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Lockheed F-104 Starfighter

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F-104 Starfighter
Avião
Lockheed F-104 Starfighter
Descrição
Tipo / Missão Caça de Superioridade Aérea
Interceptador
Caça Multifunção
País de origem  Estados Unidos
Fabricante Lockheed
Desenvolvido de Lockheed XF-104
Desenvolvido em Lockheed CL-1200 Lancer
Lockheed CL-288
Primeiro voo em 4 de março de 1954 (70 anos)
Introduzido em 20 de fevereiro de 1958
Aposentado em 1969 (USAF)
1972 (Paquistão)
1975 (ANG)
2004 (Itália)

O Lockheed F-104 Starfighter é um aeronave de caça de superioridade aérea, supersônico, monomotor a jato, de produção norte-americana que foi utilizado durante a Guerra Fria.[1] Criado como um caça diurno, pela Lockheed, sendo incluída na chamada "Série Centenária" de caças da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), o Starfighter foi desenvolvido, ao longo do tempo, para se tornar um caça multifunção com capacidade "todo-tempo" (all-weather) no início dos anos 60, além de ser produzido sob licença por múltiplos países.

A aeronave, projetada por Kelly Johnson no início dos anos 50, tinha como intenção ser uma aeronave simples, leve e com grande desempenho de velocidade e altitude. Seu primeiro protótipo, o XF-104, fez seu primeiro vôo em 4 de março de 1954, com o primeiro exemplar de produção sendo operados na USAF em 1958. Poucos meses depois, a aeronave seria posta em ação na Segunda Crise do Estreito de Taiwan, quando estas aeronaves foram implantadas em Taiwan para servir de arma de dissuasão contra os MiG-15 e MiG-17 chineses.[2][3] Problemas com o motor J79 e a preferência por aeronaves de combate de maior carga útil e alcance encurtou o serviço operacional da aeronave na USAF, apesar da mesma ter sido operada durante a Crise de Berlim de 1961 e a Guerra do Vietnã, tendo feito mais de 5.000 saídas de combate na última.[4][5]

Apesar do curto tempo na USAF, o Starfighter teve bem mais sucesso em outros países da OTAN e aliados. Em outubro de 1958, a Alemanha Ocidental escolheu o F-104 como sua aeronave de combate primária, sendo seguido pelo Canadá, Países Baixos, Bélgica, Japão e Itália. Alguns países europeus formaram um consórcio internacional para a construção de aeronaves F-104, que se tornou o maior programa internacional de construção de aeronaves do mundo, na época.[6] O sucesso de exportações do Starfighter acabou findando em 1975, quando se descobriu que a Lockheed pagou suborno para várias figuras militares e politicas dos países em que vendia aeronaves, com a intenção de fechar contratos.[7]

O F-104 foi operado por 15 países. Porém, seu histórico de acidentes, especialmente em serviço da Luftwaffe, foi bastante criticado. Durante seu serviço na Luftwaffe, 270 aeronaves foram perdidas, com a morte de 110 aviadores, ganhando o apelido de Witwenmacher (Fazedor de Viuvas).[8][9] A última variante de produção, o F-104S, foi um interceptador "todo-tempo" (all-weather) construído sob licença da Lockheed pela Aeritalia para a Força Aérea Italiana, sendo retirada de serviço em 2004. Alguns jatos continuam em serviço civil pela Starfighters Inc, dos Estados Unidos.[10]

O Starfighter tinha um desenho radical para a sua época, com pequenas asas montadas mais atrás na fuselagem do que o comum para a época. A asa provia excelente desempenho em alta velocidade e baixa altitude, porém, limitava a capacidade de giro e aumentava a velocidade de pouso. O F-104 foi a primeira aeronave de produção a chegar a Mach 2 (2.469 km/h) e a 30.000m (100.000 ft) após decolar com propulsão própria. A aeronave estabeleceu vários recordes mundiais em velocidade, altitude e razão de subida em 1958, se tornando a primeira aeronave a estabelecer os três recordes simultaneamente. Também foi a primeira aeronave a ser equipada com um canhão M61 Vulcan.

