 30 de março de 1955.[12] A primeira aeronave da variante voou em 17 de fevereiro de 1956, sendo operada como aeronave de provas. Em 1º de maio de 1957, um dos protótipos foi destruído quando os ailerons falharam, resultando na perda de controle. O piloto ejetou em segurança.[18] A Lockheed fez várias modificações no YF-104 durante sua campanha de provas, incluindo reforços na célula, a adição da barbatana ventral para melhorar a estabilidade direcional em velocidades supersônicas e a instalação de um sistema de controle de camada limite (BLCS) para reduzir a velocidade de pouso.[11]

Problemas encontrados no pós-combustor do J79 e a necessidade de integrar o míssil ar-ar AIM-9 Sidewinder atrasaram o desenvolvimento do F-104. Em 28 de janeiro de 1958, a primeira unidade de produção do F-104A foi entregue ao 83rd Fighter Weapons Squadron da USAF.[19]

Modificações para a OTAN

F-104G belga, em 1983

Em resposta à um requerimento alemão de 1957 para uma aeronave de combate multipropósito, [15] a Lockheed reprojetou toda a célula, reforçando a fuselagem, empenagem e asas, novos paraquedas de frenagem e trens de pouso com novo sistema de freio e pneus maiores. O F-104G (G do inglês para Alemanha) "Super Starfighter" tinha um motor J79-GE-11A (de maior desempenho), leme modificado (similar ao utilizado no F-104B/D), flapes revisados para melhorar a manobrabilidade, equipamento de degelo elétrico para as tomadas de ar. A aviônica foram aperfeiçoadas com a instalação de um radar de controle de tiro multimodo Autonetics NASARR F15A-41B, sistema de navegação inercial Litton LN-3 (primeiro sistema de tipo a ser empregado). Essas mudanças aumentaram a quantidade de carga externa que pode ser carregada para 1.400kg (3.000lb), possibilitando que a aeronave possa carregar uma arma nuclear de 910kg (2.000lb) no hardpoint ventral.[17]

Logo após a Alemanha, a Bélgica, Países Baixos e Itália também selecionaram a aeronave, sendo essas quatro nações a se juntar em um consórcio para a construção sob licença do F-104 na Europa. O Arbeitsgemeinschaft (ARGE) Norte consistia das alemãs HFB, Focke-Wulf e Weserflug e das neerlandesas Fokker e Aviolanda; o ARGE Sul consistia somente de empresas alemãs, a Messerschimitt, Heinkel, Dornier e Siebel; o ARGE Oeste, consistindo das belgas SABCA e Avions Fairey; e o ARGE Itália, formado pelas italianas Fiat, Piaggio, Macchi, SACA e SIAI-Marchetti.[15] Os quatro grupos construíram 350, 210, 189 e 200 aeronaves respectivamente.[20] Em adição, 1.225 motores J79 foram produzidos sob licença na alemã BMW, na belga Fabrique Nationale e na italiana Alfa Romeo.[15][20] O Canadá, que também selecionou a aeronave, construiu 121 conjuntos de asas, seções traseiras e empenagens produzidas pela Canadair para o consórcio, tendo também construindo 110 unidades do F-104G para a Europa.[17] A Lockheed construiu 191 aeronaves TF-104G para países europeus e para o Canadá, além de fornecer peças de reposição e apoio técnico.[20]

O consórcio multinacional estabeleceu um escritório de coordenação chamado NASMO (NATO Starfighter Management Office, Escritório de Gerenciamento do Starfighter para a OTAN) em Koblenz, na Alemanha, na qual foi responsável pela estandarização e cooperação na construção das aeronaves. O sucesso da NASMO foi evidenciado quando um F-104G foi construído na Base Aérea de Erding, na Alemanha, com peças de todas as fabricantes envolvidas no consórcio. Porém, a coordenação centralizada em Koblenz também provocava problemas, como atrasos para implementar modificações e atualizações. Algumas das modificações propostas na época foram a instalação de um gancho de parada, altímetro reserva e um sistema de fechamento de emergência do bocal do motor.[15]

Ao todo, 2.578 aeronaves foram construídas pela Lockheed e todas as fabricantes que tiveram licença de construção.[21]

