Latim clássico: diferenças entre revisões
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{{Mais notas|data=fevereiro de 2019}}
{{Info/Língua
|nome = Latim clássico
|nomenativo =
|pronúncia
|outrosnomes =
|corfamília =
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|data=
|estados = [[Império Romano]]
|região = [[Europa]], [[Norte da África]], [[Oriente Médio]]
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|usuários =
|posição =
|extinção = evoluiu para o [[latim medieval]] no [[século IV]]
|
|fam2 = [[Línguas itálicas|Itálica]]
|fam3 = [[Línguas latino-faliscas|Latino-falisca]]
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'''Latim clássico''' (''sermo urbanus'', lit. "fala urbana") é a variante do [[latim]] usada pelos [[Roma Antiga|antigos romanos]] naquela que é considerada a [[literatura latina]] "clássica". Seu uso perdurou por toda a chamada Era de Ouro da literatura latina (aproximadamente entre o [[século I a.C.]] e o [[século I|século I d.C.]]), e possivelmente chegou até a Era de Prata (séculos I e [[Século II|II]]). Nesse período, coexistiam duas modalidades do latim: o ''sermo cultus'' (ou "língua culta") e o ''sermo vulgaris'' ([[latim vulgar|"língua vulgar"]]); sendo o primeiro a modalidade utilizada na urbe e geralmente por pessoas escolarizadas e o segundo utilizado por camponeses, soldados e até por camadas superiores, mas no seio familiar. Ao latim clássico, também chamado de "latim literário", seguiu uma outra etapa chamada de "[[baixo latim]]" e o seu posterior declínio como língua imperial.
Aquele que é conhecido como "latim clássico" nos dias de hoje era, na realidade, uma [[língua literária]] escrita de maneira altamente estilizada e polida, construída de maneira seletiva e intencional a partir do [[latim antigo]] (do qual restaram algumas poucas obras escritas).<ref name="OCD">Hornblower, Simon e Spawforth, Antony (eds.) ''The Oxford Classical Dictionary'', Oxford University Press (1996), ISBN 0-19-866172-X</ref> O latim clássico seria o produto desta reconstrução do latim antigo, e a influência dos modelos do [[grego ático]].<ref name = "OCD" /> O latim clássico é diferente da primeira literatura latina, como a de [[Catão, o Velho]], [[Plauto]] e, até certo ponto, [[Lucrécio]], de diversas maneiras. Ele começou a divergir do latim antigo quando as antigas terminações da segunda declinação, ''-om'' e (nominativo singular) ''-os'', passaram para as formas ''-um'' e ''-us'', e algumas mudanças semânticas também ocorreram no [[léxico]] (por exemplo, ''forte'' não significava mais apenas "surpreendentemente", mas também "duro").
O latim falado pelas camadas populares do [[Império Romano]], especialmente a partir do [[século II]], costuma ser chamado de [[latim vulgar]]; esta variante era diferente do latim clássico tanto em seu [[vocabulário]] quanto na sua [[gramática]], e, à medida que o tempo foi passando, passou a ser diferente na sua [[pronúncia]] também.
== Autores ==
=== Era de Ouro ===
==== Poesia ====
Considera-se que primeiro [[poeta]] da [[Era de Ouro da literatura romana|Era de Ouro]] seja [[Lucrécio]], autor de um longo [[poema]] [[Filosofia|filosófico]] descrevendo o [[epicurismo]], ''[[Sobre a Natureza das Coisas]]''.
[[Catulo]], que escreveu posteriormente, foi um pioneiro na naturalização das formas [[Poesia lírica|líricas]] [[Língua grega antiga|gregas]] para o [[latim]]. Sua poesia era pessoal, por vezes [[Erotismo|erótica]], brincalhona, e, frequentemente, ofensiva. Escrevia exclusivamente em [[métrica]]s gregas, e esta [[prosódia]] grega continuaria a ter uma influência acentuada no estilo e na sintaxe da poesia latina até que o surgimento do [[cristianismo]] trouxesse consigo um tipo diferente de [[hinódia]].
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Na [[prosa]], o latim da Era de Ouro é exemplificado por [[Júlio César]], cujos ''[[Commentarii de Bello Gallico|Comentário sobre as Guerras Gálicas]]'' mostram um estilo lacônico, preciso, militar; e por [[Marco Túlio Cícero]], um [[político]] e [[advogado]] praticante, cujos argumentos judiciais e discursos políticos, especialmente as [[Orações Catilinas]], foram considerados por séculos a fio como os melhores modelos de prosa latina. Cícero também escreveu diversas [[carta]]s que sobreviveram aos dias de hoje, e alguns tratados filosóficos nos quais apresenta a sua versão do [[estoicismo]].
