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Carlos II de Inglaterra: diferenças entre revisões

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{{Info/Nobre
{{Infobox Monarca
|nome = Carlos II (ou Charles II)
| nome = Carlos II
|título = [[Rei de Inglaterra|Rei da Inglaterra, da Irlanda e da Escócia]]
| titulo = Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda
|imagem =[[Image:Charles II of England.png|200px]]
| imagem = King Charles II by John Michael Wright or studio.jpg
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|legenda = Carlos II em trajes de coroação por Wright
| legenda = <small>Retrato por [[John Michael Wright]], c. 1660–1665</small>
|reinado = [[29 de maio]] de [[1660]] &ndash;[[6 de fevereiro]] de [[1685]]
| sucessão = [[Lista de monarcas da Inglaterra|Rei da Inglaterra]], [[Lista de monarcas da Escócia|Escócia]] e [[Lista de monarcas da Irlanda|Irlanda]]
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| coroação = {{dtlink|23|4|1661}}
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|sucessor = [[Jaime II de Inglaterra|Jaime II]]
| predecessor = [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]] {{small|(deposto em 1649)}}
|consorte = [[Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra|Catarina de Bragança]]
| sucessor = [[Jaime II de Inglaterra|Jaime II & VII]]
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| sucessão1 = [[Lista de monarcas da Escócia|Rei da Escócia]]
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| tipo-conjugue = Esposa
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}}
}}
'''Carlos II''' ([[Londres]], {{dtlink|29|5|1630}} – Londres, {{dtlink|6|2|1685}}) foi o [[Lista de monarcas da Inglaterra|Rei da Inglaterra]], [[Lista de monarcas da Escócia|Escócia]] e [[Lista de monarcas da Irlanda|Irlanda]] de 1660 até sua morte. Seu pai [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]] foi executado no [[Palácio de Whitehall]] em [[31 de janeiro]] de [[1649]], no auge da [[Guerra civil inglesa|Guerra Civil Inglesa]]. O parlamento escocês o proclamou rei, porém [[Oliver Cromwell]] o derrotou na Batalha de Worcester, em 3 de setembro de 1651 e Carlos fugiu para a Europa continental. Cromwell se transformou no governante da Inglaterra, Escócia e Irlanda; Carlos passou nove anos em exílio na [[Reino da França|França]], [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos|Províncias Unidas]] e nos [[Países Baixos Espanhóis]].


Após a morte de Cromwell em 1658, uma crise política resultou na [[Restauração (Inglaterra)|restauração]] da monarquia, com Carlos sendo convidado a retornar para a Grã-Bretanha. Em 29 de maio de 1660, seu aniversário de trinta anos, ele foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649.
'''Carlos II de Inglaterra''' ([[29 de Maio]] [[1630]] - [[6 de Fevereiro]] [[1685]]) foi [[Lista de monarcas britânicos|Rei de Inglaterra]], [[Lista de reis da Escócia|Escócia]] e da [[Irlanda]] entre 30 de Janeiro ([[de jure]]) ou [[29 de Maio]] (de facto) de [[1660]] e a sua morte. O pai de Carlos II, [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]], tinha sido executado em [[1649]] e substituido por uma ditadura militar de [[Oliver Cromwell]], que se auto-nomeou "Lord Protector".


O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como o Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida [[Igreja Anglicana]]. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa. A principal questão estrangeira do início de seu reinado foi a [[Segunda Guerra Anglo-Holandesa]]. Em 1670, assinou o [[Tratado Secreto de Dover]], uma aliança com o seu primo [[Luís XIV de França]]. O rei francês concordava em auxiliar o inglês na [[Terceira Guerra Anglo-Holandesa]] e pagar uma pensão a Carlos, em troca Carlos prometia se converter ao [[catolicismo]] em uma data futura não especificada.
Carlos II subiu ao trono após a restauração da monarquia em [[Inglaterra]] e [[Escócia]], pouco depois da morte de [[Oliver Cromwell]]. Foi casado com a princesa [[Catarina de Bragança]], filha de [[João IV de Portugal]], que lhe levou como dote a posse de [[Tanger]] e em homenagem à qual foi denominado o que hoje é o bairro nova-iorquino de [[Queens]]. Apesar de ter tido inúmeros filhos ilegítimos (ele reconheceu os direitos de 14 deles), o casamento não resultou em herdeiros e foi sucedido pelo irmão, Jaime [[Duque de York]]. Ao converter-se oficialmente ao [[catolicismo]] no seu leito de morte, Carlos II foi o primeiro católico romano a reinar a Inglaterra desde a morte de [[Maria I de Inglaterra|Maria I]] em 1558.


Ele tentou em 1672 introduzir liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes, com sua Real Declaração de Indulgência, porém o parlamento inglês forçou sua retirada. Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto "[[Complô papista|Complô Papista]]" iniciaram a [[Lei de Exclusão|Crise da Exclusão]] quando se descobriu que o irmão do rei, [[Jaime II de Inglaterra|Jaime, Duque de Iorque e Albany]], era um católico. A crise viu o surgimento de partidos [[Partido Whig (Reino Unido)|Whig pró-exclusão]] e [[Partido Conservador (Reino Unido)|Tory antiexclusão]]. Carlos se aliou aos [[Tories]] e, após a descoberta de uma conspiração para matá-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes [[Whigs]] foram mortos ou exilados. Carlos dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685. Não teve nenhum filho com sua esposa [[Catarina de Bragança]], apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime.
==Primeiros Anos==
Charles Stuart (ou Carlos Stuart), o filho sobrevivente mais velho do rei [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]] e [[Henrietta Maria]], nasceu no [[Palácio de St. James]] no dia [[29 de maio]] de [[1630]]. Ele foi batizado na Capela Real no dia [[27 de junho]] pelo Bispo Anglicano de [[Londres]], [[William Laud]]. Ao nascer tornou-se automaticamente em Duque da Cornualha e de Rothesay; aos oitos anos foi nomeado como [[Príncipe de Gales]].


== Início de vida e exílio ==
Durante os 1640s, quando Carlos ainda era jovem, seu pai brigou com forças puritanas do Parlamento na [[Guerra Civil]]. Carlos acompanhou seu pai durante a [[Batalha de Edgehill]] e, aos 14 anos, participou nas campanhas de 1645, quando foi nomeado comandante titular das forças inglesas no oeste do país.<ref>Fraser, p.32 and Hutton, pp.6–7</ref> Na primavera de [[1646]], seu pai estava perdendo a guerra, e Carlos deixou o país devido pois seria inseguro ficar ali e foi primeiro para a [[Sicília]], depois para [[Jersey]], e finalmente para a [[França]].<ref>Fraser, pp.38–45 and Miller, ''Charles II'' p.6</ref>
Carlos nasceu em {{dtlink|29|5|1630}} no [[Palácio de St. James]], [[Londres]]. Seus pais eram o rei [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]] e a rainha [[Henriqueta Maria de França|Henriqueta Maria]], irmã do rei [[Luís XIII de França]]. Carlos era o segundo filho do casal. O primeiro nasceu um ano antes, porém morreu com menos de um dia.<ref name=weir255257 >{{citar livro|autor=Weir, Alison|título=Britain's Royal Families: The Complete Genealogy|local=Londres|editora=Random House|ano=1996|páginas= 255–257|isbn=0-7126-7448-9 }}</ref> Os reinos da [[Reino da Inglaterra|Inglaterra]], [[Reino da Escócia|Escócia]] e [[Reino da Irlanda|Irlanda]] de seu pai eram predominantementes [[Igreja Anglicana|anglicano]], [[Presbiterianismo|presbiteriano]] e [[Igreja Católica|católico]], respectivamente. Carlos foi batizado na Capela Real do palácio em 27 de junho por [[William Laud|Guilherme Laud]], [[Bispo de Londres]], e levado aos cuidados da protestante Maria Curzon, Condessa de Dorset, apesar de seus padrinhos incluírem católicos como sua avó [[Maria de Médici]].<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=13}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=1–4}}</ref> Ao nascer, ele automaticamente tornou-se o [[Ducado da Cornualha|Duque da Cornualha]] e o [[Duque de Rothesay]], além de vários outros títulos associados. Ele foi designado [[Príncipe de Gales]] por volta de seu aniversário de oito anos, apesar de nunca ter sido formalmente investido como tal.<ref name=weir255257 />


[[Ficheiro:King Charles II by Cornelius Johnson.jpg|thumb|left|Carlos em 1639, por Cornelis Janssens van Ceulen. Na [[National Portrait Gallery]].]]
Em [[1648]], durante a Segunda Guerra Civil, Carlos mudou-se para [[A Haia]], onde sua irmã Maria (Princesa Real e Princesa de Orange) e seu cunhado Guilherme II com a idéia de ajudar seu pai.<ref>Fraser, pp.55–56</ref> Entretanto, seu pai foi executado em [[1649]]. Em Haia, Carlos teve um filho com Lucy Walter, [[James Scott, 1° Duque de Monmouth|James Crofts "Scott"]].
Durante a década de 1640, enquanto ainda era jovem, seu pai lutou contra forças parlamentares puritanas na [[Guerra civil inglesa|Guerra Civil Inglesa]]. Carlos acompanhou o pai na Batalha de Edgehill e, aos catorze anos, participou das campanhas de 1645 quando foi feito o comandante titular das forças realistas em [[West Country]].<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=32}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=6–7}}</ref> O rei estava perdendo a guerra na primavera de 1646 e Carlos deixou a Inglaterra, para sua segurança, partindo de [[Falmouth]] depois de ficar no Castelo de Pendennis, indo primeiro para as [[Ilhas Scilly]], depois para [[Jersey]] e finalmente até a [[Reino da França|França]], onde sua mãe já estava vivendo em exílio e seu primo, de catorze anos, [[Luís XIV de França|Luís XIV]] já era rei.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=38–45}}; {{harvnb|Miller|1991|p=6}}</ref>
[[Image:Charles II when Prince of Wales by William Dobson, 1642.jpg|left|thumb|Carlos II quando ainda era Príncipe de Gales retratado por William Dobson]]
Em [[5 de fevereiro]] de 1649, Carlos II foi proclamado Rei dos Escoceses em [[Edimburgo]], sob a promessa entre Inglaterra e Escócia que impediría remodelar a Igreja da Escócia a imagem da Anglicana, devendo mantener-se no [[Presbiterianismo]] (forma preferida pela maioria dos escoceses).


Em 1648 durante a [[Segunda Guerra Civil Inglesa]], Carlos foi para [[Haia]] onde sua irmã [[Maria, Princesa Real e Princesa de Orange|Maria, Princesa Real]], e seu marido [[Guilherme II, Príncipe de Orange]], pareciam mais propensos a dar apoio substancial à causa realista que os parentes franceses de Henriqueta Maria.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=55–56}}</ref> Entretanto, a frota que ficou sob o comando de Carlos não foi usada e não chegou na Escócia em tempo de ajudar o exército realista de [[James Hamilton, 1.º Duque de Hamilton|Jaime Hamilton, 1.º Duque de Hamilton]], antes que fosse derrotado na Batalha de Preston pelos parlamentares.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=57–60}}</ref>
Carlos II chegou à Escócia em [[23 de junho]] de [[1650]]. Pelo seu abandono ao Anglicanismo, tornou-lhe impopular na Inglaterra. Foi coronado como Rei dos Escoceses em Scone (Perthshire), em [[1 de janeiro]] de [[1651]], e depois organizou uma ofensiva contra Inglaterra, na época sob governo do Lord Protector, [[Oliver Cromwell]]. A invasão terminou com a derrota na batalha de Worcester (1651), com Carlos II fugindo logo em seguida rumo à França. O Parlamento ofereceu uma recompensa de 1000 £ pela cabeça do rei e impôs pena de morte a qualquer um que lhe prestasse ajuda.


Carlos teve em Haia um breve caso com Lúcia Walter, que depois falsamente afirmou que eles haviam se casado secretamente.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=65–66, 155}}; {{harvnb|Hutton|1989|p=26}}; {{harvnb|Miller|1991|p=5}}</ref> Seu filho, [[Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth|Jaime Crofts]], foi um dos muitos filhos ilegítimos de Carlos que tornaram-se figuras proeminentes da sociedade britânica.<ref name=weir255257 />
Empobrecido, Carlos tentou reunir apoio para ir contra o Lord Protector. França e as Províncias Unidas (a atual Holanda ou [[Países Baixos]]) aliaram-se com o governo de Cromwell, forçando Carlos a recorrer a Espanha pedindo ajuda. Tentou recrutar um exército, mas fracassou devido a suas penúrias economicas.