Variantes

  • XF-104: Protótipo. Duas unidades produzidas, propelidas por motores Wright J65 (devido ao J79 não ter ficado pronto ainda). O segundo protótipo foi equipado com um canhão M61 Vulcan, para provas de armamento. Ambos os protótipos foram destruídos em acidentes.[11]
  • F-104A: Aeronave de interceptação monoplace.[11] 153 unidades construídas.[12]
    • YF-104A: Aeronave de pré-produção, utilizada para testes em motores, equipamento e provas de vôo.[13] 17 unidades foram construídas, com primeiro vôo em 17 de fevereiro de 1956.[11]
    • NF-104A: Aeronaves de treinamento de astronautas, equipadas com foguetes Rocketdyne LR121/AR-2-NA-1, de 6.000 lbf (27 kN). Esta aeronave podia alcançar 36.800m (120.800 ft). Três unidades convertidas.[14]
    • QF-104A: Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) de provas e alvo aéreo. Podendo ser tanto controlados remotamente (tanto em terra quanto desde outra aeronave) quanto por pilotos a bordo. 24 unidades convertidas (4 YF-104A e 20 F-104A).[11]
  • F-104B: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104A, tendo capacidade de combate.[12] O F-104B conta com um leme maior, nova barbatana vertical, menor capacidade de combustível e o canhão havia sido deletado. 26 unidades construídas.[15]
  • F-104C: Aeronave de caça-bombardeiro produzida para a Comando Aero-Tático da USAF. Equipado com o radar de controle de tiro AN/ASG-14T-2, cinco hardpoints (um na ventral e quatro sob as asas), capacidade de reabastecimento em voo e capacidade de carregar uma arma nuclear Mark 28 ou B43 no hardpoint ventral. 77 unidades foram construídas.[16]
  • F-104D: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104C. 21 unidades construídas.[12]
  • F-104F: Conversão de aeronaves F-104D atualizada com o motor do F-104G para a Luftwaffe. Não contava com radar nem com capacidade de combate. 30 aeronaves convertidas.[17]
  • F-104G: Aeronave de combate multifunção, construída pela Lockheed e sob licença pelo consórcio europeu constituído pela Messerschimitt/MBB (Alemanha Ocidental), Fiat (Itália), Fokker (Países Baixos) e SABCA (Bélgica). A variante contava com fuselagem, empenagem e asas reforçadas, maior barbatana vertical e leme modificado, flapes revisados, novos paraquedas de frenagem e trens de pouso com novo sistema de freio e pneus maiores. A aviônica atualizada contava com um radar de controle de tiro Autonetics NASARR F15A-41B e sistema de navegação inercial Litton LN-3. 1.127 unidades foram construídas.[17][15][13][18]
    • F-104G CCV: Aeronave de provas para sistemas de controle de vôo.[19]
    • RF-104G: Aeronave de reconhecimento tático baseado no F-104G.[12] Equipado com três câmeras KS-67A, montadas no lugar do canhão. 189 unidades construídas, todas reconfiguradas como F-104G.[11]
    • TF-104G: Aeronave de treinamento biplace baseada no F-104G.[12] Não contava com canhão, hardpoint ventral e menor capacidade de combustível.[11] 220 unidades construídas.
  • F-104H: Versão de exportação do F-104G, com eletrônica e aparelho de mira simplificado. Cancelada antes de ser construída.[20]
  • F-104J: Aeronave de interceptação e superioridade aérea baseada no F-104G, construída sob licença pela Mitsubishi para a Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF). 210 unidades construídas (3 pela Lockheed, 29 com kits da Lockheed e montados na Mitsubishi e 178 construídos totalmente na Mitsubishi).[12][21]
  • F-104N: Avião paquera da NASA baseadas no F-104G, três unidades construídas.[22]
  • F-104S: Aeronave de interceptação e superioridade aérea construída sob licença pela Aeritalia. A aeronave contava com um radar de controle de tiro NASARR R-21G/H e um motor J79-GE-19 atualizado, dois hardpoints ventrais e barbatanas ventrais novas. A aeronave podia ser equipada com misseis AIM-9 Sidewinder e AIM-7 Sparrow, 206 unidades construídas para a Força Aérea Italiana e 40 para a Força Aérea Turca.[23]
    • F-104S-ASA: Modernização do F-104S, equipado com novo radar de controle de tiro Fiat R-21G/M1, IFF e capacidade de uso de mísseis AIM-9L Sidewinder e Selenia Aspide. 150 unidades convertidas, com o primeiro vôo em 1985.[12]
    • F-104S-ASA/M: Modernização do F-104S, equipado com sistema de navegação inercial Litton LN-302A, GPS, TACAN, célula revisada e instrumentos modernizados. 49 unidades convertidas de 1995 a 1997.[20]
  • CF-104: Aeronave de caça-bombardeiro produzida sob licença pela Canadair.[12] A aeronave era optimizada para uso de armas nucleares, com um radar de controle de tiro NASARR R-24A, maior capacidade de combustível e motores Orenda J79-OEL-7, fabricados sob licença.[17] 200 unidades construídas.
    • CF-104D: Aeronave de treinamento biplace baseada no CF-104, construídas pela Lockheed com motores canadenses Orenda. 38 unidades construídas.[12]

