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Como ler uma infocaixa de taxonomiaFragata-comum

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Suliformes[1]
Pelecaniformes
Família: Fregatidae
Género: Fregata
Espécie: F. magnificens
Nome binomial
Fregata magnificens
Mathews, 1914

Conhecida comumente como fragata-comum ou tesourão, a Fregata magnificens ,fragata majestosa ou fragata magnífica[2], é uma ave Suliforme (antes Pelecaniformes) pertencente à família Fregatidae.  

É uma espécie de ave que possui uma distribuição ampla, sendo encontrada em áreas tropicais, pelo Oceano Atlântico, nas Américas Central e do Sul, e no Oceano Pacífico, da Colômbia ao Peru; no Brasil, colônias reprodutivas são facilmente encontradas nos estados da Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina, e nos arquipélagos de Fernando de Noronha (Pernambuco) e de Moleques do Sul (Santa Catarina), esse último é o limite mais ao sul das colônias desta espécie[3].  

Características físicas

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Silhueta típica da espécie: asas longas e cauda em formato de "V".

A espécie possui asas longas e cauda em formato de “V”, sua cor varia de acordo com a idade e o sexo do animal observado.  

Quando chega a idade adulta, pode vir a ter um metro de comprimento, da cabeça à cauda, e mais de dois metros de envergadura, da ponta de uma asa até a ponta da outra, e pesar cerca de 1,5 kg. Ela apresenta asas longas e angulosas[4] e é reconhecida por ser a ave com maior superfície de asa por unidade de peso.  

Macho de fragata com saco gular vermelho inflado em Galápagos, Equador

O macho da fragata-comum possui todas as penas do corpo pretas e brilhantes, apresentando um saco gular vermelho que caracteriza essa ave por, em seu período reprodutivo, ficar bastante evidente e inflada, mas em seu período de repouso sexual se encontrar discreta.[4]  

A fêmea adulta é maior, ela tem sua cabeça anegrada e se difere do macho por apresentar em seu peito penas inteiramente brancas.[4]

Os filhotes nascem com a penugem de seu corpo totalmente branca[4]. Já os indivíduos juvenis apresentam sua cabeça branca e o restante da penugem preta, independente do sexo em ambas as situações.  [4]

Quando em voo, sua cauda fica em formato de “V” ou tesoura, característica que deu origem ao seu nome popular “tesourão”. São muito habilidosas no voo, podendo ser bastante alto ou rasante[4][5]. Diferente de outras aves marinhas, essa espécie não repousa sobre a água, pois,  por não possuírem impermeabilidade[4], suas asas se encharcariam facilmente, levando a ave ao afogamento e possível morte.

Habitam em áreas costeiras que são banhadas por mares quentes, ou seja, sua presença está associada a mares tropicais e até subtropicais[5], que tenham uma boa distribuição de costa com topos de árvores e arbustos mais elevados para a confecção do seu ninho no período reprodutivo. Logo, as costas dos Oceano Atlântico e do Oceano Pacífico possuem condições perfeitas para a estadia dessas aves.  

Comportamento

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Fragata juvenil em queda no voo

A espécie possui comportamento gregário[5], elas nidificam na terra ou na vegetação e seus principais meios de se alimentar são através de peixes e lulas próximos a superfície das águas marítimas[5].

A fragata é conhecida também, por molestar outras aves em busca de alimento, sendo nomeada como ave pirata[2], já que ela importuna as outras espécies de pássaros para “roubar” os peixes regurgitados.  

No voo, devido a sua morfologia, pode permanecer noite e dia voando, tanto em baixas, quanto em altas atitudes. E são capazes de atravessar oceanos em determinados períodos, transitando entre continentes.[5]  

Ninho de fragata-comum com fêmea e filhote

A reprodução do tesourão dá início entre os meses de junho e agosto, período de inverno no Brasil. Os machos da espécie irão apresentar o seu saco gular vermelho bastante inflado durante esse período[4], dando início a corte. Somente um ovo, totalmente branco, é posto no ninho, este é construído sobre árvores e arbustos, sendo constituído de gravetos e compactado com fezes da própria ave[4][6]. O casal de tesourão irá se alternar na incubação do ovo e no cuidado com o filhote[4]. O tempo do choco varia de 40 a 45 dias[7].  

Alimentação

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Fregata magnificens fêmea pescando um peixe no litoral do Rio de Janeiro, Copacabana, para se alimentar

A alimentação é baseada na pesca de peixes e lulas capturados na superfície pelo bico em voos rasantes[2], já que a ave não mergulha[4], devido à falta de impermeabilidade em suas penas. A espécie também se alimenta de filhotes de tartarugas[2]. O tesourão costuma molestar outras aves em busca de peixes regurgitados[4], sendo isso um cleptoparasitismo[5]. Geralmente essa molesta envolve as grazinas e os atobás, e elas, para se livrarem da perseguição das fragatas, pousam na água como escape, uma vez que o tesourão é incapaz de fazer o mesmo por não possuir gordura protetora em suas penas, são incapazes de nadar e de repousar sobre a água[2]. Também são eficientes para localizar descartes dos barcos de pesca, se alimentando dos peixes que flutuam.

Caráter de indicadores

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Eventos anômalos

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De 2015 a 2019, observa-se o comportamento da Fregata magnificens como indicadora de excelência nos eventos anômalos que ocorrem na América do Sul, neste caso em especial, o estudo acerca da reação desta ave ocorre no litoral centro-norte do Peru, onde o fenômeno positivo em evidência é o El Niño[2]. A fragata-comum funcionará como detectora de mudanças na temperatura e na salinidade da superfície do mar.

