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Putsch da Cervejaria: diferenças entre revisões

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O '''Putsch da Cervejaria''' ou '''Putsch de Munique''' foi uma tentativa falhada de [[golpe de Estado]] de [[Adolf Hitler]] e do [[Partido Nazista]] contra o governo da região [[Alemanha|alemã]] da [[Baviera]], ocorrido em 9 de novembro de 1923. O objetivo de Hitler era tomar o poder do governo bávaro. A ação foi controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – dentre eles [[Rudolf Hess]] – foram presos.
O '''Putsch da Cervejaria''' ou '''Putsch de Munique''' foi uma tentativa falhada de [[golpe de Estado]] de [[Adolf Hitler]] e do [[Partido Nazista]] contra o governo da região [[Alemanha|alemã]] da [[Baviera]], ocorrido em 9 de novembro de 1923. O objetivo de Hitler era tomar o poder do governo bávaro. A ação foi controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – dentre eles [[Rudolf Hess]] – foram presos.


A expressão "Putsch ["golpe" em alemão] da Cervejaria" origina-se de que Hitler teria exortado seus partidários à ação baseado na cervejaria ''Burgebräukeller'', uma das mais famosas cervejarias de [[Munique]]. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler sinalizou o início da "revolução" com um tiro no teto. Na refrega com as forças da ordem, 16 nazistas foram mortos. A [[propaganda]] [[nazista]] transformou esses mortos, posteriormente, em heróis da causa nacional-socialista.
A expressão "Putsch ("golpe" em [[Língua alemã|alemão]]) da Cervejaria" origina-se de que Hitler teria exortado seus partidários à ação baseado na cervejaria ''Burgebräukeller'', uma das mais famosas cervejarias de [[Munique]]. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler sinalizou o início da "revolução" com um tiro no teto. Na refrega com as forças da ordem, 16 nazistas foram mortos. A [[propaganda]] [[nazista]] transformou esses mortos, posteriormente, em heróis da causa nacional-socialista.


== O golpe ==
== O golpe ==
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Hitler fugiu para a casa de [[Ernst Hanfstaengl]] e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, então, preso por alta traição e, temendo que alguns membros esquerdistas do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou [[Alfred Rosenberg]] e, depois, [[Gregor Strasser]] como líderes temporários do partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida a possibilidade de se defender quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão na [[prisão de Landsberg]], pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.<ref name=":0" />
Hitler fugiu para a casa de [[Ernst Hanfstaengl]] e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, então, preso por alta traição e, temendo que alguns membros esquerdistas do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou [[Alfred Rosenberg]] e, depois, [[Gregor Strasser]] como líderes temporários do partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida a possibilidade de se defender quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão na [[prisão de Landsberg]], pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.<ref name=":0" />


O futuro ditador da [[Alemanha Nazista]] permaneceu apenas nove meses na prisão de [[Landsberg]], escrevendo nesse período seu manifesto político, ''[[Mein Kampf]]''. Ao deixar o cárcere, Hitler teria tomado a decisão que nortearia seu futuro na política: ele não mais desafiaria a autoridade de maneira direta, mas trilharia seu caminho ao poder pela via legal. Tendo proferido famosa frase ("A [[democracia]] deve ser destruída por suas próprias forças"), Hitler alcançaria seu objetivo em pouco menos de 10 anos num ambiente de profunda crise do [[capitalismo]], com a complacência de militares e políticos mais conservadores, os quais desejavam pôr um fim à desordem provocada pela luta de poder entre [[Nazismo|nazistas]] e [[Comunismo|comunistas]].<ref name=":0" />
O futuro ditador da [[Alemanha Nazista]] permaneceu apenas nove meses na prisão de [[Landsberg]], escrevendo nesse período seu manifesto político, ''[[Mein Kampf]]''. Ao deixar o cárcere, Hitler teria tomado a decisão que nortearia seu futuro na política: ele não mais desafiaria a autoridade de maneira direta, mas trilharia seu caminho ao poder pela via legal. Tendo proferido a famosa frase "A [[democracia]] deve ser destruída por suas próprias forças", Hitler alcançaria seu objetivo em pouco menos de 10 anos num ambiente de profunda crise do [[capitalismo]], com a complacência de militares e políticos mais conservadores, os quais desejavam pôr um fim à desordem provocada pela luta de poder entre [[Nazismo|nazistas]] e [[Comunismo|comunistas]].<ref name=":0" />


== Fatalidades ==
== Fatalidades ==

Revisão das 23h01min de 9 de novembro de 2023

Putsch da Cervejaria

Forças nazistas na Marienplatz durante o Putsch de Munique, em 1923
Data 8 a 9 de novembro de 1923
Local Munique, Alemanha
Desfecho Falha do Putsch e prisão de nazistas
Beligerantes
NSDAP
Sturmabteilung SA
Reichswehr Reichswehr
 Baviera
Comandantes
Adolf Hitler
Erich Ludendorff
Ernst Röhm
Rudolf Hess
Max Erwin von Scheubner-Richter
Hermann Göring
Reichswehr Otto von Lossow
Baviera Gustav von Kahr
Baviera Eugen von Knilling
Baviera Hans Ritter von Seisser
Forças
2 000 130
Baixas
16 mortos
Dezenas capturados
4 mortos

O Putsch da Cervejaria ou Putsch de Munique foi uma tentativa falhada de golpe de Estado de Adolf Hitler e do Partido Nazista contra o governo da região alemã da Baviera, ocorrido em 9 de novembro de 1923. O objetivo de Hitler era tomar o poder do governo bávaro. A ação foi controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – dentre eles Rudolf Hess – foram presos.