Carlos I se rendeu em 1646; fugiu e foi recapturado em 1648. Apesar dos esforços diplomáticos de seu filho para salvá-lo, o rei foi decapitado em {{dtlink|30|1|1649}} e a Inglaterra tornou-se uma república. Em 5 de fevereiro, o parlamento covenanter escocês proclamou em [[Edimburgo]] Carlos II como "Rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda".<ref>{{citar web|url=http://www.rps.ac.uk/search.php?action=fetch_jump&filename=charlesi_ms&jump=charlesi_t1649_1_70_d5_trans&type=ms&fragment=m1649_1_71_d6_ms|título=Proclamation of Charles the second king of Great Britane, France and Ireland|obra=The Records of the Parliaments of Scotland to 1707|acessodata=7 de setembro de 2014 }}</ref>
==Restauração==


Entretanto, a Escócia não permitiu sua entrada no país a menos que ele aceitasse o presbiterianismo por todos os seus reinos. Quando as negociações empacaram, Carlos autorizou o general Jaime Graham, 1.º Marquês de Montrose, a desembarcar nas ilhas [[Órcades]] com uma pequena força para ameaçar os escoceses com uma invasão, esperando forçar um acordo mais favorável. Graham achou que Carlos iria aceitar um acordo e assim decidiu invadir a própria Escócia, porém foi capturado e executado. Carlos relutantemente prometeu que iria aceitar os termos de um tratado com o parlamento escocês assinado em [[Breda]], além de apoiar a Solene Liga e Aliança, que autorizava um governo presbiteriano por toda [[Grã-Bretanha]]. Ele desembarcou na Escócia em 23 de junho de 1650 e formalmente concordou com a Aliança; seu abandono da do governo [[episcopado]], apesar de conseguir o apoio dos escoceses, lhe deixou impopular na Inglaterra. Carlos logo passou a desprezar a "vilania" e "hipocrisia" dos ''Covenanters''.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=97}}; {{harvnb|Hutton|1989|p=53}}</ref>
==Os filhos de Carlos II==
Carlos II deixou um número desconhecido de filhos ilegítimos e nenhum herdeiro legítimo. Ele reconheceu catorze como seus filhos, incluindo [[Lady Barbara FitzRoy]], que provavelmente era filha de [[John Churchill]], mais tarde [[Duque de Marlborough]].


[[Ficheiro:Charles II (de Champaigne).jpg|thumb|Carlos em 1653 por [[Philippe de Champaigne]]. No [[Museu de Arte de Cleveland]].]]
*Com '''Marguerite ou Margarida de Carteret'''
Os ''Covenanters'' foram derrotados, em 3 de setembro de 1650, na Batalha de Dunbar, por uma força muito menor, liderada por [[Oliver Cromwell]]. As forças escocesas estavam divididas entre os realistas ''Engagers'' e os ''Covenanters'' presbiterianos, que até lutavam entre si. Desiludido com os ''Covenanters'', Carlos tentou escapar em outubro e ir para o norte a fim de juntar-se às forças Engagers, evento que ficou conhecido como "o Começo", porém em dois dias os presbiterianos o pegaram.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=96–97}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=56–57}}</ref> Mesmo assim, os escoceses permaneceram a melhor esperança de restauração e ele foi coroado [[Lista de monarcas da Escócia|Rei da Escócia]] em Scone no dia {{dtlink|1|1|1651}}. Com as forças de Cromwell ameaçando as posições de Carlos na Escócia, foi decidido montar um ataque contra a Inglaterra. Muitos escoceses recusaram-se a participar, como lorde [[Archibald Campbell, 1º Marquês de Argyll|Arquibaldo Campbell, 1.º Marquês de Argyll]], e com poucas forças realistas juntando-se a eles enquanto marchavam para o sul, a invasão terminou em derrota, na Batalha de Worcester em 3 de setembro, depois da qual Carlos evitou ser capturado ao se esconder em uma árvore na [[Boscobel House (Shropshire/Staffordshire)|Casa Boscobel]]. Carlos conseguiu fugir da Inglaterra disfarçado depois de seis semanas escondendo-se, desembarcando na [[Normandia]] em 16 de outubro apesar da recompensa de mil [[Libra esterlina|libras]] por sua cabeça, risco de morte para qualquer um pego auxiliando-o e a dificuldade de disfarçá-lo já que com 1,85 [[Metro|m]], ele era incomumente alto para a época.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=98–128}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=53–69}}</ref>
**Alguns dizem que ela deu à luz um filho chamado [[James de la Cloche]] em [[1646]]. Acredita-se que James de Carteret/de la Cloche tenha falecido em algum momento por volta de [[1667]].


Cromwell foi nomeado [[Lord Protector|Lorde Protetor]] da Inglaterra, Escócia e Irlanda, efetivamente colocando as [[Ilhas Britânicas]] sob um regime militar. Empobrecido, Carlos não conseguiu reunir apoio suficiente para montar uma ameaça séria ao governo de Cromwell. Apesar das conexões da [[Casa de Stuart]] através da rainha Henriqueta Maria e da Princesa Real, a França e as [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos|Províncias Unidas dos Países Baixos]] aliaram-se ao governo republicano inglês em 1654, forçando Carlos a pedir ajuda da [[Espanha]], que na época também governava os [[Países Baixos do Sul]].<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=74–112}}</ref> Ele reuniu um exército desorganizado formado por seus súditos exilados; essa força pequena, mal remunerada, mal equipada e mal disciplinada acabou formando o núcleo do exército inglês pós-Restauração.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=156–157}}</ref>
*Com '''[[Lucy Walter]]''' (1630-1658)
** [[James Scott, 1° Duque de Monmouth|James Crofts "Scott"]] (1649-1685), titulado [[Duque de Monmouth]] (1663) na Inglaterra e [[Duque de Buccleuch]] (1663) na Escócia. É um ancestral de [[Sarah, Duquesa de York]].
** Mary Crofts (nascida cerca de 1651 - ?), sem reconhecimento. Casou-se com William Sarsfield e depois com William Fanshaw. Foi [[Cura pela fé|curandeira pela fé]] de um convento.


== Restauração ==
*Com '''Elizabeth Killigrew''' (1622-1680)
{{principal|Restauração (Inglaterra)}}
** Charlotte Jemima Henrietta Maria Boyle (FitzCharles) (1650-1684), Condessa de Yarmouth
As chances de Carlos de reconquistar o trono permaneceram pequenas quando Cromwell morreu em 1658 e foi sucedido por seu filho [[Richard Cromwell]]. Entretanto, o novo Lorde Protetor não tinha uma base de poder no parlamento e no [[Exército Novo (New Model Army)|Exército Novo]]. Ele foi forçado a renunciar no ano seguinte e o Protetorado foi abolido. Seguiram-se tumultos militares e civis, com [[George Monck]], Governador da Escócia, temendo que a nação fosse parar na anarquia.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=160–165}}</ref> Monck e seu exército marcharam para a [[Cidade de Londres]] e forçou o parlamento a readmitir membros do Parlamento Longo de Carlos I, excluídos em 1648 durante o Purgo de Pride. O parlamento se auto-dissolveu pela primeira vez e houve uma nova eleição geral depois de quase vinte anos.<ref>Diário de [[Samuel Pepys]], 16 de março de 1660.</ref> O parlamento em retirada definiu as qualificações eleitorais para garantir a volta de uma maioria presbiteriana.<ref name=millier2425 >{{harvnb|Miller|1991|pp=24–25}}</ref>


As restrições contra os candidatos e votantes realistas foram amplamente ignoradas e as eleições resultaram em uma Câmara dos Comuns bastante dividida politicamente entre realistas e parlamentaristas, e religiosamente entre anglicanos e presbiterianos.<ref name=millier2425 /> Um novo Parlamento de Convenção se reuniu em 25 de abril de 1660 e logo depois recebeu notícias da Declaração de Breda, em que Carlos concordava em perdoar muitos dos antigos inimigos de seu pai, entre outras coisas. O parlamento inglês resolveu proclamar Carlos como rei e convidá-lo a voltar, numa mensagem que chegou em 8 de maio.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=131}}</ref> Na Irlanda, uma convenção havia se reunido mais cedo naquele ano e acabou declarando-o como rei em 14 de maio.<ref>{{Citar enciclopédia|autor=Seaward, Paul|enciclopédia=Oxford Dictionary of National Biography|título=Charles II (1630–1685)|ano=2004|editora=Oxford University Press|doi=10.1093/ref:odnb/5144 }}</ref>
*Com '''Catherine Pegge, Lady Green'''
** Charles Fitzcharles (1657-1680), conhecido como "Don Carlos", titulado [[Conde de Plymouth]] (1675)
** Catherine Fitzcharles (nascida em 1658, morreu jovem)


[[Ficheiro:The arrival of King Charles II of England in Rotterdam, may 24 1660 (Lieve Pietersz. Verschuier, 1665).jpg|thumb|left|Carlos partindo em maio de 1660 de seu exílio nos Países Baixos para sua restauração na Inglaterra. Por [[Lieve Verschuier]] no [[Rijksmuseum]].]]
*Com '''Dorothea Helena Kirkhoven, Condessa de Derby'''
Ele partiu de [[Scheveningen]] para a Inglaterra, chegando em [[Dover (Inglaterra)|Dover]] em 25 de maio e alcançando Londres no dia 29, seu aniversário de trinta anos. Apesar de Carlos e o parlamento terem dado anistia aos apoiadores de Cromwell no Decreto de Indenização e Esquecimento, cinquenta pessoas foram especialmente excluídas.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=190}}</ref> No final, nove dos regicidas de Carlos I foram [[hanged, drawn and quartered|arrastados enforcados e esquartejados]],<ref>{{citar web|url=http://www.royal.gov.uk/HistoryoftheMonarchy/KingsandQueensoftheUnitedKingdom/TheStuarts/CharlesII.aspx|título=Charles II (r.1660 -1685)|obra=The British Monarchy|acessodata=10 de setembro de 2014 }}</ref> enquanto outros receberam prisão perpétua e outros apenas excluídos de cargos públicos. Os corpos de Cromwell, Henrique Ireton e João Bradshaw foram sujeitos à indignidade da execução póstuma.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=185}}</ref>
** George Swan (1658-1730)


Carlos concordou em abolir impostos feudais; em troca o parlamento lhe garantiu uma renda anual de 1,2 milhões de libras para poder administrar o governo, gerada principalmente a partir de direitos aduaneiros e impostos especiais de consumo.<ref>{{citar web|url=http://www.legislation.gov.uk/aep/Cha2/12/24/introduction|título=Tenures Abolition Act 1660|publicado=legislation.gov.uk|acessodata=10 de setembro de 2010 }}</ref>
*Com '''[[Barbara Palmer, 1° Duquesa de Cleveland|Barbara Palmer]]''' (1640-1709) (nascida Villiers), Condessa de Castlemaine e Duquesa de Cleveland.
** [[Anne Lennard, Condessa de Sussex|Anne Palmer (Fitzroy)]] (1661-1722)
** [[Charles FitzRoy, 2° Duque de Cleveland|Charles Fitzroy]] (1662-1730), titulado [[Duque de Southampton]] (1675), tornou-se 2° [[Duque de Cleveland]] (1709)
** [[Henry FitzRoy, 1° Duque de Grafton|Henry Fitzroy]] (1663-1690), titulado [[Conde de Euston]] (1672) e [[Duque de Grafton]] (1709). Ancestral de [[Diana, Princesa de Gales]].
** [[Charlotte Lee, Condessa de Lichfield|Charlotte Fitzroy]] (1664-1718), Condessa de Lichfield. Casou-se com [[Benedict Calvert, 4° Barão Baltimore]].
** [[George FitzRoy, 1° Duque de Northumberland|George FitzRoy]] (1665-1716), titulado [[Conde de Northumberland]] (1674) e [[Duque de Northumberland]] (1683)
** [[Lady Barbara FitzRoy|Barbara (Benedicta) Fitzroy]] (1672-1737), foi reconhecida como filha de Charles, mas provavelmente era filha de [[John Churchill]], mais tarde [[Duque de Marlborough]].


A alegria de Carlos pela restauração foi diminuída na segunda metade de 1660 pelas mortes de seu irmão mais novo [[Henrique Stuart, Duque de Gloucester (1640-1660)|Henrique, Duque de Gloucester]], e sua irmã Maria por [[varíola]]. Por volta da mesma época, [[Ana Hyde]], filha do [[Lord Chancellor|Lorde Chanceler]] Eduardo Hyde, revelou que estava grávida de [[Jaime II de Inglaterra|Jaime, Duque de Iorque e Albany]] e irmão de Carlos, e que os dois haviam se casado secretamente. Eduardo Hyde, que não sabia do casamento ou da gravidez, foi feito Conde de Clarendon e sua posição como ministro favorito foi reforçada.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=210–202}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=155–156}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=43–44}}</ref>
*Com '''[[Nell Gwyn|Eleanor "Nell" Gwyn]] (1650-1687)
** [[Charles Beauclerk, 1° Duque de St Albans|Charles Beauclerk]] (1670-1726), titulado [[Duque de St Albans]].
** James Beauclerk (1671-1681)


===Código Clarendon===
*Com '''[[Louise Renée de Pennancoet de Keroualle]]''' (1648-1734), [[Duque de Portsmouth|Duquesa de Portsmouth]] (1673)
[[Ficheiro:Charles II of England in Coronation robes.jpg|thumb|Retrato de coroação de Carlos por [[John Michael Wright]], c. 1661. Na [[Royal Collection]].]]
** [[Charles Lennox, 1° Duque de Richmond|Charles Lennox]] (1672-1723), titulado [[Duque de Richmond]] (1675) na Inglaterra e [[Duque de Lennox]] (1675) na Escócia. Ancestral de [[Diana, Princesa de Gales]], de [[Camilla, Duquesa da Cornualha]] e de [[Sarah, Duquesa de York]].
O Parlamento de Convenção foi dissolvido em dezembro de 1660 e um segundo parlamento se reuniu pouco depois da coroação em abril de 1661. Chamado de Parlamento Cavalier, era esmagadoramente realista e anglicano. Procurou desencorajar a não-conformidade na [[Igreja Anglicana]] e aprovou vários decretos para garantir uma dominação anglicana. O Decreto de Corporação de 1661 requeria que funcionários públicos municipais prestassem um juramento de lealdade;<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=169}}</ref> o Decreto de Uniformidade de 1662 fez obrigatório o uso do ''[[Livro de Oração Comum]]''; o Decreto Conventículo de 1664 proibiu reuniões religiosas com mais de cinco pessoas, exceto quando sob os auspícios da Igreja Anglicana; e o Decreto das Cinco Milhas de 1665 proibiu que clérigos não-conformistas expulsos se aproximassem menos que cinco [[milha]]s (8 [[Quilômetro|km]]) das paróquias que haviam sido banidos. Os decretos do Conventículo e das Cinco Milhas permaneceram em vigor durante todo o reinado de Carlos. Os decretos ficaram conhecidos como "Código Clarendon" por Eduardo Hyde, 1.º Conde de Clarendon, mesmo ele não tendo sido diretamente responsável e até mesmo ter discursado contra o Decreto das Cinco Milhas.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=229}}</ref>
[[Imagem:Charles II 1680 by Thomas Hawker.jpeg|thumb|right|Carlos II em retrato de Thomas Hawker, 1680]]
*Com '''Mary 'Moll' Davis''', cortesã e atriz
** Mary Tudor (1673-1726), casou-se com Edward Radclyffe (1655-1705), o 2° Conde de Derwentwater (1687-1705). Com a morte de Edward, Mary casou-se com Henry Graham (filho e herdeiro do coronel James Graham). Viúva pela segunda vez, desposou James Rooke em 1707. Mary teve quatro filhos com Edward, que deram continuidade à Casa de Derwentwater.


