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Latim clássico: diferenças entre revisões

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{{Uma-fonte|data=dezembro de 2020}}
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{{Mais notas|data=fevereiro de 2019}}
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'''Latim clássico''' (''sermo urbanus'', lit. "fala urbana") é a variante do [[latim]] usada pelos [[Roma Antiga|antigos romanos]] naquela que é considerada a [[literatura latina]] "clássica". Seu uso perdurou por toda a chamada Era de Ouro da literatura latina (aproximadamente entre o [[século I a.C.]] e o [[século I|século I d.C.]]), e possivelmente chegou até a Era de Prata (séculos I e [[Século II|II]]). Nesse período, coexistiam duas modalidades do latim: o ''sermo cultus'' (ou "língua culta") e o ''sermo vulgaris'' ([[latim vulgar|"língua vulgar"]]); sendo o primeiro a modalidade utilizada na urbe e geralmente por pessoas escolarizadas e o segundo utilizado por camponeses, soldados e até por camadas superiores, mas no seio familiar. Ao latim clássico, também chamado de "latim literário", seguiu uma outra etapa chamada de "[[baixo latim]]" e o seu posterior declínio como língua imperial.
 
Aquele que é conhecido como "latim clássico" nos dias de hoje era, na realidade, uma [[língua literária]] escrita de maneira altamente estilizada e polida, construída de maneira seletiva e intencional a partir do [[latim antigo]] (do qual restaram algumas poucas obras escritas).<ref name="OCD">Hornblower, Simon e Spawforth, Antony (eds.) ''The Oxford Classical Dictionary'', Oxford University Press (1996), ISBN 0-19-866172-X</ref> O latim clássico seria o produto desta reconstrução do latim antigo, e a influência dos modelos do [[grego ático]].<ref name = "OCD" /> O latim clássico é diferente da primeira literatura latina, como a de [[Catão, o Velho]], [[Plauto]] e, até certo ponto, [[Lucrécio]], de diversas maneiras. Ele começou a divergir do latim antigo quando as antigas terminações da segunda declinação, ''-om'' e (nominativo singular) ''-os'', passaram para as formas ''-um'' e ''-us'', e algumas mudanças semânticas também ocorreram no [[léxico]] (por exemplo, ''forte'' não significava mais apenas "surpreendentemente", mas também "duro").
'''Latim clássico''' (''sermo urbanus'', lit. "fala urbana") é o nome dado à variante do [[latim]] usada pelos [[Roma Antiga|antigos romanos]] naquela que é considerada a [[literatura latina]] "clássica". Seu uso perdurou por toda a chamada Era de Ouro da literatura latina (aproximadamente entre o [[século I a.C.]] e o [[século I|século I d.C.]]), e possivelmente chegou até a Era de Prata (séculos I e [[Século II|II]]). Nesse período, coexistiam duas modalidades do latim: o ''sermo cultus'' (ou "língua culta") e o ''sermo vulgaris'' ([[latim vulgar|"língua vulgar"]]); sendo o primeiro a modalidade utilizada na urbe e geralmente por pessoas escolarizadas e o segundo utilizado por camponeses, soldados e até por camadas superiores, mas no seio familiar. Ao latim clássico, também chamado de "latim literário", seguiu uma outra etapa chamada de "[[baixo latim]]" e o seu posterior declínio como língua imperial.
 
Aquele que é conhecido como "latim clássico" nos dias de hoje era, na realidade, uma [[língua literária]] escrita de maneira altamente estilizada e polida, construída de maneira seletiva e intencional a partir do [[latim antigo]] (do qual restaram algumas poucas obras escritas).<ref name = "OCD" >Hornblower, Simon e Spawforth, Antony (eds.) ''The Oxford Classical Dictionary'', Oxford University Press (1996), ISBN 0-19-866172-X</ref> O latim clássico seria o produto desta reconstrução do latim antigo, e a influência dos modelos do [[grego ático]].<ref name = "OCD" /> O latim clássico é diferente da primeira literatura latina, como a de [[Catão, o Velho]], [[Plauto]] e, até certo ponto, [[Lucrécio]], de diversas maneiras. Ele começou a divergir do latim antigo quando as antigas terminações da segunda declinação, ''-om'' e (nominativo singular) ''-os'', passaram para as formas ''-um'' e ''-us'', e algumas mudanças semânticas também ocorreram no [[léxico]] (por exemplo, ''forte'' não significava mais apenas "surpreendentemente", mas também "duro").
 
