Berliner Stadtschloss
O Stadtschloss (ou Berliner Stadtschloss, traduzível para o português como "Palácio da Cidade de Berlim"), é um palácio real no Centro de Berlim, na Alemanha. Foi a principal residência dos reis da Prússia, a partir de 1701 e dos imperadores alemães, a partir de 1871. Com a queda da monarquia germânica em 1918, tornou-se um museu. Foi danificado pelo bombardeio aliado durante a Segunda Guerra Mundial, mas só veio a ser demolido em 1950 pelo governo comunista da República Democrática Alemã, que o encarava como uma recordação inaceitável do passado imperial. Após a reunificação da Alemanha, foi proposta a sua reconstrução.
História até 1871
[editar | editar código-fonte]A palavra alemã Schloss é habitualmente traduzida como "castelo", e o nome Stadtschloss é uma reminiscência das origens do edifício: um forte ou castelo que guardava a travessia do Rio Spree, em Cölln (uma cidade mais tarde absorvida pela vizinha Berlim). O castelo erguia-se na Ilha do Pescador, agora conhecida como Ilha dos Museus. No século XV, este castelo tornou-se na residência do marquês de Brandemburgo, e, em 1443, Frederico II "dente de ferro" demoliu o velho castelo e conduziu as fundações de um novo palácio. O principal papel do castelo e da sua guarnição neste período era estabelecer a autoridade dos marqueses sobre os ingovernáveis cidadãos de Berlim, os quais estavam relutantes em desistir dos seus privilégios medievais em proveito duma monarquia centralizada.
Em 1538, o marquês Joaquim II "Hector" demoliu o palácio e contratou o mestre construtor Caspar Theiss para construir um novo e maior edifício no estilo da Renascença Italiana. Depois da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), Frederico Guilherme I, o "Grande Eleitor", embelezou o palácio, empregando os serviços do importante arquitecto Johann Nering. Em 1699, Frederico I (que tomou o título de Rei na Prússia em 1701) contratou o arquitecto Andreas Schlüter, o qual fez planos para reconstruir o palácio no estilo Barroco Protestante. Em 1706, foi substituído por Johann Friedrich Eosander von Göthe, que submeteu planos para um palácio ainda maior.
Frederico Guilherme I, que se tornou rei em 1713, esteve interessado sobretudo em elevar a Prússia enquanto potência militar, pelo que liberou a maior parte dos artesãos que trabalhavam no Stadtschloss. Como resultado, o plano de Göthe foi apenas parcialmente implementado. No entanto, o exterior do palácio chegaria próximo da sua forma final em meados do século XVIII. A fase final foi a construção da cúpula, em 1845, durante o reinado de Frederico Guilherme IV. A cúpula foi construída por Friedrich August Stüler segundo um desenho de Karl Friedrich Schinkel. Desde então, apenas tiveram lugar pequenas alterações ao exterior do palácio. O trabalho principal teve lugar no interior do mesmo, com o recurso aos talentos de Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff, Carl von Gontard e muitos outros.
O Stadtschloss esteve no centro da Revolução de 1848 na Prússia. Reuniram-se gigantescas multidões no exterior do palácio para apresentar um "discurso ao rei" contendo as suas exigências para uma constituição, reforma liberal e unificação germânica. Frederico Guilherme emergiu do palácio para aceitar os seus pedidos. No dia 18 de Março, uma grande demonstração fora do Stadtschloss levou ao derramamento de sangue e à explosão de lutas de rua. Frederico renegou mais tarde as suas promessas e voltou a impor um regime autocrático. A partir dessa época, muitos berlinenses e outros alemães passaram a ver o Stadtschloss como um símbolo de opressão e de "militarismo prussiano".
Depois de 1871
[editar | editar código-fonte]Em 1871, o rei Guilherme I foi elevado ao estatuto de imperador (Kaiser) de uma Alemanha unificada, e o Stadtschloss tornou-se o centro simbólico do Império Alemão. O império foi, no entanto, pelo menos em teoria, um estado constitucional e, a partir de 1894, o novo edifício do Reichstag, a sede do parlamento alemão, veio rivalizar com o Stadtschloss e encobri-lo enquanto centro do poder. Depois da derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, Guilherme II foi forçado a abdicar como Imperador alemão e como Rei da Prússia. Em Novembro de 1918, o líder espartaquista, Karl Liebknecht, declarou a República Socialista Alemã a partir da varanda do Stadtschloss, terminando mais de 400 anos de ocupação real do edifício.