A expressão "Putsch ("golpe" em alemão) da Cervejaria" origina-se de que Hitler teria exortado seus partidários à ação baseado na cervejaria Burgebräukeller, uma das mais famosas cervejarias de Munique. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler sinalizou o início da "revolução" com um tiro no teto. Na refrega com as forças da ordem, 16 nazistas foram mortos. A propaganda nazista transformou esses mortos, posteriormente, em heróis da causa nacional-socialista.

O golpe

Hitler decidiu usar Erich Ludendorff, em 1923, como testa de ferro, numa tentativa de tomada do poder em Munique, a capital da Baviera, que na época gozava, como no Império Alemão, de certa autonomia política. Seu objetivo era imitar a famosa Marcha sobre Roma de Benito Mussolini, com uma "Marcha sobre Berlim", mas o golpe, falhado, tornar-se-ia conhecido pelo nome de Putsch da Cervejaria. Hitler e Ludendorff conseguiram o apoio clandestino de Gustav von Kahr, o governador, de fato, da Baviera, de várias personalidades de destaque do exército alemão (Reichswehr) e da própria autoridade policial. Como pode ser verificado através de pôsteres políticos da época, Luddendorff, Hitler, vários militares e os dirigentes da polícia bávara tinham como objetivo a formação de um novo governo.[1]

Contudo, em 8 de novembro de 1923, Gustav von Kahr e alguns oficiais recuaram na sua posição e negaram-lhe apoio na cervejaria de Bürgerbräu. Hitler, surpreendido, mandou detê-los, ao mesmo tempo que decidiu prosseguir com o golpe de estado. Sem o conhecimento de Hitler, Kahr e os outros ex-apoiantes foram libertos por ordem de Ludendorff, sob o compromisso de não interferirem. Contudo, procederam aos esforços necessários para frustrar o golpe. De manhã, enquanto os nazistas marchavam da cervejaria até à sede do Ministério de Guerra Bávaro, para derrubar o que consideravam ser o governo traidor da Baviera, de modo a iniciar a Marcha sobre Berlim, o exército procedeu rapidamente à sua dispersão. Ludendorff ficou ferido e vários Nazistas foram mortos.[2]

Hitler fugiu para a casa de Ernst Hanfstaengl e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, então, preso por alta traição e, temendo que alguns membros esquerdistas do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg e, depois, Gregor Strasser como líderes temporários do partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida a possibilidade de se defender quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão na prisão de Landsberg, pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.[2]

O futuro ditador da Alemanha Nazista permaneceu apenas nove meses na prisão de Landsberg, escrevendo nesse período seu manifesto político, Mein Kampf. Ao deixar o cárcere, Hitler teria tomado a decisão que nortearia seu futuro na política: ele não mais desafiaria a autoridade de maneira direta, mas trilharia seu caminho ao poder pela via legal. Tendo proferido a famosa frase "A democracia deve ser destruída por suas próprias forças", Hitler alcançaria seu objetivo em pouco menos de 10 anos num ambiente de profunda crise do capitalismo, com a complacência de militares e políticos mais conservadores, os quais desejavam pôr um fim à desordem provocada pela luta de poder entre nazistas e comunistas.[2]

Fatalidades

Policiais bávaros

  • Friedrich Fink
  • Nikolaus Hollweg
  • Max Schoberth
  • Rudolf Schraut

Golpistas

Fontes:[3][4]

Adolf Hitler revendo os membros da SA em 1935. Ele é acompanhado pelo Blutfahne ("bandeira de sangue") e seu portador SS-Sturmbannführer Jakob Grimminger

"Karl Kuhn" redireciona aqui. Para o treinador de beisebol, ver Karl Kuhn (beisebol).

Os 15 mortos estão listados na dedicatória de Hitler ao Mein Kampf.