O latim falado pelas camadas populares do [[Império Romano]], especialmente a partir do [[século II]], costuma ser chamado de [[latim vulgar]]; esta variante era diferente do latim clássico tanto em seu [[vocabulário]] quanto na sua [[gramática]], e, à medida que o tempo foi passando, passou a ser diferente na sua [[pronúncia]] também.
 
== Autores ==
=== Era de Ouro ===
==== Poesia ====
Considera-se que primeiro [[poeta]] da [[Era de Ouro da literatura romana|Era de Ouro]] seja [[Lucrécio]], autor de um longo [[poema]] [[Filosofia|filosófico]] descrevendo o [[epicurismo]], ''[[Sobre a Natureza das Coisas]]''.
 
[[imagem:Publius_Vergilius_Maro1.jpg|150px|thumb|right|Busto de [[Virgílio]], em [[Nápoles]].]]
[[Catulo]], que escreveu posteriormente, foi um pioneiro na naturalização das formas [[Poesia lírica|líricas]] [[Língua grega antiga|gregas]] para o [[latim]]. Sua poesia era pessoal, por vezes [[Erotismo|erótica]], brincalhona, e, frequentemente, ofensiva. Escrevia exclusivamente em [[métrica]]s gregas, e esta [[prosódia]] grega continuaria a ter uma influência acentuada no estilo e na sintaxe da poesia latina até que o surgimento do [[cristianismo]] trouxesse consigo um tipo diferente de [[hinódia]].
 
Linha 49 ⟶ 50:
Na [[prosa]], o latim da Era de Ouro é exemplificado por [[Júlio César]], cujos ''[[Commentarii de Bello Gallico|Comentário sobre as Guerras Gálicas]]'' mostram um estilo lacônico, preciso, militar; e por [[Marco Túlio Cícero]], um [[político]] e [[advogado]] praticante, cujos argumentos judiciais e discursos políticos, especialmente as [[Orações Catilinas]], foram considerados por séculos a fio como os melhores modelos de prosa latina. Cícero também escreveu diversas [[carta]]s que sobreviveram aos dias de hoje, e alguns tratados filosóficos nos quais apresenta a sua versão do [[estoicismo]].
 
A [[historiografia]] também foi um gênero importante da prosa latina clássica, e inclui [[Salústio]], que escreveu sobre a ''[[Conspiração de [[Catilina]]'' e a ''[[Guerra contra [[Jugurta]]'' - suas duas únicas obras que ainda existem em sua integridade. Outro [[historiador]], [[Lívio]], escreveu ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', uma história de [[Roma]] "desde a fundação da cidade"; embora composta originalmente por 142 livros, apenas 35 sobreviveram à ação do tempo.
 
A obra técnica de maior destaque existente é o ''[[De Architectura]]'' ("Sobre a [[arquitetura]]"), de [[Vitrúvio]], uma compilação de métodos de construção de edifícios, de projetos e plantas de edifícios públicos e domésticos, assim como descrições das máquinas que eram usadas no processo de construção. Vitrúvio também dá uma descrição detalhada de diversas outras máquinas, como a [[balista]], usada em guerras, instrumentos de levantamento [[Topografia|topográfico]], [[Moinho de água|moinhos de água]] e aparatos usados para [[irrigação]] e desvio de água, como a [[roda de água]] invertida.
 
=== Era de Prata ===
[[ImagemFicheiro:plinyelder.jpg|rightdireita|thumb|150px|[[Plínio, o Velho]], num retrato do [[século XIX]] (nenhuma ilustração contemporânea chegou aos dias de hoje).]]
[[ImagemFicheiro:Apuleius - Project Gutenberg eText 12788.png|thumb|Esboço de [[Apuleio]].]]
O latim clássico continuou a ser usado durante a chamada "[[Era de Prata da literatura latina|Era de Prata]]" da [[literatura latina]], que abrange os séculos I e II d.C., e seguiu-se imediatamente à Era de Ouro. A literatura da Era de Prata foi tradicionalmente considerada inferior à da Era de Ouro, que pode ser vista como relativamente injusta - embora historiadores contemporâneos tenham considerado críticas legítimas no que diz respeito a uma tendência muito grande de tentar emular as obras da Era de Ouro, e um estilo 'confuso' de ensino da [[retórica]] como causas possíveis deste suposto declínio na qualidade. O latim da Era de Prata também pode ser chamado de "pós-augustal". Entre as obras que sobrevivem, as de autores como [[Plínio, o Velho]] e seu sobrinho, [[Plínio, o Jovem]], se destacam por terem servido de inspiração às gerações posteriores, especialmente durante o [[Renascimento]].
 