Descrição

Célula

A célula estrutural do Starfighter é construída em metal (primariamente duralumínio, mas também com aço inoxidável e titânio).[22] A fuselagem é duas vezes e meia maior que a envergadura das asas. As asas são centralizadas no plano de referência horizontal (ou no centro longitudinal da fuselagem) e posicionadas bem mais na popa da fuselagem do que em outros desenhos da época. A fuselagem de cauda é mais elevada no plano de referência horizontal da aeronave, dando a impressão de uma cauda levantada e um nariz baixo. Isso causava que a aeronave voasse "cabrada", ajudando a diminuir o arrasto, devido a isso, o tubo de pitot, as tomadas de ar dos motores e a linha de empuxo do motor teve que ser inclinado em relação à linha central da fuselagem.[11]

Lockheed F-104A

O F-104 tinha um desenho de asa bastante radical. Maioria dos caças a jato da época usavam asas enflechadas ou em delta (que balançavam o desempenho aerodinâmico, sustentação, espaço interno, capacidade de combustível e equipamentos embarcados). Testes feitos na Lockheed determinaram que a forma mais eficiente para vôo supersônico seria uma asa trapezoidal, média, bastante pequena e fina.[13] Maioria dos dados para essa decisão foram tomados de provas feitas com o Lockheed X-7, que contava com configuração de asa similar.[11] O bordo de ataque da asa era enflechado em 26º com o bordo de fuga também enflechado, mas em menor ângulo.[22]

O novo desenho de asa era extremamente fino, com uma razão de espessura-corda de 3.36% e o alongamento de 2.45.[12] O bordo de ataque das asas era tão fino que era considerado perigoso para as equipes de terra, tendo instalada bainhas nos bordos durante as manutenções.[23] Devido a finura das asas, os tanques de combustível e trem de pouso tiveram que ser alojados na fuselagem, além que os atuadores hidráulicos que comandam os ailerons eram limitados a 25mm de espessura para caber na asa.[24]

A pequena asa causava uma velocidade de pouso inaceitavelmente alta, mesmo com flapes e slats abertos. Devido a isso, os projetistas desenvolveram um sistema de controle de camada limite (BLCS), que consistia de ar sangrado do motor em alta pressão, que era assoprado nos flapes para diminuir a velocidade de pouso em - pelo menos - 30 km/h e dar mais segurança na operação.[24][11] Pousar sem o BLCS acionado poderia somente ser feito em emergências, sendo que, segundo os pilotos, era uma experiência assustadora, principalmente a noite.[12]

O estabilizador horizontal era integral, montado no alto do leme, para reduzir o acoplamento de inércia. Devido ao leme ser levemente menor que a envergadura de uma asa e ter efetividade aerodinâmica similar, ele poderia servir como uma espécie de asa, podendo girar a aeronave na direção oposta do comando de leme. Para contrapor esse efeito, as asas foram inclinadas em 10º de ângulo anédral.[13] Essa inclinação melhorou também a capacidade de giro em manobras de grandes forças G, comuns em combate ar-ar.[12]

A fuselagem tinha uma grande razão de finura. Era delgada, afunilando em direção do nariz e com uma pequena área frontal. A fuselagem continha a aviônica, cabine de comando, canhão, combustível, trem de pouso e motor. O conjunto da asa e fuselagem provocava pouco arrasto (exceto em grande ângulo de ataque, quando o arrasto induzido se torna muito alto). O F-104 tem boa aceleração, razão de subida e velocidade máxima, porém o desempenho em giro sustentado era considerado parco. O Starfighter em configuração limpa (sem tanques nem armas externas) podia sustentar um giro de 7G abaixo de 1.524m de altitude com o pós-combustor acionado, porém, devido ao consumo alto de combustível do motor J79 e os tanques menores, essa manobra reduziria consideravelmente seu tempo em vôo.[14]

