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Igreja Católica na Grécia

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IgrejaCatólica

Grécia
Igreja Católica na Grécia
Catedral basílica de São Dionísio Areopagita, em Atenas
Santo padroeiro São Nicolau de Mira
Ano 2019[1]
População total 11.317.833
Católicos 135.814
Paróquias 79
Presbíteros 94
Seminaristas 21
Religiosos 26
Presidente da Conferência Episcopal Petros Stefanou
Núncio apostólico Jan Romeo Pawłowski
Códice GR


A Igreja Católica na Grécia faz parte da Igreja Católica universal, sob a direção espiritual do Papa e da Cúria Romana. Os gregos católicos são uma minoria religiosa e não étnica.[2][3]

A história da Grécia com o cristianismo retrocede ao século I, marcada pela pregação do Apóstolo Paulo, registrada nos Atos dos Apóstolos. A região passou para a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla em 732, e com o Grande Cisma do Oriente, a Grécia tornou-se definitivamente parte da Ortodoxia. A Igreja da Grécia, autocéfala desde 1850, é a Igreja oficial do Estado e a religião da esmagadora maioria dos gregos.[3][1]

O status legal da Igreja Católica na Grécia independente foi formulado no Terceiro Protocolo de Londres de 1830, assinado pelo novo estado e seus poderes protetores França, Rússia e Grã-Bretanha. Este protocolo garantiu a liberdade, igualdade e propriedade dos católicos gregos nas Cíclades e a livre existência da Igreja Católica na Grécia. Em 1864, após a unificação das Ilhas Jónicas com a Grécia, a validade do Protocolo de Londres foi estendida para cobrir os católicos das novas terras. Foram garantidos a liberdade de culto, reconhecimento da propriedade católica, igualdade total para os católicos gregos e autonomia administrativa da Igreja Católica. Além disso, o estado grego prometeu não intervir na nomeação do clero católico pela Santa Sé e fornecer a eles total liberdade e proteção na execução de seus deveres, conforme a lei grega.[4]

Apesar dessas salvaguardas, a Igreja Católica continuou enfrentando vários obstáculos legais no livre; o maior problema é o reconhecimento legal das circunscrições eclesiásticas fundadas após o Protocolo de 1830. O Protocolo forneceu a base legal das relações entre o estado grego e a Igreja Católica até o fim da Primeira Guerra Mundial. Vários tratados internacionais assinados pela Grécia no século XX forneceram a base para a proteção de todos os tipos de minorias dentro da Grécia. Esses foram os Tratados de Sèvres (1920) e o de Lausanne (1923) e a Convenção de Roma (1950). O Tratado de Sèvres não aboliu a validade do Protocolo de Londres, mas cancelou a capacidade da França, Rússia e Grã-Bretanha como poderes protetores da Grécia. Embora esse Tratado desse à Igreja Católica liberdade substancial, o direito de definir suas províncias eclesiásticas e os deveres de seus clérigos nelas, o estado grego, ao se recusar a reconhecer as províncias criadas após 1830, devido à oposição da liderança cristã ortodoxa, anulou a validade do tratado. A Convenção Europeia de 1950 para a Proteção dos Direitos Humanos, ratificada pela Grécia, codifica ainda mais os direitos das minorias.[4]

As Constituições gregas têm argumentado a inviolabilidade da consciência religiosa, a liberdade de desfrutar de todos os direitos individuais e políticos, independentemente das crenças religiosas, e a livre adoração de todas as religiões "conhecidas" (situação de alguns grupos que torna possível adorar livremente e ter um reconhecimento constitucional). Contudo, a implementação dos instrumentos nacionais e internacionais para a proteção da liberdade de religião e crença ficou aquém das condições estabelecidas pela existência de uma religião "predominante" e pela incapacidade dos governos de agir em termos de um estado moderno secular.[4]

A Igreja Católica se recusa a ser considerada uma pessoa jurídica sob direito privado ou público e tem solicitado reconhecimento por sua Lei Canônica. Em julho de 1999, após uma emenda parlamentar, o status de entidade legal de todas as instituições da Igreja Católica estabelecidas antes de 1946 foi reconfirmado. Em dezembro de 1997, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Grécia por negar a uma Igreja Católica em Creta o status de pessoa jurídica, sendo impedida de usar seus direitos de propriedade. Episódios de intolerância por organizações ortodoxas extremistas também foram relatados várias vezes.[4] Por uma lei de 2014, a Igreja Católica Romana e outros grupos adquiriram status de entidade legal religiosa, que descreve como entidades adicionais podem adquirir tal status. Em 2018, uma lei previu a instrução católica opcional em escolas públicas nas ilhas de Tinos e Syros, facilitando contratar e reter instrutores.[5]