Uma mudança social acompanhou a Restauração. O [[puritanismo]] perdeu força. Os teatros foram reabertos depois de terem sido fechados durante o protetorado de Cromwell e uma obscena "comédia da Restauração" tornou-se um gênero reconhecível. As licenças teatrais emitidas por Carlos foram as primeiras na história inglesa a permitirem que mulheres interpretassem papéis femininos nos palcos (elas anteriormente eram interpretadas por meninos)<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=185}}</ref> e a literatura celebrou ou reagiu à corte restaurada, que incluía [[libertino]]s como [[John Wilmot|João Wilmot, 2.º Conde de Rochester]].<ref>{{citar livro|autor=Doble, C. E. (ed.)|título=Remarks and Collections of Thomas Hearne|volume=1|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=1885|ref=harv|página=308 }}</ref>
*Com '''amante desconhecida'''
** Elizabeth Fitzcharles (1670-1731), desposou Sir Edward Morgan (1670-1734), o filho de Sir James Morgan, 4° Conde Baronet de Llantarnam, e de sua esposa Lady Ann Hopton. Ela teve dez filhos com Morgan. Algumas fontes mostram seu sobrenome como "Jarman".


===Peste e Grande Incêndio===
*Outras amantes
Carlos enfrentou em 1665 uma grande crise sanitária: a [[Grande Praga de Londres]]. As mortes chegaram a sete mil na semana de 17 de setembro.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=238}}</ref> O rei, sua família e a corte deixaram Londres em julho e foram para [[Salisbury]], com o parlamento se reunindo em [[Oxford]].<ref>{{harvnb|Miller|1991|p=120}}</ref> Piorando a situação, mas por sua vez encerrando a peste, foi aquilo que posteriormente ficou conhecido como o [[Grande incêndio de Londres|Grande Incêndio de Londres]], que começou em 2 de setembro de 1666. O fogo consumiu aproximadamente {{Fmtn|13200}} casas e 87 igrejas, incluindo a [[Catedral de São Paulo (Londres)|Catedral de São Paulo]].<ref name=porter >{{Citar enciclopédia|autor=Porter, Stephen|enciclopédia=Oxford Dictionary of National Biography|título=The great fire of London|data=janeiro de 2007|editora=Oxford University Press&#124;doi10.1093/ref:odnb/9564 }}</ref> Carlos e seu irmão [[Jaime II de Inglaterra|Jaime, Duque de Iorque e Albany]], participaram e comandaram os esforços para combater o fogo. O público culpou conspiradores católicos pelo incêndio,<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=243–247}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=121–122}}</ref> apesar dele ter se iniciado em uma padaria na Pudding Lane.<ref name=porter />
** Cristabella Wyndham
** [[Hortense Mancini]], Duquesa de Mazarin
** Winifred Wells, uma das damas de honra da Rainha
** Sra. Jane Roberts - filha de um clérigo
** Mary Sackville (outrora Berkeley, nascida Bagot) - a viúva [[Conde de Falmouth|Condessa de Falmouth]]
** Elizabeth Fitzgerald, [[Conde de Kildare|Condessa de Kildare]]
** [[Frances Stewart, Duquesa de Richmond e Lennox]]


== Política exterior ==
{{Começa caixa}}
[[Reino de Portugal|Portugal]] lutava desde 1640 uma [[Guerra da Restauração|guerra contra a Espanha]] para restaurar sua independência depois de uma [[União Ibérica|união dinástica]] entre as duas coroas ocorrida em 1580. Portugal recebia ajuda da França, porém acabou abandonado por seu aliado em 1659 após o [[Tratado dos Pireneus]]. As negociações de Portugal para o casamento de Carlos com [[Catarina de Bragança]] começaram durante o reinado de seu pai e, depois da Restauração, a rainha [[Luísa de Gusmão]] como regente reabriu as discussões que resultaram em uma aliança com a Inglaterra. Um tratado de casamento foi assinado em 23 de junho de 1661, com o [[dote]] de Catarina dando aos ingleses [[Tânger]] no norte da África e as [[sete ilhas de Bombaim]] na Ásia, privilégios comerciais no [[Estado do Brasil|Brasil]] e nas [[Índias]], liberdade religiosa e comercial em Portugal e dois milhões de coroas portuguesas; enquanto Portugal conseguiu apoio militar e naval contra a Espanha e liberdade religiosa para Catarina na Inglaterra. Ela viajou para [[Portsmouth]] entre os dias 13 e 14 de maio de 1662, porém foi visitada por Carlos apenas no dia 20. Os dois se casaram no dia seguinte em duas cerimônias – uma católica realizada em segredo e depois uma anglicana em público.<ref>{{Citar enciclopédia|autor=Wynne, S. M.|enciclopédia=Oxford Dictionary of National Biography|título=Catherine (1638–1705)|ano=2004|editora=Oxford University Press|doi=10.1093/ref:odnb/4894 }}</ref>
{{Caixa de sucessão/um dois um|
|título1 = [[Lista de monarcas britânicos|Rei de Inglaterra]]
|anos1 =
|título2 = [[Lista de reis da Escócia|Rei da Escócia]]
|anos2 =
|antes = [[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]],<br />'''após o [[Oliver Cromwell|Protectorado]]
|depois = [[Jaime II de Inglaterra|Jaime II]]
}}
{{Termina caixa}}


[[Ficheiro:Guinea 641642.jpg|thumb|left|Moeda guinéu de Carlos.]]
Também em 1662, Carlos vendeu em uma ação impopular a cidade de [[Dunquerque]] para seu primo Luís XIV por aproximadamente 375 mil libras.<ref>{{harvnb|Miller|1991|pp=93, 99}}</ref> O porto no [[Canal da Mancha]], apesar de grande valor estratégico, estava drenando as finanças reais.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=184}}</ref>


Terá sido este rei da [[Grã-Bretanha]] que fez a mediação entre Espanha e o [[Reino de Portugal]] que levou ao [[Tratado de Lisboa (1668)]] e que pôs definitivamente o fim à [[Guerra da Restauração]] e à independência deste último.<ref>[http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/1856 Tratado de pazes, entre os serenissimos e poderosissimos Principes D. Carlos II, Rey Catholico, e D. Afonso VI, Rey de Portugal, feito, e concluso no Convento de Sancto Eloy da Cidade de Lisboa, aos 13 de fevereiro de 1668 : sendo mediator o serenissimo, e poderosissimo Principe Carlos II, Rey da Gram Bretanha, Impressão de Antonio Craesbeeck de Mello, Impressor Del Rey N.S. & Sua Alteza, 1668]</ref>
{{Commons|Charles II of England}}


Antes da Restauração, os [[Ato de Navegação|Atos de Navegação]] de 1650 tinham prejudicado o comércio holandês ao dar às embarcações inglesas um monopólio, tendo sido um fator no começo da [[Primeira Guerra Anglo-Holandesa]]. Para tentar um novo começo, enviados dos [[Estados Gerais dos Países Baixos]] foram a Inglaterra em novembro de 1660 com o chamado Presente Holandês, uma coleção de pinturas e esculturas para Carlos.<ref>{{citar livro|autor=Israel, Jonathan I.|título=The Dutch Republic: Its Rise, Greatness and Fall 1477–1806|local=Oxford|editora=Oxford University Press|ano=1998|páginas= 749–750|isbn=0198207344 }}</ref> A [[Segunda Guerra Anglo-Holandesa]] começou com as tentativas inglesas de tomar as possessões holandesas na África e América do Norte. O conflito começou bem para a Inglaterra, com a captura de [[Nova Amsterdã]] (renomeada para [[Nova Iorque]] em homenagem ao irmão de Carlos, Jaime, Duque de Iorque)<ref>{{citar periódico|autor=Van Zandt, Franklin K.|data=1976|título=Boundaries of the United States and the Several States|jornal=Geological Survey Professional Paper|volume=909|local=Washington, D.C.|editora=United States Government Printing Office|página=79 }}</ref> e uma vitória na [[Batalha de Lowestoft]],<ref>{{citar livro|autor=Roger, N. A. M.|título=The Command of the Ocean: A Naval History of Britain 1649–1815|local=Londres|editora=Penguin Books|ano=2004|página=70|isbn=0141026901 }}</ref> porém os holandeses lançaram um ataque surpresa em 1667 na [[Batalha de Medway]] ao velejarem pelo [[rio Tâmisa]] até onde a maior parte da frota inglesa estava ancorada. Quase todos os navios foram afundados exceto pela capitânia, o HMS ''Royal Charles'', que foi capturada e levada aos Países Baixos como troféu. A guerra se encerrou com o [[Tratado de Breda]].<ref>{{citar web|url=http://militaryhistory.about.com/od/navalbattles16001800/p/medway.htm|título=Second Anglo-Dutch War: Raid on the Medway|obra=About Education|acessodata=13 de setembro de 2014|autor=Hickman, Kennedy }}</ref>
{{esboço-históriauk}}


[[Ficheiro:Charles II (1670s).jpg|thumb|Carlos c. 1670, por [[Peter Lely]].]]
[[Categoria:Monarcas britânicos]]
Como resultado da Segunda Guerra Anglo-Holandesa, Carlos dispensou Eduardo Hyde, quem ele usou como bode expiatório pela guerra.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=250–251}}</ref> Hyde fugiu para a França quando foi acusado de alta traição, cuja sentença era a pena de morte. O poder passou para cinco políticos conhecidos pelo caprichoso [[Acrónimo|acrônimo]] de [[Camarilha|Cabal]]: Tomás Clifford, 1.º Barão Clifford, [[Henry Bennet|Henrique Bennet, 1.º Conde de Arlington]], Jorge Villiers, 2.º Duque de Buckingham, Antônio Ashley Cooper, 1.º Barão Ashley, e [[John Maitland|João Maitland, 1.º Duque de Lauderdale]]. Na realidade os cinco raramente agiam de acordo e a corte estava frequentemente dividida em duas facções, uma liderada por Bennet e a outra por Villiers, com o primeiro sendo o mais bem sucedido.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=254}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=175–176}}</ref>
[[categoria:Reis da Irlanda|Carlos 02]]

[[categoria:príncipes de Gales]]
A Inglaterra aliou-se em 1668 com a [[Império Sueco|Suécia]] e seu antigo adversário as Províncias Unidas dos Países Baixos para enfrentarem a França na [[Guerra de Devolução]]. Luís XIV fez a paz com a Tríplice Aliança, porém continuou a manter suas intenções agressivas contra os Países Baixos. Tentando resolver seus problemas financeiros, Carlos concordou em 1670 com o Tratado de Dover, sob o qual Luís pagaria ao primo 160 mil libras anuais. Em troca, Carlos concordou em prover os franceses com tropas e anunciar sua conversão ao [[Igreja Católica|catolicismo]] "assim que o bem-estar do seu reino venha permitir".<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=275}}</ref> Luís enviaria seis mil tropas para ajudá-lo a combater aqueles que se opusessem a conversão. Carlos se esforçou para manter o tratado em segredo, especialmente a cláusula da conversão.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=275–276}}; {{harvnb|Miller|1991|p=180}}</ref> Não se sabe ao certo se ele realmente tinha a intenção de se converter.<ref name="Hutton 1989 443, 456">{{harvnb|Hutton|1989|pp=443, 456}}</ref>
[[categoria:casa de Stuart]]