Motor

General Electric J79, utilizado no F-104

O F-104 foi projetado para utilizar o turbojato General Electric J79,[25] alimentado por duas tomadas de ar com cones de choque fixos, otimizados para desempenho á Mach 1.7 (aumentado para Mach 2 quando foi atualizado o motor J79 do F-104).[24] Ao contrário de algumas aeronaves supersônicas, o F-104 não tem tomadas de ar variáveis, com o ar excedente em velocidades supersônicas desviado em volta do motor. O ar desviado também ajuda no arrefecimento do motor. A razão empuxo-arrasto é excelente, possibilitando que a aeronave chegue a Mach 2. O empuxo disponível é limitado pela geometria da tomada e do duto de ar; a aeronave poderia exceder Mach 2 se não fosse pela falta de resistência dos painéis de duralumínio com relação ao calor gerado pela fricção do ar na fuselagem. Outra limitação à velocidade era que o motor podia superaquecer acima de Mach 2.[11]

O motor consiste de um compressor de 17 estágios, uma caixa de acessórios, uma câmara de combustão anelar, uma turbina de três estágios e o pós-combustor. O J79-GE-19, versão mais potente do motor, produzia 11.900lbf (52.8 kN) de empuxo seco e 17.900lbf (79.6 kN) com o pós-combustor. Ar sangrado do 17º estágio do compressor era utilizado para vários propósitos na aeronave: BLCS, pressurização da cabine, ar-condicionado, remoção de chuva do parabrisa, bombas de transferência de combustível, canopi, desembaçador, degelo, pressão para o traje anti G do piloto, pressurização e arrefecimento da aviônica e expulsão de gases do canhão M61. A caixa de acessórios era responsável por duas bombas hidraulicas, dois geradores de frequência variável, um gerador para o tacômetro e as bombas de óleo e combustível.[22][11]

Armamento

A baia de armas do F-104G aberta, expondo o canhão M61 Vulcan

O armamento básico do F-104 era um canhão General Electric M61 Vulcan, de 20mm, sendo a primeira aeronave a carregar o armamento; Devido a isso, as provas do Starfighter mostraram que a arma tinha problemas no uso de cinta de munição desintegrável, sendo propensa a falhas e apresentando riscos de danos por objeto estranho ao motor (FOD), devido os anéis das cintas de munição serem ejetadas e - ocasionalmente - serem sugadas pelos motores. Um sistema de alimentação sem cinta foi desenvolvido e instalado no canhão M61A1 do F-104C. O canhão (e seu sistema de alimentação) é utilizado até hoje em várias aeronaves de combate americanas.[26]

O canhão, montado na ventral da fuselagem de proa, é alimentado por um tambor de 725 munições - posicionado atrás da cabine de comando. Com uma cadência de 6.000 disparos por minuto, o canhão podia esvaziar o tambor de munições em sete segundos.[27] O canhão era deletado nas variantes biplace (dois assentos) e nas variantes de reconhecimento tático, com a posição do canhão e do tambor substituidos por tanques de combustível adicionais.[28]

Dois mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder podiam ser montados em trilhos nas pontas das asas (que também poderiam carregar tanques de combustível). O F-104C e modelos consecutivos tiveram instalados um hardpoint ventral e dois nas asas para a montagem de bombas (inclusive nucleares, no hardpoint ventral), casulos de foguetes ou tanques de combustível externos.[27] Um trilho "catamarã" para dois mísseis ar-ar Sidewinder poderia ser montado na ventral da fuselagem de proa, porém, a montagem era muito próxima do chão, deixando as cabeças de guiamento dos mísseis vulneráveis à detritos em terra. As duas variantes do F-104S tiveram instaladas um par de cabides de bombas abaixo das tomadas de ar e um trilho em cada asa, no total de nove hardpoints.[29]

As primeiras unidades do Starfighter tinha capacidade de carregar e lançar um foguete ar-ar nuclear AIR-2A Genie, utilizando um trilho estendido retrátil. Essa configuração foi testada em uma única aeronave, não sendo adotada para uso operacional. A NASA, mais tarde, testou a mesma configuração para lançamento de foguetes sonda.[24]