As relações com a Igreja Ortodoxa tem sido buscadas principalmente com a visita do Papa João Paulo II em 2001 e do Papa Francisco em 2016 e 2021, além de viagens de cardeais ao país.[3][1]

Durante as últimas décadas, cresceu a presença de católicos estrangeiros residindo na Grécia, cujo número hoje talvez exceda o número de católicos gregos. A maioria são principalmente mulheres cônjuges de gregos que viveram no exterior, bem como cidadãos da União Europeia. Além disso, registra-se a “presença temporária” de outros católicos, que chegam na Grécia como refugiados.[2][3][1]

Hoje, a população total de católicos na Grécia varia entre 133 mil a 350 mil.[2][6] Os grupos mais numerosos são os poloneses (40.000) e os filipinos (45.000). Também há os católicos provenientes do Oriente Médio devido à guerra, em particular do Iraque (4 mil) e da Síria. Depois, há albaneses, búlgaros, ucranianos e armênios.[3][1]

A maioria dos católicos vive em Atenas; o restante deles é encontrado em toda a Grécia. Um grande número dos católicos gregos vivem nas ilhas, e especialmente nas Cíclades, onde Syros e Tinos, em particular, têm algumas aldeias e paróquias inteiramente católicas. Há também católicos em Corfu, Naxos, Santorini, Cefalônia, Zacinto, Rodes, Cós, Creta, Samos e Quios. No continente, as comunidades católicas são menores e incluem as de Patras (cidade que abrigava uma grande comunidade italiana até Segunda Guerra Mundial), Tessalônica, Kavala, Volos, etc. Além dos católicos romanos (de rito latino) que representam a grande maioria dos fiéis, existem cerca de 2.500 fiéis da Igreja Católica Bizantina Grega, e algumas centenas da Igreja Católica Armênia, ambas em plena comunhão com a Santa Sé.[3][1][4]

Mantém 19 escolas maternas e primárias e 8 escolas médias e secundárias, mas não administra nenhuma escola superior no país. Tem sob seus cuidados um hospital, cinco casas para idosos, inválidos ou menores, um orfanato, dois centros especiais de educação e reeducação, além de sete outras instituições.[1]

Organização territorial

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Dioceses Católicas na Grécia

Os seguintes papas foram gregos ou de origem grega:[1][7]

Além dos papas, foram cardeais nascidos na Grécia ou de origem grega: Basílio Bessarion; Isidoro de Kiev; Vincenzo Giustiniani; Benedetto Giustiniani; Orazio Giustiniani e São José Maria Tomasi.[1]

Conferência Episcopal

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A Conferência dos Bispos da Grécia (em grego: Hiera Synodos Katholikis Hierarkhias Hellados) tem como membros os seis bispos do país:[2]

  • O Arcebispo de Corfu e Administrador Apostólico de Salônica (norte da Grécia);
  • O Arcebispo de Naxos-Tinos e Administrador Apostólico de Quios (centro e norte do Mar Egeu);
  • O Arcebispo de Atenas e Administrador Apostólico de Rodes (centro e sul da Grécia, e Dodecaneso);
  • O Bispo de Siros e Santorini e Administrador Apostólico de Creta (sul do Mar Egeu);
  • O Exarca de Rito Bizantino (com sede em Atenas);
  • O Ordinário do Rito Armênio (sede em Atenas).

Nunciatura Apostólica

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A Santa Sé e a Grécia têm relações diplomáticas desde 17 de julho de 1979. Mas, desde 1834, juntamente com a independência da Grécia, Roma teve seu próprio delegado apostólico no país. O atual núncio apostólico na Grécia é o Arcebispo Jan Romeo Pawłowski, desde 1 de dezembro de 2022.[8]

Ligações externas

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Referências
  1. a b c d e f g h i Altemeyer, Fernando (23 de setembro de 2023). «A Igreja Católica na Grécia». Consolata América. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  2. a b c d «Catholic Church in Greece - Η Καθολική Εκκλησία στην Ελλάδα» (em grego). 15 de maio de 2008. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  3. a b c d e f «A Igreja Católica na Grécia - Vatican News». www.vaticannews.va. 1 de dezembro de 2021. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  4. a b c d e «Religious Freedom in Greece (September2002)» (RTF). Greek Helsinki Monitor Minority Rights Group - Greece. Consultado em 15 de setembro de 2007. Cópia arquivada em 10 de abril de 2003 
  5. «Greece». United States Department of State (em inglês). Consultado em 20 de agosto de 2024 
  6. «Greece | Catholics & Cultures». www.catholicsandcultures.org (em inglês). Consultado em 20 de agosto de 2024 
  7. «Papi». www.vatican.va. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  8. «Greece (Nunciature) [Catholic-Hierarchy]». www.catholic-hierarchy.org. Consultado em 20 de agosto de 2024