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Como ler uma infocaixa de taxonomiaGolfinho-cabeça-de-melão


Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Odontoceti
Família: Delphinidae
Género: Peponocephala
Nishiwaki e Norris, 1966
Espécie: P. electra
Nome binomial
Peponocephala electra
(Gray, 1846)
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição da baleia-cabeça-de-melão
Mapa de distribuição da baleia-cabeça-de-melão

O golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra) é um mamífero cetáceo, da classe Mammalia, família dos Globicephalinae, que é encontrado em águas tropicais e subtropicais de todo o mundo, geralmente esses animais se encontram em águas profundas, porém podem ser vistos na superfície.[1] Essa espécie possui focinho arredondado, sem bico definido e corpo negro com manchas no ventre e ao redor da boca.[2] Atualmente, essa espécie se encontra em estado de extinção na região da Bahia.[3]

Etimologia

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O nome golfinho, conhecido também como boto, delfim ou toninha, é derivado do Latim delphinum e do espanhol golfín, que se refere a espécie de cetáceos marinhos , da família dos delfinídeos, que na maioria das espécies possui como características físicas o focinho alongado e corpo afilado.[4] Já, a denominação cabeça de melão refere-se ao formato característico de sua cabeça arredondada e o rosto não definido.[2]

Habitat e ocorrência

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O golfinho-cabeça-de-melão é um mamífero que vive geralmente em águas tropicais e subtropicais de todo o globo. No Brasil essa espécie pode ser encontrada em diversas localidades, como no Ceará, Bahia, São Paulo, Espírito Santo e no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco.[5][6][7][8][9][10]

 
Barbatana dorsal do golfinho-cabeça-de-melão.

A espécie é adaptada ao ambiente aquático de água salgada e possui grande capacidade de mergulho, oscilando de águas fundas para às rasas, eles, mergulham juntamente a outros animais da mesma espécie, garantindo uma habilidade de caráter sociável entre os indivíduos. O golfinho é capaz de nadar muito rápido, principalmente quando se encontra ameaçado por algum predador ou é assustado, ao nadar, pode realizar saltos curtos e baixos até a superfície, assim sendo capaz de jorrar água por onde se locomove.[1]

O golfinho também pode ser encontrado na costa sul da Irlanda, no Havaí e Cebu, nas Filipinas. Em 2009, mais de 300 golfinhos-cabeça-de-melão foram encontradas nas águas rasas de Bataan , nas Filipinas.[11] Embora nenhuma explicação definitiva tenha sido fornecida para o comportamento dos golfinhos, dois dos três golfinhos mortos estavam com o ouvido machucado.[12] Segundo cientistas da Comissão Internacional da Baleia alegam que os danos aos tímpanos dos golfinhos poderiam ser causados pela utilização de equipamentos de sonar que possui alta potência , como o usado pela Exxon Mobil na busca de petróleo.[13]

No Havaí, há a presença de grandes grupos de golfinhos entre 287 indivíduos, que podem ser vistos descansando na superfície das águas, as populações incluem grandes números de indivíduos que são de águas profundas e se movem entre as ilhas e outra parte dos indivíduos permanecem em águas rasas.[14]

Características

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Alimentação

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Como a espécie possui uma vasta capacidade auditiva pode localizar a sua presa a uma distância extensa. Os golfinhos se nutrem de pequenos peixes, camarões, lulas e outros animais aquáticos, o golfinho-cabeça-de-melão exibe um caráter de caçador e atua juntamente a outros individuais da mesma classe, fortalecendo os laços sociais e facilitando a captura do alimento.[6] Nos golfinhos da especie Peponocephala electra encontrados no Brasil, na região litorânea do Ceará, foram realizados estudos para a identificação dos hábitos alimentares da espécie através dos conteúdos estomacais encontrados. O golfinho dessa região se alimenta principalmente de peixes e de dois tipos de lulas, da espécie Ornithoteuthis antillarum e Abralia verany, que são encontradas no litoral brasileiro.[6]

Características físicas

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Já na sua morfologia física esse tipo de golfinho não manifesta orelhas, possuindo apenas um orifício de cada lado da sua face, que fica localizados perto dos seus olhos, devido a essa característica, o golfinho possui um alto grau de captação de ondas sonoras no ambiente aquático, aumentando a sua capacidade auditiva no meio, o que facilita a identificação de possíveis predadores, localizar o alimento e o guia para os locais desejados.[5]

 
Formato arredondado e sem bico definido do Peponocephala electra.