  • Felix Allfarth, comerciante, nascido em 5 de julho de 1901 em Leipzig. Alfarth estudou merchandising na Siemens-Schuckert Works e mudou-se para Munique em 1923 para começar sua carreira.
  • Andreas Bauriedl, chapeleiro e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 4 de maio de 1879 em Aschaffenburg. Bauriedl foi atingido no abdômen, matando-o e fazendo-o cair sobre a bandeira nazista, que havia caído no chão quando seu porta-bandeira, Heinrich Trambauer, foi gravemente ferido. A bandeira ensanguentada de Bauriedl mais tarde se tornou a relíquia nazista conhecida como Blutfahne. Membro do Partido Nazista.
  • Theodor Casella, bancário e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 8 de agosto de 1900. Membro do Freikorps e do Partido Nazista.
  • Wilhelm Ehrlich, bancário e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 8 de agosto de 1894. Membro do Freikorps e do Partido Nazista. Participante anterior do Kapp Putsch.
  • Martin Faust, bancário e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 4 de janeiro de 1901.
  • Anton Hechenberger, serralheiro, nascido em 28 de setembro de 1902. Membro do Partido Nazista e Sturmabteilung.
  • Oskar Körner, empresário e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 4 de janeiro de 1875 em Ober-Peilau. Membro do Partido dos Trabalhadores Alemães e do Partido Nazista.
  • Karl Laforce, estudante de engenharia, nascido em 28 de outubro de 1904; o mais novo a morrer no golpe. Membro do Partido Nazista, Sturmabteilung, e Stoßtrupp-Hitler.
  • Kurt Neubauer, manobrista de Erich Ludendorff e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 27 de março de 1899 em Hopfengarten, Kreis Bernberg. Membro do Freikorps.
  • Klaus von Pape, empresário, nascido em 16 de agosto de 1904 em Oschatz.
  • Theodor von der Pfordten, juiz e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 14 de maio de 1873 em Bayreuth. Membro do Partido Popular Nacional Alemão. Durante seu tempo como comandante de um campo de prisioneiros de guerra em Traunstein, Pfordten foi implicado no abuso de prisioneiros de guerra, particularmente russos.
  • Johann Rickmers, capitão de cavalaria reformado e veterano da Primeira Guerra Mundial; nasceu em 7 de maio de 1881 em Bremen. Membro do Freikorps.
  • Max Erwin von Scheubner-Richter, líder nazista, nascido em 21 de janeiro de 1884 em Riga. Membro do Partido Nazista. Participante anterior do Kapp Putsch.
  • Lorenz Ritter von Stransky-Griffenfeld, engenheiro e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 14 de março de 1889. Membro do Freikorps, Partido Nazista e Sturmabteilung.
  • Wilhelm Wolf, empresário e veterano da Primeira Guerra Mundial, nascido em 19 de outubro de 1898. Membro do Freikorps e do Partido Nazista.

Scheubner-Richter andava de braços dados com Hitler durante o golpe; Ele foi baleado nos pulmões e morreu na hora.  Ele derrubou Hitler e deslocou o ombro de Hitler quando ele caiu. Ele foi o único líder nazista significativo a morrer durante o golpe. De todos os membros do partido que morreram no golpe, Hitler afirmou que Scheubner-Richter era a única "perda insubstituível".[5]

De acordo com Ernst Röhm, Martin Faust e Theodor Casella, ambos membros da organização de milícias armadas Reichskriegsflagge, foram abatidos acidentalmente em uma rajada de tiros de metralhadora durante a ocupação do Ministério da Guerra como resultado de um desentendimento com o II/Regimento de Infantaria 19.[6]

Também homenageado como mártir em Mein Kampf foi Karl Kuhn (nascido em 7 de julho de 1875), um garçom chefe de um restaurante. Alegadamente, ele participou do golpe como membro do Freikorps Oberland, e foi morto a tiros pela polícia. Na realidade, Kuhn era um espectador inocente. Ele trabalhava como garçom em um restaurante próximo quando saiu para assistir, após o que foi morto no fogo cruzado.[7]

Ver também

Referências
  1. «Putsch da Cervejaria». Filosofando Direito. Consultado em 13 de maio de 2012 
  2. a b c King, David (2017). The trial of Adolf Hitler : the Beer Hall Putsch and the rise of Nazi Germany. Internet Archive. [S.l.]: London :|bMacmillan 
  3. Christian Zentner, Friedemann Bedürftig (1991). The Encyclopedia of the Third Reich. Macmillan, New York. ISBN 0-02-897502-2
  4. Hitler, Adolf (1999). Mein Kampf. New York: Houghton Mifflin. p. v. ISBN 978-0-395-92503-4 
  5. Balakian, Peter. The Burning Tigris: The Armenian Genocide and America's Response. New York, HarperCollins, 2003 p. 407 ISBN 0-06-055870-9
  6. "Ernst Röhm, Die Geschichte eines Hochverräters, Franz Eher Verlag, Munich 1928.
  7. Hanns Hubert Hofmann: Der Hitlerputsch. Krisenjahre deutschen Geschichte 1920–1924. Nymphenburger Verlagshandlung, München 1961, S. 211, 272; als Karl Kulm bei Hans Günter Hockerts: „Hauptstadt der Bewegung“. In: Richard Bauer et al. (Hrsg.): München – „Hauptstadt der Bewegung“. Bayerns Metropole und der Nationalsozialismus. 2. Auflage. Edition Minerva, München 2002, S. 355 f.