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Pau Preto

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Pau Preto
Informações pessoais
Nome completo Fernando Malvão de Moraes
Data de nascimento 11 de agosto de 1928
Local de nascimento Belém, Pará, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Data da morte 30 de outubro de 1990 (62 anos)
Local da morte Belém, Pará, Brasil
Informações profissionais
Posição meio-campista (1948-1955)
lateral (1956-1959)
ponta-direita (1959-1965)
volante (1965)
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1948-1949
1950–1966
Auto Club
Paysandu
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Seleção nacional
1956–1958 Pará 0007 0000(0)

Fernando Malvão de Moraes (Belém, 11 de agosto de 1928Belém, 30 de outubro de 1990), mais conhecido como Pau Preto, foi um futebolista brasileiro que defendeu o Paysandu entre 1950 e 1966.[1] Dentre seus gols, destaca-se o marcado em uma das mais famosas vitórias do clube, o 3–0 em amistoso contra o Peñarol em 1965,[2] quando àquela altura era um dos mais veteranos em campo, tendo 37 anos na ocasião.[3] Ao longo da trajetória, foi usado em diversas posições, sobretudo como como meia-direita, ponta-direita, lateral-direito e volante.

Pau Preto foi revelado pelo extinto Auto Club do Pará, no campeonato paraense de 1949,[4] embora já houvesse participado também da edição anterior - chegando a marcar um gol sobre a campeã Tuna Luso, em derrota de 3-1.[5] O apelidado "clube dos motorizados" era reconhecido como "Fantasma dos Grandes" exatamente por conseguir resultados satisfatórios em duelos contra as principais forças do certame; fundado precisamente em 1948, o Auto inclusive venceu o Torneio Início de 1949.[6]

O primeiro gol de Pau Preto pelo Paysandu ocorreu em vitória amistosa por 4–1 justamente sobre o Auto Club, em 5 de março de 1950.[1] Naquele ano, escalado como meia-direita, também marcou seus primeiros gols no clássico Re-Pa: abriu o placar em vitória por 3–0 em maio; em outubro, marcou em empate em 2–2, no que foi o 200º clássico da rivalidade, a acumular na época 75 vitórias alviazuis e 75 azulinas; e em novembro marcou em vitória por 3–1. Todas elas foram amistosas,[7] sem impedir que o estadual daquele ano fosse vencido pelo rival Remo.[8]

Na época, o "Papão" atravessou jejum de nove anos, desde 1947. A Tuna Luso venceu em em 1951, o Remo voltou a ganhar em 1952, 1953 e 1954 e a Tuna, em 1955.[8] Nesse período, Pau Preto acumulou cinco gols no Re-Pa, todos amistosos: em empate em 3–3 em fevereiro de 1952,[9] ano em que dois em vitória por 4–2 em outubro de 1953;[10] em vitória por 2–0 em outubro de 1954;[11] e em derrota por 3–2 em fevereiro de 1955.[12]

Primeiros títulos

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O jejum do clube da Curuzu encerrou-se no 1956. No torneio, Pau Preto já atuou recuado, como lateral-direito titular na linha média formada com Natividade e Caim. Marcou dois gols na campanha, nas goleadas de 6–0 sobre o Armazenador e 6–2 no Pinheirense.[13] Ao fim do ano, estreou pela seleção paraense, em empate em 1–1 com a seleção amapaense pelo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Seriam ao todo sete jogos pela seleção do Pará, sempre como lateral-direito.[14]

O Paysandu foi bicampeão em 1957 com Pau Preto normalmente titular como lateral-direito, mas atuando ocasionalmente também como meia-direita, como em um Re-Pa em que marcou no empate em 1–1 pela competição.[15] Naquele ano, ele, na lateral, também participou do primeiro jogo de um time paraense no estádio do Maracanã (em jogo da própria seleção estadual em janeiro, derrotada por 6–0 pela carioca pelo Brasileiro)[14] e em vitória por 3–0 sobre o Cerro Porteño, que possuía seis jogadores da seleção paraguaia e passara invicto contra os rivais bicolores Tuna (1–1) e Remo (2–1).[16] Um dos paraguaios derrotados pelo elenco apelidado de "Demolidor de Cartazes" foi Cayetano Ré,[17] que seria artilheiro do campeonato espanhol pelo Barcelona.[18]

A Tuna foi a campeã de 1958,[8] ano em que Pau Preto jogou pela última vez pela seleção paraense: foi em amistoso contra o Fluminense, que venceu por 4–0 no estádio da própria Tuna.[14] O "Papão" recuperou o título no campeonato seguinte, em que Pau Preto marcou o único gol de um clássico com os tunantes. Nessa partida e na maior parte, continuou atuando na lateral, agora em linha média com Maurício e Caim. Já na reta final, foi usualmente escalado na ponta-direita.[19]