[[categoria:Cavaleiros da Ordem da Jarreteira]]
Enquanto isso, Carlos deu à [[Companhia Britânica das Índias Orientais|Companhia das Índias Orientais]] os direitos de adquirir territórios autonomamente, cunhar moedas, comandar fortalezas e tropas, formar alianças, fazer guerra e paz e exercer jurisdição civil e criminal nas áreas adquiridas da Índia através de cinco cartas régias.<ref>{{Citar enciclopédia|editor=Chisholm, Hugh|enciclopédia=[[Encyclopædia Britannica]]|título=East India Company|edição=[[Encyclopædia Britannica (edição de 1911)&#124;11]]|ano=1911|editora=Cambridge University Press|volume=8 }}</ref> Ele havia arrendado no início de 1668 as ilhas de Bombaim por um valor nominal de dez libras em ouro.<ref>{{citar web|url=http://www.bl.uk/learning/histcitizen/trading/bombay/history.html|título=Bombay: History of a City|obra=The British Library Board|acessodata=13 de setembro de 2014 }}</ref> Os territórios portugueses adquiridos através do dote de Catarina mostraram-se muito caros para serem mantidos; Tânger foi abandonada.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=426}}</ref> Carlos entregou em 1670 o controle total da [[Baía de Hudson]] à [[Companhia da Baía de Hudson]] através de uma carta régia, nomeando também o território de [[Terra de Rupert]]o em homenagem a seu primo príncipe [[Ruperto do Reno]], o primeiro governador da companhia.<ref>{{citar web|url=http://www.hbcheritage.ca/hbcheritage/history/people/governors/princerupert.asp|título=His Highness Prince Rupert of the Rhine|obra=[[Companhia da Baía de Hudson]]|acessodata=13 de setembro de 2014 }}</ref>

== Conflito com o parlamento ==
O Parlamento Cavalier, apesar de anteriormente favorável a Carlos, foi alienado pelas guerras e políticas religiosas do rei durante a década de 1670. Carlos emitiu em 1672 a Real Declaração de Indulgência, em que ele pretendia suspender todas as leis penais contra católicos e outros dissidentes religiosos. No mesmo ano, ele abertamente apoiou a França católica e iniciou a [[Terceira Guerra Anglo-Holandesa]].<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=305–308}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=284–285}}</ref>

O parlamento foi contra a Declaração de Indulgência por questões constitucionais ao afirmar que Carlos não tinha o direito de arbitrariamente suspender leis aprovadas pelo parlamento. O rei retirou a declaração e também concordou com o [[Ato de Prova]], que inicialmente exigia que funcionários públicos recebessem a [[eucaristia]] sob as formas prescritas pela Igreja Anglicana,<ref>{{citar livro|editor=Raithby, John|título=Statutes of the Realm|local=Londres|editora=History of Parliament Trust|ano=1819|páginas=782–785|volume=5|capítulo="Charles II, 1672: An Act for preventing Dangers which may happen from Popish Recusants" }}</ref> e depois também os forçava a denunciar certos ensinamentos da Igreja Católica como "[[Superstição|supersticiosos]] e [[Idolatria|idolátricos]]".<ref>{{citar livro|editor=Raithby, John|título=Statutes of the Realm|local=Londres|editora=History of Parliament Trust|ano=1819|páginas= 894–896|volume=5|capítulo="Charles II, 1678: (Stat. 2.) An Act for the more effectuall preserving the Kings Person and Government by disableing Papists from sitting in either House of Parlyamen"t }}</ref> Clifford, que já havia se convertido ao catolicismo, renunciou ao invés de prestar o juramento e cometeu suicídio pouco tempo depois.<ref>{{citar web|url=http://www.historyofparliamentonline.org/volume/1660-1690/member/clifford-thomas-1630-73|título=CLIFFORD, Thomas (1630-73), of Ugbrooke, Chudleigh, Devon|obra=The History of Parliament|acessodata=13 de setembro de 2014 }}</ref> Por volta de 1674, a Inglaterra não tinha ganho nada com a Terceira Guerra Anglo-Holandesa e o parlamento recusou-se a dar mais fundos, forçando Carlos a fazer a paz.<ref>{{Citar enciclopédia|enciclopédia=Encyclopædia Britannica|título=Anglo-Dutch Wars|editora=[[Encyclopædia Britannica, Inc.]] }}</ref>

[[Ficheiro:Charles-pineapple.jpg|thumb|left|Carlos foi presenteado em 1675 com o primeiro [[Ananás|abacaxi]] plantado na Inglaterra. Pintura por Hendrick Danckerts, na [[Royal Collection]].]]
Catarina de Bragança não conseguiu produzir um herdeiro; suas quatro gravidezes terminaram em abortos os bebês natimortos em 1662, fevereiro de 1666, maio de 1668 e junho de 1669.<ref name=weir255257 /> O [[herdeiro presuntivo]] de Carlos era seu irmão impopular e católico Jaime, Duque de Iorque e Albany. Parcialmente para amenizar os temores populares que a família real era muito católica, Carlos concordou em casar [[Maria II de Inglaterra|Maria]], filha mais velha de Jaime, com o protestante [[Guilherme III de Inglaterra|Guilherme III, Príncipe de Orange]].<ref>{{harvnb|Fraser|1979|pp=347–348}}; {{harvnb|Hutton|1989|pp=345–346}}</ref> Tito Oates, que havia sido alternadamente um padre anglicano e jesuíta, falsamente falou em 1678 sobre um "[[Complô papista|Complô Papista]]" para assassinar o rei, até mesmo acusando a rainha de cumplicidade. Carlos não acreditou nas alegações, porém ordenou que seu principal ministro, Lorde Tomás Osborne, 1.º Conde de Danby e substituto de Clifford, investigasse a situação. Apesar de Osborne aparentemente ter ficado corretamente cético das afirmações de Oates, o parlamento as levou a sério.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=359–362}}</ref> O povo foi pego em uma histeria anticatólica;<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=360}}</ref> juízes e jurados por todo o país condenaram os supostos conspiradores, com vários inocentes sendo executados.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=375}}</ref>

Mais tarde, em 1678, Osborne respondeu um processo de ''impeachment'' na Câmara dos Comuns sob acusação de alta traição. Apesar de boa parte da nação querer a guerra contra a França, Carlos havia secretamente negociado com Luís para tentar chegar em um acordo em que a Inglaterra permaneceria neutra em troca de dinheiro. Osborne publicamente afirmou que era hostil aos franceses, porém particularmente concordou em seguir os desejos do Rei. Entretanto, os Comuns não o viram como participante relutante no escândalo, mas acreditaram que ele era o autor dessa política. Carlos acabou dissolvendo o parlamento em janeiro de 1679 para poder salvar o ministro.<ref>{{harvnb|Miller|1991|pp=278, 301–304}}</ref>

O novo parlamento, que reuniu-se em março do mesmo ano, era bem hostil a Carlos. Muitos membros temiam que ele tinha a intenção de suar o exército para suprimir dissidentes ou impor o catolicismo. Porém, o rei foi obrigado a gradualmente dispensar suas tropas por causa de fundos insuficientes providos pelo parlamento. Tendo perdido o apoio, Osborne renunciou seu cargo de Lorde Alto Tesoureiro, recebendo o perdão de Carlos. A Câmara dos Comuns, desafiando a vontade real, declarou que a dissolução do parlamento anterior não interrompeu os procedimentos de ''impeachment'' e que assim o perdão era inválido. Quando a Câmara dos Lordes tentou impor a pena de exílio – que os Comuns achavam muito leve – o ''impeachment'' entrou em impasse nas duas câmaras. Como foi forçado a fazer em vários momentos de seu reinado, Carlos aquiesceu aos desejos de seus oponentes, prendendo Osborne na [[Torre de Londres]], onde ficaria preso por mais cinco anos.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=367–374}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=306–309}}</ref>

==Últimos anos==
Carlos enfrentou uma tempestade política sobre a sucessão ao trono. A perspectiva de um monarca católico enfrentava veemente oposição em Antônio Ashley Cooper, agora 1.º Conde de Shaftesbury e antigo membro do Cabal que havia se desfeito em 1673. A base de poder de Cooper foi fortalecida em 1679 quando a Câmara dos Comuns apresentou o [[Lei de Exclusão|Projeto de Lei da Exclusão]], que queria excluir Jaime, Duque de Iorque e Albany, da linha de sucessão. Alguns até queriam colocar a coroa em [[Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth]] e filho ilegítimo mais velho de Carlos. Os ''Abhorrers'' – que achavam que o Projeto de Lei da Exclusão era abominante – foram chamados de [[Tory|tories]] por causa de um termo para bandidos católicos irlandeses despojados, enquanto que os ''Petitioners'' – aqueles que apoiavam uma campanha de petição em favor da lei – foram chamados de [[Partido Whig (Reino Unido)|whigs]] por causa de um termo para rebeldes presbiterianos escoceses.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=373, 377, 391}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=310–320}}</ref>

[[Ficheiro:King Charles II of England (1630-1685).TIF|thumb|Carlos c. 1683, por John Riley. Na Weiss Gallery.]]
Temendo que o Projeto de Lei da Exclusão fosse aprovado e amparado por algumas absolvições nos julgamentos do Complô Papista, que para ele pareciam indicar um humor popular mais favorável ao catolicismo, Carlos dissolveu o parlamento uma segunda vez no mesmo ano. Suas esperanças de um novo parlamento mais moderado não foram realizadas, com ele dissolvendo o parlamento outra vez alguns meses depois deles terem tentado novamente aprovar o projeto de lei. Quando um novo parlamento reuniu-se em Oxford em março de 1681, o rei o dissolveu pela quarta vez em apenas alguns dias.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=376–401}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=314–345}}</ref> Entretanto, o apoio a Exclusão diminuiu durante a década de 1680 e Carlos experimentou um surto nacional de lealdade. Cooper foi julgado em 1681 por traição e fugiu para os Países Baixos, onde morreu. Carlos governou sem parlamento pelo restante de seu reinado.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=430–441}}</ref>

Sua oposição ao Projeto de Lei da Exclusão irritou alguns protestantes. Conspiradores formularam o Complô da Casa de Centeio, um plano para matar Carlos e Jaime enquanto voltavam para Londres depois das corridas de cavalo em Newmarket, [[Suffolk]]. Entretanto, um incêndio destruiu os alojamentos do rei na cidade, que o forçou a voltar para a capital mais cedo e assim inadvertidamente impedindo o ataque. Notícias da conspiração vazaram.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=426}}</ref> Políticos protestantes como Artur Capell, 1.º Conde de Essex, Algernon Sidney e Guilherme Russell, Barão Russell, foram executados por alta traição baseados em evidências muito frágeis, com Jaime Scott indo para o exílio na corte de Guilherme III, Príncipe de Orange. Osborne e os lordes católicos restantes mantidos na Torre foram libertados e Jaime adquiriu maior influência na corte.<ref>{{harvnb|Hutton|1989|pp=420–423}}; {{harvnb|Miller|1991|pp=366–368}}</ref> Tito Oates foi condenado e preso por difamação.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=437}}</ref>

===Morte===
Carlos sofreu uma [[apoplexia]] repentina na manhã do dia 2 de fevereiro de 1685, morrendo após quatro dias, às 11h45min de {{dtlink|6|2|1685}},
aos 54 anos, no [[Palácio de Whitehall]].<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=450}}; {{harvnb|Hutton|1989|p=443}}</ref> A subtaneidade de sua doença e morte levaram a suspeitas de envenenamento, incluindo por parte de um dos médicos reais; entretanto, uma análise mais moderna diz que os sintomas da doença eram similares as de uma [[uremia]] (uma síndrome clínica devido à disfunção renal).<ref>{{citar periódico|data=1938|título=Nova et Vetera|jornal=[[BMJ&#124;British Medical Journal]]|volume=2|número=4064|página=1089|doi=10.1136/bmj.2.4064.1089 }}</ref> Carlos, em seu leito de morte, pediu para seu irmão Jaime cuidar de suas amantes: "seja bom com [[Louise Renée de Pennancoet de Kéroualle|Portsmouth]] e não deixe a pobre Nelly passar fome".<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=456}}</ref> Ele também disse a seus cortesãos que "Me desculpem, cavalheiros, pelo tempo da morte".<ref name=bryant >{{citar livro|autor=Bryant, Mark|título=Private Lives|local=Londres|editora=Cassell|ano=2001|página=73|isbn=0-304-35758-8 }}</ref> Ele foi recebido na Igreja Católica na última noite de sua vida, apesar de não ser claro o quanto ele estava consciente ou comprometido e ainda da onde a ideia se originou.<ref name="Hutton 1989 443, 456"/> Carlos foi enterrado na [[Abadia de Westminster]] "sem qualquer tipo de pompa"<ref name=bryant /> em 14 de fevereiro.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=459}}</ref>

==Legado==
[[Ficheiro:Charles II statue. Parliament Square Edinburgh.JPG|thumb|left|upright|Estátua de Carlos como César em Edimburgo. Erguida em 1685.]]
Carlos não teve nenhum filho legítimo com Catarina de Bragança, porém reconheceu vários ilegítimos com sete amantes,<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=411}}</ref> incluindo cinco com a notória [[Barbara Palmer, 1.ª Duquesa de Cleveland|Barbara Palmer]], com quem o Ducado de Cleveland foi criado. Suas outras amantes incluem Moll Davis, [[Nell Gwyn]], Isabel Killigrew, Catarina Pegge, Lúcia Walter e [[Louise Renée de Pennancoet de Kéroualle|Luísa de Kéroualle, Duquesa de Portsmouth]]. Como resultado, ele tinha o apelido durante a vida de "Velho Rowley", o nome de um de seus cavalos que era notável por ser um garanhão.<ref>{{citar livro|autor=Pearson, Hesketh|título=Charles II: His Life and Likeness|local=Londres|editora=Heinemann|ano=1960|página=147 }}</ref>