A [[historiografia]] também foi um gênero importante da prosa latina clássica, e inclui [[Salústio]], que escreveu sobre a ''[[Conspiração de
A obra técnica de maior destaque existente é o ''[[De Architectura]]'' ("Sobre a [[arquitetura]]"), de [[Vitrúvio]], uma compilação de métodos de construção de edifícios, de projetos e plantas de edifícios públicos e domésticos, assim como descrições das máquinas que eram usadas no processo de construção. Vitrúvio também dá uma descrição detalhada de diversas outras máquinas, como a [[balista]], usada em guerras, instrumentos de levantamento [[Topografia|topográfico]], [[Moinho de água|moinhos de água]] e aparatos usados para [[irrigação]] e desvio de água, como a [[roda de água]] invertida.
=== Era de Prata ===
[[
[[
O latim clássico continuou a ser usado durante a chamada "[[Era de Prata da literatura latina|Era de Prata]]" da [[literatura latina]], que abrange os séculos I e II d.C., e seguiu-se imediatamente à Era de Ouro. A literatura da Era de Prata foi tradicionalmente considerada inferior à da Era de Ouro, que pode ser vista como relativamente injusta - embora historiadores contemporâneos tenham considerado críticas legítimas no que diz respeito a uma tendência muito grande de tentar emular as obras da Era de Ouro, e um estilo 'confuso' de ensino da [[retórica]] como causas possíveis deste suposto declínio na qualidade. O latim da Era de Prata também pode ser chamado de "pós-augustal". Entre as obras que sobrevivem, as de autores como [[Plínio, o Velho]] e seu sobrinho, [[Plínio, o Jovem]], se destacam por terem servido de inspiração às gerações posteriores, especialmente durante o [[Renascimento]].
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* [[Sêneca, o Jovem]] (c. 4 a.C.-65 d.C.)
* [[Plínio, o Velho]] (23-79)
* [[Petrônio
* [[Aulo Pérsio Flaco|Pérsio]] (34-62)
* [[Quintiliano]] (c. 35-c. 100)
* [[
* [[Marcial]] (40-c. 103)
* [[Públio Papínio Estácio|Estácio]] (45-96)
* [[Tácito]] (c. 56-c. 117)
* [[Plínio, o Jovem]] (63-c. 113)
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A Era de Prata foi responsável por aquelas que são consideradas os dois únicos [[romance]]s latinos: ''[[O Asno de Ouro]]'', de Apuleio, e o ''[[Satyricon]]'', de Petrônio.
=== Mudanças estilísticas ===
O próprio latim da Era de Prata pode ser subdividido ainda mais em dois períodos diferentes: um período de experimentações radicais, ocorrido na segunda metade do [[século I|século I d.C.]], e uma espécie de [[neoclassicismo]] renovado no [[século II]].
[[
[[
Durante os reinados de [[Nero]] e [[Domiciano]] poetas como [[Sêneca]], [[Lucano]] e [[Públio Papínio Estácio|Estácio]] foram pioneiros de um estilo único, que alternativamente deleitou, repugnou e desconcertou os críticos posteriores. Estilisticamente, a literatura neroniana e flaviana mostra a ascendência do treinamento retórico ocorrida na educação romana tardia; o estilo destes autores é infalivelmente declamatório - por vezes eloquente, noutras bombástico. [[Vocabulário]] exótico e [[aforismo]]s afiados reluzem por toda a parte, ainda que, por vezes, às custas da coerência temática.
Tematicamente, a literatura do fim do século I é marcada por um interesse numa terrível violência, [[bruxaria]] e paixões extremas. Sob a influência do [[estoicismo]], os deuses perdem sua importância, enquanto a [[fisiologia]] das [[Emoção|emoções]] parece imensa. Paixões como a [[ira]], o [[orgulho]] e a [[inveja]] são pintados em termos quase anatômicos, como inflamações, inchaços e refluxos de [[sangue]] ou [[bile]]. Para Estácio, até mesmo a inspiração das [[Musas]] é descrita como um ''calor'' ("[[febre]]").
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Ao fim do século I uma reação contra este tipo de poesia havia se instaurado; [[Tácito]], [[Quintiliano]] e [[Juvenal]] foram todos exemplos do ressurgimento dum estilo mais contido e 'clássico', sob os reinados de [[Trajano]] e dos imperadores [[Antoninos]].
== Fonologia ==
A [[duração vocálica]] era uma característica importante do latim clássico, tanto em seu [[léxico]] como em sua [[gramática]]:
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* ''manus'' ("mão", nominativo singular) e ''manūs'' ("mão", nominativo plural)
A [[vogal arredondada]] anterior [y], expressa pela letra Y, era usada para representar o [[υ]] (upsilon) [[Língua grega|grega]], como em ''tyrannus'' ("tirano").
A relativa frequência e distribuição das vogais curtas foi afetada pelo 'enfraquecimento' das vogais em sílabas não
* ''obfaciom'' > ''officium'' ("dever")
* ''abagetes'' > ''abigitis'' ("você vai embora [em algum veículo]")
* 'exfactos'' > ''effectus'' ("feito")
== Ver também ==
* [[Literatura latina]]
{{
{{Períodos do latim}}
{{DEFAULTSORT:Classico, Latim}}
[[Categoria:Latim]]
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