Linha 62 ⟶ 63:
* [[Sêneca, o Jovem]] (c. 4 a.C.-65 d.C.)
* [[Plínio, o Velho]] (23-79)
* [[Petrônio Árbitro]] (c. 27-66)
* [[Aulo Pérsio Flaco|Pérsio]] (34-62)
* [[Quintiliano]] (c. 35-c. 100)
* [[Marco Eneu Lucano|Lucano]] (39-65)
* [[Marcial]] (40-c. 103)
* [[Públio Papínio Estácio|Estácio]] (45-96)
* [[Tácito]] (c. 56-c. 117)
* [[Plínio, o Jovem]] (63-c. 113)
Linha 77 ⟶ 78:
A Era de Prata foi responsável por aquelas que são consideradas os dois únicos [[romance]]s latinos: ''[[O Asno de Ouro]]'', de Apuleio, e o ''[[Satyricon]]'', de Petrônio.
 
=== Mudanças estilísticas ===
O próprio latim da Era de Prata pode ser subdividido ainda mais em dois períodos diferentes: um período de experimentações radicais, ocorrido na segunda metade do [[século I|século I d.C.]], e uma espécie de [[neoclassicismo]] renovado no [[século II]].
[[ImagemFicheiro:Nero pushkin.jpg|thumb|leftesquerda|150px|Busto em gesso de [[Nero]], [[Museu Pushkin]], [[Moscou]].]]
[[ImagemFicheiro:Seneca-berlinantikensammlung-1Duble_herma_of_Socrates_and_Seneca_Antikensammlung_Berlin_07.jpg|thumb|150px|Antigo busto de [[Sêneca]], parte de uma [[herma]] dupla ([[Antikensammlung Berlin]]).]]
 
Durante os reinados de [[Nero]] e [[Domiciano]] poetas como [[Sêneca]], [[Lucano]] e [[Públio Papínio Estácio|Estácio]] foram pioneiros de um estilo único, que alternativamente deleitou, repugnou e desconcertou os críticos posteriores. Estilisticamente, a literatura neroniana e flaviana mostra a ascendência do treinamento retórico ocorrida na educação romana tardia; o estilo destes autores é infalivelmente declamatório - por vezes eloquente, noutras bombástico. [[Vocabulário]] exótico e [[aforismo]]s afiados reluzem por toda a parte, ainda que, por vezes, às custas da coerência temática.
 
Tematicamente, a literatura do fim do século I é marcada por um interesse numa terrível violência, [[bruxaria]] e paixões extremas. Sob a influência do [[estoicismo]], os deuses perdem sua importância, enquanto a [[fisiologia]] das [[Emoção|emoções]] parece imensa. Paixões como a [[ira]], o [[orgulho]] e a [[inveja]] são pintados em termos quase anatômicos, como inflamações, inchaços e refluxos de [[sangue]] ou [[bile]]. Para Estácio, até mesmo a inspiração das [[Musas]] é descrita como um ''calor'' ("[[febre]]").
Linha 90 ⟶ 91:
Ao fim do século I uma reação contra este tipo de poesia havia se instaurado; [[Tácito]], [[Quintiliano]] e [[Juvenal]] foram todos exemplos do ressurgimento dum estilo mais contido e 'clássico', sob os reinados de [[Trajano]] e dos imperadores [[Antoninos]].
 
== Fonologia ==
A [[duração vocálica]] era uma característica importante do latim clássico, tanto em seu [[léxico]] como em sua [[gramática]]:
 
Linha 99 ⟶ 100:
* ''manus'' ("mão", nominativo singular) e ''manūs'' ("mão", nominativo plural)
 
A [[vogal arredondada]] anterior [y], expressa pela letra Y, era usada para representar o [[υ]] (upsilon) [[Língua grega|grega]], como em ''tyrannus'' ("tirano").
 