Seus súditos ressentiam pagar impostos que eram gastos com suas amantes e filhos,<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=338}}</ref> muitos dos quais receberam ducados e condados. Os atuais duques de [[Duque de Buccleuch|Buccleuch]], [[Duque de Richmond|Richmond]], [[Duque de Grafton|Grafton]] e [[Duque de St Albans|St Albans]] todos descendem de Carlos através da linhagem ilegítima.<ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=413}}</ref> [[Diana, Princesa de Gales]], é descendente do rei através de dois de seus filhos ilegítimos: [[Henry FitzRoy, 1.º Duque de Grafton|Henrique FitzRoy]] e [[Carlos Lennox, 1.º Duque de Richmond|Carlos Lennox]].<ref name=diana />

Seu filho mais velho, [[Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth]], liderou uma rebelião contra [[Jaime II de Inglaterra|Jaime II & VII]], porém acabou derrotado na [[Batalha de Sedgemoor]] em 6 de julho de 1685, sendo capturado e executado alguns dias depois.<ref>{{citar web|url=http://thepeerage.com/p10503.htm#i105021|título=James Scott, 1st and last Duke of Monmouth|obra=The Peerage|acessodata=14 de setembro de 2014 }}</ref> Jaime eventualmente foi deposto em 1688 por seu sobrinho e genro [[Guilherme III de Inglaterra|Guilherme III, Príncipe de Orange]], durante a "[[Revolução Gloriosa]]". Ele foi o último monarca católico da Grã-Bretanha.<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.co.uk/programmes/p00547fk|título=The Glorious Revolution|obra=[[BBC Radio 4]]|acessodata=14 de setembro de 2014|data=19 de abril de 2001 }}</ref>

Os tories tendiam olhar o reinado de Carlos como benevolente, enquanto os whigs como um [[despotismo]] terrível. Atualmente é possível avaliar Carlos sem a mancha do partidarismo, com ele sendo visto mais como um maroto amável – nas palavras de seu contemporâneo [[John Evelyn]]: "um príncipe de muitas virtudes e muitas grandes imperfeições, afável, de fácil acesso, não sanguinolento ou cruel".<ref>{{harvnb|Miller|1991|pp=382–383}}</ref>

==Títulos, estilos, honras e brasões==
[[Ficheiro:Royal Monogram of King Charles II of Great Britain.svg|150px|thumb|Monograma de Carlos.]]
===Títulos e estilos===
*29 de maio de 1630 – maio de 1638: "Sua Alteza Real o Duque da Cornualha"
*maio de 1638 – 30 de janeiro de 1649: "Sua Alteza Real o Príncipe de Gales"
**Na Escócia, 29 de maio de 1630 – 30 de janeiro de 1649: "Sua Alteza Real o Duque de Rothesay"
*30 de janeiro de 1649 – 6 de fevereiro de 1685: "[[Sua Majestade]], o Rei"

Seu título completo como rei era: "Carlos Segundo, pela Graça de Deus, Rei da Inglaterra, Escócia, França e Irlanda, Defensor da Fé, etc." O título de "[[Reivindicação inglesa ao trono de França|da França]]" era apenas nominal e foi usado por todos os monarcas britânicos desde [[Eduardo III de Inglaterra|Eduardo III]] até [[Jorge III do Reino Unido|Jorge III]].<ref>{{citar web|url=http://www.heraldica.org/topics/britain/royalstyle_uk.htm|título=Royal Styles and Titles in England and Great Britain|obra=Heraldica|acessodata=9 de setembro de 2014|autor=Velde, François }}</ref>

===Honras===
*'''KG''': [[Ordem da Jarreteira]], 21 de maio de 1638<ref name=weir255257 />

===Brasões===
Como Príncipe de Gales, seu brasão de armas era o [[Brasão real de armas do Reino Unido|brasão real]] diferenciado por um lambel [[Argent (heráldica)|argente]] de três pés.<ref>{{citar livro|autor=[[Elias Ashmole|Ashmole, Elias]]|título=The History of the Most Noble Order of the Garter|local=Londres|editora=Bell, Taylor, Baker, and Collins|ano=1715|página=534 }}</ref> Como rei, Carlos usava o mesmo brasão que seu pai: [[Quartel (heráldica)|esquatrelado]], I e IV esquatrelado, [[Azure (heráldica)|azure]] três [[Flor-de-lis|flores-de-lis]] [[Or (heráldica)|or]] (pela França) e goles três leões passant guardant em [[Pala (heráldica)|pala]] ([[Armas Reais da Inglaterra|pela Inglaterra]]); II or um leão rampant dentro de um treassure flory-contra-flory goles ([[Brasão de armas da Escócia|pela Escócia]]); III azure, uma harpa or com cordas argente ([[Brasão de armas da República da Irlanda|pela Irlanda]]). Na Escócia, as armas escocesas eram colocadas nos quarteis I e IV enquanto as inglesas e francesas ficavam no II.<ref>{{citar web|url=http://www.heraldica.org/topics/britain/royalarm.htm|título=The Royal Arms of Great Britain|obra=Heraldica|acessodata=9 de setembro de 2014|autor=Velde, François }}</ref>

{| border="0" align="center" width="70%"
|-
!width=20% |[[Ficheiro:Coat of Arms of the Stuart Princes of Wales (1610-1688).svg|center|180px]]
!width=20% |[[Ficheiro:Coat of Arms of England (1660-1689).svg|center|180px]]
!width=20% |[[Ficheiro:Coat of Arms of Scotland (1660-1689).svg|center|180px]]
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|<center>Brasão de Carlos, Príncipe de Gales<br/>(1638–1649)</center>
|<center>Brasão de Carlos II de Inglaterra<br/>(1660–1685)</center>
|<center>Brasão de Carlos II na Escócia<br/>(1660–1685)</center>
|}

==Descendência==
{| class="wikitable"
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! Nome !! Nascimento !! Morte !! Notas
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| colspan="4" | '''''Com Lúcia Walter'''''<ref name=bio >{{citar web|url=http://www.royalist.info/execute/biog?person=270|título=King Charles II > Biography|obra=RoyaList|acessodata=7 de setembro de 2014 }}</ref>
|-
| [[Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth]] || 9 de abril de 1649 || 15 de julho de 1685 || Scott nasceu nove meses após Carlos e Lúcia terem se conhecido e o primeiro o reconheceu como seu filho, porém Jaime II & VII sugeriu que ele talvez tenha sido filho de um dos outros amantes dela, coronel Roberto Sidney.<ref name=weir255257 /> Ancestral de [[Sara, Duquesa de Iorque]].<ref name=sara >{{citar web|url=http://www.royalist.info/execute/ancestors?person=737|título=Sarah Ferguson (Duchess of York) > Ancestors|obra=RoyaList|acessodata=7 de setembro de 2014 }}</ref>
|-
| colspan="4" | '''''Com Isabel Killigrew'''''<ref name=bio />
|-
| Carlota Fitzroy || 1650 || 28 de julho de 1684 ||
|-
| colspan="4" | '''''Com Catarina Pegge'''''<ref name=bio />
|-
| {{nowrap|Carlos FitzCharles, 1.º Conde de Plymouth}} || 1657 || 17 de outubro de 1680 ||
|-
| Catarina FitzCharles || 1658 || ? || Morreu jovem ou virou freira em [[Dunquerque]].<ref>{{harvnb|Hutton|1989|p=125}}</ref>
|-
| colspan="4" | '''''Com [[Barbara Palmer, 1.ª Duquesa de Cleveland]]'''''<ref name=bio />
|-
| [[Anne Lennard, Condessa de Sussex|Anne FitzRoy]] || 25 de fevereiro de 1661 || 16 de maio de 1722 || Pode ter sido a filha de Rogério Palmer, mas Carlos a aceitou como sua.<ref>{{citar livro|autor=Cokayne, George E.|editor=Gibbs, Vicary; Doubleday, H. A.; Warrand, D.; de Walden, Howard (eds.)|título=The Complete Peerage|volume=6|ano=1926|páginas=706–708|local=Londres|editora=St. Catherine Press|capítulo="Appendix F. Bastards of Charles II" }}</ref> Ancestral de Sara, Duquesa de Iorque.<ref name=sara />
|-
| [[Carlos FitzRoy, 2.º Duque de Cleveland]] || 18 de junho de 1662 || 9 de setembro de 1730 ||
|-
| [[Henry FitzRoy, 1.º Duque de Grafton|Henrique FitzRoy, 1.º Duque de Grafton]] || 28 de setembro de 1663 || 9 de outubro de 1690 || Ancestral de [[Diana, Princesa de Gales]].<ref name=diana >{{citar web|url=http://www.royalist.info/execute/ancestors?person=731|título=Diana Spencer (Princess of Wales) > Ancestors|obra=RoyaList|acessodata=7 de setembro de 2014 }}</ref>
|-
| [[Charlotte Lee, Condessa de Lichfield|Carlota FitzRoy]] || 5 de setembro de 1664 || {{nowrap|17 de fevereiro de 1718}} ||
|-
| {{nowrap|[[George FitzRoy, 1.º Duque de Northumberland|Jorge FitzRoy, 1.º Duque de Northumberland]]}} || {{nowrap|28 de dezembro de 1665}} || 28 de junho de 1716 ||
|-
| colspan="4" | '''''Com [[Nell Gwyn|Leonor Gwyn]]'''''<ref name=bio />
|-
| [[Carlos Beauclerk, 1.º Duque de St Albans]]|| 8 de maio de 1670 || 10 de maio de 1726 ||
|-
| Jaime, Lorde Beauclerk || 25 de dezembro de 1671 || setembro de 1680 ||
|-
| colspan="4" | '''''Com [[Louise Renée de Pennancoet de Kéroualle|Luísa de Kéroualle, Duquesa de Portsmouth]]'''''<ref name=bio />
|-
| [[Carlos Lennox, 1.º Duque de Richmond]] || 29 de julho de 1672 || 27 de maio de 1723 || Ancestral de Sara, Duquesa de Iorque,<ref name=sara /> Diana, Princesa de Gales,<ref name=diana /> e de [[Camila do Reino Unido|Camila, rainha do Reino Unido]].<ref name=addams >{{citar web|url=http://www.wargs.com/royal/camilla.html|título=The ancestry of HRH The Duchess of Cornwall|autor=Addams Reitwiesner, William|acessodata=12 de abril de 2016 }}</ref>
|-
| colspan="4" | '''''Com [[Moll Davis]]'''''<ref name=bio /><ref>{{harvnb|Fraser|1979|p=287}}</ref>
|-
| [[Maria Tudor, Condessa de Derwentwater]]|| 16 de outubro de 1673 || 5 de novembro de 1726 ||
|}

==Ancestrais==
{{ahnentafel top|width=100%|Ancestrais de Carlos II de Inglaterra<ref>{{citar web|url=http://www.royalist.info/execute/ancestors?person=270|título=King Charles II > Ancestors|obra=RoyaList|acessodata=7 de setembro de 2014 }}</ref> }}
<center>{{ahnentafel-compact5
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|1= '''Carlos II de Inglaterra'''
|2= [[Carlos I de Inglaterra]]
|3= [[Henriqueta Maria de França]]
|4= [[Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra|Jaime VI da Escócia & I de Inglaterra]]
|5= [[Ana da Dinamarca]]
|6= [[Henrique IV de França|Henrique IV de França & III de Navarra]]
|7= [[Maria de Médici]]
|8= [[Henrique Stuart, Lorde Darnley]]
|9= [[Maria da Escócia]]
|10= [[Frederico II da Dinamarca]]
|11= [[Sofia de Mecklemburgo-Güstrow]]
|12= [[António de Bourbon, Duque de Vendôme|Antônio de Bourbon, Duque de Vendôme]]
|13= [[Joana III de Navarra]]
|14= [[Francisco I de Médici|Francisco I de Médici, Grão-Duque da Toscana]]
|15= [[Joana de Áustria, Grã-Duquesa da Toscana|Joana da Áustria]]
|16= [[Mateus Stewart, 4.º Conde de Lennox]]
|17= [[Margarida Douglas]]
|18= [[Jaime V da Escócia]]
|19= [[Maria de Guise]]
|20= [[Cristiano III da Dinamarca]]
|21= [[Doroteia de Saxe-Lauemburgo]]
|22= [[Ulrico III de Mecklemburgo-Güstrow|Ulrico III, Duque de Mecklemburgo-Güstrow]]
|23= [[Isabel da Dinamarca (1524-1586)|Isabel da Dinamarca]]
|24= [[Carlos de Bourbon, duque de Vendôme|Carlos de Bourbon, Duque de Vendôme]]
|25= Maria de Luxemburgo
|26= [[Henrique II de Navarra]]
|27= [[Margarida de Angoulême]]
|28= [[Cosmo I da Toscana|Cosmo I de Médici, Grão-Duque da Toscana]]
|29= [[Eleonora de Toledo]]
|30= [[Fernando I, Sacro Imperador Romano-Germânico]]
|31= [[Ana Jagelão]]
}}</center>
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{{Referências|col=2}}