Variantes

  • XF-104: Protótipo. Duas unidades produzidas, propelidas por motores Wright J65 (devido ao J79 não ter ficado pronto ainda). O segundo protótipo foi equipado com um canhão M61 Vulcan, para provas de armamento. Ambos os protótipos foram destruídos em acidentes.[13]
  • F-104A: Aeronave de interceptação monoplace.[13] 153 unidades construídas.[25]
    • YF-104A: Aeronave de pré-produção, utilizada para testes em motores, equipamento e provas de vôo.[17] 17 unidades foram construídas, com primeiro vôo em 17 de fevereiro de 1956.[13]
    • NF-104A: Aeronaves de treinamento de astronautas, equipadas com foguetes Rocketdyne LR121/AR-2-NA-1, de 6.000 lbf (27 kN). Esta aeronave podia alcançar 36.800m (120.800 ft). Três unidades convertidas.[30]
    • QF-104A: Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) de provas e alvo aéreo. Podendo ser tanto controlados remotamente (tanto em terra quanto desde outra aeronave) quanto por pilotos a bordo. 24 unidades convertidas (4 YF-104A e 20 F-104A).[13]
  • F-104B: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104A, tendo capacidade de combate.[25] O F-104B conta com um leme maior, nova barbatana vertical, menor capacidade de combustível e o canhão havia sido deletado. 26 unidades construídas.[12]
  • F-104C: Aeronave de caça-bombardeiro produzida para a Comando Aero-Tático da USAF. Equipado com o radar de controle de tiro AN/ASG-14T-2, cinco hardpoints (um na ventral e quatro sob as asas), capacidade de reabastecimento em voo e capacidade de carregar uma arma nuclear Mark 28 ou B43 no hardpoint ventral. 77 unidades foram construídas.[24]
  • F-104D: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104C. 21 unidades construídas.[25]
  • F-104F: Conversão de aeronaves F-104D atualizada com o motor do F-104G para a Luftwaffe. Não contava com radar nem com capacidade de combate. 30 aeronaves convertidas.[20]
  • F-104G: Aeronave de combate multifunção, construída pela Lockheed e sob licença pelo consórcio europeu constituído pela Messerschimitt/MBB (Alemanha Ocidental), Fiat (Itália), Fokker (Países Baixos) e SABCA (Bélgica). A variante contava com fuselagem, empenagem e asas reforçadas, maior barbatana ventral e leme modificado, flapes revisados, novos paraquedas de frenagem e trens de pouso com novo sistema de freio e pneus maiores. A aviônica atualizada contava com um radar de controle de tiro Autonetics NASARR F15A-41B e sistema de navegação inercial Litton LN-3. 1.127 unidades foram construídas.[20][12][17][11]
    • F-104G CCV: Aeronave de provas para sistemas de controle de vôo.[31]
    • RF-104G: Aeronave de reconhecimento tático baseado no F-104G.[25] Equipado com três câmeras KS-67A, montadas no lugar do canhão. 189 unidades construídas, todas reconfiguradas como F-104G.[13]
    • TF-104G: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104G.[25] Não contava com canhão, hardpoint ventral e menor capacidade de combustível.[13] 220 unidades construídas.
  • F-104H: Versão de exportação do F-104G, com eletrônica e aparelho de mira simplificado. Cancelada antes de ser construída.[32]
  • F-104J: Aeronave de interceptação e superioridade aérea baseada no F-104G, construída sob licença pela Mitsubishi para a Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF). 210 unidades construídas (3 pela Lockheed, 29 com kits da Lockheed e montados na Mitsubishi e 178 construídos totalmente na Mitsubishi).[25][33]
  • F-104N: Avião paquera da NASA baseadas no F-104G, três unidades construídas.[34]
  • F-104S: Aeronave de interceptação e superioridade aérea construída sob licença pela Aeritalia. A aeronave contava com um radar de controle de tiro NASARR R-21G/H e um motor J79-GE-19 atualizado, dois hardpoints ventrais e barbatanas ventrais novas. A aeronave podia ser equipada com misseis AIM-9 Sidewinder e AIM-7 Sparrow, 206 unidades construídas para a Força Aérea Italiana e 40 para a Força Aérea Turca.[21]
    • F-104S-ASA: Modernização do F-104S, equipado com novo radar de controle de tiro Fiat R-21G/M1, IFF e capacidade de uso de mísseis AIM-9L Sidewinder e Selenia Aspide. 150 unidades convertidas, com o primeiro vôo em 1985.[25]
    • F-104S-ASA/M: Modernização do F-104S, equipado com sistema de navegação inercial Litton LN-302A, GPS, TACAN, célula revisada e instrumentos modernizados. 49 unidades convertidas de 1995 a 1997.[32]
  • CF-104: Aeronave de caça-bombardeiro produzida sob licença pela Canadair.[25] A aeronave era optimizada para uso de armas nucleares, com um radar de controle de tiro NASARR R-24A, maior capacidade de combustível e motores Orenda J79-OEL-7, fabricados sob licença.[20] 200 unidades construídas.
    • CF-104D: Aeronave de treinamento biplace baseada no CF-104, construídas pela Lockheed com motores canadenses Orenda. 38 unidades construídas.[25]