A relativa frequência e distribuição das vogais curtas foi afetada pelo 'enfraquecimento' das vogais em sílabas não- iniciais, ocorrida entre [[450 a.C.|450]] e [[250 a.C.]]:<ref name = "OCD" />
* ''obfaciom'' > ''officium'' ("dever")
* ''abagetes'' > ''abigitis'' ("você vai embora [em algum veículo]")
* 'exfactos'' > ''effectus'' ("feito")
 
== Ver também ==
==PROSÓDIA E MÉTRICA==
Entre gregos e romanos, a versificação fundava-se sobre a medida
do tempo, e não, como entre nós, na tonicidade de umas tantas
sílabas.
Havia, pois, sílabas breves e sílabas longas, isto é, sílabas que
duravam um tempo, e sílabas que duravam dois ou mais tempos. Daí
o chamar-se quantidade à maior ou menor duração de tempo na
pronúncia de uma sílaba.
Da combinação destas sílabas se formavam os compassos que entram
como unidade na composição dos versos latinos.
A estes compassos dava-se o nome de pés, naturalmente por serem
marcados com os pés nas danças populares, onde eram entoadas, com
ritmo certo, as composições, sujeitas, por isso, a metro
determinado e fixo. Não há, por conseguinte, no verso latino a
monotonia da rima de que nós fizemos um artifício exagerado, de
uma estética puramente convencional.
A prosódia trata, pois, da quantidade das sílabas, assinalando
quais as breves e quais as longas.
A métrica expõe as várias combinações das sílabas para formarem
os pés, e a disposição destes na urdidura do verso.
Convém notar que a quantidade de uma sílaba depende, ou da sua
natureza, ou da sua posição.
NOTA. - Na falta dos sinais tipográficos para designar a
quantidade das sílabas, usaremos, para as longas, o acento agudo,
e, para as breves, o acento grave.
II
QUANTIDADE DAS SÍLABAS
SÍLABAS LONGAS POR NATUREZA. - Uma sílaba é longa por natureza:
a. Quando consta de um ditongo ou de uma vogal derivada de
ditongo; aequus, iníquus.
b. Quando consta de vogais que são o resultado de uma contração:
némo, por ne hòmo, búbus, por bòvibus, málo, por màgis vólo.
c. Quando consta de uma vogal que sofreu alongamento, na flexão
ou na formação da palavra; égi, perfeito de àgo; déni, de dec-ni.
NOTA. - Prae, apesar de ditongo, é breve, antes de vogal:
praeustus.
QUANTIDADE DAS SÍLABAS CONFORME A SUA POSIÇÃO. - Uma sílaba
torna-se longa pela posição:
a. se a vogal é seguida de duas consoantes ou de x ou z, letras
dobradas: árs, réx, gáza.
b. Se terminar por uma só consoante, seguindo-se-lhe, porém,
outra, ou na mesma palavra, ou na seguinte: ár-tis, pér montem.
NOTA. - A dupla consoante não influi na (OOPS) posição da última
sílaba, terminada em vogal, da palavra anterior, que se
conservará breve, se o é de sua natureza.
Se a sílaba terinar por vogal, de sua natureza breve, e a sílaba
seguinte, dentro da mesma palavra, começar por letra muda,
seguida de uma líquida, será comum, isto é, longa ou breve, para
os poetas: tenèbrae ou tenébrae; volùcres ou volúcres.
Uma vogal é breve por posição, antes de outra vogal ou de um h:
èo, prior, nìhil.
Excetuam-se:
a. O caso -ei da quinta declinação, quando precedido de -i-:
diéi, faciéi, bem como no vocativo de nomes próprios cujo
nominativo é em -eius: Pompéi.
b. O antigo genitivo da primeira declinação: aulái; bem como o
-ai no vocativo dos nomes próprios, cujo nominativo termina em
-aius: Gái.
c. Os genitivos do singular em -ius, dos pronomes demonstrativos
e indefinitos: uníus, alíus; contudo, os poetas podem
abreviá-los, a não ser alíus.
d. O -i- de fio, quando não for seguido de -r-: fío, fíat; mas
fìeri, fìerem, têm o -i- breve.