==Bibliografia==
*{{citar livro|sobrenome=Fraser|nome=Antonia|autorlink=Antonia Fraser|título=King Charles II|local=Londres|editora=Weidenfeld and Nicolson|ano=1979|isbn=0-297-77571-5|ref=harv }}
*{{citar livro|sobrenome=Hutton|nome=Ronald|autorlink=Ronald Hutton|título=Charles II: King of England, Scotland, and Ireland|local=Oxford|editora=Clarendon Press|ano=1989|isbn=0-19-822911-9|ref=harv }}
*{{citar livro|sobrenome=Miller|nome=John|título=Charles II|local=Londres|editora=Weidenfeld and Nicolson|ano=1991|isbn=0-297-81214-9|ref=harv }}

==Ligações externas==
{{Commonscat|Charles II of England}}
*[http://www.royal.gov.uk/HistoryoftheMonarchy/KingsandQueensoftheUnitedKingdom/TheStuarts/CharlesII.aspx Carlos II de Inglaterra] {{en}} na página oficial da monarquia britânica
*[https://apps.nationalarchives.gov.uk/nra/searches/subjectView.asp?ID=P5402 Materiais relacionados a Carlos II de Inglaterra] {{en}} nos [[Arquivos Nacionais (Reino Unido)|Arquivos Nacionais]]{{-}}

{{Começa caixa}}
|-
! colspan="3" style="background: #FBEC5D;" | Carlos II de Inglaterra<br/>[[Casa de Stuart]]<br/>26 de maio de 1630 – 6 de fevereiro de 1685
|- style="text-align:center;"
|width="30%" align="center" rowspan=2 | Precedido por<br />'''[[Carlos I de Inglaterra|Carlos I]]'''
|width="40%" style="text-align: center;"|[[Ficheiro:Coat of Arms of the Stuart Princes of Wales (1610-1688).svg|110px]]<br/>'''[[Príncipe de Gales]]'''<br/>1638 – 30 de janeiro de 1649
|width="30%" align="center" | Sucedido por<br/>'''[[Jaime Francisco Eduardo Stuart|Jaime Francisco Eduardo]]'''
|-
|width="40%" style="text-align: center;"|[[Ficheiro:Coat of Arms of Scotland (1603-1649).svg|110px]]<br/>'''[[Lista de monarcas da Escócia|Rei da Escócia]]'''<br/>{{nowrap|30 de janeiro de 1649 – 3 de setembro de 1651}}
|width="30%" align="center" | '''Monarquia abolida<br/>{{small|[[Comunidade da Inglaterra]]}}'''
|-
|width="30%" align="center" | '''[[Comunidade da Inglaterra]]'''
|width="40%" style="text-align: center;"|[[Ficheiro:Coat of Arms of England (1660-1689).svg|110px]]<br/>'''[[Lista de monarcas da Inglaterra|Rei da Inglaterra]], [[Lista de monarcas da Escócia|Escócia]] e [[Lista de monarcas da Irlanda|Irlanda]]'''<br/>29 de maio de 1660 – 6 de fevereiro de 1685
|width="30%" align="center" | Sucedido por<br/>'''[[Jaime II de Inglaterra|Jaime II & VII]]
|}


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[[kw:Charlys II a Alban]]
[[la:Carolus II Angliae Rex]]
[[nl:Karel II van Engeland]]
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[[pl:Karol II Stuart]]
[[ro:Carol al II-lea al Angliei]]
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[[simple:Charles II of England]]
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[[sv:Karl II av England]]
[[tr:II. Charles]]
[[uk:Карл ІІ (король Англії)]]
[[zh:查理二世 (英国)]]

Edição atual tal como às 14h28min de 22 de outubro de 2024

Carlos II
Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda
Carlos II de Inglaterra
Retrato por John Michael Wright, c. 1660–1665
Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda
Reinado 29 de maio de 1660
a 6 de fevereiro de 1685
Coroação 23 de abril de 1661
Antecessor(a) Carlos I (deposto em 1649)
Sucessor(a) Jaime II & VII
Rei da Escócia
Reinado 30 de janeiro de 1649
a 3 de setembro de 1651
Coroação 1 de janeiro de 1651
Predecessor(a) Carlos I
Sucessor(a) Oliver Cromwell
 
Nascimento 29 de maio de 1630
  Palácio de St. James, Londres, Inglaterra
Morte 6 de fevereiro de 1685 (54 anos)
  Palácio de Whitehall, Londres, Inglaterra
Sepultado em 14 de fevereiro de 1685, Abadia de Westminster, Londres , Inglaterra
Esposa Catarina de Bragança
Casa Stuart
Pai Carlos I de Inglaterra
Mãe Henriqueta Maria de França
Religião Anglicanismo
Assinatura Assinatura de Carlos II
Brasão

Carlos II (Londres, 29 de maio de 1630 – Londres, 6 de fevereiro de 1685) foi o Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1660 até sua morte. Seu pai Carlos I foi executado no Palácio de Whitehall em 31 de janeiro de 1649, no auge da Guerra Civil Inglesa. O parlamento escocês o proclamou rei, porém Oliver Cromwell o derrotou na Batalha de Worcester, em 3 de setembro de 1651 e Carlos fugiu para a Europa continental. Cromwell se transformou no governante da Inglaterra, Escócia e Irlanda; Carlos passou nove anos em exílio na França, Províncias Unidas e nos Países Baixos Espanhóis.

Após a morte de Cromwell em 1658, uma crise política resultou na restauração da monarquia, com Carlos sendo convidado a retornar para a Grã-Bretanha. Em 29 de maio de 1660, seu aniversário de trinta anos, ele foi recebido em Londres com grande aclamação pública. Depois disso, todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido seu pai em 1649.

O parlamento inglês aprovou leis conhecidas como o Código Clarendon, criado para fortalecer a posição da restabelecida Igreja Anglicana. Ele concordou com o código, mesmo sendo a favor de uma política de tolerância religiosa. A principal questão estrangeira do início de seu reinado foi a Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1670, assinou o Tratado Secreto de Dover, uma aliança com o seu primo Luís XIV de França. O rei francês concordava em auxiliar o inglês na Terceira Guerra Anglo-Holandesa e pagar uma pensão a Carlos, em troca Carlos prometia se converter ao catolicismo em uma data futura não especificada.

Ele tentou em 1672 introduzir liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes, com sua Real Declaração de Indulgência, porém o parlamento inglês forçou sua retirada. Em 1679, as revelações de Tito Oates sobre um suposto "Complô Papista" iniciaram a Crise da Exclusão quando se descobriu que o irmão do rei, Jaime, Duque de Iorque e Albany, era um católico. A crise viu o surgimento de partidos Whig pró-exclusão e Tory antiexclusão. Carlos se aliou aos Tories e, após a descoberta de uma conspiração para matá-lo junto com o irmão em 1683, alguns líderes Whigs foram mortos ou exilados. Carlos dissolveu o parlamento em 1681, reinando sozinho até morrer em 1685. Não teve nenhum filho com sua esposa Catarina de Bragança, apesar de ter reconhecido vários ilegítimos, sendo assim sucedido por seu irmão Jaime.

Início de vida e exílio

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Carlos nasceu em 29 de maio de 1630 no Palácio de St. James, Londres. Seus pais eram o rei Carlos I e a rainha Henriqueta Maria, irmã do rei Luís XIII de França. Carlos era o segundo filho do casal. O primeiro nasceu um ano antes, porém morreu com menos de um dia.[1] Os reinos da Inglaterra, Escócia e Irlanda de seu pai eram predominantementes anglicano, presbiteriano e católico, respectivamente. Carlos foi batizado na Capela Real do palácio em 27 de junho por Guilherme Laud, Bispo de Londres, e levado aos cuidados da protestante Maria Curzon, Condessa de Dorset, apesar de seus padrinhos incluírem católicos como sua avó Maria de Médici.[2] Ao nascer, ele automaticamente tornou-se o Duque da Cornualha e o Duque de Rothesay, além de vários outros títulos associados. Ele foi designado Príncipe de Gales por volta de seu aniversário de oito anos, apesar de nunca ter sido formalmente investido como tal.[1]

Carlos em 1639, por Cornelis Janssens van Ceulen. Na National Portrait Gallery.

Durante a década de 1640, enquanto ainda era jovem, seu pai lutou contra forças parlamentares puritanas na Guerra Civil Inglesa. Carlos acompanhou o pai na Batalha de Edgehill e, aos catorze anos, participou das campanhas de 1645 quando foi feito o comandante titular das forças realistas em West Country.[3] O rei estava perdendo a guerra na primavera de 1646 e Carlos deixou a Inglaterra, para sua segurança, partindo de Falmouth depois de ficar no Castelo de Pendennis, indo primeiro para as Ilhas Scilly, depois para Jersey e finalmente até a França, onde sua mãe já estava vivendo em exílio e seu primo, de catorze anos, Luís XIV já era rei.[4]

Em 1648 durante a Segunda Guerra Civil Inglesa, Carlos foi para Haia onde sua irmã Maria, Princesa Real, e seu marido Guilherme II, Príncipe de Orange, pareciam mais propensos a dar apoio substancial à causa realista que os parentes franceses de Henriqueta Maria.[5] Entretanto, a frota que ficou sob o comando de Carlos não foi usada e não chegou na Escócia em tempo de ajudar o exército realista de Jaime Hamilton, 1.º Duque de Hamilton, antes que fosse derrotado na Batalha de Preston pelos parlamentares.[6]

Carlos teve em Haia um breve caso com Lúcia Walter, que depois falsamente afirmou que eles haviam se casado secretamente.[7] Seu filho, Jaime Crofts, foi um dos muitos filhos ilegítimos de Carlos que tornaram-se figuras proeminentes da sociedade britânica.[1]

Carlos I se rendeu em 1646; fugiu e foi recapturado em 1648. Apesar dos esforços diplomáticos de seu filho para salvá-lo, o rei foi decapitado em 30 de janeiro de 1649 e a Inglaterra tornou-se uma república. Em 5 de fevereiro, o parlamento covenanter escocês proclamou em Edimburgo Carlos II como "Rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda".[8]

Entretanto, a Escócia não permitiu sua entrada no país a menos que ele aceitasse o presbiterianismo por todos os seus reinos. Quando as negociações empacaram, Carlos autorizou o general Jaime Graham, 1.º Marquês de Montrose, a desembarcar nas ilhas Órcades com uma pequena força para ameaçar os escoceses com uma invasão, esperando forçar um acordo mais favorável. Graham achou que Carlos iria aceitar um acordo e assim decidiu invadir a própria Escócia, porém foi capturado e executado. Carlos relutantemente prometeu que iria aceitar os termos de um tratado com o parlamento escocês assinado em Breda, além de apoiar a Solene Liga e Aliança, que autorizava um governo presbiteriano por toda Grã-Bretanha. Ele desembarcou na Escócia em 23 de junho de 1650 e formalmente concordou com a Aliança; seu abandono da do governo episcopado, apesar de conseguir o apoio dos escoceses, lhe deixou impopular na Inglaterra. Carlos logo passou a desprezar a "vilania" e "hipocrisia" dos Covenanters.[9]

Carlos em 1653 por Philippe de Champaigne. No Museu de Arte de Cleveland.