Em 1960, o Remo voltou a ser campeão após seis anos, mas os três campeonatos seguintes seriam do Paysandu, que com eles ultrapassou o arquirrival e tornou-se o maior campeão paraense.[8] Na campanha 1961, Pau Preto foi utilizado como uma alternativa na ponta-direita, com a linha média sendo ocupada por Mangaba, Maurício e Edílson. Jogou sobretudo a partir do fim do primeiro turno, marcando os dois gols de empate em 2–2 com o Avante, os dois em vitória por 2–0 no Re-Pa e outro em 4–0 na decisão do segundo turno, contra o surpreendente Júlio César.[20]

Final da carreira: reserva campeão e gol no Peñarol

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Já nos dois torneios seguintes, Pau Preto foi usado menos frequentemente. No de 1962, foi titular na ponta-direita no primeiro turno, perdendo no segundo a posição para a revelação Ércio,[21] herói do título anterior.[22] No de 1963, Ércio passou à ponta-esquerda, mas a ponta-direita foi ocupada por Vila,[23] contratado daquele Júlio César.[24] O treinador Caim, ex-colega de Pau Preto na linha média, usou-o somente duas vezes, nas últimas partidas do primeiro turno: 2–1 no Re-Pa e 3–1 no Júlio César. [23]

O Remo foi o campeão de 1964,[8] ano em que ocorreram onze Re-Pas. Pau Preto só foi usado no último, um amistoso em dezembro vencido por 2–0.[25] Em janeiro do ano seguinte, o estadual válido por 1964 foi decidido no clássico, com o veterano voltando a se ausentar. O rival continuou a sorrir mais no primeiro semestre de 1965, vencendo em abril por 3–2 o amistoso da entrega das faixas, partida em que Pau Preto voltou a ser o ponta-direita alviazul. Ainda em maio, ele atuou em vitória amistosa por 1–0 no estádio rival. Mas em 1 de julho, em novo amistoso, os azulinos venceram por 3–0 em plena estreia do veterano Castilho como novo goleiro do "Papão".[26]

Dezoito dias depois dessa derrota, porém o Paysandu conseguiu aplicar o mesmo placar sobre o Peñarol. O adversário era uma equipe das mais poderosas mundialmente na época,[27][28][29] mantendo uma invencibilidade de treze partidas, com recentes vitórias contra brasileiros naquele ano sobre Santos (3–2, após derrota de 5–4, e 2–1, todos pela Taça Libertadores da América de 1965) e Fluminense (3–1 em amistoso no Maracanã).[30]

Ao fim do primeiro tempo, porém, os paraenses já venciam por 2–0 os favoritos uruguaios, com gols de Ércio e Milton Dias; alguns veículos creditam a Pau Preto a assistência para o gol de Milton, aos 43 minutos.[31] No segundo tempo, os aurinegros pressionavam para diminuir o placar, mas com Castilho passando a sobressair-se pelas defesas.[32] Aos 37 minutos, então, Pau Preto assegurou a vitória, aproveitando lançamento de Milton Dias para, após driblar Luis Alberto Varela,[31] ficar cara a cara com Ladislao Mazurkiewicz e marcar o terceiro gol de uma vitória que inspirou marchinha a ser mais popularizada como cântico da torcida do que o hino oficial. Ainda houve tempo para Pau Preto ser substituído por Milton Marabá. O resultado repercutiu nacionalmente, inspirando crônica de Nelson Rodrigues para O Globo,[2] sendo retratada também em outras mídias cariocas como o Jornal dos Sports e a Revista do Esporte - veículos que referiram-se a Pau Preto pelo nome "Fernando".[32][3] A respeito do desempenho de Pau Preto, o adversário Omar Caetano comentou declarou-o como "bom, maneja muito bem a bola e sempre fugiu da marcação. Foi uma vitória justa".[31]

Jogando ao lado de Paulo Malvão de Moraes, Pau Preto participou de quatro jogos do estadual daquele ano, ganho pelo "Papão". Foi escalado em dupla de volantes com o cérebro Quarentinha, atuando em quatro partidas de julho a setembro: as goleadas de 5–1 no Combatentes e de 8–0 no Avante e as vitórias nos clássicos com Remo (1–0) e com a Tuna, um 2–1 que rendeu o título do primeiro turno. O torneio pausou-se então por um mês e no returno o veterano já não foi usado pelo treinador uruguaio Juan Álvarez.[33]

Pau Preto ainda defendeu o clube no início de 1966, marcando gols em amistosos com Tuna (derrota de 3–2, em janeiro) e Sampaio Corrêa (4–0, em março),[1] mas não chegou a participar do estadual daquele ano.[34]

Pós carreira

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Em março de 1968, Fernando Malvão de Moraes passou a trabalhar na seção paraense do Ministério da Educação, como motorista.[35] Foi aposentado em setembro de 1984.[36] Faleceu em 30 de outubro de 1990, deixando viúva e seis filhos concebidos com outra companheira.[37] Houve homenagem póstuma a ele em novo encontro de Paysandu e Peñarol, derrotado por 4-0 pelos paraenses em 1992.[31]