e. As palavras gregas, na passagem para o latim, conservam
geralmente longa a vogal que no grego era longa, ou fazia parte
de um ditongo: áer, Antiochía, Amphíon, Daríus, etc.
QUANTIDADE DAS SÍLABAS RADICAIS
Tanto nos derivados como nos compostos, a quantidade da sílaba
radical conserva-se geralmente invariável, mesmo que a vogal
sofra deflexão fonética: sèquor e inséquor, càpio e occùpo.
Os pretéritos e supinos dissílabos têm a sílaba radical longa.
Excetuam-se, para os pretéritos; bìbi, dèdi, fìdi, scìdi, stèti,
stìti, tùli; para os supinos: dàtum, ràtum, sàtum, cìtum, ìtum,
lìtum, quìtum, sìtum, rùtum.
Os pretéritos reduplicados têm breves as duas primeiras sílabas:
cado, cècìdi, tundo, tùtùdi. Excetuam-se caedo que faz cecídi e
os perfeitos, cuja penúltima sílaba é longa por posição; mordeo,
momordi, curro,cucurri.
QUANTIDADE DAS SÍLABAS FINAIS. - -A, no fim dos nomes, é
breve. Excetua-se:
a. No ablativo singular da primeira declinação; in mensá.
b. No vocativo dos nomes em -as: Aeneá.
c. No imperativo da primeira conjugação: Amá.
d. Nas palavras indeclináveis, com exceção de ità, quià, eià,
posteà.
-E final é breve. Excetua-se:
a. No ablativo singular da quinta declinação: dié, hodié, quaré.
b. Nos advérbios em -e, derivados de adjetivos da primeira
classe, com exceção de benè e malè.
c. No imperativo dos verbos da segunda conjugação: docé, jubé.
-I final é longo. Excetua-se:
a. Em nisì e quasì. É comum em mihi, tibi, sibi, ibi, sendo que
nos dois últimos é melhor abreviá-lo, bem como no dissílabo
cui. Diz-se, porém, ubíque, ibídem, ibíque.
-O final é longo, em geral. É, porém, comum no nominativo do
singular: homó e homò; bem como nas primeiras pessoas do
singular: laudó e laudò. É breve em egò, duò, citò, modò
(advérbio).
-U final é longo: manú.
FINAIS TERMINADAS EM CONSOANTE. - Geralmente, as sílabas finais
em consoante simples são breves, com exceção das terminadas em
-s.
-AS final é longa, com exceção do nominativo das palavras gregas
em às, gen. àdis ou àdos, e nos acusativos da mesma origem:
heroàs.
-ES final é longa. Excetua-se:
a. No nominativo singular das palavras imparissílabas da terceira
declinação, quando a penúltima do genitivo é breve: segès,
sègètis. São, porém, longos: Cerés, abiés, ariés e pariés.
b. Na preposição penès, na forma verbal ès.
c. Nalgumas formas gregas, como Troadès.
-OS final é longa, com exceção de òs (ossis), compòs e impòs.
-IS final é breve. Excetua-se:
a. Nos casos do plural: hortís, nobís.
b. Na segunda pessoa do singular do presente do indicativo dos
verbos da quarta conjugação: vestís; e nas formas verbais fís,
sís, vís, velís e seus compostos.
c. Em lís (litis) e vís, a força, Quirís, Samnís (gen. ítis),
Eleusís, Salamís (ínis) e Simoís.
-US final é breve. Excetua-se:
a. No gen. singular, nom. voc. e ac. do plural dos nomes da
quarta declinação: ritús (ritu-is, ritu-es).
b. No nominativo singular da terceira declinação, quando a
penúltima do genitivo é longa: Virtús, virtútis, mús, múris.
É igualmente longo em grús e sús (OOPS) (contractos).
QUANTIDADE DOS MONOSSÍLABOS. - Os monossílabos que terminam em
vogal são geralmente longos: mé, té, dé, etc. Excetuam-se as
enclíticas què, nè, vè, tè, cè: dormisnè?
Quanto aos terminados em consoante, temos o seguinte:
1. São longos os substantivos, com exceção de vir, còr, mèl, òs
(ossis).
2. Longos são também os demais monossílabos terminados em -c:
síc, húc, díc, etc.; mas são breves: fàc, nèc, e ambíguo hic
(pronome).
