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A Vida Que Podemos Salvar

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
'A vida que podemos salvar'
Autor(es) Peter Singer
Idioma Português
Assunto Altruísmo eficaz, Pobreza, Caridade, Humanitarismo
Género Filosofia
Editora Gradiva
ISBN 978-989-616-431-7
'Quanto Custa Salvar Uma Vida?'
Autor(es) Peter Singer
Idioma Português
Assunto Altruísmo eficaz, Pobreza, Caridade, Humanitarismo
Género Filosofia
Editora Editora Campus-Elsevier
ISBN 85-352-3641-4

O filósofo Peter Singer, considerado pela revista Time uma das cem pessoas mais influentes do mundo [1], apresentou em 2009 mais um livro polémico que se propõe a mudar mentalidades[2]: A Vida Que Podemos Salvar: Agir agora para pôr fim à pobreza no mundo.[3]

Neste livro Singer apresenta argumentos, exemplos e estudos para demonstrar que a nossa resposta face à pobreza mundial é insuficiente e por isso é moralmente incorrecta.[4] [5] Assim, Singer apela à acção, pois em seu entender, e de acordo com os estudos que apresenta, pela primeira vez na História, está ao nosso alcance acabar com a pobreza e com o sofrimento que esta traz consigo[6] – e se perante essa realidade nada fizermos, estamos a ter uma conduta imoral. Isto porque, como argumenta, ainda hoje existe em todo o mundo mais de mil milhões de pessoas que lutam diariamente para sobreviver com menos do que muitos de nós pagamos por uma garrafa de água – da qual, como diz, nem sequer precisamos porque temos água canalizada.[7] [8]


Logo no prefácio Singer adianta:

“Escrevo este livro com dois objectivos ligados mas significativamente diferentes. O primeiro é desafiar o leitor a pensar acerca das nossas obrigações perante as pessoas que não conseguem sair da pobreza extrema.[…] O segundo […] é convencê-lo a fazer a escolha de dar mais do seu rendimento para ajudar os pobres.” (Singer 2011, p. 12)[9]

Para ajudar o leitor a fazer essa escolha de forma consciente e eficaz, apresenta (tanto no livro como no site que este originou) a forma de calcular um donativo razoável [10][11] e uma lista de organizações credíveis que rentabilizam mais eficazmente os seus donativos. [12] [13]

Se salvar uma criança a afogar-se num pequeno lago não implicasse qualquer risco, mas pudesse estragar o nosso melhor par de sapatos, facilmente se acredita que qualquer pessoa estaria disposta a salvar a criança.[14] Mas então porque é que essa mesma pessoa não estará disposta a utilizar a mesma quantia do custo desse par de sapatos para ajudar “quase 10 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade que morrem todos os anos por causas relacionadas com a pobreza”?[15][16]. Face a esta questão Peter Singer apresenta um argumento válido que pretende sobrepor-se às nossas intuições morais, visto que estas, segundo afirma, nem sempre são fiáveis – bastando para isso observar o que as pessoas consideram moralmente aceitável em diferentes épocas e lugares. Eis o argumento em questão:

Primeira premissa: O sofrimento e a morte por falta de alimento, abrigo e cuidados médicos são maus.
Segunda premissa: Se está em seu poder impedir que algo mau aconteça, sem sacrificar nada de importância semelhante, é errado não o fazer.
Terceira premissa: Ao contribuir para organizações humanitárias pode prevenir o sofrimento e a morte por falta de alimento, abrigo e cuidados médicos, sem sacrificar nada de importância semelhante.
Conclusão: Se não fizer contribuições a organizações humanitárias está a fazer algo de errado.[17]

O Plano em 7 pontos

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Arranjo gráfico a partir do logotipo do Projecto “A Vida que Podemos Salvar”, patente no Site oficial, na Página e no Grupo do Facebook

Concluindo o livro Peter Singer apresenta um plano em sete pontos[18] que defende como fazendo parte da solução para a pobreza mundial:

1. Vá a www.TheLifeYouCanSave.com e comprometa-se a satisfazer o critério.
2. Explore algumas ligações nessa página, ou faça a sua própria investigação, e decida a que organização ou organizações dará.
3. Veja o seu rendimento pela última declaração de impostos e descubra quanto o critério lhe exige que dê. Decida como quer dar — em parcelas regulares mensais, trimestrais ou anuais, consoante seja mais apropriado para si. Depois, faça-o!
4. Fale a outros no que fez. Espalhe a palavra por qualquer meio que lhe seja acessível: conversa, texto, e-mail, blogue. Use quaisquer ligações online de que disponha. Tente evitar uma postura de presunção moral ou moralismo, porque, provavelmente, não é santo nenhum, como os outros, mas dê-lhes a saber que também podem fazer parte da solução.[19]
5. Se trabalha para uma empresa ou instituição, solicite que considerem dar aos seus funcionários um empurrão na direcção certa, estabelecendo um esquema que doará, a menos que optem não o fazer, 1 por cento dos seus rendimentos pré-tributação a uma instituição de ajuda às pessoas mais pobres do mundo (ver no capítulo 5 exemplos desses esquemas).
6. Contacte os seus representantes políticos nacionais e diga-lhes que quer que a ajuda externa do seu país seja direccionada apenas para as pessoas mais pobres do mundo.
7. Agora pode dizer que teve algum peso no destino de algumas pessoas que vivem em pobreza extrema (mesmo que não as possa ver nem possa conhecer quem ajudou). Além disso, demonstrou que os seres humanos podem ser movidos por argumentos morais. Sinta-se bem por fazer parte da solução.
Referências
  1. Lista de pessoas que alteraram o nosso mundo em função do seu poder, talento, descobertas e filantropia. The TIME 100 — Are They Worthy?, Time Magazine – Peter Singer
  2. Numa recensão no New York Times, Dwight Garner afirma que Peter Singer, “provavelmente o especialista em ética aplicada mais famoso da América” e que “fez a sua carreira à custa de causar-nos desconforto” (lembrando o seu livro mais conhecido “Libertação Animal”), apesar de não ser “o único pensador sério sobre a pobreza” com a publicação deste livro “torna-se, instantaneamente, o mais lido e aquele que mais nos agarra pelos colarinhos”. The New York Times: If You Think You’re Good, You Should Think Again, Dwight Garner.
  3. Este livro foi primeiramente publicado em português no Brasil (em Janeiro de 2010), com o título "Quanto Custa Salvar Uma Vida? - Agindo agora para eliminar a pobreza mundial" Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.
  4. Actualmente, essa ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres, em termos governamentais, segundo a OCDE, "caiu 4% em termos reais em 2012, após uma queda de 2% em 2011. A continuação da crise financeira e a instabilidade da Zona Euro levou vários governos a apertarem os seus orçamentos, o que teve um impacto directo sobre a ajuda ao desenvolvimento. Há também uma mudança notável na atribuição das ajudas, afastando-a dos países mais pobres para países de rendimento médio."(Estatísticas da Ajuda - OCDE). Veja os gráficos[ligação inativa].
  5. Este mapa interactivo mostra os gastos, a transparência e o compromisso com o desenvolvimento das agências de ajuda europeias.
  6. Peter Singer refere, entre outros, os estudos realizados pelo conceituado economista Jeffrey Sachs. No seu livro O Fim da Pobreza, Jeffrey Sachs analisa a pobreza extrema no mundo e apresenta uma série de princípios para se ultrapassarem as dificuldades dos países subdesenvolvidos, defendendo a ideia de que é possível pôr fim à pobreza extrema no mundo. Sachs, Jeffrey D. (2005). O FIM DA POBREZA – Como acabar com a miséria mundial nos próximos vinte anos. São Paulo: Companhia das Letras. ISBN: 9788535907544
  7. A 26 de Agosto de 2008 o Banco Mundial apresentou um comunicado de imprensa com uma estimativa do número de pessoas que se encontra abaixo do limiar de pobreza, «New Data Show 1.4 Billion Live on Less than US$1.25 a Day, But Progress Against Poverty Remains Strong». Este comunicado do Banco Mundial baseia-se numa investigação de Shaohua Chen e Martin Ravailion, «The Developing World Is Poorer than We Thought, but no Less Successful in the Fight Against Poverty». Pode-se ainda contrastar esta informação com as estatísticas obtidas por Sanjay Reddy e Thomas Pogge da Universidade Columbia, «How Not to Count the Poor» Arquivado em 6 de julho de 2008, no Wayback Machine..
  8. Ainda sobre os dados relativos à pobreza, confrontar o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Human Development Report 2000 (Oxford University Press, Nova lorque, 2000) p. 30; Human Development Report 2001 (Oxford University Press, 2002) pp. 9-12, p. 22; e Banco Mundial, World Development Report 2000/2001, sinopse, p. 3, e ainda Human Development Reports
  9. «CRÍTICA Revista de Filosofia – Peter Singer "A vida que podemos salvar"». Consultado em 18 de julho de 2011. Arquivado do original em 14 de agosto de 2011 
  10. Site "The Life You Can Save" – Como calcular quanto deveria doar (site inglês)
  11. Site "The Life You Can Save" – Como calcular quanto deveria doar (site português)[actualmente esta ligação está inactiva]
  12. Site "The Life You Can Save" – Lista de Organizações Humanitárias
  13. Peter Singer usa como referência duas organizações sem fins lucrativos, a Charity Navigator e a Givewell, que se dedicam à avaliação de instituições de ajuda humanitária com o intuito de aumentar a transparência e a eficiência dos processos de doação e aplicação dos recursos.
  14. Peter Singer (2011). A Vida Que Podemos Salvar. Lisboa: Gradiva. 17 páginas. ISBN 978-989-616-431-7 
  15. Peter Singer (2011). A Vida Que Podemos Salvar. Lisboa: Gradiva. 18 páginas. ISBN 978-989-616-431-7 
  16. Segundo dados da UNICEF. Relatório Anual 2007, pp.3, 5 Arquivado em 7 de novembro de 2011, no Wayback Machine.
  17. Peter Singer (2011). A Vida Que Podemos Salvar. Lisboa: Gradiva. 31 páginas. ISBN 978-989-616-431-7 
  18. Peter Singer (2011). A Vida Que Podemos Salvar. Lisboa: Gradiva. pp. 214, 215. ISBN 978-989-616-431-7 
  19. A VIDA QUE PODEMOS SALVAR – Página no Facebook

Ligações externas

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