Carlos Galhardo
Carlos Galhardo | |
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Informação geral | |
Nome completo | Catello Carlos Guagliardi |
Também conhecido(a) como | O Cantor Que Dispensa Adjetivos |
Nascimento | 24 de abril de 1913 |
Local de nascimento | Buenos Aires Argentina |
Morte | 25 de julho de 1985 (72 anos) |
Local de morte | Rio de Janeiro Brasil |
Gênero(s) | Valsa Seresta |
Período em atividade | 1932-1983 |
Gravadora(s) | RCA Victor Columbia Odeon |
Carlos Galhardo, nascido Catello Carlos Guagliardi[1] (Buenos Aires, 24 de abril de 1913[1] — Rio de Janeiro, 25 de julho de 1985[2]) foi um dos principais cantores da Era do Rádio.[3][4][5]
No total, Carlos gravou 303 discos de 78 rpm entre 1933 (início de sua carreira) e 1963 (quando este tipo de disco parou de ser produzido), totalizando 606 músicas. É, portanto, o segundo cantor mais gravado do Brasil, atrás apenas de Francisco Alves. Ambos ocupam, na mesma ordem, o topo de outro ranking: o de cantores que mais gravaram músicas de carnaval.[6]
Além da música, Carlos se dedicava ao turfe, tendo sido dono de diversos cavalos vencedores.[6] Era torcedor do America Football Club.[7]
Infância e carreira como alfaiate
[editar | editar código-fonte]Filho de italianos, Pietro Guagliardi e Saveria Novelli, teve três irmãos; dois nascidos na Itália e uma no Rio de Janeiro. Dois meses depois de seu nascimento, a família mudou-se para São Paulo, e três meses depois, para o Rio de Janeiro.[1]
Aos oito anos de idade, sua mãe morre e o pai se casa novamente, tendo outros cinco filhos (todos nascidos no Rio). A esta altura, a família residia no bairro do Estácio, na Rua Laura de Araújo.[1]
Alguns meses depois da morte da mãe, Catelllo foi morar com um tio-avô no mesmo bairro e aprendeu o ofício de alfaiate. Aos quinze anos torna-se já um oficial, apesar de não gostar do ofício. Chega até a abandonar os estudos (completou o primário) para dedicar-se à profissão. Quando Getúlio Vargas tomou o poder, ele contratou a alfaiataria onde Catello trabalhava para confeccionar-lhe um jaquetão, e coube ao então futuro cantor tirar as medidas do novo presidente e criar a peça de roupa.[8]
Passou por várias alfaiatarias e numa delas trabalhou com o barítono Salvador Grimaldi, com quem costumava ensaiar duetos de ópera.
Carreira musical
[editar | editar código-fonte]Apesar de em casa e para amigos cantarolar cançonetas italianas e árias de ópera, sua carreira iniciou em uma festa na casa de um irmão no dia 1 de outubro de 1932, onde encontravam-se presentes personalidades como Mário Reis, Francisco Alves, Lamartine Babo, Jonjoca e, ali, cantou para os convidados "Deusa", de Freire Junior, canção do repertório de Francisco Alves - este último ficou incumbido de dar a palavra final, que se limitou a um "É, leva jeito...".[9]
Frustrado com a recepção fria, Catello voltou a focar no ramo da alfaiataria. Contudo, uma das convidadas da festa contou do cantor a um amigo de Bororó e, através deste, Catello conseguiu uma oportunidade na Rádio Educadora do Brasil onde cantou "Destino", de Nonô e Luís Iglesias. No dia seguinte foi procurado e convidado a fazer um teste na RCA Victor. Aprovado, passa a fazer parte do coro que acompanhava as gravações da gravadora.[10]
Não se sabe ao certo o momento exato, tampouco o motivo pelo qual Catello passou a adotar o nome artístico Carlos Galhardo, mas este nome já era utilizado por ele desde o seu primeiro disco solo,[11] lançado em 1933, com os frevos "Você Não Gosta de Mim", dos Irmãos Valença; e "Que É Que Há?", de Nelson Ferreira.[12]