  • Torneio Início do futebol paraense: 1949 [6]
Referências
  1. a b c «Paysandu». Futebol80. Consultado em 21 de maio de 2018 
  2. a b DA COSTA, Ferreira (2002). 1965 - Paysandu 3 x 0 Peñarol. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, pp. 70-71
  3. a b GUIMARÃES, Cláudio (janeiro de 1966). Paissandu pagou 110 milhões pelo título. Revista do Esporte n. 367, pp. 35-36
  4. DA COSTA, Ferreira (2018). 1949 - Remo acaba jejum de 9 anos e conquista o campeonato de futebol. A enciclopédia do Esporte Paraense. Belém: Valmik Câmara, p. 97
  5. DA COSTA, Ferreira (2013). 1948 - Tuna põe fim a jejum de sete anos e coloca a faixa de campeã. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 87-88
  6. a b MELLO, Sérgio. «Fotos Raras, de 1949: Auto Club do Pará de Belém (PA)». História do Futebol. Consultado em 16 de junho de 2023 
  7. DA COSTA, Ferreira (2015). 1950. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 63-65
  8. a b c d e DA COSTA, Ferreira (2015). Campeonato Paraense de Futebol 1908-2015. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 227-233
  9. DA COSTA, Ferreira (2015). 1952. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 67-68
  10. DA COSTA, Ferreira (2015). 1953. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 69-71
  11. DA COSTA, Ferreira (2015). 1954. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 72-73
  12. DA COSTA, Ferreira (2015). 1955. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 74-76
  13. DA COSTA, Ferreira (2013). 1956 - Com gol de Quarentinha, Papão encerrou jejum de 8 anos. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 108-110
  14. a b c DA COSTA, Ferreira (2013). A seleção do Pará através dos tempos. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 306-331
  15. DA COSTA, Ferreira (2015). 1958. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 81-84
  16. DA COSTA, Ferreira (2002). 1957 - Paysandu 3 x 0 Cerro Portenho. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, p. 57-58
  17. DA COSTA, Ferreira (2012). Demolidor de cartazes. Campeão dos Campeões n. 14. Belém: Sênior Publicidade, p. 24
  18. BERNARDO, Leandro Paulo (28 de abril de 2015). «Adversário do Corinthians, Guaraní tem uma história de pioneirismo, títulos e carisma». Trivela. Consultado em 16 de junho de 2023 
  19. DA COSTA, Ferreira (2013). 1959 - Jogo emocionante, Toni empata e dá ao Paysandu mais um título. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 118-121
  20. DA COSTA, Ferreira (2013). 1961 - "Montinho artilheiro" colaborou e Papão ficou com o Campeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 129-131
  21. DA COSTA, Ferreira (2013). 1962 - Paysandu mantém Gentil Cardoso e chega fácil ao bicampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 132-135
  22. DA COSTA, Ferreira (2013). Ércio - Ponta-esquerda gravou o seu nome na história. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 131-133
  23. a b DA COSTA, Ferreira (2013). 1963 - Sob a direção de Caim, Paysandu alcança o tricampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 136-138
  24. DA COSTA, Ferreira (2013). Vila - Craque foi um padrão de disciplina. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 300-301
  25. DA COSTA, Ferreira (2015). 1964. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 94-96
  26. DA COSTA, Ferreira (2015). 1965. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 96-100
  27. «Há 47 anos, Paysandu vencia o time imbatível do Peñarol do Uruguai». Globo Esporte. 18 de julho de 2012. Consultado em 19 de julho de 2017 
  28. SANTOS, Ronaldo (18 de julho de 2013). «Há 48 anos, Paysandu escrevia na história a grande vitória sobre o Peñarol». Paysandu. Consultado em 19 de julho de 2017 
  29. SANTOS, Ronaldo (18 de julho de 2014). «Há 49 anos o Paysandu vencia o poderoso Peñarol-URU». Paysandu. Consultado em 19 de julho de 2017 
  30. 1965 - Copa Uruguaya, Vice Campeón Copa Libertadores (2011). Club Atlético Peñarol 120. Montevidéu: Ediciones El Galeón, pp. 122-123
  31. a b c d BRANDÃO, Caio (18 de julho de 2020). «Há 55 anos, uma vitória inesquecível ao futebol paraense: o Paysandu fez padecer o supertime do Peñarol». Trivela. Consultado em 16 de junho de 2023 
  32. a b Castilho Fecha Gol E Penarol Perde No Pará (19 de julho de 1965). Jornal dos Sports n.11.192, p. 3
  33. DA COSTA, Ferreira (2013). 1965 - Paysandu traz Castilho e dá um passeio no certame: É Campeão. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 142-145
  34. DA COSTA, Ferreira (2013). 1966 - Paysandu forma a dupla Bené-Robilota e conquista o título invicto. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 146-148
  35. «Diário Oficial da União, p. 17». 29 de março de 1968. Consultado em 24 de maio de 2018 
  36. «Diário Oficial da União, p. 12». 4 de setembro de 1984. Consultado em 24 de maio de 2018 
  37. «Diário Oficial da União» (PDF). 11 de junho de 1992. Consultado em 24 de maio de 2018