A sua cabeça é menor, quando comparada em conformidade com o seu corpo. Possui olhos volumosos e tem cerca de 100 dentes, o que pode ser variável na obtenção e trituração do alimento.[5] O que difere o Peponocephala Electra de outras variedades de golfinhos é a presença de um formato peculiar da sua cabeça arredondada, com configuração similar a um melão e sem um bico definido, diferente do golfinho comum (Delphinus delphis) que possui um bico relativamente curto.[15] Eles dispõe um corpo escuro, com algumas manchas mais claras, características da espécie, que ficam localizadas principalmente na borda de seu ventre e ao redor da cavidade bucal.[5] As suas nadadeiras são alongadas e pontiagudas, já a sua barbatana dorsal é mais alta e tem uma ponta.[16]

Ao nascer o Peponocephala electra apresenta peso de 10 a 15 kg e tem 1 metro de comprimento, já quando atinge a idade adulta pode chegar a 3 metro de comprimento e pesar mais de 200 kg.[5] Geralmente nas espécies encontradas, o seu corpo pode medir cerca de 2,3 metros e e pesar 160 kg, usando como padrão o mamífero golfinho-cabeça-de-melão adulto. o tempo de vida da espécie varia de acordo com os hábitos de vida e o meio em que se encontra, atingindo até 20 anos e 30 anos para as fêmeas.[7]

Comportamento

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Peponocephala electra.

Os golfinhos-cabeça-de-melão têm como um de suas particularidade a grande socialização entres os animais, estabelecendo assim uma relação de laços com outros golfinhos da mesma espécie ou em algumas exceções com outros tipos de golfinho como por exemplo o cabeça- de -garrafa, geralmente os golfinho-cabeça-de-melão se reúnem grandes grupos, que podem ser alterados devido a ocasião. [5]Os golfinhos encontrados na região do Havaí passam boa parte de seu dia na superfície descansando.[16]

 
Golfinhos-cabeça-de-melão mergulhando em grupo.
 
Golfinho-cabeça-de-melão encontrado no mar de Bohol, nas Filipinas.

Os golfinhos em geral possuem uma grande capacidade mental, o que facilita a realização de treinamentos com esses animais, quando são mantidos em cárcere devido ao risco de extinção ou em indivíduos encontrados na costa e que passam por um processo de recuperação em centros especializados, sendo capazes de imitar gestos humanos, de brincar e realizar tarefas mais complexas, na maioria das espécies eles possuem parte do seu cérebro (parte do encéfalo) mais desenvolvidos que o dos seres humanos.[17]

Predadores

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Dentre os inimigos que são predadores do golfinho-cabeça-de-melão no ambiente oceânico estão principalmente os tubarões, orcas, que são uma espécie de golfinhos com o tamanho maior, e as ações provocadas pelo homem. O homem age indiretamente como predador dos golfinhos, uma vez que é comum pescadores capturarem por engano essa espécie em suas redes, isso faz com que o animal fique preso e impossibilitado de subir à superfície para respirar, causando a morte do mesmo. No litoral da Bahia, golfinhos da espécie Peponocephala Electra foram encontrados com sinais de mutilações pelo corpo causados por mordidas de tubarões-charuto (Isistius brasiliensis), da espécie Isistius spp. A análise das mordidas de tubarões-charuto, Isistius spp.(Squaliformes: Dalatiidae) em cetáceos no litoral da Bahia, mostrou que o tubarão foi responsável por ser um dos principais predadores do golfinho no território brasileiro, esses tubarões geralmente atacam as regiões dos flancos, cabeça, abdômen, dorso e região urogenital, levando o animal a morte devido o grau elevado de intensidade nas mordidas, geralmente, a região dos flancos é a mais atacada pois é a maior área exposta do animal e é de fácil acesso para os tubarões.[18]