Conhecendo o compositor Assis Valente, gravou muitas canções suas tais como "Para Onde Irá o Brasil", "É Duro de Se Crer"[12] (em dueto com Carmen Miranda), "Pra Quem Sabe Dar Valor" e "Boas Festas", esta última seu primeiro grande sucesso.[12]
Em 1934, registrou seu primeiro sucesso carnavalesco: "Carolina", de Bonfiglio de Oliveira e Hervé Cordovil.[13]
Passou cantando por várias emissoras de rádio do Rio de Janeiro, tais como: Mayrink Veiga, Rádio Clube, Philips, Sociedade, Cruzeiro, Cajuti, Tupi, Nacional e Mundial.[14]
Em 1934, foi da RCA para a Columbia a convite de Moacyr Fenelon. Pela nova gravadora, lançou onze discos, emplacando dois sucessos: "Mariana" (1935), de Bonfiglio de Oliveira e Lamartine Babo; e "Cortina de Veludo" (1936), de Paulo Barboza e Osvaldo Santiago.[15] Posteriormente, voltou à RCA Victor, onde permaneceu por 35 anos.[16]
Em sua carreira, além da RCA Victor e da Columbia gravou também na Odeon e Continental. Além das canções carnavalescas, Galhardo cantou temas de datas festivas, a exemplo: "Boas festas", "Boneca de Papai Noel" (Ari Machado) e "Lá no céu" (Silvino Neto), "Não mudou o Natal" (Alcyr Pires Vermelho e Oswaldo Santiago) para o Natal; "Bodas de prata" (Mário Rossi e Roberto Martins) para a celebração de mesmo nome, "Mãezinha querida" (Getúlio Macedo e Lourival Faissal), "Imagem de mãe" (Othon Russo e José Nunes), "Dia das mães" (José Cenília e Lourival Faissal), "Aniversário de mãezinha" (Mário Biscardi e Newton Teixeira) e "Mamãezinha" (José Selma, Lourival Faissal e Maurício das Neves) para o Dia das Mães; "Papai do meu coração" (Lindolfo Gaya e Osvaldo dos Santos) para o Dia dos Pais; "Tempo de criança" (Ari Monteiro e Osvaldinho) para o Dia das Crianças; "Subindo, vai subindo" (Osvaldo e Valfrido Siva), "Olha lá um balão" (Roberto Martins e Wilson Batista), "Balão do amor" (Armando Nunes e Geraldo Serafim) para as festas juninas; "Valsa dos noivos" (Sivan Castelo Neto e José Roberto Medeiros), "Para os noivos", "Brinde aos noivos", "Valsa dos padrinhos" para noivos, Valsa dos namorados (Silvino Neto) para o Dia dos Namorados; "Quarto centenário" (J. M. Alves e Mário Zan) para o aniversário de São Paulo; "Dentro da lua" e "23 de abril" (ambas de Ari Monteiro e Roberto Martins) para o dia de São Jorge; e a "Canção do trabalhador" (Ari Kerner) para o Dia do Trabalhador.
Em 1945, grava juntamente com Dalva de Oliveira e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os sete anões, com canções de Radamés Gnattali.
Em 1952, passa um ano apresentando-se em Portugal.
Em 1953 a Revista do Disco deu-lhe o slogan "Rei do disco". Também ficou conhecido como "O rei da valsa", título dado pelo apresentador Blota Júnior e "O cantor que dispensa adjetivos".
Daí pra frente começou a apresentar-se por todo o Brasil, inclusive através da televisão.
Nos anos 1960 e 1970, enfrentou o mesmo problema que outros cantores de rádio da época: a substituição gradual do rádio pela televisão como principal meio de comunicação, o declínio das boates e as investidas da ditadura militar contra artistas considerados "comunistas".[2]
Neste período, ele lutou pelo direito dos intérpretes, defendendo leis que garantissem os direitos destes no que dizia respeito à venda de discos. Em 1966, a lei nº 4 944 foi promulgada e mais tarde regulamentada pelo decreto nº 61 123 de 1 de agosto de 1967.[2] Depois, Carlos se tornou presidente-executivo da Socimpro (Sociedade Brasileira de Administração e Proteção dos Direitos Intelectuais).[2]
Em 1983, fez a sua última apresentação no espetáculo Allah-lá-ô, de Ricardo Cravo Albin, dedicado ao compositor Antônio Nássara, realizado na Sala Funarte-Sidney Miller.