Durante a República de Weimar, partes do Stadtschloss foram transformadas em museu, enquanto que outras partes continuaram a ser usadas para recepções e outras funções de estado. Sob o regime do Partido Nazi de Adolf Hitler, o edifício foi largamente ignorado. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Stadtschloss foi atingido duas vezes por bombas aliadas: em 3 e 24 de Fevereiro de 1945. Mais tarde, quando a defesa aérea e os sistemas berlinenses de combate ao fogo estavam amplamente destruídos, o edifício foi atacado por incendiários, tendo perdido os seus telhados e ardido em grande parte.
O final da guerra viu o Stadtschloss reduzido a escombros enegrecidos, apesar de o edifício ser estruturalmente sólido e poder ser restaurado, tal como foram muitos outros edifícios bombardeados no centro de Berlim. No entanto, a área onde estava localizado encontrava-se na zona de ocupação soviética, e, mais tarde, na comunista República Democrática Alemã. Os comunistas viam o Stadtschloss como um símbolo do militarismo prussiano, apesar de algumas partes do edifício serem reparadas e usadas entre 1945 e 1950 como espaço de exibição. Entre Setembro e Dezembro de 1950, o edifício foi, então, demolido, sendo preservado apenas a varanda de onde Liebknecht havia declarado a República Socialista Alemã. O espaço vazio foi usado como campo de paradas.
Em 1964, a República Democrática Alemã construiu um novo Conselho de Estado (actual Escola Europeia de Administração e Tecnologia) numa parte do local, incorporando a varanda de Liebknecht na sua fachada. Entre 1973 e 1976, o regime de Erich Honecker construiu um grande edifício modernista, o Palast der Republik ("Palácio da República"), o qual ocupou a maior parte do espaço do antigo Stadtschloss. Pouco antes da Reunificação da Alemanha, em Outubro de 1990, descobriu-se que este edifício estava contaminado com amianto, sendo, por isso, encerrado ao público. Depois da reunificação, o governo da cidade de Berlim ordenou a remoção do amianto, um processo que foi concluído em 2003. Em Novembro de 2003, o governo federal da Alemanha decidiu demolir o edifício e deixar a área como parque, enquanto era pensada a sua função futura. A demolição começou em Fevereiro de 2006, ficando concluída em meados de 2007.
Planos de reconstrução
[editar | editar código-fonte]Desde 1991, muitos alemães têm defendido a reconstrução do Berliner Stadtschloss, um movimento que viria a ter paralelo em França em relação ao Palácio das Tulherias. Alguns apoiaram a teoria de que se deveria proceder a uma reconstrução completa, enquanto outros sugeriram que as fachadas exteriores fossem reedificadas com um moderno edifício entre elas. Grupos de influência, tal como a Sociedade para o Berliner Schloss (Gesellschaft Berliner Schloss) e a Associação Promocional para o Berliner Schloss (Förderverein Berliner Schloss) foram formados e, em 2001, uniram-se formando a Iniciativa Berliner Stadtschloss. Estes grupos têm preparado planos detalhados para reconstruir o Stadtschloss e para a sua utilização depois da reconstrução. Defendem que a reconstrução do Stadtschloss restauraria a união e a integridade do recinto histórico do Centro de Berlim, o qual inclui o Berliner Dom, o Lustgarten e os museus da Ilha dos Museus.
Há também muitos alemães que se opõem a esta proposta: alguns defendem a conservação do Palast der Republik argumentando que, também ele, tem relevância histórica, enquanto outros argumentam que a área se deveria tornar num jardim público. Os oponentes ao projecto afirmam que o novo edifício seria um pastiche de estilos arquitectónicos antigos, seria um incómodo símbolo do passado imperial da Alemanha, seria inaceitavelmente caro e não teria qualquer retorno económico. Também afirmam que seria impossível reconstruir cuidadosamente o interior do edifício, uma vez que não existem nem planos detalhados nem os necessários dotes artísticos. Em vista destas considerações, sendo a mais importante os imensos custos, sucessivos governos da Alemanha têm declinado da execução do projecto. Em 2002 e 2003, resoluções bipartidárias do Bundestag suportaram uma reconstrução, pelo menos parcial, do Stadtschloss, mas nenhuma decisão definitiva foi tomada até 2006. Em 2007, a decisão final foi tomada. Três fachadas do palácio serão reconstruídas, mas o interior será moderno. Os trabalhos no Humboldtforum, que será o novo nome do Berliner Stadtschloss, arrancarão em 2010.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Websítio do Berliner Stadtschloss» (em inglês)
- «Galeria mostrando o passado, presente e uma proposta para o futuro do Schlossplatz» (em alemão)
- «Förderverein Berliner Schloss e.V.» (em alemão) (Associação para a Promoção do Palácio da Cidade de Berlim)
- «Deutsche Welle - O Palácio de Berlim como espaço de encenação»
- «Gráficos e fotos da construção do palácio de Berlim» (em inglês)