Atualmente, por ano, cerca de 300 mil espécies de golfinhos, baleias e botos em geral são vítimas das ações humanas, o que causa a morte do animal e aumenta cada vez mais as taxas de extinção.[19]

Casos relevantes

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No Havaí, foi identificado um indivíduo híbrido originado através do cruzamento entre um golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis) macho e um golfinho-cabeça-de-melão fêmea. O caso chamou bastante atenção no Coletivo de Pesquisa Cascádia devido as suas características morfológicas distintas, misturas das duas espécies, então, através da realização de um teste de DNA com coleta de amostras por uma biópsia do animal foi comprovada a tese de que se tratava de uma fêmea híbrida. Esse fato só ocorre devido ao declínio na população de indivíduos da mesma espécie uma das espécies ou a tese de que de a fêmea de golfinho-cabeça-de-melão poderia ter se afastado do seu grupo de indivíduos da mesma espécie e começar a viver com outros golfinhos de espécie diferente.[20]

Cientistas da Polinésia Francesa registram um caso de grande relevância que foi a adoção de um golfinho órfão por uma fêmea golfinho de uma espécie diferente. O caso foi notificado no ano de 2019, onde, um golfinho-cabeça-de-garrafa (Tursiops truncatus, que possui como principal característica o bico comprido e grosso) fêmea adotou um filhote de golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala Electra, que possui uma cabeça arredondada sem um bico definido), esse comportamento não é muito comum devido as características morfológicas diferentes entre as espécies, porém este fato não impediu a criação do filhote pela mãe de outra espécie. Durante o período de acolhimento, o filhote foi amamentado e cuidado pelo golfinho-cabeça-de-garrafa e adquiriu alguns comportamentos parecidos com os da mãe.[21]

Ameaças

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Os golfinhos-cabeça-de-melão são uma espécie que se encontra em estado de extinção no Brasil, principalmente na região da Bahia.[3] Esse fato está relacionado com características diversas, que interferem na sobrevivência desses animais no meio aquáticos, a maioria delas são originárias de ações humanas, como a pesca inadequada sem qualquer tipo de preocupação com as espécies marinhas, poluição do ambiente aquático com a disposição de cada vez mais de resíduos sólidos (principalmente de plásticos) no mar e além de outras ameaças.Hoje, existem organizações que estão focadas no desenvolvimento e proteção das espécies, garantindo o bem estar animal, criando projetos voltados para a preservação e protegendo esses animais da pesca.[5]

Plásticos

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A ingestão de plásticos presentes no oceano pelo Peponocephala electra é um grande problema para os animais da espécie. Esse problema é constantemente encontrado em outros países, no Brasil esse número e menor, porém, hoje em espécies encontrada já foram realizados estudos que comprovaram a existência desses componentes no organismo animal. Em um Peponocephala electra encontrado na região costeira da praia de São Mateus, no estado do Espírito Santo, foi encontrado um animal com um estado clínico complicado, o mesmo foi direcionado ao Instituto ORCA. Depois de um exame clínico, foi encontrado plásticos no seu estômago, sendo eles diversos sacos plásticos e um copo descartável, o que foi a causa de um entupimento do trato gastrointestinal do animal, a ingestão desses resíduos ocorre pelo fato dos plásticos serem bem parecidos com suas pressas. Para que casos como esses não ocorram, é necessário a conscientização da população, medidas de controle no uso e descarte desses resíduos e utilização de mecanismos legais para a fiscalização e manutenção da espécie.[8]

Segundo pesquisas, algumas espécies de golfinhos, podem ser extintas em alguns anos, cerca de 30, devido ao aumento cada vez mais de ações que interferem na sobrevivência da espécie, de acordo com a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) alguns planos para o controle das espécies devem ser realizados para contornar essa situação.[22]

Ver também

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Referências:

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  1. a b «Melon-headed whales in Hawai'i». Cascadia Research (em inglês). 11 de janeiro de 2018. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  2. a b http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/mamiferos/golfinho-cabeca-de-melao_(peponocephala_electra).html Golfinho-cabeça-de-melão
  3. a b «Lista vermelha da Bahia - Avaliação do Estado de Conservação da Fauna e Flora do Estado da Bahia». www.listavermelhabahia.org.br. Consultado em 28 de março de 2019 
  4. «Golfinho». Michaelis On-Line. Consultado em 24 de agosto de 2019 
  5. a b c d e f g «Golfinho Cabeça De Melão- Peponocephala electra- Características». Consultado em 14 de agosto de 2019 
  6. a b c Cascon, Lívio (2008). «Análise de conteúdos estomacais de quatro golfinhos ( Cetacea: Delphinidae) encalhados em praias no litoral do Estado do Ceará, Brasil». Revista Biociências 
  7. a b «Ambiente Brasil » Conteúdo » Fauna » Mamíferos » Golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra)». ambientes.ambientebrasil.com.br. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  8. a b Costa, Priscilla; Carvalho, Anna Paula; Barbosa, Lupércio; Silveira, Leonardo (2012). Ingestão de lixo plástico por Peponocephala electra , encalhada viva no litoral do Espírito Santo/ Brasil. <<http://www.globalgarbage.org/praia/downloads/V-CBO-2012/1660.pdf>> Congresso Brasileiro de Oceanografia.
  9. Barros, Nélio; Klages, N; Lodi, Liliane; Siciliano, Salvatore; (1990) O encalhe em massa de golfinhos cabeça-de-melão (Peponocephala electra) em Itacaré, Bahia, Brasil: hábitos alimentares. Fio Cruz. Produção técnico-científica.
  10. «Golfinho-cabeça-de-melão encalha em São Sebastião, SP». Olhar Animal. Consultado em 24 de agosto de 2019 
  11. News, ABS-CBN. «Hundreds of dolphins sighted in Bataan waters». ABS-CBN News. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  12. «Dolphins rescued off Philippines» (em inglês). 10 de fevereiro de 2009 
  13. «Sonar mapping for oil 'killed whales'». www.theaustralian.com.au. 26 de setembro de 2013. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  14. «Melon-headed whales in Hawai'i». Cascadia Research (em inglês). 11 de janeiro de 2018. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  15. Monteiro, Sílvia (2007). Estudo genético do golfinho comum, Delphinus Delphis, na Costa Centro/ Norte de Portugal (dissertação de mestrado)
  16. a b «Melon-headed whales in Hawai'i». Cascadia Research (em inglês). 11 de janeiro de 2018. Consultado em 20 de agosto de 2019 
  17. «A inteligência dos golfinhos - Fauna e Flora». naturlink.pt. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  18. Sampaio, Cláudio L. S.; Maia-Nogueira, Rodrigo; Nunes, José de Anchieta Cintra da Costa; Oliveira, Janete Gomes Abrão; Souto, Luciano Raimundo Alardo (1 de janeiro de 2007). «Análise das mordidas de tubarões-charuto, Isistius spp. (Squaliformes: Dalatiidae) em cetáceos (Mammalia: Cetacea) no litoral da Bahia, Nordeste do Brasil.». Biotemas. 20 (1): 19–25. ISSN 2175-7925. doi:10.5007/%x 
  19. «Mais de mil golfinhos já morreram este ano na França por causa da pesca». revistagalileu.globo.com. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  20. «Raro híbrido entre baleia e golfinho é avistado pela primeira vez». epocanegocios.globo.com. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  21. Camargo, Suzana (9 de agosto de 2019). «Cientistas registram, pela primeira vez, adoção de golfinho órfão por outra espécie». Conexão Planeta. Consultado em 15 de agosto de 2019 
  22. «Extinção ameaça espécies de baleias e golfinhos | BBC Brasil | BBC World Service». www.bbc.com. Consultado em 15 de agosto de 2019 
 
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