Até esse momento eu só visualizara o trabalho da Zora Neale Hurston como cineasta etnográfica, sabia que influenciara Toni Morrison e Alice Walker e qAté esse momento eu só visualizara o trabalho da Zora Neale Hurston como cineasta etnográfica, sabia que influenciara Toni Morrison e Alice Walker e que fora desprezada pela galera do Harlem Renaissance por não ser esquerdista o suficiente (esquerdomachos adoram mostrar misoginia contra mulheres que não dançam a sua dança). Seus olhos viam deus é o primeiro livro que leio dela, cujo Box caríssimo estou namorando na Amazon há tempos. Demorei tanto para ler esse porque pelo título achei que não ia gostar, mas já diz o dito popular para não se julgar o livro pela capa, né. É um belíssimo livro não só pela narrativa que segue uma mulher envolvida nas teias do patriarcado, o tanto que ela tem que se curvar e o tanto que também enfrenta com perspicácia os amores e dissabores que caem em suas mãos, mas também a forma que Hurston elabora a linguagem de forma belíssima....more
Extração da Pedra da Loucura é meu livro favorito da Pizarnik desde que li a sua Poesía Completa, essa releitura proporcionada pela tradução do Davi DExtração da Pedra da Loucura é meu livro favorito da Pizarnik desde que li a sua Poesía Completa, essa releitura proporcionada pela tradução do Davi Diniz nesta edição Bilíngue da Relicário só comprovou isso. Por mais que dominamos a língua original dos nossos poetas a serem lidos, há sempre algo que se perde na nossa mente, sou das apoiadores que poesia é intraduzível, mas sempre sei que na releitura dos tradutores surge algo que nos passou desapercebido na leitura original. Isso aconteceu aqui também com o Diniz, não só os livros que ele têm traduzido da Pizarnik nos trazem uma releitura magnífica, seus posfácios nos colocam num outro patamar na linguagem da poeta. Um outro momento brilhante do livro é o prefácio da estudioso de Pizarnik e também poeta igualmente esplendorosa Nina Rizzi, está que também trará a prosa da Pizarnik pela Relicário ainda em 2023 - pelo menos nós torcemos por isso....more
Carnaval para quem é de carnaval, poesia para quem é de poesia. Durante os anos 2010 pesquisei muito a literatura erótica e obscena, mas esse livro impCarnaval para quem é de carnaval, poesia para quem é de poesia. Durante os anos 2010 pesquisei muito a literatura erótica e obscena, mas esse livro imprescindível da Maria Teresa Horta só me chegou em mãos esse fim de semana. Lembrando que tanto a literatura erótica quanto a obscena comungam com Eros, a vitalidade pulsional, mas a obscena se apresenta como chiste para além disso. Maria Teresa Horta neste livro é a pura sorvência sexual, escorre libido por cada palavra, é o erotismo battailiano em essência (o da sua teoria, já que na literatura ele era obsceno), é o erotismo do Eros sem a conspurcação cômica do chiste. Muito feliz fiquei com a dupla epígrafe citando tanto Hilst quanto Cixous, Hilst em sua prosa provou que foi a rainha da obscenidade (gente, é pra rir da trilogia obscena e não se escandalizar), mas na sua poesia ela levava o Eros bem a sério. Conhecia outros livros de poemas da Horta, mas este desde já se tornou o meu trabalho favorito dela....more
Nossa parte da Noite da Mariana Enriquez é um livraço tanto em tamanho quanto em conteúdo. Gosto de boa literatura de horror, mas não sou nenhuma espeNossa parte da Noite da Mariana Enriquez é um livraço tanto em tamanho quanto em conteúdo. Gosto de boa literatura de horror, mas não sou nenhuma especialista no gênero, mas a forma que Enriquez mescla a situação política da Argentina dos últimos 60 anos (sobretudo a ditadura) com o boom satanista do mesmo período é brilhante. Plus: Nunca pensei encontrar o David Bowie como personagem de livro de horror argentino. Rá! ...more
Sempre que a @adriane_garcia_poemas abre um projeto no catarse estou apoiando prontamente já que ela é uma das maiores poetas do Brasil contemporâneo.Sempre que a @adriane_garcia_poemas abre um projeto no catarse estou apoiando prontamente já que ela é uma das maiores poetas do Brasil contemporâneo. Mas em A Bandeja de Salomé ela se superou para além do meu próprio entendimento. Explico: não sou profunda conhecedora das mulheres bíblicas, o pouco que sei aprendi na minha cinefilia e nas aulas de catecismo pré ateísmo, mas a poesia deste livro vai muito além da nossa compreensão factual sobre o assunto, é uma total rebelião contra o patriarcado como vemos nas poetas mais combativas. Sem nunca deixar o fazer lírico para se tornar panfletário, o livro de Adriane Garcia nos incita a essa releitura necessária de tudo que é mítico que sempre passou saber poder originário da supremacia masculina sobre nossos corpos, nossos sonhos, nossas identificações metafóricas. Fico ainda mais feliz de ser uma edição bilíngue com espanhol, assim Adriane poderá lançar voo com sua poesia necessária por toda América Latina. ...more
Há alguns anos li um livro de poemas da Gabriela Mistral e não me impressionei, a achei muito carola. Acontece que li o livro errado, essa coletânea dHá alguns anos li um livro de poemas da Gabriela Mistral e não me impressionei, a achei muito carola. Acontece que li o livro errado, essa coletânea da Pinard me abriu os olhos para a grande poeta de múltiplas facetas que ela é. ...more