Operadores

Militares

Civis

Especificações (F-104G)

Informações: Quest for Performance (NASA) [35]

Características Gerais

  • Tripulação: Um tripulante
  • Comprimento: 16,66 m
  • Envergadura: 6,36 m
  • Altura: 4,09 m
  • Área de Asa: 18,22 m²
  • Alongamento: 2.22
  • Peso Vazio: 6.350 kg
  • Peso Máximo de Decolagem (MTOW): 13.170 kg
  • Motor: 1x Turbojato General Electric J79-GE-11A, com 10.000lbf (44 kN) de empuxo seco, 15.600kgf (69 kN) com pós-combustão

Desempenho

  • Velocidade Máxima: 2.459 km/h (1.328 kn / Mach 2)
  • Velocidade de Cruzeiro: 1.136km/h (613 kn / Mach 0.92)
  • Alcance de Combate: 680 km (360 nmi)
  • Alcance de traslado: 2.620 km (1.420 nmi)
  • Teto de serviço: 22.000 m (73.000 ft)
  • Taxa de subida: 240 m/s (48.000 ft/min)
  • Carga Alar: 105 kg/m²
  • Taxa Empuxo-Peso: 0.54 (em MTOW)

Armamento

  • Canhão: 1x General Electric M61A1 Vulcan, de 20mm. 725 disparos
  • Foguetes: 4x casulos de foguetes LAU-3/A com 7x foguetes Mk.4 FFAR de 70mm;
    • 4x casulos de foguetes LAU-32/A com 7x foguetes Hydra 70 de 70mm;
    • 4x casulos de foguetes Matra Type 155 (F4) com 18x foguetes SNEB de 68mm;
    • 4x casulos de foguetes LAU-5002 com 7x foguetes CRV7 de 70mm
  • Mísseis Ar-Ar: 4x AIM-9B Sidewinder, de curta distância, guiado por infravermelho;
  • Mísseis Ar-Superfície: 2x Nord Aviation AS.30, guiado manualmente (MCLOS)
  • Míssil Antinavio: 2x Aérospatiale/MBB AS.34 Kormoran I
    • 2x Konsberg AGM-119 Penguin Mk.1
  • Bombas de Emprego Geral: 5x Mk.82 (227kg / 500lbs)
    • 2x M117 (372kg / 820lb)
  • Bombas de Freio Aerodinâmico: 5x Mk.82 Snake Eye (227kg / 500lbs)
  • Bomba Incendiária: 2x Mark 79 (473kg / 1000lbs)
    • 4x BLU-32/B (267kg / 500lbs)
  • Bomba Lança Granadas: 2x BL755, com 147 granadas alto exposivo, anti carro (HEAT); (254kg);
    • 2x CBU-24/B, com 655 granadas BLU-26 ou BLU-36;
    • 2x CBU-39/B, com 670 granadas BLU-36 (380kg / 840lbs)
    • 2x CBU-62/B, com 2025 granadas de fragmentação/incendiárias M40 (380kg / 840lbs)
  • Bombas Nucleares: 1x B28, de queda livre (1.45 MT)
    • 1x B43, de queda livre (1 MT)
    • 1x B57, de queda livre (20 kT)
    • 1x B61, de queda livre (0.3 - 170 kT)
  • Hardpoint: Sete, com capacidade de carregar 1.800kg (4.000 lb)

Ver Também

Aeronaves envolvidas no desenvolvimento

Aeronaves de função, configuração ou era comparável

Referências
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