Os Covenanters foram derrotados, em 3 de setembro de 1650, na Batalha de Dunbar, por uma força muito menor, liderada por Oliver Cromwell. As forças escocesas estavam divididas entre os realistas Engagers e os Covenanters presbiterianos, que até lutavam entre si. Desiludido com os Covenanters, Carlos tentou escapar em outubro e ir para o norte a fim de juntar-se às forças Engagers, evento que ficou conhecido como "o Começo", porém em dois dias os presbiterianos o pegaram.[10] Mesmo assim, os escoceses permaneceram a melhor esperança de restauração e ele foi coroado Rei da Escócia em Scone no dia 1 de janeiro de 1651. Com as forças de Cromwell ameaçando as posições de Carlos na Escócia, foi decidido montar um ataque contra a Inglaterra. Muitos escoceses recusaram-se a participar, como lorde Arquibaldo Campbell, 1.º Marquês de Argyll, e com poucas forças realistas juntando-se a eles enquanto marchavam para o sul, a invasão terminou em derrota, na Batalha de Worcester em 3 de setembro, depois da qual Carlos evitou ser capturado ao se esconder em uma árvore na Casa Boscobel. Carlos conseguiu fugir da Inglaterra disfarçado depois de seis semanas escondendo-se, desembarcando na Normandia em 16 de outubro apesar da recompensa de mil libras por sua cabeça, risco de morte para qualquer um pego auxiliando-o e a dificuldade de disfarçá-lo já que com 1,85 m, ele era incomumente alto para a época.[11]

Cromwell foi nomeado Lorde Protetor da Inglaterra, Escócia e Irlanda, efetivamente colocando as Ilhas Britânicas sob um regime militar. Empobrecido, Carlos não conseguiu reunir apoio suficiente para montar uma ameaça séria ao governo de Cromwell. Apesar das conexões da Casa de Stuart através da rainha Henriqueta Maria e da Princesa Real, a França e as Províncias Unidas dos Países Baixos aliaram-se ao governo republicano inglês em 1654, forçando Carlos a pedir ajuda da Espanha, que na época também governava os Países Baixos do Sul.[12] Ele reuniu um exército desorganizado formado por seus súditos exilados; essa força pequena, mal remunerada, mal equipada e mal disciplinada acabou formando o núcleo do exército inglês pós-Restauração.[13]

Restauração

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Ver artigo principal: Restauração (Inglaterra)

As chances de Carlos de reconquistar o trono permaneceram pequenas quando Cromwell morreu em 1658 e foi sucedido por seu filho Richard Cromwell. Entretanto, o novo Lorde Protetor não tinha uma base de poder no parlamento e no Exército Novo. Ele foi forçado a renunciar no ano seguinte e o Protetorado foi abolido. Seguiram-se tumultos militares e civis, com George Monck, Governador da Escócia, temendo que a nação fosse parar na anarquia.[14] Monck e seu exército marcharam para a Cidade de Londres e forçou o parlamento a readmitir membros do Parlamento Longo de Carlos I, excluídos em 1648 durante o Purgo de Pride. O parlamento se auto-dissolveu pela primeira vez e houve uma nova eleição geral depois de quase vinte anos.[15] O parlamento em retirada definiu as qualificações eleitorais para garantir a volta de uma maioria presbiteriana.[16]

As restrições contra os candidatos e votantes realistas foram amplamente ignoradas e as eleições resultaram em uma Câmara dos Comuns bastante dividida politicamente entre realistas e parlamentaristas, e religiosamente entre anglicanos e presbiterianos.[16] Um novo Parlamento de Convenção se reuniu em 25 de abril de 1660 e logo depois recebeu notícias da Declaração de Breda, em que Carlos concordava em perdoar muitos dos antigos inimigos de seu pai, entre outras coisas. O parlamento inglês resolveu proclamar Carlos como rei e convidá-lo a voltar, numa mensagem que chegou em 8 de maio.[17] Na Irlanda, uma convenção havia se reunido mais cedo naquele ano e acabou declarando-o como rei em 14 de maio.[18]

Carlos partindo em maio de 1660 de seu exílio nos Países Baixos para sua restauração na Inglaterra. Por Lieve Verschuier no Rijksmuseum.

Ele partiu de Scheveningen para a Inglaterra, chegando em Dover em 25 de maio e alcançando Londres no dia 29, seu aniversário de trinta anos. Apesar de Carlos e o parlamento terem dado anistia aos apoiadores de Cromwell no Decreto de Indenização e Esquecimento, cinquenta pessoas foram especialmente excluídas.[19] No final, nove dos regicidas de Carlos I foram arrastados enforcados e esquartejados,[20] enquanto outros receberam prisão perpétua e outros apenas excluídos de cargos públicos. Os corpos de Cromwell, Henrique Ireton e João Bradshaw foram sujeitos à indignidade da execução póstuma.[21]

Carlos concordou em abolir impostos feudais; em troca o parlamento lhe garantiu uma renda anual de 1,2 milhões de libras para poder administrar o governo, gerada principalmente a partir de direitos aduaneiros e impostos especiais de consumo.[22]

A alegria de Carlos pela restauração foi diminuída na segunda metade de 1660 pelas mortes de seu irmão mais novo Henrique, Duque de Gloucester, e sua irmã Maria por varíola. Por volta da mesma época, Ana Hyde, filha do Lorde Chanceler Eduardo Hyde, revelou que estava grávida de Jaime, Duque de Iorque e Albany e irmão de Carlos, e que os dois haviam se casado secretamente. Eduardo Hyde, que não sabia do casamento ou da gravidez, foi feito Conde de Clarendon e sua posição como ministro favorito foi reforçada.[23]

Código Clarendon

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Retrato de coroação de Carlos por John Michael Wright, c. 1661. Na Royal Collection.

O Parlamento de Convenção foi dissolvido em dezembro de 1660 e um segundo parlamento se reuniu pouco depois da coroação em abril de 1661. Chamado de Parlamento Cavalier, era esmagadoramente realista e anglicano. Procurou desencorajar a não-conformidade na Igreja Anglicana e aprovou vários decretos para garantir uma dominação anglicana. O Decreto de Corporação de 1661 requeria que funcionários públicos municipais prestassem um juramento de lealdade;[24] o Decreto de Uniformidade de 1662 fez obrigatório o uso do Livro de Oração Comum; o Decreto Conventículo de 1664 proibiu reuniões religiosas com mais de cinco pessoas, exceto quando sob os auspícios da Igreja Anglicana; e o Decreto das Cinco Milhas de 1665 proibiu que clérigos não-conformistas expulsos se aproximassem menos que cinco milhas (8 km) das paróquias que haviam sido banidos. Os decretos do Conventículo e das Cinco Milhas permaneceram em vigor durante todo o reinado de Carlos. Os decretos ficaram conhecidos como "Código Clarendon" por Eduardo Hyde, 1.º Conde de Clarendon, mesmo ele não tendo sido diretamente responsável e até mesmo ter discursado contra o Decreto das Cinco Milhas.[25]

Uma mudança social acompanhou a Restauração. O puritanismo perdeu força. Os teatros foram reabertos depois de terem sido fechados durante o protetorado de Cromwell e uma obscena "comédia da Restauração" tornou-se um gênero reconhecível. As licenças teatrais emitidas por Carlos foram as primeiras na história inglesa a permitirem que mulheres interpretassem papéis femininos nos palcos (elas anteriormente eram interpretadas por meninos)[26] e a literatura celebrou ou reagiu à corte restaurada, que incluía libertinos como João Wilmot, 2.º Conde de Rochester.[27]

Peste e Grande Incêndio

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Carlos enfrentou em 1665 uma grande crise sanitária: a Grande Praga de Londres. As mortes chegaram a sete mil na semana de 17 de setembro.[28] O rei, sua família e a corte deixaram Londres em julho e foram para Salisbury, com o parlamento se reunindo em Oxford.[29] Piorando a situação, mas por sua vez encerrando a peste, foi aquilo que posteriormente ficou conhecido como o Grande Incêndio de Londres, que começou em 2 de setembro de 1666. O fogo consumiu aproximadamente 13 200 casas e 87 igrejas, incluindo a Catedral de São Paulo.[30] Carlos e seu irmão Jaime, Duque de Iorque e Albany, participaram e comandaram os esforços para combater o fogo. O público culpou conspiradores católicos pelo incêndio,[31] apesar dele ter se iniciado em uma padaria na Pudding Lane.[30]

Política exterior

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Portugal lutava desde 1640 uma guerra contra a Espanha para restaurar sua independência depois de uma união dinástica entre as duas coroas ocorrida em 1580. Portugal recebia ajuda da França, porém acabou abandonado por seu aliado em 1659 após o Tratado dos Pireneus. As negociações de Portugal para o casamento de Carlos com Catarina de Bragança começaram durante o reinado de seu pai e, depois da Restauração, a rainha Luísa de Gusmão como regente reabriu as discussões que resultaram em uma aliança com a Inglaterra. Um tratado de casamento foi assinado em 23 de junho de 1661, com o dote de Catarina dando aos ingleses Tânger no norte da África e as sete ilhas de Bombaim na Ásia, privilégios comerciais no Brasil e nas Índias, liberdade religiosa e comercial em Portugal e dois milhões de coroas portuguesas; enquanto Portugal conseguiu apoio militar e naval contra a Espanha e liberdade religiosa para Catarina na Inglaterra. Ela viajou para Portsmouth entre os dias 13 e 14 de maio de 1662, porém foi visitada por Carlos apenas no dia 20. Os dois se casaram no dia seguinte em duas cerimônias – uma católica realizada em segredo e depois uma anglicana em público.[32]

Moeda guinéu de Carlos.

Também em 1662, Carlos vendeu em uma ação impopular a cidade de Dunquerque para seu primo Luís XIV por aproximadamente 375 mil libras.[33] O porto no Canal da Mancha, apesar de grande valor estratégico, estava drenando as finanças reais.[34]

Terá sido este rei da Grã-Bretanha que fez a mediação entre Espanha e o Reino de Portugal que levou ao Tratado de Lisboa (1668) e que pôs definitivamente o fim à Guerra da Restauração e à independência deste último.[35]

Antes da Restauração, os Atos de Navegação de 1650 tinham prejudicado o comércio holandês ao dar às embarcações inglesas um monopólio, tendo sido um fator no começo da Primeira Guerra Anglo-Holandesa. Para tentar um novo começo, enviados dos Estados Gerais dos Países Baixos foram a Inglaterra em novembro de 1660 com o chamado Presente Holandês, uma coleção de pinturas e esculturas para Carlos.[36] A Segunda Guerra Anglo-Holandesa começou com as tentativas inglesas de tomar as possessões holandesas na África e América do Norte. O conflito começou bem para a Inglaterra, com a captura de Nova Amsterdã (renomeada para Nova Iorque em homenagem ao irmão de Carlos, Jaime, Duque de Iorque)[37] e uma vitória na Batalha de Lowestoft,[38] porém os holandeses lançaram um ataque surpresa em 1667 na Batalha de Medway ao velejarem pelo rio Tâmisa até onde a maior parte da frota inglesa estava ancorada. Quase todos os navios foram afundados exceto pela capitânia, o HMS Royal Charles, que foi capturada e levada aos Países Baixos como troféu. A guerra se encerrou com o Tratado de Breda.[39]

Carlos c. 1670, por Peter Lely.

Como resultado da Segunda Guerra Anglo-Holandesa, Carlos dispensou Eduardo Hyde, quem ele usou como bode expiatório pela guerra.[40] Hyde fugiu para a França quando foi acusado de alta traição, cuja sentença era a pena de morte. O poder passou para cinco políticos conhecidos pelo caprichoso acrônimo de Cabal: Tomás Clifford, 1.º Barão Clifford, Henrique Bennet, 1.º Conde de Arlington, Jorge Villiers, 2.º Duque de Buckingham, Antônio Ashley Cooper, 1.º Barão Ashley, e João Maitland, 1.º Duque de Lauderdale. Na realidade os cinco raramente agiam de acordo e a corte estava frequentemente dividida em duas facções, uma liderada por Bennet e a outra por Villiers, com o primeiro sendo o mais bem sucedido.[41]

A Inglaterra aliou-se em 1668 com a Suécia e seu antigo adversário as Províncias Unidas dos Países Baixos para enfrentarem a França na Guerra de Devolução. Luís XIV fez a paz com a Tríplice Aliança, porém continuou a manter suas intenções agressivas contra os Países Baixos. Tentando resolver seus problemas financeiros, Carlos concordou em 1670 com o Tratado de Dover, sob o qual Luís pagaria ao primo 160 mil libras anuais. Em troca, Carlos concordou em prover os franceses com tropas e anunciar sua conversão ao catolicismo "assim que o bem-estar do seu reino venha permitir".[42] Luís enviaria seis mil tropas para ajudá-lo a combater aqueles que se opusessem a conversão. Carlos se esforçou para manter o tratado em segredo, especialmente a cláusula da conversão.[43] Não se sabe ao certo se ele realmente tinha a intenção de se converter.[44]

Enquanto isso, Carlos deu à Companhia das Índias Orientais os direitos de adquirir territórios autonomamente, cunhar moedas, comandar fortalezas e tropas, formar alianças, fazer guerra e paz e exercer jurisdição civil e criminal nas áreas adquiridas da Índia através de cinco cartas régias.[45] Ele havia arrendado no início de 1668 as ilhas de Bombaim por um valor nominal de dez libras em ouro.[46] Os territórios portugueses adquiridos através do dote de Catarina mostraram-se muito caros para serem mantidos; Tânger foi abandonada.[47] Carlos entregou em 1670 o controle total da Baía de Hudson à Companhia da Baía de Hudson através de uma carta régia, nomeando também o território de Terra de Ruperto em homenagem a seu primo príncipe Ruperto do Reno, o primeiro governador da companhia.[48]

Conflito com o parlamento

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O Parlamento Cavalier, apesar de anteriormente favorável a Carlos, foi alienado pelas guerras e políticas religiosas do rei durante a década de 1670. Carlos emitiu em 1672 a Real Declaração de Indulgência, em que ele pretendia suspender todas as leis penais contra católicos e outros dissidentes religiosos. No mesmo ano, ele abertamente apoiou a França católica e iniciou a Terceira Guerra Anglo-Holandesa.[49]

O parlamento foi contra a Declaração de Indulgência por questões constitucionais ao afirmar que Carlos não tinha o direito de arbitrariamente suspender leis aprovadas pelo parlamento. O rei retirou a declaração e também concordou com o Ato de Prova, que inicialmente exigia que funcionários públicos recebessem a eucaristia sob as formas prescritas pela Igreja Anglicana,[50] e depois também os forçava a denunciar certos ensinamentos da Igreja Católica como "supersticiosos e idolátricos".[51] Clifford, que já havia se convertido ao catolicismo, renunciou ao invés de prestar o juramento e cometeu suicídio pouco tempo depois.[52] Por volta de 1674, a Inglaterra não tinha ganho nada com a Terceira Guerra Anglo-Holandesa e o parlamento recusou-se a dar mais fundos, forçando Carlos a fazer a paz.[53]

Carlos foi presenteado em 1675 com o primeiro abacaxi plantado na Inglaterra. Pintura por Hendrick Danckerts, na Royal Collection.