Operadores

Militares

Civis

Especificações (F-104G)

Informações: Quest for Performance (NASA) [24]

Características Gerais

  • Tripulação: Um tripulante
  • Comprimento: 16,66 m
  • Envergadura: 6,36 m
  • Altura: 4,09 m
  • Área de Asa: 18,22 m²
  • Peso Vazio: 6.350 kg
  • Peso Máximo de Decolagem (MTOW): 13.170 kg
  • Motor: 1x Turbojato General Electric J79-GE-11A, com 10.000lbf (44 kN) de empuxo seco, 15.600kgf (69 kN) com pós-combustão

Desempenho

  • Velocidade Máxima: 2.459 km/h (1.328 kn / Mach 2)
  • Alcance de Combate: 680 km (360 nmi)
  • Alcance de traslado: 2.620 km (1.420 nmi)
  • Teto de serviço: 22.000 m (73.000 ft)
  • Taxa de subida: 240 m/s (48.000 ft/min)
  • Carga Alar: 105 kg/m²
  • Taxa Empuxo-Peso: 0.54 (em MTOW)

Armamento

  • Mísseis Ar-Ar: 4x AIM-9 Sidewinder, de curta distância, guiado por infravermelho;
  • Hardpoint: Sete, com capacidade de carregar 1.800kg (4.000 lb)

Ver Também

Aeronaves envolvidas no desenvolvimento

Aeronaves de função, configuração ou era comparável

Referências
  1. "LOCKHEED XF-104 TO F-104A" Arquivado em 8 de dezembro de 2008, no Wayback Machine.. Página acessada em 20 de setembro de 2014.
  2. «The Meaning of the Taiwan Strait Crisis». Air & Space Forces Magazine (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  3. «916 Starfighter». www.916-starfighter.de. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  4. «F-104's in action during the Berlin Wall Crisis» (PDF). 916 Starfighter. 4 de março de 2019. Consultado em 9 de dezembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 7 de abril de 2023 
  5. «Vietnam». International F-104 Society (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  6. «March 4 / F-104 Starfighter First Flight». European Airshows (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  7. «Lockheed Scandal». Oxford Reference (em inglês). doi:10.1093/oi/authority.20110803100111791. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  8. Galante, Alexandre (4 de janeiro de 2017). «Guerra Fria: o F-104 Starfighter na Alemanha». Poder Aéreo – Aviação, Forças Aéreas, Indústria Aeroespacial e de Defesa. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  9. Giordani (4 de abril de 2020). «O F-104 e a Luftwaffe». Cavok. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  10. «HOME». Starfighters (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  11. a b c d e f Bowman, Martin W. (2000). Lockheed F-104 Starfighter. Ramsbury, Marlborough, Wiltshire, UK: Crowood Press Ltd. ISBN 1-86126-314-7 
  12. a b c d e f g h i Donald, David (1997). Complete Encyclopedia of World Aircraft. Nova Iorque: Barnes & Noble Books. ISBN 0-7607-0592-5 
  13. a b Calcutt, Len (1988). The World's Greatest Aircraft. Nova Iorque: Exeter Books. ISBN 0-7917-0011-9 
  14. «Sky High». Air & Space Magazine. Novembro de 2002. Consultado em 9 de dezembro de 2023. Arquivado do original em 16 de janeiro de 2013 
  15. a b Pace, Steve (1992). Lockheed F-104 Starfighter. St. Paul, Minnesota: Motorbooks International. ISBN 0-87938-608-8 
  16. Davies, Peter E. (2014). F-104 Starfighter Units in Combat. Nova Iorque: Osprey Publishing Limited. ISBN 978-1-78096-313-6 
  17. a b c Donald, David (2003). Century Jets. Norwalk, Connecticut: AIRtime Publishing. ISBN 1-880588-68-4 
  18. Upton, Jim (2003). Warbird Tech – Lockheed F-104 Starfighter. North Branch, Minnesota: Specialty Press. ISBN 1-58007-069-8 
  19. «916 Starfighter». www.916-starfighter.de. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  20. a b Paloque, Gérard (2012). F-104 Lockheed Starfighter, 1958–2000. Paris: Histoire & Collections. ISBN 978-2-35250-229-6 
  21. «Lockheed F-104J Starfighter». www.joebaugher.com. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  22. «F-104 Types». International F-104 Society (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  23. Matricardi, Paolo (2006). Aerei militari: Caccia e ricognitori, Volume 1. Milão: Mondadori Electa 
  24. «cover.htm». www.hq.nasa.gov. Consultado em 9 de dezembro de 2023