Carlos Galhardo morreu em 25 de julho de 1985, com 72 anos,[2] e foi sepultado no Cemitério São João Batista.
Ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva, Vicente Celestino e Sílvio Caldas, formou o quadro dos grandes cantores da era do rádio.[17]
Principais sucessos[segundo quem?]
[editar | editar código-fonte]- "Adeus, amor", Urbano Lóes, do Estudo em Mi Maior de Chopin (1946)
- "Alá-lá-ô", Haroldo Lobo e Nássara (1941)
- "A você", Ataulfo Alves e Aldo Cabral (1936)
- "A pequenina cruz do teu rosário", Fernando Weyne e Roberto Xavier de Castro (1947)
- "Boas Festas", Assis Valente (1933)
- "Bodas de prata", Roberto Martins e Mário Rossi (1945)
- "Cadê Zazá?", Roberto Martins e Ary Monteiro (1947)
- "Carolina", Bonfiglio de Oliveira e Hervé Cordovil (1934)
- "Cortina de veludo", Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago (1935)
- "Devolve", Mário Lago (1940)
- "E o destino desfolhou", Gastão Lamounier e Mário Rossi (1937)
- "Fascinação", Fermo Dante Marchetti e Armando Louzada (1950)
- "Gira, gira, gira", Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy (1944)
- "Italiana", José Maria de Abreu, Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago (1936)
- "Lenda árabe", Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago (1937)
- "Linda borboleta", João de Barro e Alberto Ribeiro (1938)
- "Madame Pompadour", Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago (1937)
- "Mais uma valsa… mais uma saudade", José Maria de Abreu e Lamartine Babo, (1937)
- "Nós Queremos uma Valsa", Nássara e Eratóstenes Frazão (1941)
- "Rapaziada do Brás", Alberto Marino (1960)
- "Rosa de maio", Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy (1944)
- "Salão grená", Paulo Barbosa e Francisco Célio (1939)
- "Saudades de Matão", Jorge Galati e Raul Torres (1941)
- "Sei que é covardia, mas…", Ataulfo Alves e Claudionor Cruz (1938)
- "Será?", Mário Lago (1945)
- "Vela branca sobre o mar", José Maria de Abreu e Osvaldo Santiago (1937)
Filmografia
[editar | editar código-fonte]Adaptado da fonte:[18]
- João Ninguém, de Mesquitinha (1936)
- O Samba da Vida, de Adhemar Gonzaga (1937)
- Banana da Terra, de J. Ruy (1938)
- Vamos Cantar, de Leo Martins (1940)
- Entra na Farra, de Luís de Barros (1941)
- Sob a Luz do Meu Bairro, de Moacyr Fenelon (1946)
- Prá Lá de Boa, de Luiz de Barros (1949)
- Carnaval em Lá Maior, de Adhemar Gonzaga (1955)
- Bandeirante na Tela (1955)
- Metido a Bacana, de J. B. Tanko (1957)
- Entrei de Gaiato, de J. B. Tanko (1960)
- Vereda Tropical, de Joaquim Pedro de Andrade (1977)
- ↑ a b c d Aguiar 2013, p. 150.
- ↑ a b c d e Aguiar 2013, p. 160.
- ↑ Carlos Galhardo no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
- ↑ Conheça a história do intérprete Carlos Galhardo no Todas as Vozes. Rádio MEC AM, 24 de novembro de 2015
- ↑ AGUIAR, Ronaldo Conde. Almanaque da Rádio Nacional. Casa da Palavra, 2007. P. 49
- ↑ a b Aguiar 2013, p. 158.
- ↑ Aguiar 2013, p. 159.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 150-151.
- ↑ Aguiar 2013, p. 151.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 151-152.
- ↑ Aguiar 2013, p. 154.
- ↑ a b c Aguiar 2013, p. 152.
- ↑ Aguiar 2013, p. 153.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 155-156.
- ↑ Aguiar 2013, pp. 154-155.
- ↑ Aguiar 2013, p. 155.
- ↑ Carlos Galhardo. Museu da TV - Biografias
- ↑ Aguiar 2013, pp. 168-169.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Aguiar, Ronaldo Conde (2013). «Carlos Galhardo - O Cantor que Dispensa Adjetivos». Os Reis da Voz. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. ISBN 978-85-773-4398-0[1]
- ↑ Aguiar 2013, p. 147.