Catarina de Bragança não conseguiu produzir um herdeiro; suas quatro gravidezes terminaram em abortos os bebês natimortos em 1662, fevereiro de 1666, maio de 1668 e junho de 1669.[1] O herdeiro presuntivo de Carlos era seu irmão impopular e católico Jaime, Duque de Iorque e Albany. Parcialmente para amenizar os temores populares que a família real era muito católica, Carlos concordou em casar Maria, filha mais velha de Jaime, com o protestante Guilherme III, Príncipe de Orange.[54] Tito Oates, que havia sido alternadamente um padre anglicano e jesuíta, falsamente falou em 1678 sobre um "Complô Papista" para assassinar o rei, até mesmo acusando a rainha de cumplicidade. Carlos não acreditou nas alegações, porém ordenou que seu principal ministro, Lorde Tomás Osborne, 1.º Conde de Danby e substituto de Clifford, investigasse a situação. Apesar de Osborne aparentemente ter ficado corretamente cético das afirmações de Oates, o parlamento as levou a sério.[55] O povo foi pego em uma histeria anticatólica;[56] juízes e jurados por todo o país condenaram os supostos conspiradores, com vários inocentes sendo executados.[57]

Mais tarde, em 1678, Osborne respondeu um processo de impeachment na Câmara dos Comuns sob acusação de alta traição. Apesar de boa parte da nação querer a guerra contra a França, Carlos havia secretamente negociado com Luís para tentar chegar em um acordo em que a Inglaterra permaneceria neutra em troca de dinheiro. Osborne publicamente afirmou que era hostil aos franceses, porém particularmente concordou em seguir os desejos do Rei. Entretanto, os Comuns não o viram como participante relutante no escândalo, mas acreditaram que ele era o autor dessa política. Carlos acabou dissolvendo o parlamento em janeiro de 1679 para poder salvar o ministro.[58]

O novo parlamento, que reuniu-se em março do mesmo ano, era bem hostil a Carlos. Muitos membros temiam que ele tinha a intenção de suar o exército para suprimir dissidentes ou impor o catolicismo. Porém, o rei foi obrigado a gradualmente dispensar suas tropas por causa de fundos insuficientes providos pelo parlamento. Tendo perdido o apoio, Osborne renunciou seu cargo de Lorde Alto Tesoureiro, recebendo o perdão de Carlos. A Câmara dos Comuns, desafiando a vontade real, declarou que a dissolução do parlamento anterior não interrompeu os procedimentos de impeachment e que assim o perdão era inválido. Quando a Câmara dos Lordes tentou impor a pena de exílio – que os Comuns achavam muito leve – o impeachment entrou em impasse nas duas câmaras. Como foi forçado a fazer em vários momentos de seu reinado, Carlos aquiesceu aos desejos de seus oponentes, prendendo Osborne na Torre de Londres, onde ficaria preso por mais cinco anos.[59]

Últimos anos

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Carlos enfrentou uma tempestade política sobre a sucessão ao trono. A perspectiva de um monarca católico enfrentava veemente oposição em Antônio Ashley Cooper, agora 1.º Conde de Shaftesbury e antigo membro do Cabal que havia se desfeito em 1673. A base de poder de Cooper foi fortalecida em 1679 quando a Câmara dos Comuns apresentou o Projeto de Lei da Exclusão, que queria excluir Jaime, Duque de Iorque e Albany, da linha de sucessão. Alguns até queriam colocar a coroa em Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth e filho ilegítimo mais velho de Carlos. Os Abhorrers – que achavam que o Projeto de Lei da Exclusão era abominante – foram chamados de tories por causa de um termo para bandidos católicos irlandeses despojados, enquanto que os Petitioners – aqueles que apoiavam uma campanha de petição em favor da lei – foram chamados de whigs por causa de um termo para rebeldes presbiterianos escoceses.[60]

Carlos c. 1683, por John Riley. Na Weiss Gallery.

Temendo que o Projeto de Lei da Exclusão fosse aprovado e amparado por algumas absolvições nos julgamentos do Complô Papista, que para ele pareciam indicar um humor popular mais favorável ao catolicismo, Carlos dissolveu o parlamento uma segunda vez no mesmo ano. Suas esperanças de um novo parlamento mais moderado não foram realizadas, com ele dissolvendo o parlamento outra vez alguns meses depois deles terem tentado novamente aprovar o projeto de lei. Quando um novo parlamento reuniu-se em Oxford em março de 1681, o rei o dissolveu pela quarta vez em apenas alguns dias.[61] Entretanto, o apoio a Exclusão diminuiu durante a década de 1680 e Carlos experimentou um surto nacional de lealdade. Cooper foi julgado em 1681 por traição e fugiu para os Países Baixos, onde morreu. Carlos governou sem parlamento pelo restante de seu reinado.[62]

Sua oposição ao Projeto de Lei da Exclusão irritou alguns protestantes. Conspiradores formularam o Complô da Casa de Centeio, um plano para matar Carlos e Jaime enquanto voltavam para Londres depois das corridas de cavalo em Newmarket, Suffolk. Entretanto, um incêndio destruiu os alojamentos do rei na cidade, que o forçou a voltar para a capital mais cedo e assim inadvertidamente impedindo o ataque. Notícias da conspiração vazaram.[63] Políticos protestantes como Artur Capell, 1.º Conde de Essex, Algernon Sidney e Guilherme Russell, Barão Russell, foram executados por alta traição baseados em evidências muito frágeis, com Jaime Scott indo para o exílio na corte de Guilherme III, Príncipe de Orange. Osborne e os lordes católicos restantes mantidos na Torre foram libertados e Jaime adquiriu maior influência na corte.[64] Tito Oates foi condenado e preso por difamação.[65]

Carlos sofreu uma apoplexia repentina na manhã do dia 2 de fevereiro de 1685, morrendo após quatro dias, às 11h45min de 6 de fevereiro de 1685, aos 54 anos, no Palácio de Whitehall.[66] A subtaneidade de sua doença e morte levaram a suspeitas de envenenamento, incluindo por parte de um dos médicos reais; entretanto, uma análise mais moderna diz que os sintomas da doença eram similares as de uma uremia (uma síndrome clínica devido à disfunção renal).[67] Carlos, em seu leito de morte, pediu para seu irmão Jaime cuidar de suas amantes: "seja bom com Portsmouth e não deixe a pobre Nelly passar fome".[68] Ele também disse a seus cortesãos que "Me desculpem, cavalheiros, pelo tempo da morte".[69] Ele foi recebido na Igreja Católica na última noite de sua vida, apesar de não ser claro o quanto ele estava consciente ou comprometido e ainda da onde a ideia se originou.[44] Carlos foi enterrado na Abadia de Westminster "sem qualquer tipo de pompa"[69] em 14 de fevereiro.[70]

Estátua de Carlos como César em Edimburgo. Erguida em 1685.

Carlos não teve nenhum filho legítimo com Catarina de Bragança, porém reconheceu vários ilegítimos com sete amantes,[71] incluindo cinco com a notória Barbara Palmer, com quem o Ducado de Cleveland foi criado. Suas outras amantes incluem Moll Davis, Nell Gwyn, Isabel Killigrew, Catarina Pegge, Lúcia Walter e Luísa de Kéroualle, Duquesa de Portsmouth. Como resultado, ele tinha o apelido durante a vida de "Velho Rowley", o nome de um de seus cavalos que era notável por ser um garanhão.[72]

Seus súditos ressentiam pagar impostos que eram gastos com suas amantes e filhos,[73] muitos dos quais receberam ducados e condados. Os atuais duques de Buccleuch, Richmond, Grafton e St Albans todos descendem de Carlos através da linhagem ilegítima.[74] Diana, Princesa de Gales, é descendente do rei através de dois de seus filhos ilegítimos: Henrique FitzRoy e Carlos Lennox.[75]

Seu filho mais velho, Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth, liderou uma rebelião contra Jaime II & VII, porém acabou derrotado na Batalha de Sedgemoor em 6 de julho de 1685, sendo capturado e executado alguns dias depois.[76] Jaime eventualmente foi deposto em 1688 por seu sobrinho e genro Guilherme III, Príncipe de Orange, durante a "Revolução Gloriosa". Ele foi o último monarca católico da Grã-Bretanha.[77]

Os tories tendiam olhar o reinado de Carlos como benevolente, enquanto os whigs como um despotismo terrível. Atualmente é possível avaliar Carlos sem a mancha do partidarismo, com ele sendo visto mais como um maroto amável – nas palavras de seu contemporâneo John Evelyn: "um príncipe de muitas virtudes e muitas grandes imperfeições, afável, de fácil acesso, não sanguinolento ou cruel".[78]

Títulos, estilos, honras e brasões

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Monograma de Carlos.

Títulos e estilos

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  • 29 de maio de 1630 – maio de 1638: "Sua Alteza Real o Duque da Cornualha"
  • maio de 1638 – 30 de janeiro de 1649: "Sua Alteza Real o Príncipe de Gales"
    • Na Escócia, 29 de maio de 1630 – 30 de janeiro de 1649: "Sua Alteza Real o Duque de Rothesay"
  • 30 de janeiro de 1649 – 6 de fevereiro de 1685: "Sua Majestade, o Rei"

Seu título completo como rei era: "Carlos Segundo, pela Graça de Deus, Rei da Inglaterra, Escócia, França e Irlanda, Defensor da Fé, etc." O título de "da França" era apenas nominal e foi usado por todos os monarcas britânicos desde Eduardo III até Jorge III.[79]

Como Príncipe de Gales, seu brasão de armas era o brasão real diferenciado por um lambel argente de três pés.[80] Como rei, Carlos usava o mesmo brasão que seu pai: esquatrelado, I e IV esquatrelado, azure três flores-de-lis or (pela França) e goles três leões passant guardant em pala (pela Inglaterra); II or um leão rampant dentro de um treassure flory-contra-flory goles (pela Escócia); III azure, uma harpa or com cordas argente (pela Irlanda). Na Escócia, as armas escocesas eram colocadas nos quarteis I e IV enquanto as inglesas e francesas ficavam no II.[81]

Brasão de Carlos, Príncipe de Gales
(1638–1649)
Brasão de Carlos II de Inglaterra
(1660–1685)
Brasão de Carlos II na Escócia
(1660–1685)

Descendência

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Nome Nascimento Morte Notas
Com Lúcia Walter[82]
Jaime Scott, 1.º Duque de Monmouth 9 de abril de 1649 15 de julho de 1685 Scott nasceu nove meses após Carlos e Lúcia terem se conhecido e o primeiro o reconheceu como seu filho, porém Jaime II & VII sugeriu que ele talvez tenha sido filho de um dos outros amantes dela, coronel Roberto Sidney.[1] Ancestral de Sara, Duquesa de Iorque.[83]
Com Isabel Killigrew[82]
Carlota Fitzroy 1650 28 de julho de 1684
Com Catarina Pegge[82]
Carlos FitzCharles, 1.º Conde de Plymouth 1657 17 de outubro de 1680
Catarina FitzCharles 1658 ? Morreu jovem ou virou freira em Dunquerque.[84]
Com Barbara Palmer, 1.ª Duquesa de Cleveland[82]
Anne FitzRoy 25 de fevereiro de 1661 16 de maio de 1722 Pode ter sido a filha de Rogério Palmer, mas Carlos a aceitou como sua.[85] Ancestral de Sara, Duquesa de Iorque.[83]
Carlos FitzRoy, 2.º Duque de Cleveland 18 de junho de 1662 9 de setembro de 1730
Henrique FitzRoy, 1.º Duque de Grafton 28 de setembro de 1663 9 de outubro de 1690 Ancestral de Diana, Princesa de Gales.[75]
Carlota FitzRoy 5 de setembro de 1664 17 de fevereiro de 1718
Jorge FitzRoy, 1.º Duque de Northumberland 28 de dezembro de 1665 28 de junho de 1716
Com Leonor Gwyn[82]
Carlos Beauclerk, 1.º Duque de St Albans 8 de maio de 1670 10 de maio de 1726
Jaime, Lorde Beauclerk 25 de dezembro de 1671 setembro de 1680
Com Luísa de Kéroualle, Duquesa de Portsmouth[82]
Carlos Lennox, 1.º Duque de Richmond 29 de julho de 1672 27 de maio de 1723 Ancestral de Sara, Duquesa de Iorque,[83] Diana, Princesa de Gales,[75] e de Camila, rainha do Reino Unido.[86]
Com Moll Davis[82][87]
Maria Tudor, Condessa de Derwentwater 16 de outubro de 1673 5 de novembro de 1726
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Ligações externas

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Carlos II de Inglaterra
Casa de Stuart
26 de maio de 1630 – 6 de fevereiro de 1685
Precedido por
Carlos I

Príncipe de Gales
1638 – 30 de janeiro de 1649
Sucedido por
Jaime Francisco Eduardo

Rei da Escócia
30 de janeiro de 1649 – 3 de setembro de 1651
Monarquia abolida
Comunidade da Inglaterra
Comunidade da Inglaterra
Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda
29 de maio de 1660 – 6 de fevereiro de 1685
Sucedido por
Jaime II & VII