Longos são ainda os que terminam em -n: quín, án, nón.
3. Os outros monossílabos, quase todos invariáveis, terminados em
-b, -d ou -t, são breves: àb, òb, àd, sèd, àt, èt, etc.
==VERSOS LATINOS==
(obs. v breve, - longa, ~ breve ou longa)
Como já dissemos, o verso latino compõe-se de pés, sendo pé a
combinação de sílabas longas e breves.
Os pés mais usados nos versos latinos são os seguintes:
Jambo v - ròsás
Trocheu ou choreu - v díxìt
Spondeu - - áudáx
Dactylo - v v ómnìì
Anapesto v v - crèpìtáns
Cretico ou anphimacro - v - díctìtáns
Choriambo - v v - mágnànìmós
Chama-se arsis a parte forte do pé, sobre que recai o acento
métrico ou ictus; thesis, a parte fraca onde a voz decai ou
baixa.
A última sílaba de qualquer verso pode ser breve ou longa, à
escolha.
Cesura, em geral, é a divisão dos versos maiores em duas partes,
para descanso da voz; dá-se comumente o nome de cesura à sílaba
que termina uma palavra e começa um pé; é de grande monta nos
hexametros e pentametros, gozando do privilégio de tornar longa
uma sílaba breve, se ao poeta convier.
Geralmente, dá-se a elisão entre a vogal final e a vogal inicial
de palavras consecutivas. Para este efeito, o -m final
considera-se como não existente, e elide-se a vogal a que adere.
Por sinérese podem-se contrair às vezes duas sílabas constituídas
por duas vogais da mesma palavra: deerunt.
Por dierese pode uma sílaba separar-se em duas; dissoluo por
dissolvo.
Os versos latinos mais usados são o hexametro e o pentametro,
assim chamados pelo número de pés, ou metros, que os compõem.
A combinação destes dois versos tem o nome genérico de disticho,
e era usado na chamada elegia.
O hexametro consta de seis pés, podendo ser os quatro primeiros
dactylos ou spondeus, o quinto dactylo e o sexto spondeu.
Encontram-se às vezes hexametros com o quinto e o sexto pés
constituídos por uma palavra de quatro sílabas, todas longas,
chamando-se o verso spondaico. Neste caso, o quarto é comumente
dactylo.
A cesura cai geralmente, na primeira sílaba do terceiro pé, ou
então no quarto, preferindo-se trochaica, sendo que neste caso
costuma também haver cesura comum depois do primeiro pé.
==ESQUEMA DE UM HEXAMETRO==
- v v | - v v | - v v | - v v | - v v | - ~
- - | - - | - - | - - | - v v | - ~
Tántae | mólìs è | rát ró | mánám | condèrè | géntem!
A cesura recai na segunda sílaba de erat.
Tuntae molis erat || romanam condere gentem!
O pentametro consta de cinco pés, constituindo o quinto as
cesuras que vêm, uma depois do segundo, outra depois do quarto
pé. Eis o esquema:
- v v | - v v | - | - v v | - v v | ~
- - | - - | - | - v v | - v v | ~
Témpòrà | sì fùè | rínt | núbìlà | sólùs è | rís
Os bons poetas usam no fim deste verso um dissílabo ou um
tetrassílabo, e, raras vezes, um monossílabo seguido de um
trissílabo.
O Senario jambo, como indica o próprio nome, consta de seis pés
jambos.
Há muitas outras variedades de metros, sobretudo nas odes, e que
se encontram em qualquer volume das obras de Horácio.
 
==Ver também==
* [[Literatura latina]]
 
{{ref-sectionReferências}}
 
{{Períodos do latim}}
 
{{DEFAULTSORT:Classico, Latim}}
[[Categoria:Latim]]
[[Categoria:Roma Antiga]]
 
[[bar:Klassisches Latein]]
[[de:Klassisches Latein]]
[[en:Classical Latin]]
[[eo:Klasika latino]]
[[eu:Latin klasiko]]
[[fr:Latin classique]]
[[is:Gullaldarlatína]]
[[ja:古典ラテン語]]
[[kk:Классикалық латын тілі]]
[[ko:고전 라틴어]]
[[mk:Класичен латински јазик]]
[[nl:Gouden eeuw van de Romeinse literatuur]]
[[no:Klassisk latin]]
[[simple:Classical Latin]]