Entre outubro de 2015 e dezembro de 2019 foram observadas 73 visitações da espécie na localidade 4°S e 10°S[2], sendo que no período destacado, durante o fenômeno em análise, a presença da fragata ficou restrita a dois graus, 4°S e 5°S, ficando mais próximos à costa e se distanciando apenas para caçarem[2].

Logo, seu comportamento durante o evento em destaque se assume de acordo com a temperatura do mar, quanto maior a temperatura das correntes direcionadas para o sul, maior será a presença de fragatas.  

Estudos recentes indicam a baixa prevalência dos parasitas em aves marinhas na costa brasileira[5], uma dessas aves com baixa prevalência de parasitas é a fragata-comum. Os parasitas verificados nas amostras de sangue foram o plasmódio e o haemosporida causadores da malária aviária[5], para verificar a ausência ou a presença destes, foi preciso fazer uma coleta sanguínea em aves[5] nos arquipélagos de Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, Atol das Rocas e Trindade e Martim Vaz.

Não houve a detecção de parasitas de malária aviária na costa brasileira em nenhuma das espécies estudadas[5], a fragata sendo uma delas. A baixa prevalência se dá de acordo com as condições ambientais que se encontram as aves, na costa brasileira, desta forma inibindo a sobrevivência do vetor[5].

A malária aviária é uma doença de alta dispersão que causa alta parasitemia e mortalidade em aves, é distribuída por um vetor, o mosquito Aedes[5], e parasita o sangue do hospedeiro.

Conservação

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As principais causas para o declínio habitacional de espécies de aves são principalmente as modificações no habitat natural em que se encontram, sendo os principais afetados a nidificação e o forrageio[8]. A influência humana é a principal causadora de distúrbios na dinâmica natural das aves marinhas[8] por exemplo, a pesca e os navios pesqueiros contribuem para uma diminuição da população de peixes no litoral brasileiro, o que gera desregulamento na quantidade populacional do alimento de aves marítimas, o que leva, consecutivamente, algumas aves a desenvolver outros mecanismos para se alimentarem, no caso da fragata, irá intensificar o creptoparasitismo[8], gerando uma relação incômoda com as grazinas no litoral paulista.

Mapa de distribuição da Fregata magnificens

Outro ponto é a diminuição da perseguição de barcos de pesca pela espécie, isso porque, como aves seguidoras, que se alimentam dos peixes mortos jogados ao mar, elas estão sujeitas a sofrerem incidentes na busca pelo alimento, constituindo um dos principais riscos de letalidade para as aves marinhas que reproduzem esse comportamento quanto a sua forma de refeição[8].

Em São Paulo, os esforços para se conservar as aves marinhas é engatilhado, principalmente pelas ações antrópicas, como o incentivo ao turismo, caças esportivas, poluição, derramamento de óleo, uso de anzóis, etc.[8]  Outros situações que também dificultam a estabilidade das espécies são alguns fatores biológicos, principalmente a reprodução. Entre esses fatores, podem ser destacados o período de incubação e criação do filhote, início do ciclo reprodutivo tardio e outros[8]. Apesar de ser uma espécie em estado de conservação pouco preocupante, o tesourão tem o cuidado com o filhote podendo se estender até 9 meses[6] e somente um filhote por casal a cada período reprodutivo. Sendo assim ,é necessário que se mantenham manter respeitáveis os ninhos de fragata-comum e uma política de preservação, tanto no estado de São Paulo quanto nos outros estados do Brasil para que se mantenha conservada ave, como o nome mesmo diz, magnífica.  

Galeria de fotos

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Referências
  1. «Hamerkop, Shoebill, pelicans, boobies & cormorants». IOC World Bird List (v 6.4) (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2016 
  2. a b c d e f g h Ochoa, Manuel; Bouchon, Marilú; Quiñones, Javier. «Distribuição da magnífica fragata (Fregata magnificensMathews, 1914) durante eventos anômalos positivos na costa centro-norte do Peru (2015 - 2019)». Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  3. Branco, Joaquim Olinto (dezembro de 2003). «Reprodução das aves marinhas nas ilhas costeiras de Santa Catarina, Brasil». Revista Brasileira de Zoologia (4): 619–623. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/s0101-81752003000400010. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  4. a b c d e f g h i j k l Branco, Joaquim O.; Fracasso, Hélio A. A.; Machado, Irecê F.; Bovendorp, Marcos S.; Verani, José R. (dezembro de 2005). «Dieta de Sula leucogaster Boddaert (Sulidae, Aves), nas Ilhas Moleques do Sul, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil». Revista Brasileira de Zoologia (4): 1044–1049. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/s0101-81752005000400033. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  5. a b c d e f g h i j k l «MARIANO, PN & DANTAS, GPM 2021. Baixa prevalência de Plasmodium e Haemoproteus em aves marinhas residentes em ilhas oceânicas da costa brasileira. Marine Ornithology 49: 97-100.» 
  6. a b «Fragata-Comum Wiki-Aves» 
  7. «Projeto Aves Marinhas» 
  8. a b c d e f Zappia, Bruna. «Análise espacial de parâmetros ecológicos para a conservação de aves marinhas no litoral do estado de São Paulo» 

Ligações externas

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